PT debatenovibet de onde écrise e prepara mudançanovibet de onde écomando: 'Precisamosnovibet de onde édiálogo com quem não énovibet de onde écarteira assinada':novibet de onde é

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva posicionando um fonenovibet de onde éouvido com uma bandeira do Brasil ao fundo

Crédito, EPA

Legenda da foto, O presidente Lula e a cúpula do PT avaliam os impactos das eleições municipais sobre o futuro do partido

Um foco é, segundo eles, conquistar uma faixa importante do eleitorado composta por quase 30 milhõesnovibet de onde étrabalhadores autônomos, especialmente os que moram nas periferias das grandes cidades, que atuam na informalidade e que estariam mais alinhados a candidatosnovibet de onde édireita.

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Os entrevistados também disseram que o PT poderá ter que modular o seu discurso enovibet de onde épolíticanovibet de onde éalianças diante do que parece ser um evidente movimento do eleitorado brasileironovibet de onde édireção à direita.

Lula escoltado nanovibet de onde échegada a Curitiba,novibet de onde é2018, quando foi preso pela Operação Lava Jato

Crédito, AFP

Legenda da foto, Lula foi presonovibet de onde é2018 após ser condenado por crimes como lavagemnovibet de onde édinheiro. Suas condenações foram anuladasnovibet de onde é2021

Ecos da Lava Jato

O professornovibet de onde éCiência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto explica que a conturbada história recente do PT é um dos elementos que explicam os resultados modestos obtidos pelo partido nestas eleições.

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O mesmo partido que venceu cinco das últimas seis eleições presidenciais no país também foi um dos principais alvos da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso por crimes como lavagemnovibet de onde édinheiro.

Antes disso, o PT ainda cambaleava após o impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff.

Segundo Couto, apesarnovibet de onde éter voltado à Presidência da República e ter tido um tímido aumento no númeronovibet de onde éprefeituras neste ano, o PT ainda não teria conseguido se recuperar dos impactos negativos dessa sucessãonovibet de onde écrises vividas nos últimos anos.

"O problema do PT não está tanto nestas eleições. Ele está na eleiçãonovibet de onde é2016, que foi o ano do impeachment, do aprofundamento da recessão causada pela política econômica do governonovibet de onde éDilma, e foi o ápice da Lava Jato", disse Couto à BBC News Brasil.

"Naquele ano, o PT perdeu 60% dos seus prefeitos e vereadores país afora. Ele tomou um tombo no plano municipal e ainda não conseguiu se recuperar disso", seguiu.

A petista Marília Campos, prefeita reeleitanovibet de onde éContagem, cidade mineira com 621 mil habitantes, tem diagnóstico semelhante aonovibet de onde éCláudio Couto. Em entrevista à BBC News Brasil, ela admitiu que precisou enfrentar uma grande dosenovibet de onde é"antipetismo" durantenovibet de onde écampanha à reeleição.

"Tivemos um desgaste desde a Operação Lava Jato, uma satanização do PT", disse.

"Claro que houve uma conspiração e uma construção política e cultural contra o PT, mas [essa rejeição] também énovibet de onde éfunção dos erros que a gente teve. Muitas lideranças nossas erraram [...] tudo isso criou uma decepção, especialmente no setornovibet de onde éclasse média. E aí a base do PT se fragmentou."

Para ela, a sigla enfrenta hoje duas questões principais: a polarização nacional e o antipetismo.

O deputado federal e candidato derrotado à Prefeituranovibet de onde éBelo Horizonte, Rogério Correa, concorda com a ideianovibet de onde éque o passado recente do partido ainda o prejudica nas urnas.

"Essas dificuldades que temos vêmnovibet de onde éum tempo atrás. O PT foi muito perseguido. Havia gente que dizia, inclusive, que o PT ia acabar. Hoje, o partido está num processonovibet de onde érecuperação. Já tivemos momentos melhores? Com certeza", reconhece o parlamentar que ficounovibet de onde ésexto colocado no primeiro turno das eleições na capital mineira, com apenas 4,37% dos votos.

Entregador sobre uma moto portando mochilanovibet de onde éentreganovibet de onde émercadorias

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Lideranças do PT concordam que partido precisa adaptar seu discurso para dialogar com público que trabalha como motorista e entregador por aplicativo

A crise do discurso

Mas, para além dos estragos causados pela Lava Jato, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o PT enfrenta também outro tiponovibet de onde écrise: a perda da conexão com segmentos da população que, no passado, seriam vistos como eleitores cativos do partido.

Cláudio Couto afirmou que, quando surgiu, o PT dizia defender os trabalhadores explorados pelo sistema capitalista e que precisariamnovibet de onde éuma representação política.

O professor disse, no entanto, que desde o surgimento e ascensão do PT, o país e o mundo viveram mudanças profundas no mercadonovibet de onde étrabalho.

Atualmente, segundo ele, uma parcela relevante dos moradores das periferias das grandes cidades não se sentiria representada por um discurso vinculado à luta sindical uma vez que, boa parte desses trabalhadores vivem na informalidade.

"Talvez a questão mais central para o PT seja esse discurso voltado àqueles moradores das periferias das cidades e às populaçõesnovibet de onde émais baixa renda, mas que se enxergam como empreendedores", disse o cientista político.

Segundo ele, esse público manifesta um desejo crescente por um Estado menos burocrático e mais favorável aos pequenos negócios, sem prescindir dos direitos sociais.

"O PT ainda não conseguiu adaptar o seu discurso e oferecer soluções para essas aspirações", disse.

Marília Campos diz ter uma leitura semelhante sobre o assunto.

"Outra questão que eu acho fundamental é o PT ter um diálogo com quem não énovibet de onde écarteira assinada. Nós não podemos só conversar ou defender um país apenas para os que têm carteira assinada", diz ela.

"Nós temos hoje um segmento cada vez maior, que é empreendedor, que é pequeno empresário, que é autônomo e qual é a nossa política para esse segmento?", segue a petista.

Couto diz que essa mudança no perfil dos moradores das periferias já havia sido detectada pelo próprio partidonovibet de onde é2017, quando a Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, lançou um estudo que já apontava nesta mesma direção.

O estudo "Percepções e valores políticos nas periferiasnovibet de onde éSão Paulo" delineava parte do que Couto, Marília Campos e outras lideranças do PT vêm repetindo.

"No imaginário da população não há lutanovibet de onde éclasses; o ‘inimigo’ é,novibet de onde égrande medida, o próprio Estado ineficaz e incompetente. Abre-se espaço para o ‘liberalismo popular’ com demandanovibet de onde émenos Estado", diz um trecho do estudo.

Segundo Couto, apesarnovibet de onde éter o diagnóstico diantenovibet de onde ési, o PT não tomou as medidas necessárias para se adaptar a essa nova realidade.

Uma das consequências, apontam pesquisas, é uma maior tendência deste público a apoiar partidos e candidatosnovibet de onde édireita.

Em 2023, por exemplo, o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa encomendada pelas redesnovibet de onde étransporte e entrega por aplicativo Uber e IFood que apontava que 40% dos entregadores entrevistados diziam sernovibet de onde édireita enquanto apenas 20% diziam sernovibet de onde éesquerda. Os 40% restantes diziam sernovibet de onde écentro.

Essa dificuldadenovibet de onde émudar o tom do discurso já começa a ser reconhecida até pelos mais altos escalões do partido.

Na semana passada, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, tentou explicar o motivo dessa dificuldadenovibet de onde éadaptação da legenda durante uma entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo e ao advogado Walfrido Warde.

"A formação do PT veio deste núcleonovibet de onde étrabalhadores, sindicalizados e organizados [...] Isso sempre ficou muito arraigado no PT, nas lideranças do PT e na cabeça do presidente [ Lula] [...] Essa mudança que a gente teve da sociedade foi se dando num processonovibet de onde éque a gente estava saindo do governo, combalido, pensandonovibet de onde énós mesmos, na nossa sobrevivência e não nos dedicamos a fazer discussões mais aprofundadas", disse Gleisi.

Marília Campos apontou, ainda, o que ela considera outro problema do PT que o afastarianovibet de onde éuma camada significativa do eleitorado: o discursonovibet de onde étorno das pautas identitárias.

As chamadas pautas identitárias são aquelas baseadas nos interessesnovibet de onde égrupos sociais com os quais cidadãos se identificam, normalmente são associadas aos direitosnovibet de onde éminorias como a população negra, os povos originários e a comunidade LGBTQIA+.

"De uns tempos para cá, nesse processonovibet de onde éfragmentação, o PT adotou um discurso muito identitário que dialoga com algumas bolhas. Isso tirou muito a capacidade do PTnovibet de onde édialogar com a cidade e com o paísnovibet de onde éuma forma geral", afirma ela.

"Nesse processonovibet de onde éreconstrução do partido, a primeira questão é adotar um discurso universalizante, onde a gente defenda, sim, a lutanovibet de onde édefesa da igualdade social [...] mas todas essas lutas segmentadas fazendo partenovibet de onde éuma luta mais universal", defendeu a prefeita.

Lulanovibet de onde émãos dadas com pastores evangélicosnovibet de onde éatonovibet de onde écampanha

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, O pastor Paulo Marcelo Schallenberger e o presidente Lula durante campanha eleitoralnovibet de onde é2022. Especialistas apontam que partido tem dificuldadenovibet de onde édialogar com público evangélico

Dilema existencial: rumo ao centro?

Em meio a esse cenário intrincado, uma questão que parece se impor ao PT é: quais as saídas para a sobrevivência do partido?

Formado por diversas correntes ideológicas, a sigla passará por eleições internasnovibet de onde é2025. Gleisi Hoffmann, que está no comando da legenda desde 2017, tem dito que a necessidadenovibet de onde éo partido atualizar seu discurso para se aproximarnovibet de onde ésegmentos como motoristas e entregadores por aplicativos e a população evangélica serão temasnovibet de onde édebates internos numa tentativanovibet de onde éo partido voltar a dialogar com este público.

Do ladonovibet de onde éfora do PT, analistas indagam se o futuro do partido não passaria por uma guinada ao centro, a julgar pelas posições que tevenovibet de onde éadotar no segundo turno.

O PT oficializou apoio a adversáriosnovibet de onde ébolsonaristasnovibet de onde éBelém (PA), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Palmas (TO). Nestas quatro cidades, a legenda se posicionou a favornovibet de onde écandidatosnovibet de onde écentro enovibet de onde écentro-direita contra candidatos do PL.

Em Goiânia, o PT, que ficounovibet de onde éfora do segundo turno, não declarou seu apoio a nenhum candidato, mas passou a fazer campanha contrária ao candidato bolsonarista Fred Rodrigues (PL), que perdeu a disputa da prefeitura da capitalnovibet de onde éGoiás para Sandro Mabel (União Brasil).

Para Marília Campos, do pontonovibet de onde évista eleitoral, o PT precisará rever suas estratégias e considerar, cada vez mais, nomes mais ao centronovibet de onde édisputas estaduais, por exemplo.

"Aquinovibet de onde éMinas Gerais, por exemplo, a gente precisanovibet de onde éum projeto viável do pontonovibet de onde évista eleitoral enovibet de onde égovernança. E para que isso seja atingido como objetivo, nós precisamosnovibet de onde éuma candidatura que tenha o perfil do centro, não da esquerda como eu represento", afirmou a prefeita.

Marília, que se elegeunovibet de onde éuma campanha que apostou na "despolarização" entre Lula e Bolsonaro, deixando o presidente petistanovibet de onde éfora, diz que o partido deve evitar essa dualidade no futuro.

Mas a ideianovibet de onde éuma ida mais ao centro, no entanto, não é consenso dentro do partido.

O deputado federal Rogério Corrêa, por exemplo, disse que a legenda não pode abrir mão do debate político enovibet de onde ésuas posições ideológicas.

"Qual é o papel do PT? Compreendendo que a extrema direita é um risco não apenas aqui, mas internacional, nós não podemos descuidar", diz.

"Nós não podemos deixarnovibet de onde éfazer disputa pela hegemonia no combate à extrema direita porque a direita não fará issonovibet de onde éforma consequente."

Para a professoranovibet de onde éCiência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Silvana Krause, alianças ao centro não são uma novidade na história do PT. Ela pontua, no entanto, que o partido precisa mostrar capacidadenovibet de onde éadaptação a uma nova realidade.

"O PT tem sido o norte do mercado eleitoral nas duas últimas décadas, mas as direções do partido estão tendo muita dificuldadenovibet de onde éleituranovibet de onde éuma nova sociedade que está despontando", diz.

"Se o partido não tiver clareza sobre isso, terá muitos problemas no futuro. Não adianta ficar com as mesmas respostas, receitas que ele tinha nos anos 90", afirmou a professora.

Já Cláudio Couto apontou que, embora o partido precise se adaptar às mudanças no perfil do eleitorado, há riscos se essa mudança não for bem calibrada.

"O que significa ir ao centro hoje? Talvez não seja a mesma cosa que ir ao centronovibet de onde é2002", disse o professor, mencionando a eleiçãonovibet de onde éque Lula obteve seu primeiro mandato após se aliar partidos mais à direita, como o PL do seu candidato a vice-presidente José Alencar.

Couto disse que o peso do conservadorismo no Brasil tornaria uma guinada do PT ao centro mais difícil e mais arriscada.

"Hoje, falamosnovibet de onde éoutro tiponovibet de onde éida ao centro. Há um peso do conservadorismo evangélico que existia lá atrás. No passado, o PT chegou a ter apoio do Republicanos, do (pastor Silas) Malafaia. Como é que vai dialogar com esses setores?", indagou.

Couto disse que este problema não é exclusivo do PT, masnovibet de onde édiversos partidos à esquerda e à direita e que o risco ao buscar esse eleitor mediano é a perda da identidade partidária.

"Esse é um problema clássico, mas na esquerda, há uma grande tradição nesse tiponovibet de onde émovimentação. Há quem diga, inclusive, que alguns partidos se descaracterizamnovibet de onde étão ao centro que vão. Mas me parece que eles não têm muita opção. A questão hoje é: ir ao centronovibet de onde éque jeito?", disse.

Ao falar sobre as pressõesnovibet de onde ésegmentos como o mercado financeiro para que o PT se posicione mais ao centronovibet de onde étemas econômicos, Gleisi Hoffmann disse,novibet de onde éentrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, o que parece resumirnovibet de onde éformanovibet de onde éver o dilema imposto ao partido.

"Eu digo sempre ao pessoal do mercado: vocês não podem exigir que a gente se mate (politicamente). Temos bandeiras que são históricas como investimentosnovibet de onde éeducação, saúde, valorização do salário mínimo [...] Não podem querer que o Lula se mate e faça esse ajuste porque senão o negócio vai ficar feio", disse.