A crescente demanda por cuidadorescomo apostar no brasileiraoidososcomo apostar no brasileiraoum Brasil cada vez mais velho: 'Fui trocar lâmpada e fiquei':como apostar no brasileirao

Homem negro idoso caminha com andador, ao ladocomo apostar no brasileiraouma mulhercomo apostar no brasileiraouniforme

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Entre 2019 e 2023 houve um aumentocomo apostar no brasileirao15% no númerocomo apostar no brasileiraocuidadores remunerados no Brasil, segundo a Pnad

"Era um sentimento muito gostoso, ver como ele gostavacomo apostar no brasileiraoficar pertocomo apostar no brasileiraomim.”

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A demanda por profissionais como Rodrigo é cada vez maiorcomo apostar no brasileiraoum Brasil que fica cada vez mais velho.

Em 2070, maiscomo apostar no brasileiraoum terço (37,8%) dos brasileiros serão idosos, segundo o Instituto Brasileirocomo apostar no brasileiraoGeografia e Estatística (IBGE).

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De 2000 para 2023, a proporçãocomo apostar no brasileiraopessoas com 60 anos ou mais na população brasileira quase duplicou: subiucomo apostar no brasileirao8,7% para 15,6%.

Ao mesmo tempo, a taxacomo apostar no brasileiraofecundidade do país recuoucomo apostar no brasileirao2,32como apostar no brasileirao2000 para 1,57 filho por mulhercomo apostar no brasileirao2023. E a população do país vai pararcomo apostar no brasileiraocrescercomo apostar no brasileirao2041, segundo projeção do IBGE.

Boa parte do cuidado com a população brasileira que envelhece recai e recairá cada vez mais na figura do cuidadorcomo apostar no brasileiraoidosos — um trabalhador invisívelcomo apostar no brasileiraouma atividade não regulamentada que, segundo especialistas na área, pode ganhar maiscomo apostar no brasileiraotrês salários mínimos (R$4.236).

Há expectativacomo apostar no brasileiraoque uma nova política para a profissão seja aprovadacomo apostar no brasileiraoBrasília.

Após anoscomo apostar no brasileiraocampanhas pela sociedade civil, a Câmara dos Deputados aprovou,como apostar no brasileirao12como apostar no brasileiraonovembro, um projetocomo apostar no brasileiraolei que institui a Política Nacionalcomo apostar no brasileiraoCuidado. Em dezembro, o projeto foi aprovado também pelo Senado e agora dependecomo apostar no brasileiraosanção presidencial.

A proposta coloca o cuidado como um direito do cidadão e abre caminho, segundo especialistas, para a regulamentação da profissãocomo apostar no brasileiraocuidadorcomo apostar no brasileiraoidosos e, muitos esperam, a ofertacomo apostar no brasileiraocuidado como um serviço no âmbito do Sistema Únicocomo apostar no brasileiraoSaúde (SUS).

A BBC News Brasil entrevistou especialistas na área, alémcomo apostar no brasileiraoouvir a experiênciacomo apostar no brasileiraoRodrigo, para entender como é o cotidiano dos cuidadorescomo apostar no brasileiraoidosos e o que pode mudar a regulamentação da atividade e o investimento na formação destes trabalhadores.

Afinal, seria esta uma profissão do futuro no Brasil?

'Fui trocar uma lâmpada e virei cuidador'

Rodrigo, vestido com uma camisa branca, olha para a câmeracomo apostar no brasileiraoselfie tiradacomo apostar no brasileiraoum jardim. No fundo, aparecem um gramado verde, árvores, e um prédio

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Rodrigo Rafaelcomo apostar no brasileiraoCamargo,como apostar no brasileirao39 anos, trabalhava como segurançacomo apostar no brasileiraoum condomínio antescomo apostar no brasileiraose tornar cuidadorcomo apostar no brasileiraoidosos

Rodrigo trabalhava como segurançacomo apostar no brasileiraoum condomíniocomo apostar no brasileiraoIndaiatuba, no interiorcomo apostar no brasileiraoSão Paulo, quando um pedidocomo apostar no brasileiraoum casalcomo apostar no brasileiraomoradores, Carlos e Maria das Dores, mudoucomo apostar no brasileiraovida.

“Fui trocar uma lâmpada, e eles me convidaram para ser motorista deles. Depois virei cuidador. Com o Seu Carlos, eu chegavacomo apostar no brasileiraomanhã, tinhacomo apostar no brasileiraopreparar os medicamentos — ele tomava muitos comprimidos."

"Ele tinha demência, e teve também derrame. Às vezes, dava um branco na mente dele e ele acabava esquecendo algumas coisas. Aí eu ficava conversando com ele, até que ele começava a lembrar. Nos tornamos muito amigos.”

O cuidador se lembra do diacomo apostar no brasileiraoque começou a ajudar Carlos a fazer a higiene pessoal. Um momento delicado, mas a partir dali "ficou tudo mais fácil".

“Foi uma vez que fomos ao hospital colher um exame. Ele era bem fechado. Ia colocar uma camisa, você tinhacomo apostar no brasileiraosaircomo apostar no brasileiraoperto. E ele não estava conseguindo fazer a coleta. Eu falei, ‘seu Carlos, o senhor quer uma ajuda?’ ‘Mas não tem problema?’ ‘Não.’ Ajudei a fazer a coleta do xixi. Aí ele começou a pegar intimidade."

"Nos últimos tempos, ele ficou bem debilitado, então tivecomo apostar no brasileiraoajudar mais com a higiene. Mas eu me sentia muito confortável com ele. E acho também porque eu tive uma convivência com meu tio, ele é cadeirante. Ajudei a cuidar dos ferimentos dele. Então veio me ajudar nessa parte."

Rodrigo é um perfil atípico entre cuidadorescomo apostar no brasileiraoidosos.

O cuidador típico no Brasil tem perfil mais parecido com o da empregada doméstica, diz à BBC News Brasil Jorge Félix, autor do livro A economia da longevidade: O envelhecimento populacional muito além da previdência.

“O cuidador é uma mulher com cercacomo apostar no brasileirao40 anoscomo apostar no brasileiraoidade, negra, pobre, com poucos anoscomo apostar no brasileiraoestudo, que vê hoje, com a regulamentação da profissãocomo apostar no brasileiraoempregada doméstica, menos demanda por seus serviços como doméstica”, diz Félix, que é pesquisador da Fundaçãocomo apostar no brasileiraoAmparo à Pesquisa do Estadocomo apostar no brasileiraoSão Paulo (Fapesp) e professorcomo apostar no brasileiraogerontologia na Universidadecomo apostar no brasileiraoSão Paulo (USP).

Ele afirma que a classe média não quer mais contratar empregadascomo apostar no brasileiraohorário integral para não ter que arcar com o custocomo apostar no brasileiraoassinar a carteira. A demanda por cuidadoras, por outro lado, aumenta cada vez mais.

Isso se reflete, inclusive, nos salários, diz o pesquisador.

“A cuidadora hoje consegue ganhar até três salários mínimos e, se ela tiver formação, pode ganhar até mais”, diz.

Rodrigo, que depois passou a cuidar da viúvacomo apostar no brasileiraoCarlos, Maria das Dores, 85 anos, diz não ter intençãocomo apostar no brasileiraofazer o cursocomo apostar no brasileiraocuidador.

“Conheço uma pessoa que trabalha (como cuidadora) que falou para mim que eu faço muito mais do que uma pessoa que fez o curso. Sou uma pessoa que o que tiver que fazer, eu faço. Levo no pilates, agacho, coloco o sapato no pé dela. Às vezes, quem estácomo apostar no brasileiraovolta fica olhando, mas eu faço. Porque vejo a dificuldade que tem."

"E gostocomo apostar no brasileiraofazer a mais do que aquilo que temcomo apostar no brasileiraofazer. Na maioria das vezes, quando você estuda, você tem um limite. Mas eu não vejo uma barreira. Participocomo apostar no brasileiraotudo, me sinto como um filho. Prefiro assim do que ter um curso e tercomo apostar no brasileiraome limitar.”

Mãocomo apostar no brasileiraopessoa idosa

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No Brasil, o trabalhocomo apostar no brasileiraocuidador é tipicamente feito por 'uma mulher com cercacomo apostar no brasileirao40 anoscomo apostar no brasileiraoidade, negra, pobre, com poucos anoscomo apostar no brasileiraoestudo', diz pesquisador

No entanto, especialistas chamam a atenção para os riscos que a faltacomo apostar no brasileiraoformação e preparos adequados dos cuidadores pode trazer para os próprios trabalhadores.

Félix compara a posturacomo apostar no brasileiraoRodrigo àcomo apostar no brasileiraomuitas trabalhadoras domésticas brasileiras.

“Há um voluntarismo muito grande. ‘Pode deixar, eu limpo a vidraça, subo na escada, comigo não tem tempo feio’”, diz o pesquisador.

No trabalhocomo apostar no brasileiraocuidado, no entanto, essa atitude pode ser muito mais prejudicial ao profissional, explica Félix.

“Vão levantar a pessoa, vão pegar o peso do corpo da pessoa idosa, mas não colocam uma cinta para proteger a coluna, não conseguem ver seus próprios limites”, diz o pesquisador.

“Existe também o aspecto psicológico. Quando ela [a cuidadora] não tem formação, ela tem mais insegurança. Não sabe como lidar com uma situaçãocomo apostar no brasileiraosurto da pessoa que ela está cuidando. Então, o medo, a insegurança, o estresse, a ansiedade são muito grandes.”

O custo pessoal para o cuidador e das profissões que envolvem cuidadocomo apostar no brasileiraouma forma geral também está ligado ao envolvimento emocional com a pessoa cuidada.

'Você vai demorar para voltar?'

Imagem mostra mão e antebraçocomo apostar no brasileiraouma pessoa idosacomo apostar no brasileiraocamacomo apostar no brasileiraohospital

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Rodrigo relata sofrimento ao ter acompanhado os últimos diascomo apostar no brasileiraovidacomo apostar no brasileiraoCarlos e conta que procurou ajuda para lidar com sintomas como ansiedade e depressão

Rodrigo conta como a relação com Carlos, alémcomo apostar no brasileiraose tornar cada vez mais íntima, também ficava cada vez mais intensa e ganhava novos contornos conforme o idoso requisitava cada vez maiscomo apostar no brasileiraopresença.

“Às vezes, eu tinhacomo apostar no brasileiraoir à farmácia, e ele falava, ‘você não vai demorar não, né?’ Às vezes, eu levava ele e ele ficava dentro do carro, pra ficar me olhando. Ele queria ficar próximo. E quando eu ia embora, ele perguntava: ‘você vai demorar pra voltar?’”

“Mais especial foi nos últimos dias da vida dele. Deixa eu dar uma respirada. (Pausa) Ele falava que me tinha como um filho. É que ele teve só filhas mulheres. Quando ele estava internado, as meninas (vendo que eu estava sofrendo), arrumaram enfermeiras para ficar com ele. Eu não me sinto muito bemcomo apostar no brasileiraohospital, e vendo a forma como ele estava, eu sofria muito. Então eu só ia nas visitas. Eu chegava lá, ele sentia muita falta. Ele falava, ‘por que você me abandonou?’”

“O dia que ficou mais marcado foi o dia que eu levei ele para o hospital. Ele tavacomo apostar no brasileiraocasa, tava passando mal. Eu perguntei, ‘seu Carlos, tá tudo bem? O que o senhor tá sentindo?’ Ele falou, ‘ah, minha vista está diferente’. Eu falei, ‘a gente vai para o hospital’. Ele falou, ‘não, não precisa. O filme está acabando’. ‘Mas que filme?’ 'O filme tá acabando. O filme acabando, acaba tudo.' Foi onde começou", relata Rodrigo,como apostar no brasileiraomeio às lágrimas.

"Ele foi pro hospital, ficou internado. Pouco depois, veio a falecer."

Ao lembrar dos seus últimos momentos juntos, Rodrigo explica emocionado que tevecomo apostar no brasileiraoprocurar um médico para lidar com ansiedade e depressão.

É preciso pensar no envelhecimento precoce do profissional cuidador, sobretudo quando a pessoacomo apostar no brasileiraoquem ela está cuidando morre, diz o gerontólogo Jorge Félix.

Ele vai além: “Isso deveria ser pensado inclusivecomo apostar no brasileiraotermos da previdência social [do cuidador]”.

Félix compara o desgaste do cuidador aocomo apostar no brasileiraouma enfermeira, por exemplo.

“A enfermeira tem um amplo preparo, inclusive psicológico, para lidar com essas situações. Ela tem um treinamento para tratarcomo apostar no brasileiraoforma humana, mas não ter um envolvimento”, diz o pesquisador.

Sem esse escudo psicológico, o luto do cuidador acelera seu envelhecimento, diz Félix.

“É como se ele tivesse perdido a razãocomo apostar no brasileiraoviver. São situações com as quais eles deveriam aprender a lidar no cursocomo apostar no brasileiraoformação.”

Formação profissional

Nesse sentido, uma formação profissional adequada seria fundamental para a proteção e benefício tanto do cuidador quanto da pessoa cuidada, segundo os especialistas.

Por iniciativacomo apostar no brasileiraoONGs como a Abraz (Associação Brasileiracomo apostar no brasileiraoAlzheimer e Outras Demências), um curso técnico profissionalizantecomo apostar no brasileiraoCuidadorescomo apostar no brasileiraoPessoas Idosas foi inserido no catálogo nacional do Ministério da Educação.

No entanto, sem uma regulamentação da profissão e sem uma padronização no tipocomo apostar no brasileiraoformação necessária para o exercício da atividade, o relato écomo apostar no brasileiraoque a demanda por cursos desse tipo acaba sendo baixa.

O professor e pesquisador Daniel Groisman, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diz que a entidade oferecia um cursocomo apostar no brasileiraoqualificação profissional (com menos horas do que o curso técnico) para cuidadores, mas hoje opta por oferecer cursoscomo apostar no brasileiraoformação para formadorescomo apostar no brasileiraocuidadores.

Ainda assim, uma pesquisa longitudinal da Fiocruz com ex-alunas do cursocomo apostar no brasileiraoqualificação trouxe resultados bastante encorajadores, comenta Groisman, coordenador do projeto Cuidandocomo apostar no brasileiraoQuem Cuida.

“Um primeiro resultado foi que o acesso à formação teve um impacto positivo para a empregabilidade”, diz Groisman.

“Comparando o que as pessoas estavam fazendo na épocacomo apostar no brasileiraoque procuraram o curso e o que estavam fazendo quando foram entrevistadas, houve um aumento significativo no númerocomo apostar no brasileiraopessoas atuando como cuidadoras e uma diminuição no númerocomo apostar no brasileiraopessoas que estavam desempregadas.”

As ex-alunas também falaram da melhoria na qualidade do seu trabalho como cuidadoras, prossegue Groisman.

“É um resultado importante, elas saberem trabalhar com melhor qualidade tantocomo apostar no brasileiraorelação às práticas do cuidado como também com uma consciência para se protegeremcomo apostar no brasileiraosituaçõescomo apostar no brasileiraosobrecargacomo apostar no brasileiraotrabalho e violaçõescomo apostar no brasileiraodireitos.”

O estudo também concluiu que as cuidadoras com formação são mais aptas a prevenir acidentes domésticos com idosos, já que entendem como criar um ambiente mais seguro para a pessoa idosacomo apostar no brasileiraocasa.

Finalmente, lembra Groisman,como apostar no brasileiraouma profissão que pode ser tão solitária, as cuidadoras e cuidadores que fazem o curso podem encontrar solidariedade no convívio com outros profissionais.

Com ou sem qualificação profissional, Rodrigo parece estar certocomo apostar no brasileiraoque cuidar écomo apostar no brasileiraoverdadeira vocação e conta como a profissão o transformou.

"Eu trabalhava no condomínio [como vigia]. Você vê muito ódio e você acaba mudando acomo apostar no brasileiraopersonalidade. Um exemplo pra você: Eu ia atender uma ocorrência. Chegavacomo apostar no brasileiraouma casa, o vizinho tinha ligado na portaria para reclamar do barulho. Você ia conversar, explicar a lei, a pessoa muitas vezes te humilhava. 'Você não é nada, eu sou tal coisa.'

"Então você vai mudando acomo apostar no brasileiraopersonalidade. Temcomo apostar no brasileiraoser mais grosso, mais rígido. Mas quando eu vim trabalhar com eles, vi que é mais amor. Voltei a ter um sentimento novamente. Percebi que aquele trabalho não era bom pra mim, porque eu não sou uma pessoa daquele jeito. Eu sou uma pessoa atenciosa, uma pessoa carinhosa. Foi muito bom para eu entender que estava na área errada."

Semanas depois da entrevista à BBC News Brasil, Rodrigo contou que foi desligado do trabalho por cortecomo apostar no brasileiraocustos e passou a trabalhar como cuidadorcomo apostar no brasileiraooutro idoso: "Mas não quero me apegar muito, porque a gente sofre".

Profissão do futuro?

Em um Brasil que envelhece, uma atividade tão antiga pode também ser uma profissão do futuro.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostracomo apostar no brasileiraoDomicílios (Pnad), entre 2019 e 2023 houve um aumentocomo apostar no brasileirao15% no númerocomo apostar no brasileiraocuidadores remunerados no Brasil. A pesquisa estima que eles somavam,como apostar no brasileirao2023, cercacomo apostar no brasileirao840 mil.

Para compreender o tamanho do mercadocomo apostar no brasileiraopotencial, é importante olhar para o cuidado não remunerado feito no país hoje.

O númerocomo apostar no brasileiraofamiliares que se dedicavam a cuidadoscomo apostar no brasileiraopessoascomo apostar no brasileirao60 anos ou mais saltoucomo apostar no brasileirao3,7 milhõescomo apostar no brasileirao2016 para 5,1 milhõescomo apostar no brasileirao2019, segundo o IBGE.

São pessoas — na maioria, mulheres — que trabalham muitas vezes na invisibilidade, sem remuneração, fazendo grandes sacrifícios pessoais (por exemplo, abandonando suas profissões, colocandocomo apostar no brasileiraoriscocomo apostar no brasileiraosaúde ecomo apostar no brasileiraoprópria sobrevivência financeira na velhice), segundo especialistas.

Olhando para essa realidade, Groisman e Félix respondem que cuidar já é uma profissão crítica para o Brasil do presente.

Se vai ser uma profissão do futuro, isso vai depender,como apostar no brasileiraogrande parte, do governo brasileiro, diz Jorge Félix.

Ele cita o projetocomo apostar no brasileiraolei que estabelece a Política Nacionalcomo apostar no brasileiraoCuidado, enviado pelo governo federal ao Congresso.

“Isso vai formar a base para depois você definir e regulamentar a profissãocomo apostar no brasileiraocuidadora”, diz Félix. “É a primeira vez que o Executivo tenta tomar uma iniciativa sobre a questão do cuidado, principalmente, estabelecendo o direito ao cuidado.”

Félix considera que se tratacomo apostar no brasileiraoum avanço muito grande, mas diz que, por enquanto, o que existe são promessas.

“Durante a campanha presidencial, Lula faz essa promessacomo apostar no brasileiraocriar um serviçocomo apostar no brasileiraocuidadoracomo apostar no brasileiraoidosos domiciliar. No meu entendimento, seria um serviço semelhante ao dos agentes comunitárioscomo apostar no brasileiraosaúde que já existe no SUS", diz o pesquisador.

"Então, você teria uma pessoa do serviço público que vai àcomo apostar no brasileiraocasa, te dá banho, ajudacomo apostar no brasileiraofamília a fazer a gestão dos medicamentos, verifica se a pessoa está bem cuidada com visitas periódicas. São promessas, não é? Promessas.”

Félix acompanha atento os desdobramentos no Congresso. Ele diz que “a profissãocomo apostar no brasileiraocuidador pode ser uma profissão do futuro caso o Estado ofereça, abrace esse serviço, como ocorrecomo apostar no brasileiraoalguns países ricos”.

Mas, se a promessa não for cumprida, o cenário pintado é preocupante, diz o especialista.

Se o custo do cuidado recair somente sobre a família, o envelhecimento populacional trará um aumento na demanda, mas essas famílias não terão como pagar, diz.

“Somente 20% da população brasileira paga por esse serviço”, diz.

“Se continuar assim, você continua a ter muitas pessoas sem cuidado. Que ficam sozinhascomo apostar no brasileiraocasa, e morremcomo apostar no brasileiraocasa sem ninguém saber.”

Procurado pela BBC News Brasilcomo apostar no brasileiraooutubro, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) não tinha oferecido, naquele momento, uma previsão para a conclusão da tramitação da Política Nacionalcomo apostar no brasileiraoCuidado, mas informou que alémcomo apostar no brasileiraoavançar na garantia do direito ao cuidado, a política deve “diminuir a sobrecargacomo apostar no brasileiraotrabalhocomo apostar no brasileiraocuidados que hoje recai sobre as famílias e dentro delas sobre as mulheres”.

O ministério disse ainda reconhecer a importância da regulamentação da profissãocomo apostar no brasileiraocuidador e cuidadora. A pasta disse trabalhar para “atender às demandas das(os) profissionais que atuam neste setor, tais como ofertacomo apostar no brasileiraoformação profissional, elevaçãocomo apostar no brasileiraoescolaridade da categoria, promoçãocomo apostar no brasileiraotrabalho decente (acesso a direitos trabalhistas, fiscalização do trabalho, adequação às normascomo apostar no brasileiraosegurança e saúde), entre outras”.

Em 2019, o Congresso Nacional manteve veto do então presidente Jair Bolsonaro a um projetocomo apostar no brasileiraolei que regulamentava a profissãocomo apostar no brasileiraocuidador. Na ocasião, o governo justificou o veto dizendo que o texto criava regulamentações “com a imposiçãocomo apostar no brasileiraorequisitos e condicionantes, ofendendo o direito fundamentalcomo apostar no brasileiraolivre exercício profissional”.

Na resposta à BBC Brasil, ao mencionar esse veto, o ministério disse que ele “indica que os termos da regulamentação ainda estão sendo debatidos e disputados no âmbito do legislativo nacional”.

Tambémcomo apostar no brasileiraoresposta à BBC News Brasil, o Ministério da Saúde informou que, além do atendimento oferecido pelos agentes comunitárioscomo apostar no brasileiraosaúde (mencionados por Félix), a pasta oferece “atendimento multiprofissional e domiciliar por meio das equipescomo apostar no brasileiraoEstratégiacomo apostar no brasileiraoSaúde da Família, voltado para demandascomo apostar no brasileiraosaúdecomo apostar no brasileiraorotina, especialmente para idosos”.

O Ministério da Saúde não mencionou quantas pessoas recebem atendimento por meio desse serviço.