Traficantes preferem rotas no Brasil porque 'nossos portos e aeroportos são melhores', diz ministro dos Transportes:betmotion reclame

Ministro Renan Filho durante reunião bilateralbetmotion reclameLondres

Crédito, Marcio Ferreira / Min dos Transportes

"Em boa parte daquilo que o mundo compreende como importante, como defesa da democracia, respeito as preferências individuais do cidadão, preservação ambiental, paz, combate à fome e à pobreza e a miséria, ninguém dá exemplo para a gente não - é a gente que dá exemplo ao mundo", afirmou na entrevista concedida na embaixada do Brasilbetmotion reclameLondres.

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Segundo o ministro, o país ainda tem pontos problemáticos, como a violência urbana e a luta contra o tráfico internacionalbetmotion reclamedrogas, impulsionado pela produçãobetmotion reclamesubstâncias ilegais nos países vizinhos da América do Sul. Mas, diz, "a nossa infraestrutura é destaque até nesse lado aí".

"E a droga inunda o Brasil por quê? Para acessar a nossa infraestrutura para ir para o mundo, porque os nossos portos e aeroportos são melhores", afirmou, acrescentando que as organizações criminosas da região preferem as redesbetmotion reclametransporte brasileiras para escoar a produção para Europa e Estados Unidos.

Renan Filho, afirma, porém, que essa situação gera um problema para o país, com violência interna e surgimentobetmotion reclamenovas facções.

"É um problema para o país, não criado somente pela gente, mas pelos nossos vizinhos que têm na droga a geraçãobetmotion reclamedólar."

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Durante a entrevista, o ministro dos Transportes também respondeu críticasbetmotion reclamerelação à segurança da malha rodoviária brasileiro e a demora para tirar projetosbetmotion reclamenovas ferrovias do papel.

Segundo ele, o programa Pro Trilhos, desenvolvido durante o governobetmotion reclameJair Bolsonaro (PL) e que concedeu várias autorizações para o setor privado construir e operar ferrovia, foi "mal feito".

"Essas autorizações ficaram conhecidas no Brasil como ‘autorizaçãobetmotion reclamepapel’. Eles anunciaram que autorizaram centenasbetmotion reclameempresas que supostamente constituiriam as suas próprias ferrovias para escoar abetmotion reclameprodução, mas isso nunca se concretizou."

Renan Filho admitiu que o desenvolvimento ferroviário é um desafiobetmotion reclameum país tão grande como o Brasil, mas insistiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está trabalhando para endereçar a questão.

"Nós vamos lançar um pipelinebetmotion reclameprojetos ferroviários até o final do ano, com aportes federais para que aquele projeto tenha viabilidade privada", disse.

O ministro ainda discutiu o seu futuro político e do partido do qual faz parte, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

"Eu pessoalmente apoio que o partido apoie a reeleição do presidente Lulabetmotion reclame2026. Isso é uma coisa que ainda será discutida, mas essa é a minha posição pessoal".

Leia a seguir os principais trechos da entrevista do ministro Renan Filho à BBC News Brasil, editada por concisão e clareza:

betmotion reclame BBC News Brasil - O senhor veio para Londres, e foi antes para Madri, para reuniões com potenciais interessadosbetmotion reclamedisputar ou financiar concessõesbetmotion reclamerodovias que estão sendo leiloadas no Brasil. Qual foi o saldo desses encontros?

betmotion reclame Renan Filho - O saldo foi muito positivo, porque a gente apresenta hoje mais arrojada carteirabetmotion reclameinvestimentos rodoviários por concessãobetmotion reclameparceria com a iniciativa privada do mundo. E para isso nós fizemos uma estruturação adequada com segurança jurídica, previsibilidade, incentivos à sustentabilidade e à redução da emissãobetmotion reclamecarbono, financiabilidade dos projetos e projetos rentáveis, com uma rentabilidade proporcional ao risco.

E já temos recolhido boas impressões dos investidoresbetmotion reclamemaneira geral, alguns conhecendobetmotion reclamemaneira entusiasmada os nossos projetos. Faz parte do nosso trabalho, alémbetmotion reclamefazer um bom projeto e mostrar à comunidade local, percorrer o mundo a fimbetmotion reclamegarantir mais competitividade nos nossos leilões e atrair investimento internacional, porque isso certamente ajuda no desenvolvimento da nossa infraestrutura e no próprio desenvolvimento do país.

betmotion reclame BBC News Brasil - Nos últimos 10 anos houve uma queda significativa nas ofertas recebidas e no interesse nos leilões rodoviários realizados pelo governo. Enquanto entre 2007 e 2014 os leilões reuniam uma médiabetmotion reclamequase oito participantes, entre 2015 e 2024 os leilões que foram realizados atraíram, na média, 2 ou 3 ofertas. O que o governo tem feito para solucionar essa faltabetmotion reclamepropostas, para além dos road shows?

betmotion reclame Renan Filho - A queda foi anterior, porque a gente já melhorou [os números]. Nós lançamos uma quinta etapa [de leilões], endereçamos o riscobetmotion reclameengenharia, o risco geológico, o riscobetmotion reclametamanho do CapEx [despesabetmotion reclamecapital, ou fundos usados ​​por uma empresa para adquirir, atualizar e manter ativos físicos].

Só um exemplo: quando oscila o preço internacional do petróleo, o asfalto que é derivado cresce ou cai dependendo da oscilação. Se essa oscilação não é prevista no contrato, gera uma instabilidade ao investidor privado, sobretudobetmotion reclameum investimento tão longo. Nós também corrigimos isso.

Nós criamos um head cambial para tirar do investidor o risco da flutuação da moeda brasileira, o que também facilita bastante. Todas essas inovações já colocam os nossos leilões diferentemente dessa avaliaçãobetmotion reclame10 anos. E a gente espera que nesses próximos dois anos nós teremos também uma competição significativa.

Por isso nós estamos fazendo esses road shows: para apresentar os nossos projetos. Talvez um dos motivos que caiu a competição no passado também tenha sido isso: o Brasil apresentou poucos seus projetos, não deu a devida transparência, não procurou os investidores internacionais, não conectou os nossos contratos com as melhores práticas internacionais.

Ministro dos transportes se reuniu com possíveis investidoresbetmotion reclameLondres

Crédito, Marcio Ferreira / Min dos Transportes

Legenda da foto, Ministro dos transportes se reuniu com possíveis investidoresbetmotion reclameLondres

betmotion reclame BBC News Brasil - Dá para ser otimistabetmotion reclamerelação a um aumento do interesse internamente com a taxabetmotion reclamejuros alta e subindo?

betmotion reclame Renan Filho - Dá, pelo seguinte: porque a captaçãobetmotion reclamerecursos hoje se dá internacionalmente.

A taxabetmotion reclamejuro no Brasil é alta e ela desestimula o investimentobetmotion reclamelongo prazo - os nossos projetos, por exemplo, têm uma taxa internabetmotion reclameretorno realbetmotion reclametornobetmotion reclame10%, mas como a taxabetmotion reclamejuro no Brasil está superior a 13%, isso poderia desestimular. Mas por que os investidores investem nesses projetos? Porque eles captam recursos mais baratos do que o valor da taxabetmotion reclamejuro doméstica do país.

Por exemplo, o fundobetmotion reclameinvestimento Pátria, que ganhou o leilão do Paraná, captou o recurso no fundo soberano da Arábia Saudita ebetmotion reclameCingapura bem mais barato do que a nossa taxabetmotion reclamejuros, e vai se remunerar pela taxa internabetmotion reclameretorno que é 10%. Então tem um spread muito considerável ainda.

E domesticamente a gente tem muitos mecanismos capazesbetmotion reclameatrair recursos mundo afora, além da participação do BNDES, que também é muito significativo e que permite o financiamentobetmotion reclameprojetosbetmotion reclamelongo prazo a preçobetmotion reclamemercado, mas mais barato do que a taxa básicabetmotion reclamejuros da nossa economia.

betmotion reclame BBC News Brasil - O númerobetmotion reclamemortosbetmotion reclameacidentesbetmotion reclametrânsito nas rodovias federais brasileirasbetmotion reclame2023 foi o maior dos últimos seis anos, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Ao mesmo tempo, a Confederação Nacional dos Transportes diz que menosbetmotion reclame40% da malha federal estábetmotion reclameestadobetmotion reclameconservação bom ou ótimo. Como superar esse descompasso entre segurança e qualidade das rodovias?

betmotion reclame Renan Filho - O Brasil está melhorando muito a qualidade da malha rodoviária desde que o presidente Lula voltou à Presidência. Primeiro porque estamos batendo recordebetmotion reclameinvestimento privado - esse ano é o maior investimento privado da história. Segundo porque nós também dobramos os investimentos públicos. Quando eu assumi o Ministério dos Transportes, o

Departamento Nacionalbetmotion reclameInfraestruturabetmotion reclameTransportes (Dnit) apontava que 52% das rodovias eram consideradas boas e 25% ruins ou péssimas. Agora o 52% subiu para 75% e as péssimas caíram para 8%. Então houve um incremento muito grandebetmotion reclamequalidade da nossa malha.

O Brasil é um país automobilístico - tomou-se uma decisão no passadobetmotion reclameestimular o transporte por rodovias - e isso cria um conflito muito grande entre carga, ônibus e veículos pequenosbetmotion reclamepasseio. Mas a maioria das mortes não acontece nas rodovias federais, mas sim dentro das próprias cidades e sobretudo num conflito entre motocicletas e veículosbetmotion reclamegrande porte. Isso gera acidentes e precisa ter um trabalho conjunto nas três esferas: no município, nos estados e na União.

Mas os leilões melhoram muito a segurança. Quando duplicamos uma rodovia, o númerobetmotion reclameacidentes com morte cai para 10%. Por isso é importante essa agendabetmotion reclameduplicaçãobetmotion reclamerodovias,betmotion reclameconstruçãobetmotion reclameterceiras faixas,betmotion reclameestímulo à segurança. Eu acredito que a carteira é justamente para enfrentar esse desafio.

Presidente Lulabetmotion reclamecerimôniabetmotion reclameassinaturabetmotion reclamecontratosbetmotion reclameconcessão do sistema rodoviário paranaensebetmotion reclamejaneirobetmotion reclame2024

Crédito, Valter Campanato/Agência Brasil

Legenda da foto, Presidente Lulabetmotion reclamecerimôniabetmotion reclameassinaturabetmotion reclamecontratosbetmotion reclameconcessão do sistema rodoviário paranaensebetmotion reclamejaneirobetmotion reclame2024

betmotion reclame BBC News Brasil - Mas as duas rodovias com maior númerobetmotion reclameacidentes e acidentes mais graves do país estão sob administração pública (a BR 101 – que liga o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, com 4.650 kmbetmotion reclameextensão – e a BR 116 – que vai do Ceará ao Rio Grande do Sul). Como cobrar o cumprimento dos projetos e melhorias das rodovias concedidas quando os números das que estão sob gestão pública são tão ruins?

betmotion reclame Renan Filho - O governo concorda com você. O governo compreende que, ao conceder uma rodovia, e aí garantir o investimento privado para adequarbetmotion reclamecapacidade, para duplicar uma rodovia, para construir uma áreabetmotion reclameescape, ele garante mais segurança. Por isso conceder rodovia é uma política pública bem-sucedida, que garante mais segurança para as pessoas. As pessoas até preferem pagar o pedágio desde que a rodovia ofereça mais segurança.

Não há uma incongruência. Ao contrário, a gente sabe que quando o privado entra acontece menos acidente. Não é por causa da administração privada, mas porque o privado só entra se ele garantir investimentos novos.

betmotion reclame BBC News Brasil - O setorbetmotion reclametransportes foi nos últimos anos o segundo maior emissorbetmotion reclamegasesbetmotion reclameefeito estufa e os transportes rodoviários são maisbetmotion reclame90% dessas emissões. No estado atual do globo e com a meta do Brasilbetmotion reclamezerar suas emissõesbetmotion reclame25 anos, faz sequer sentido continuar investindobetmotion reclamerodovias e buscando investimentos estrangeiros quando o transporte ferroviário é considerado muito mais limpo?

betmotion reclame Renan Filho - O Brasil precisa investir nos dois modos: tanto no rodoviário quanto no ferroviário. Porque o ferroviário leva tempo para maturar, é um investimento privadobetmotion reclamegrande porte. Além disso, o Brasil tem dimensões continentais. Então a gente tem um desafiobetmotion reclamecurto,betmotion reclamemédio ebetmotion reclamelongo prazo.

Mas o Brasil é referência no mundo tantobetmotion reclametransição energética quantobetmotion reclamegeraçãobetmotion reclameenergia limpa e descarbonização da nossa matriz. Inclusive, nos nossos projetosbetmotion reclameconcessão, 1,5% das tarifas pagas pelos usuários são destinadas a projetos inovadores capazesbetmotion reclamereduzir a emissão. E o Brasil é um dos únicos países do mundo a fazer isso. Aqui na Europa, por exemplo, ninguém destina parte dabetmotion reclametarifa para transição e para descarbonização nos contratos.

Agora,betmotion reclametransição energética, a gente não dá mau exemplo ao mundo, a gente dá um excelente exemplo. Qual o país do mundo que menos emitir carbonos nos seus veículos proporcionalmente? O Brasil, porque o Brasil usa etanol, que é um biocombustível,betmotion reclameboa parcela dabetmotion reclamefrotabetmotion reclameautomóveis.

Inclusive, eu quando caminho por aqui, na Europa, eu faço um convite: ‘por que a Inglaterra não coloca parte dos seus veículos para serem movidos a etanol ao invésbetmotion reclamegasolina e diesel?’. É uma transição muito mais rápido que o elétrico, mais barata e que já tem a solução tecnológica.

Acidentebetmotion reclamerodoviabetmotion reclameSão Paulo
Legenda da foto, 'A gente sabe que quando o privado entra acontece menos acidente', diz ministro Renan Filho sobre segurançabetmotion reclamerodovias

betmotion reclame BBC News Brasil - Por que a Europa não investebetmotion reclameetanol, nabetmotion reclamevisão?

betmotion reclame Renan Filho - Por uma questão comercial. A Europa não produz e acha que já compra muito do Brasil.

Não precisava usar só etanol né? Podiam fazer igual ao Brasil, quebetmotion reclamecada litrobetmotion reclamegasolina tem 27%betmotion reclameetanol. Ou seja,betmotion reclamecada litrobetmotion reclamegasolina que a gente consome no Brasil a gente emite 27% a menos gás carbônico. Mas eles podiam colocar que fosse 5%betmotion reclameetanol - isso já ia ajudar muito o Brasil a exportar etanol para o mundo inteiro.

betmotion reclame BBC News Brasil - O governo Lula tem como bandeira internacional o combate a mudanças climáticas e a proteção da floresta Amazônica. Mas um dos projetos defendidos pelo seu ministério, a BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, cruza uma das regiões mais preservadas da Amazônia. Um relatório feito pelo Ministério dos Transportes betmotion reclame defende o asfaltamento completo dessa rodovia. betmotion reclame Cientistas e até alas do governo Lula dizem que isso pode gerar um aumento desenfreado do desmatamento na Amazônia. Esse projeto não comprometer a bandeirabetmotion reclamedefesa do meio ambiente do governo?

betmotion reclame Renan Filho - Não. O Ministério dos Transportes defende o asfaltamento da BR-319 à luz da sustentabilidade. É um projetobetmotion reclamerodovia que protege fauna aérea com passagens, fauna terrestre, que cerca a rodovia, que vai parar os veículos na entrada para verificar qual é o destino do veículo.

Essa rodovia é uma rodoviabetmotion reclamebaixo fluxo, mas é muito importante também. Manaus talvez seja a única cidade do mundo com maisbetmotion reclame2 milhõesbetmotion reclamehabitantes que não têm acesso por asfalto. Tem toda uma população lá que vive sem o direitobetmotion reclameir e vir. Se o rio baixa e não tem navegabilidade e não tem acesso por asfalto, o que fazer para levar, por exemplo, alimento essa comunidade?

Não existe uma cidade na Europabetmotion reclame2 milhõesbetmotion reclamehabitantes sem acesso por rodovia. É justo que isso ocorra no Brasil? Obviamente tem visões contrárias, mas a gente entende que dá para fazer um investimento com sustentabilidade e com garantia.

betmotion reclame BBC News Brasil - Ambientalistas e cientistas temem que, com o tempo, essa obra leve à aberturabetmotion reclameoutras estradas a partir da rodovia principal. Há garantiabetmotion reclameque isso não vá acontecer? Ou que o tráfego não vá aumentar a pontobetmotion reclamese tornar danoso para o meio ambiente?

betmotion reclame Renan Filho - Não vão ser criadas novas, só a 319. E pode ser que com o asfaltamento aumento o tráfego, mas sem destruir o meio ambiente porque ela é uma rodovia especial, com tratamento diferenciado.

Vamos instalar pontosbetmotion reclameparada e todos terão que informar seu destino. Se uma pessoa estiver puxando um trator capazbetmotion reclamedestruir uma floresta, por exemplo, não vai poder passar. Toda ela será monitorada por câmera, porque são só 400 quilômetros. Vai ser uma rodovia cercada nas laterais e ninguém pode parar no meio dela para sair. E dá para fazer isso porque é uma rodoviabetmotion reclamebaixo fluxo. Mas a gente não pode permitir uma redundânciabetmotion reclametransportes. Se não fizermos assim, as pessoas vão degradar por outros motivos, porque vão precisar produzir mais alimento lá.

E vale dizer também que o Brasil é um dos países do mundo que tem a legislação ambiental mais arrojada. Se o Brasil der uma licença ambiental para uma obra, pode ter certeza que essa licença também seria sido dadabetmotion reclameoutros países.

Vista aérea da rodovia BR-319

Crédito, DNIT

Legenda da foto, A rodovia BR-319 liga Porto Velho a Manaus, mas quase metade dos seus 880 quilômetros fica intrafegável durante a temporadabetmotion reclamechuvas

betmotion reclame BBC News Brasil - Já faz três anos que o governo lançou o programa Pro Trilhos. Várias autorizações foram concedidas, mas não saíram do papel até agora. Por quê?

betmotion reclame Renan Filho - Porque foram mal feitas. Esse programa foi feito pelo governo passado e essas autorizações ficaram conhecidas no Brasil como ‘autorizaçãobetmotion reclamepapel’. Eles anunciaram que autorizaram centenasbetmotion reclameempresas que supostamente constituiriam as suas próprias ferrovias para escoar abetmotion reclameprodução, mas isso nunca se concretizou. No mundo não se constroem ferrovias assim, ferrovias são construídas com participação do poder público.

No Brasil nós vamos lançar um pipelinebetmotion reclameprojetos ferroviários até o final do ano, com aportes federais para que aquele projeto tenha viabilidade privada. Vai funcionar mais ou menos assim: vamos imaginar que uma ferrovia custa 10 bilhõesbetmotion reclamereais. O governo topa fazer um aportebetmotion reclame2,5 ou 3 bilhões a partirbetmotion reclameum estudobetmotion reclameque com esse valor criaremos atratividade privada. A gente leva esse projeto a leilão e vence o leilão aquela companhia que exigiu o menor aporte público.

Nós temos algumas ferroviasbetmotion reclameconstrução no Brasil também. Inclusive acabamosbetmotion reclameentregar a ferrovia norte-sul que os presidentes Lula e Dilma juntos fizeram 90% dela - é uma ferroviabetmotion reclame2.000 km, algo que daria para ligar Lisboa até a Alemanha.

Por isso é que o Brasil tem um desafio grandebetmotion reclamefazer ferrovia, porque a gente é um paísbetmotion reclamedimensões continentais. A Europa ocidental tem metade da área brasileira, só que com mais pessoas e com mais renda. A gente tem o desafiobetmotion reclamefazer numa área maior, com menos pessoas e com menos renda.

betmotion reclame BBC News Brasil - Mas a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, dissebetmotion reclamejulho que o Brasil não tem orçamento para investirbetmotion reclameferrovias. Como o governo pretende fazer esse aporte para atrair interesse do setor privado?

betmotion reclame Renan Filho - O governo está repactuando as renovações antecipadas feitas no governo passado. Nós já recuperamos 4,6 bilhõesbetmotion reclamereaisbetmotion reclameduas renovações antecipadas e estamosbetmotion reclamefinalbetmotion reclametratativa com uma terceira. E nós utilizaremos todos esses recursos para financiar o desenvolvimento do modo ferroviário.

Então o financiamento não será somente orçamentário, virá dessas repactuações contratuais.

betmotion reclame BBC News Brasil - Outra questão é como atrair investimento privado quando maisbetmotion reclame10 mil quilômetrosbetmotion reclametrilhos no Brasil estão ociosos. A Agência Nacionalbetmotion reclameTransportes Terrestres diz que 1/3betmotion reclametoda malhabetmotion reclameferroviária brasileira não são utilizados pelas concessionárias por não ter viabilidade econômica. Dá para vender esse investimento como atrativo diante disso tudo?

betmotion reclame Renan Filho - Não tem inviabilidade econômica. O Brasil já foi um dos países que mais teve ferrovia no mundo, mas na época do Império. Hoje essas ferrovias concorrem com caminhões. Muitas delas são sinuosas ou têm trens que andam a 20 quilômetros por hora - um caminhão andabetmotion reclameuma médiabetmotion reclame70 ou 80 - ou seja, não dá para competir.

Os trechos que estão inutilizados não estão assim por faltabetmotion reclameatividade econômica, mas porque a tecnologia utilizada para construí-los lá atrás é incongruente com a vida urbana nas cidades e com o transportebetmotion reclamecargas moderno.

As novas ferrovias do Brasil terão traçado próprio, não passarão no centro das cidades, serão endereçadas para os portos. Já temos váriasbetmotion reclameconstrução e várias projetadas.

Os quilômetros que não tem viabilidade serão devolvidos, mas a gente mantém os que têm viabilidade e é isso que garante que o Brasil seja um dos maiores exportadores do mundo. Olhando pela metade cheia do copo, a gente cumpre o nosso deverbetmotion reclamecasa. E a gente pode cumprir melhor? Claro, é a nossa tarefa. Mas a nossa economia cresce mais do que a média internacional no momento e somos referência internacionalbetmotion reclameexportar.

betmotion reclame BBC News Brasil - Um projeto que gerou bastante decepção nos últimos anos é o da Transnordestina, que estábetmotion reclameconstrução há quase 20 anos. O presidente Lula prometeu entregar a obra até 2027, ele diz que é obcecado com esse tema, mas empresários da região se dizem preocupados com o atraso na liberaçãobetmotion reclamerecursos pelo governo (Fundobetmotion reclameDesenvolvimento do Nordeste). Dá para cumprir o prazo no ritmo atual?

betmotion reclame Renan Filho - Com certeza. Primeiro, essa obra estava parada no governo anterior. Agora ela está andando a um ritmobetmotion reclamepagamentobetmotion reclame50 milhõesbetmotion reclamereais por mês. É uma obra privada, mas o governo auxiliou com a liberaçãobetmotion reclamecrédito por meio do Banco do Nordestebetmotion reclame800 milhõesbetmotion reclamereais.

A gente acredita que vai terminar e que é prioridade para o governo. Ela não andou foi no governo imediatamente anterior - e as pessoas que estavam receosas podem ficar muito menos receosos agora.

Obra da ferrovia Transnordestina

Crédito, Ministério dos Transportes

Legenda da foto, De Eliseu Martins, no Piauí, até o Portobetmotion reclamePecém, no Ceará, o projeto da Transnordestina prevê uma extensãobetmotion reclamemaisbetmotion reclame1,2 mil quilômetros, passando por 53 municípios dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco

betmotion reclame BBC News Brasil - Estamos às vésperas do segundo turno das eleições municipais e os resultados do primeiro turno colocaram o PSD como a sigla que mais elegeu prefeitos no país, desbancando o MDB. Como o senhor avalia esse cenário? betmotion reclame [A entrevista foi conduzidabetmotion reclame25betmotion reclameoutubro, antes da realização do segundo turno]

betmotion reclame Renan Filho - Desbancandobetmotion reclamepartes né? Se o MDB ganhar São Paulo nós continuaremos governando o maior númerobetmotion reclamebrasileiros. Isso coloca o partido com muita importância, isso é super relevante, e mantém o caráter municipalista do MDB,betmotion reclamelideranças regionais.

O PSD cresceu porque trouxe muitos prefeitos para o partido, especialmentebetmotion reclameSão Paulo. E ele teve duas vezes mais reeleições do que o MDB, o que influenciou bastante também.

Mas eu acho que [esse resultado] também é importante para o presidente Lula, porque o centro estando fortalecido abre a possibilidade da frente ampla continuar ajudando o governo do presidente Lula.

betmotion reclame BBC News Brasil - Diante desse cenário das municipais, como o MDB se prepara para as eleições nacionaisbetmotion reclamedois anos?

betmotion reclame Renan Filho - O MDB é um partido que vai ter muita relevância nas eleições estaduais. Temos cinco vice-governadores que podem ser candidatos ao governo do Estado, além dos governos do Pará ebetmotion reclameAlagoas, e a gente tende a ampliar o númerobetmotion reclamegovernadores no próximo ciclo. O mesmo a gente espera ocorrer na bancada, na Câmara e no Senado. Para isso precisa trabalhar bastante, precisa verificar como vai se dar a eleiçãobetmotion reclame2026.

Mas eu acho que o partido continuará forte, é um partido tradicional,betmotion reclamelideranças consolidadas regionais. E eu pessoalmente apoio que o partido apoie a reeleição do presidente Lulabetmotion reclame2026. Isso é uma coisa que ainda será discutida, mas essa é a minha posição pessoal.

betmotion reclame BBC News Brasil - Podemos esperar ver o senhor como candidato ao governobetmotion reclameAlagoasbetmotion reclame2026?

betmotion reclame Renan Filho - Eu ainda não tomei essa decisão, mas eu faço partebetmotion reclameum grupo político e a decisão será tomada coletivamente. Ainda está um pouco distante dessa decisão, mas o meu nome, por já ter sido governador, é sempre uma das possibilidades.

betmotion reclame BBC News Brasil - E o senhor tem ambiçõesbetmotion reclameconcorrer à presidência no futuro?

betmotion reclame Renan Filho - A gente precisa primeiro discutir a eleiçãobetmotion reclame2026. O importante é quebetmotion reclame26 é a gente garanta a reeleição do presidente Lula. Depois, a partirbetmotion reclame2030, vai se abrir um novo ciclo no Brasil, aberto para novas lideranças políticas e para novas candidaturas.

Depois que o presidente Lula fizer esses dois mandatos, mandatosbetmotion reclamereconstrução nacional,betmotion reclameretomada do crescimento econômico do país,betmotion reclameretorno da geraçãobetmotion reclameemprego, o Brasil vai viver uma nova agenda. E nessa agenda a partirbetmotion reclame2030 eu defendo que nós do MDB voltemos a disputar eleição presidencial. Não com meu nome, acho que o partido primeiro precisa discutir se vai disputar ou não. E a partir da decisãobetmotion reclameque vai disputar, discutir os nomes adequados para o momento, porque ainda está muito longe.

betmotion reclame BBC News Brasil - Em 2030 o senhor vislumbra mais espaço para um candidatobetmotion reclamecentro?

betmotion reclame Renan Filho - Sempre há espaço para candidaturasbetmotion reclamecentro. Nas eleições municipais, aliás, o centro foi o maior vitorioso, pois os dois maiores, PSD e MDB, sãobetmotion reclamecentro.

Na eleiçãobetmotion reclame2026 vai ser difícil porque o presidente Lula é um candidatobetmotion reclamefrente ampla que reúne parte do centro e a esquerda, deixando a direita e a extrema direita, principalmente, para o outro campo. Então nesse momento menos, masbetmotion reclame30 certamente terá. E o centro pode ter alguns candidatos, como já aconteceubetmotion reclameoutros ciclos mais abertos, como no pós-redemocratização. Mas a eleição pós os dois mandatos do presidente Lula será uma eleiçãobetmotion reclameque mais partidos postularam candidaturas.

betmotion reclame BBC News Brasil - Está certo. Acho que eram essas as minhas perguntas, ministro. Muito obrigada.

betmotion reclame Renan Filho - Obrigado, foi muito bom.

[...]

Mas eu sinto que o país está indo bem , vamos crescer 6%betmotion reclamedois anos e vamos seguir enfrentando essa agenda. Agora, eu faço um convite a vocês para mudar a postura do Brasil mundo afora, não aceitar mais essa coisabetmotion reclameque estamos fazendo errado. Não, a gente tá fazendo certo. Em boa parte daquilo que o mundo compreende como importante, como defesa da democracia, respeito as preferências individuais do cidadão, preservação ambiental, paz, combate à fome e à pobreza e a miséria, ninguém dá exemplo para a gente não - é a gente que dá exemplo ao mundo.

Agora, a gente tem algumas coisas ainda, temos violência urbana. Somos um país que leva azarbetmotion reclameestar do lado dos grandes produtoresbetmotion reclamedroga do planeta. O Brasil não é produtorbetmotion reclamedrogas, não planta maconha, não planta cocaína. Mas é um grande consumidorbetmotion reclamedroga, é o segundo maior mercadobetmotion reclamedrogas do mundo, atrás dos Estados Unidos. A gente não é segundobetmotion reclamenada -betmotion reclamecarro,betmotion reclamecomputador,betmotion reclametablet,betmotion reclameiPhones, não ébetmotion reclamenada. Mas por quebetmotion reclamedroga? Porque os produtores estão vizinhos a gente.

E a droga inunda o Brasil por quê? Para acessar a nossa infraestrutura para ir para o mundo, porque os nossos portos e aeroportos são melhores. Eles não mandam droga pelos portos da Argentina, [lá] não tem porto. Mandam drogas pelos portos brasileiros para cá [Europa] que também são grandes consumidores.

E por que eles usam a nossa infraestrutura? Porque ela é melhor, se não ia pela Colômbia mesmo, já produz ali e já mete no Pacífico, no Atlântico, que eles têm passagem para os dois lados, e manda para os Estados Unidos. Eles mandam também um pouquinhobetmotion reclameavião, mas o Paraguai e a Bolívia mandam tudo para o Brasil.

Então a nossa infraestrutura é destaque até nesse lado aí. Isso gera uma violência interna, cria facções criminosas que fazem tráfico internacionalbetmotion reclamedroga. É um problema para o país, não criado somente pela gente, mas pelos nossos vizinhos que têm na droga a geraçãobetmotion reclamedólar. Então é isso, a gente tem muitos problemas, mas tem também muitas virtudes. E eu acho que a nossa geração tem que defender as virtudes do Brasil, não apresentar os nossos defeitos.

Para concluir nossa conversa, eu lembro muito do Riobetmotion reclameJaneiro. O Riobetmotion reclameJaneiro é lindo, mas nós mesmos brasileiros batemos tanto no Riobetmotion reclameJaneiro. Então acho que a gente tem que cuidar do Brasil, apresentar o que a gente faz bem, divulgar o que a gente faz bem e procurar ver o que o país faz porque isso é uma questão geracional. Senão nós vamos ficar sempre fazendo mais do que os outros e com a sensação que a gente não faz nada.

[...]

Após a entrevista concedida pessoalmente, a reportagem procurou o ministro do Trabalho para que ele pudesse aprofundar mais as suas declarações sobre a infraestruturabetmotion reclametransportes brasileira e o tráficobetmotion reclamedrogas, mas ele preferiu não fazer novos comentários por telefone ou por escrito.