O país com áreas inundadas onde pessoas morremburaco onlinesede:buraco online
Ano após anoburaco onlinechuvas intensas se seguiram. A água se acumulou, retida no solo argiloso.
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Fim do Matérias recomendadas
Grandes áreas do Estado estão submersas há vários anos após a inundação, que, segundo cientistas, foi agravada pela mudança climática.
No pior momento,buraco online2022, dois terçosburaco onlineUnity estavam submersos, segundo o Programa Mundialburaco onlineAlimentos (PMA) da ONU – e, ainda hoje, cercaburaco online40% continuam debaixo d’água.
O ex-engenheiroburaco onlinepetróleo David Bojo Leju afirma que as cheias na região estão levando a poluição para as fontesburaco onlineágua.
Ele diz que a inundação é um "desastre" e que a poluiçãoburaco onlineinstalaçõesburaco onlinepetróleo mal geridas é uma "assassina silenciosa" que se espalha por Unity.
O Sudão do Sul é o país mais jovem do mundo e um dos mais pobres, com um governo extremamente dependente da receita do petróleo.
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O ex-engenheiro Bojo Leju trabalhou por oito anos no consórcioburaco onlinepetróleo Greater Pioneer Operating Company (GPOC), uma joint venture entre empresasburaco onlinepetróleo da Malásia, Índia e China — o governo do Sudão do Sul possui 5%buraco onlineparticipação na companhia.
Após o rompimentoburaco onlineum oleoduto há cinco anos, ele começou a fotografar e filmar poçasburaco onlineágua oleosa e o solo escurecidoburaco onlinevárias localidades no Estadoburaco onlineUnity, incluindo áreas próximas a Roriak, onde vivem grupos que criam rebanhos.
Ele afirma que vazamentosburaco onlinepoços e oleodutos eram "uma situação recorrente". Ele relata que o solo contaminado era transportado para longeburaco onlineestradas, para não ser visível.
Bojo Leju expressou suas preocupações aos gerentes da empresa, mas diz que pouco foi feito e que "não havia planoburaco onlinetratamento para o solo".
Ele também afirma que a água liberada do solo durante a extraçãoburaco onlinepetróleo, que frequentemente contém hidrocarbonetos e outros poluentes, não era devidamente tratada.
Ele afirma que diariamente havia relatosburaco onlinealto teorburaco onlineóleo na água liberada da extração do petróleo, acima dos padrões internacionais, e que "essa água era injetadaburaco onlinevolta no ambiente".
"A questão é: para onde vai essa água?", ele questiona. "Vai para o rio, para a fonteburaco onlineágua onde as pessoas bebem, para as lagoas onde as pessoas pescam."
Bojo Leju explica que produtos químicos do petróleo infiltraram no lençol freático e vão para poços artesianos. "O lençol freático está contaminado", diz.
Quando as chuvas intensas começaramburaco online2019, diquesburaco onlineterra foram erguidos ao redorburaco onlinealguns vazamentosburaco onlineóleo. "Mas isso não foi suficiente para suportar o volumeburaco onlineágua", acrescenta.
Em Roriak, não há dados disponíveis sobre a qualidade da água consumida pelos habitantes, mas eles temem que a poluição esteja prejudicando a saúdeburaco onlineseus rebanhos. Segundo eles, bezerros têm nascido sem cabeça ou sem membros.
O ministro da Agricultura do Estadoburaco onlineUnity atribui a morteburaco onlinemaisburaco online100 mil cabeçasburaco onlinegado nos últimos dois anos às inundações combinadas com a poluição do petróleo.
Em uma floresta próxima a Roriak, um grupoburaco onlinehomens e mulheres derruba árvores para fazer carvão. Eles caminharam por oito horas por estradasburaco onlineterra encharcadas por águas da enchente para chegar à floresta.
Eles dizem que a única água disponível no local está poluída. Mesmo fervida, "causa diarreia e dor abdominal", conta uma mulher.
Outra mulher, Nyeda, enxuga as lágrimas, dizendo que precisa do carvão para vender, mas está preocupada com seus sete filhos, deixados com a mãe por uma semana. "Ela também não tem nada", afirma.
Nyeda vive perto da capital do estado, Bentiu, numa cabanaburaco onlineum campo que abriga 140 mil pessoas que fugiramburaco onlineconflitos ou das enchentes. A área é completamente cercada por água e protegida apenas por diquesburaco onlineterra.
Eles recebem apoio alimentar, mas muitos na região sobrevivem buscando raízesburaco onlinelírio-d'água e peixes para complementar suas refeições. Água potável é escassa.
Nyeda usa águaburaco onlineum poço artesiano para lavar e cozinhar, mas precisa comprar água para beber.
Profissionaisburaco onlinesaúde e políticos da região disseram à BBC que temem que a poluição e a faltaburaco onlineágua limpa estejam afetando a saúde da população.
Em um hospitalburaco onlineBentiu, uma mãe acababuraco onlinedar à luz. O nariz e a bocaburaco onlineseu recém-nascido estão unidos.
"Eles não têm acesso à água potável", diz Samuel Puot, um dos médicos que cuidam do bebê. "Eles apenas bebem do rio, onde água e óleo se misturam. Esse pode ser o problema."
Ele afirma que há muitos casosburaco onlinecrianças nascendo com anomalias, como ausênciaburaco onlinemembros ou cabeça pequena, tantoburaco onlineBentiu quantoburaco onlineRuweng, uma área produtoraburaco onlinepetróleo ao norte do Estadoburaco onlineUnity.
Elas morremburaco onlinedias ou meses, relata o médico.
Testes genéticos podem fornecer pistas sobre as causas das anomalias congênitas, mas o hospital não dispõeburaco onlineinstalações para isso, e os resultados frequentemente não são conclusivos.
Puot defende que o governo mantenha informações sobre os casos. Como os dados não são registradosburaco onlineforma sistemática, não está claro se esses relatos indicam uma prevalência incomumburaco onlineanomalias congênitas.
A poluição ambiental é um fatorburaco onlinerisco para as anomalias congênitas, além da genética, idade materna, infecções e má nutrição, afirma Nicole Deziel, especialistaburaco onlinesaúde ambiental da Universidadeburaco onlineYale (EUA).
Substâncias liberadas na produçãoburaco onlinepetróleo podem afetar o desenvolvimento fetal, afirma Deziel.
"Os relatos anedóticos podem servir como indicadores importantesburaco onlineproblemasburaco onlinesaúde ambiental", diz. Mas ela ressalta que, sem a extração sistemáticaburaco onlinedados, é difícil estabelecer provasburaco onlineuma relação causal.
Em 2014 e 2017, a organização não governamental Sign of Hope, sediada na Alemanha, realizou estudosburaco onlinecampos petrolíferos no Estadoburaco onlineUnity.
Eles encontraram um aumento da salinidade e concentrações elevadasburaco onlinemetais pesados na água perto dos poçosburaco onlinepetróleo, assim como concentrações elevadasburaco onlinechumbo e bárioburaco onlineamostrasburaco onlinecabelo humano.
Os pesquisadores concluíram que se tratavaburaco onlineindicadoresburaco onlinepoluição resultante da produçãoburaco onlinepetróleo.
O governo encomendou uma auditoria ambiental sobre o impacto da indústria do petróleo, mas os resultados ainda não foram divulgados, maisburaco onlineum ano após o esperado.
Mary Ayen Majok, deputada do partido governista, vem expressando preocupações sobre a poluição causada pelo petróleo há maisburaco onlineuma década. Ela é vice-presidente da Câmara Alta do Parlamento do Sudão do Sul, e vem da regiãoburaco onlineRuweng.
Majok conta que uma pessoaburaco onlinesua família teve um filho "nascido com deformidades" e acredita que muitos desses casos não são denunciados por medoburaco onlineestigmatização ou pela faltaburaco onlineacesso a instalações médicas.
Ela afirma que o Sudão do Sul "herdou uma indústria baseadaburaco onlinepráticas inadequadas" quando o país foi formadoburaco online2011, apósburaco onlineindependência do Sudão.
Uma guerra civilburaco onlinecinco anos começouburaco online2013. Para uma nação que enfrenta conflitos e depende fortemente das receitas do petróleo, melhorar a responsabilidade ambiental ficou "em segundo plano nas nossas prioridades", diz a deputada.
Leis e instituições foram criadas, mas "a responsabilização ainda não é forte", conclui Majok.
"Falar sobre petróleo é como tocar no coração do governo", diz Bojo Leju.
Ele conversou com a BBC na Suécia, onde obteve asilo.
Em 2020, ele foi procurado por advogados sul-sudaneses que queriam processar o governo por poluição causada pelo petróleo.
Ele concordouburaco onlineser testemunha. No entanto, afirma que agentesburaco onlinesegurança o detiveram, atingiramburaco onlinecabeça com uma pistola e o forçaram a assinar um documento retratando seu depoimento.
Ele fugiu do país logo depois. Os advogados não deram continuidade ao caso.
A BBC pediu comentários sobre as alegações deste relatório ao consórcio petrolífero GPOC e ao escritório do presidente do Sudão do Sul, mas não obteve resposta.
Os cientistas não têm certeza se as inundações no Estadoburaco onlineUnity irão, algum dia, recuar.
Chris Funk, diretor do Climate Hazards Center da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, afirma queburaco online2019 houve temperaturas recordes na superfície do mar no oeste do Oceano Índico, o que "seria impossívelburaco onlineum mundo sem mudanças climáticas".
O ar mais quente pode conter mais umidade, e ele diz que havia uma "forte ligação" entre essas temperaturas marítimas e as chuvas extremasburaco online2019 sobre o leste da África.
Funk afirma que as chuvas intensas continuaram desde então sobre a bacia do Lago Vitória, que deságua no Sudão do Sul, mas ainda não está claro se isso representa um novo padrão permanente.
As temperaturas no Sudão do Sul aumentaram e devem subir ainda mais, acrescenta ele.
Isso significa que a precipitação extrema "será ainda mais extrema" e, sob alguns cenáriosburaco onlineaquecimento global, o calor e a umidade poderiam tornar algumas áreas do país "inabitáveis", diz.
No entanto, apesar das inundações e dos temoresburaco onlinepoluição, muitos ainda esperam voltar a uma vidaburaco onlinecriaçãoburaco onlineanimais e sustento da terra.
Pertoburaco onlineBentiu, uma idosa tritura raízesburaco onlinelírio d'água ao lado da água da enchente. Ela diz que gostariaburaco onlineter uma vaca novamente, algum dia.
"Quando a água baixar, vou plantar grãos, mesmo que demore anos", diz.