'Não é saudável se forçar a estarblaze crash timefestas': o que fazer para evitar piora da saúde mental no Natal e Ano Novo:blaze crash time
A psiquiatra explica que os sentimentosblaze crash timeinadequação e a sobrecarga emocional, tão comuns nessa época, podem atingir qualquer pessoa. No entanto, para quem já enfrenta um quadroblaze crash timedepressão, esses fatores podem ser ainda mais intensos e perigosos.
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"É uma épocablaze crash timeque muitas vezes as pessoas lidam com uma espécieblaze crash timebalanço do ano, revisitando conquistas, mas também falhas e desafios. Essa reflexão pode ser angustiante, principalmente para quem já está vulnerável emocionalmente. O que era para ser uma celebração se transformablaze crash timeum períodoblaze crash timemaior cobrança interna e sofrimento", comenta.
A demanda por felicidade imposta socialmente pelas festas, explica Lucas Spanemberg Psiquiatra e Pesquisador PUC-RS, pode gerar pressão adicional e culpa por não conseguir corresponder às expectativas. Assim, esse período pode ser particularmente difícil para quem vive com a doença.
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A situação já ganhou até um nome: a "dezembrite".
Spanemberg aponta que alguns grupos podem ser ainda mais suscetíveis a crises ou agravamento dos sintomas nessa época do ano.
"Pessoas que possuem experiências familiares negativas, como famílias desagregadas, traumas ou vivências disfuncionais, tendem a ser mais sensíveis. O mesmo ocorre com quem perdeu alguém próximo no último ano. Passar por datas significativas pela primeira vez, como o Natal ou o Réveillon, pode evocar memórias dolorosas e intensificar o sofrimento emocional."
Além disso, fatores como noites mal dormidas, excessoblaze crash timefestas, usoblaze crash timeálcool e até mesmo a interrupção do tratamento medicamentoso — algo que não é incomum nesta época — podem agravar os sintomas.
"Quando o estresse típico do período se soma à vulnerabilidadeblaze crash timequem já enfrenta a depressão, o riscoblaze crash timerecaída é real. É fundamental estar atento a esses sinais e buscar apoio, caso necessário."
Mas nem todo desânimo, explica a especialista, significa que o quadroblaze crash timedepressão piorou ou voltou — para aqueles que já estão com a doença controlada.
"É fundamental diferenciar o que pode ser uma angústiablaze crash timefazer um balanço da vida, uma dificuldade, um cansaço que as pessoas têm nesse momento, ou uma recaída."
Dá para evitar crises e recaídas quando se tem depressão?
"O primeiro passo para quem tem depressão é manter o tratamentoblaze crash timedia. A interrupçãoblaze crash timemedicamentos ou da psicoterapia pode aumentar o riscoblaze crash timerecaídas. Além disso, intensificar o suporte psicoterápico (mais sessõesblaze crash timeterapia) pode ajudar a lidar com os sentimentos despertados nesse período", avalia o psiquiatra Lucas Spanemberg.
Outro ponto é evitar ceder à pressão socialblaze crash timeaparentar felicidade e respeitar os próprios sentimentos.
Os psiquiatras apontam que entre as queixas comuns relatadas por pacientes com depressão estão a antecipaçãoblaze crash timedor emocional relacionada às festas e a sensaçãoblaze crash timeobrigaçãoblaze crash timeconviver com pessoas que não trazem boas memórias.
Tânia Ferraz Alves recomenda avaliar com cuidado o que realmente não se pode perder e o que poderia causar ainda mais desconforto emocional.
"Escolher eventos que realmente façam sentido, seja pela necessidade - como algo do trabalho que não se pode perceber, ou pelo desejoblaze crash timeparticipar, ajuda a evitar sobrecargas desnecessárias. Nem sempre é saudável se forçar a estarblaze crash timefestas se isso gera desgaste emocional. Reconhecer os próprios limites, desacelerar e priorizar o bem-estar são atitudes fundamentais para atravessar o períodoblaze crash timefimblaze crash timeano."
Outro ponto importante é evitar tratar o fimblaze crash timeano como uma corrida contra o tempo, tentando concluir tudo como se fosse uma competição.
"Não há problema algumblaze crash timedeixar tarefas para o ano seguinte. Isso pode aliviar a sensaçãoblaze crash timesobrecarga e ajudar a lidar melhor com o períodoblaze crash timefestas."
O papel dos familiares e amigos
Apoio social é essencial. Quem percebe que um familiar ou amigo está mais sensível, aconselha Spanemberg, pode fazer uma aproximação acolhedora e genuína.
"Convites para participaçãoblaze crash timeatividades devem ser feitos com respeito e sem que a pessoa sinta que estão agindo por pena. O objetivo é promover um sentimentoblaze crash timepertencimento, sem impor obrigações que possam gerar desconforto."
Por outro lado, diz, é importante reconhecer que o luto e o sofrimento não são permanentes.
"Entender que os sentimentos variam e buscar formasblaze crash timealiviar a dor podem ser passos importantes. Encorajar a pessoa a identificar atividades que a façam bem e respeitar seu processoblaze crash timeadaptação são atitudes que fazem diferença."
Quando uma pessoa estáblaze crash timecrise e se sente sobrecarregada, o mais importante é buscar ajuda.
"Isso inclui passar por um médico, psicólogo ou psiquiatra. Existem serviçosblaze crash timeemergência disponíveis no SUS eblaze crash timeredes particulares, além dos Centrosblaze crash timeAtenção Psicossocial (CAPS), que oferecem acolhimento. Serviçosblaze crash timesaúde permanecem abertos mesmo durante as festasblaze crash timefimblaze crash timeano, garantindo apoioblaze crash timesituaçõesblaze crash timeurgência", recomenda Alves.
Brasil: um país cada vez mais depressivo
O Brasil é o país com a maior prevalênciablaze crash timedepressão na América Latina,blaze crash timeacordo com o relatório "Depressão e outros transtornos mentais", da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dados do último mapeamento sobre a doença realizado pela OMS apontam que 5,8% da população brasileira sofreblaze crash timedepressão, o equivalente a 11,7 milhõesblaze crash timebrasileiros.
Em seguida, aparecem Cuba (5,5%), Barbados (5,4%), Paraguai (5,2%), Bahamas (5,2%), Uruguai (5%) e Chile (5%).
A nível continental, o Brasil aparece atrás apenas dos Estados Unidos, onde segundo a OMS, 5,9% da população sofreblaze crash timetranstornosblaze crash timedepressão.
No país, o númeroblaze crash timediagnósticos tem aumentado nos últimos anos, e um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde indica que cercablaze crash time15,5% da população brasileira pode sofrer depressãoblaze crash timealgum momento da vida.
A OMS aponta que o númeroblaze crash timepessoas que sofremblaze crash timedoenças mentais comuns está aumentando no mundo inteiro, principalmenteblaze crash timepaísesblaze crash timebaixa renda.
E alerta que, apesar da depressão atingir pessoasblaze crash timetodas as idades e nívelblaze crash timerenda, o riscoblaze crash timealguém ficar deprimido aumenta com a pobreza, o desemprego e com fatos da vida, como a morteblaze crash timeuma pessoa próxima, o fimblaze crash timeum relacionamento, debilitação física ou problemas causados pelo consumoblaze crash timeálcool ou drogas.
Atualmente, maisblaze crash time450 milhõesblaze crash timepessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos paísesblaze crash timedesenvolvimento, segundo a OMS. As informações foram divulgadas durante a primeira Cúpula Globalblaze crash timeSaúde Mental, realizadablaze crash timeAtenas, na Grécia.
"Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em termosblaze crash timeperdas para as pessoas afetadas) vai provavelmente aumentar,blaze crash timemodo que,blaze crash time2030, ela será sozinha a maior causablaze crash timeperdas (para a população) entre todos os problemasblaze crash timesaúde", afirmou à BBC o médico Shekhar Saxena, do Departamentoblaze crash timeSaúde Mental da OMS.
*Com informações da reportagemblaze crash timeRone Carvalho