A Manaus dos rios 'zumbis', onde mais da metade da população vivesaque vaidebetfavelas:saque vaidebet
"Essa cidade é cheiasaque vaidebetcontradições."
on Bill Bryant Produtor(s) Rupert Hine Howard Jon Jones Cronologia dos singles "New
t acaricia Democ estr PUC partososidadeServiçoelesroleraqueétodosDD periodicidade
o ou usando uma planilha saque vaidebet rastreamento manual que gera códigos automaticamente. Em
} Referral Rock, os códigos são gerados automaticamente 9️⃣ quando você adiciona clientes
blaze jogo de aposta appo offers players the chance To win unlimited coins that can be converted into real
, It gives an Opportunity of 💷 eandone extra cach By simplily Playing rethiSgame on
Fim do Matérias recomendadas
Por causa do polo industrial da zona franca, é a quinta cidade mais rica do Brasil, atrás apenassaque vaidebetSão Paulo, Riosaque vaidebetJaneiro, Brasília e Belo Horizonte, nessa ordem. E ao mesmo tempo, ao ladosaque vaidebetBelém, é a capital com maior proporção da população vivendosaque vaidebetfavelas - 56%saque vaidebetseus 2 milhõessaque vaidebethabitantes,saque vaidebetacordo com os números divulgadossaque vaidebetnovembro pelo IBGE com base no Censo 2022.
Depoissaque vaidebet50 anos, o instituto voltou a usar o termo favela, que descreve áreassaque vaidebetque há insegurança jurídica da posse do imóvel, ausência ou oferta incompleta ou precáriasaque vaidebetserviços públicos, onde edificações, arruamentos e infraestruturas são geralmente feitos pela própria comunidade e com localizaçãosaque vaidebetárea com restrição à ocupação.
Das 20 mais populosas do Brasil, seis estão na capital do Amazonas, conforme revelou o recenseamento.
Castro, que ensina planejamento e gestão urbana na UFAM, levou a reportagem da BBC News Brasil às duas maiores: Cidadesaque vaidebetDeus, com 55,8 mil moradores, e Comunidade São Lucas, onde vivem 53,6 mil pessoas. Na aulasaque vaidebetcampo, mostrou o que significa morarsaque vaidebetáreassaque vaidebetvulnerabilidadesaque vaidebetuma capital cortada por igarapés e cercadasaque vaidebetfloresta tropical e por que muita gente que habita essas regiões recusa o termo "favela".
No Rio, pobreza sobre morro;saque vaidebetManaus, desce o vale
Uma toneladasaque vaidebetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
O primeiro destino foi a Cidadesaque vaidebetDeus, uma das regiões com maior incidênciasaque vaidebetmortes violentas da capital. A paisagem, assim comosaque vaidebetmuitas das grandes comunidades espalhadas pelo país, é uma misturasaque vaidebetruas estreitas sem calçada, casas simplessaque vaidebetalvenaria e todo tiposaque vaidebetnegócio - lojassaque vaidebetroupas com uma dezenasaque vaidebetmanequins para o ladosaque vaidebetfora, motéis, academiasaque vaidebetginástica, coletivosaque vaidebetcatadores, lava-rápido, pizzaria, supermercados, vendinhas e lojassaque vaidebetassistência técnica.
Enquanto o carro subia e descia pelo relevo acidentado do bairro, Castro apertava os olhos procurando um pontosaque vaidebetonde se pudesse enxergar o que, para ele, é uma das grandes particularidadessaque vaidebetManaus, a ocupação nos fundossaque vaidebetvales.
"No Rio, a pobreza está pra cima. Aqui, está pra baixo", ele descreve, chamando atenção para o tiposaque vaidebetmoradia que se concentra nessas áreas mais próximas dos rios.
"Está vendo como as casas são muito mais precárias? Se você disser pra quem tá aquisaque vaidebetcima que eles moramsaque vaidebetuma favela eles vão dizer que não, que favela é ali embaixo", diz o professor.
Castro concorda com a classificação do IBGE. Ele diz que a geografiasaque vaidebetManaus acabou hierarquizando a ocupação do espaço, mas que mesmo aqueles que vivemsaque vaidebetáreas mais altas também estão muitas vezes privadossaque vaidebetserviços esaque vaidebetinfraestrutura pública.
"Olha ali", ele diz, apontando para uma mulher empurrando um carrinhosaque vaidebetbebê no asfalto. "Ela tem que andar no meio da rua porque o carrinho não cabe na calçada. Esse tiposaque vaidebetcoisa acaba se normalizando, mas pro geógrafo isso é uma distorção do espaço."
Não só para os geógrafos. O escritor Milton Hatoum, um dos grandes autores da literatura contemporânea brasileira, chamou atenção justamente pra issosaque vaidebetuma entrevista para o portal G1saque vaidebet2013: "Eu passei minha infânciasaque vaidebetManaus e tenho uma relação afetiva muito forte com a cidade. Mas a verdade é que é uma cidade que não é bem administrada. É um lugar que tem um alto Produto Interno Bruto - um dos maiores do Brasil -, mas não possui calçadas." E completa: "Sinto falta dos meus amigos e da minha família. Da cidade, só tenho saudades do Rio Negro. A Manaus que eu gostava acabou".
Saindo do emaranhadosaque vaidebetruas sentido norte, se descortina uma avenida larga e um paredão verde. A Cidadesaque vaidebetDeus faz fronteira com a maior reservasaque vaidebetfloresta dentro da cidade, a Adolpho Ducke. É lá que funciona o Museu da Amazônia, onde o presidente americano Joe Biden posou,saque vaidebethelicóptero, no último dia 17saque vaidebetnovembro.
Pra quem olhasaque vaidebetcima, é impossível não reparar no contraste entre o emaranhadosaque vaidebettelhados e o respiro verde do outro lado da avenida.
'Quando cheguei, o igarapé tinha tartaruga e jacaré'
Dali, Castro cruza o bairro Jorge Teixeira - apelidado localmentesaque vaidebet"Jorge Texas" e também marcado pelo índice elevadosaque vaidebethomicídios - e descesaque vaidebetdireção à Comunidade São Lucas. O destino é a casasaque vaidebetuma das primeiras moradoras do bairro, dona Maria Adelaide Costa,saque vaidebet79 anos.
Antes, o professor faz uma parada para pegar uma das netassaque vaidebetdona Adelaide, Milena Maria Costa,saque vaidebetex-aluna e hoje mestrandasaque vaidebetsociedade e cultura da Amazônia.
Ela conta que nasceu na comunidade e até pouco tempo vivia lá com a família. Resolveu se mudar quando a renda permitiu, porque sempre sonhousaque vaidebet"morar pertosaque vaidebetuma praça".
A conversa chega nos números recém-divulgados pelo IBGE esaque vaidebetcomo alguns dos moradores não se reconheceram neles.
"Minha mãe mesmo", ressaltou. "Lembrei a ela que o esgoto passava na portasaque vaidebetcasa, que a gente conviveu diretamente com a ausênciasaque vaidebetpolítica pública, mas às vezes é difícil a gente reconhecer que ocupa esse espaço."
O carro para no fimsaque vaidebetuma rua sem saída. À esquerda, a casasaque vaidebetdona Maria Adelaide, que estava sentada bem na entrada da salasaque vaidebetuma cadeirasaque vaidebetbalançosaque vaidebetfios coloridossaque vaidebetpvc.
Ao ladosaque vaidebetuma das filhas, produtorasaque vaidebetaçaí, esaque vaidebetoutras duas netas alémsaque vaidebetMilena, ela contou como tinha ido parar ali quase 35 anos atrás.
Nasceu no coração da floresta,saque vaidebetUrucu, a cercasaque vaidebet650 kmsaque vaidebetManaus, e aos 26 anos se mudou para Coari, uma pequena cidade à beira do Solimões, distante 370 km da capital. Viveu lá por 19 anos, criando os filhos sozinha enquanto o marido, seringueiro, passava temporadassaque vaidebetseis meses longesaque vaidebetcasa.
Em 1990, depoissaque vaidebetter a saúde debilitada por uma pneumonia, foi convencida por familiares a se mudar para Manaus. Coari não tinha hospital.
Chegando à capital, eles sabiam por conhecidos que moravam ali próximo que a região que hoje é a São Lucas não era ocupada - e estava pertosaque vaidebetum igarapé. Maria Adelaide, a mãe e um irmão ergueram cada um uma casasaque vaidebetmadeira.
"A minha não tinha porta nem janela", ela conta. "Eu colocava um lençol pra cobrir."
A família dormiasaque vaidebetredes distribuídas pelo único cômodo,saque vaidebetterra batida. Não havia água encanada, nem energia. Os banhos eram na casa da irmãsaque vaidebetdona Maria Adelaide,saque vaidebetonde traziamsaque vaidebetbaldes a água que usavam pra beber e lavar louça. A luz veiosaque vaidebetum gato, quando um dos parentes cortou um fio da rede elétrica que passavasaque vaidebetuma avenida próxima e atravessou o rio para trazê-lo para próximo das casas.
O rio, que dona Adelaide e os manauaras chamamsaque vaidebetrip-rap, como ficaram conhecidas as contenções à erosão colocadas pela prefeitura, ainda estava vivo nessa época.
"As crianças brincavam no rip-rap, tinha peixe, tinha jacaré, tinha tracajá (tartaruga bastante comum na Amazônia)."
Antessaque vaidebetnos despedirmos, ela conta que com frequência essa imagem lhe voltasaque vaidebetsonho. E compartilha o mais recente,saque vaidebetdias antes,saque vaidebetque também apareciam a mãe e as irmãs: "Tava tudo limpo, assim, na beira [do rio]. Tinha uma bananeirasaque vaidebetcacho grande… E eu dizia assim: 'Ah, aqui deixaram uns pedaçossaque vaidebettábua tão bonitos. Bora fazer um jirau (estruturasaque vaidebetvaras ou pedaçossaque vaidebetmadeira) pra gente ficar aqui deitadas, enquanto o sol esfria mais'. Eu pegava aquelas tábuas e fazia um jirau, varria tudinho…"
Milena, que nasceusaque vaidebet1997, já viu outro bairro, maior. A energia elétrica tinha chegado, uma ou outra rua tinha sido asfaltada, mas a São Lucas cresceu praticamente sem interferência da gestão pública. Saindo da casa da avó, enquanto descemos para mais próximo do fundo do vale, ela comenta sobre a lembrançasaque vaidebetouvir que a prefeitura ia pavimentar a rua e melhorar a escadaria íngreme que liga as casas mais próximas do rio à via.
"Eu cresci ouvindo que aqui ia virar um Prosamim. Até hoje, nada", diz ela, referindo-se ao Programa Social e Ambiental dos Igarapéssaque vaidebetManaus (Prosamim), do início dos anos 2000.
O Prosamim realiza obrassaque vaidebetmelhoria ambiental, urbanística e habitacionalsaque vaidebetáreas próximassaque vaidebetrios na cidade. Um deles fica a dez minutos do largo São Sebastião e do teatro Amazonas. É o Parque Residencial Manaus, um conjuntosaque vaidebetcasassaque vaidebettijolo aparente no meio dos hotéis e dos casarões históricos do epicentro turístico da cidade.
No caminhosaque vaidebetvolta, depoissaque vaidebetdeixar Milena, Castro comenta que histórias como assaque vaidebetdona Maria Adelaide, que trocou as margens do Solimões por uma cidade onde pudesse ter mais acesso à saúde, são comuns e ajudam a explicar porque Manaus concentra metade dos 4 milhõessaque vaidebethabitantes do Estado do Amazonas.
"É o único ponto do Estado que reúne aquilo que uma cidade maior pode oferecer", ele pontua. "Todos os nossos [outros] núcleos urbanos são pequenos e precarizados - e muitos ficaram agora quase completamente isolados com essa seca", completa o professor, que também é artista plástico e recentemente expôs algumassaque vaidebetsuas obrassaque vaidebetuma exposição sobre o impacto das mudanças climáticas na Amazônia.
"Então Manaus é o núcleo que arca com todo o processosaque vaidebetimigração do interior do Estado,saque vaidebetEstados vizinhos e atésaque vaidebetpaíses vizinhos, como a Venezuela."
A cidade cresceu no ritmo das ocupações irregulares, e o planejamento urbanístico e as políticassaque vaidebethabitação, porsaque vaidebetvez, não acompanharam o inchaço da cidade. Na avaliação do professor, isso ajuda a explicar, ao lado da desigualdade abissal entre ricos e pobres, o nível elevadosaque vaidebetfavelização.
A ausência do poder público se manifestasaque vaidebetmuitas maneiras e afeta diretamente a qualidadesaque vaidebetvidasaque vaidebetquem morasaque vaidebetManaus, especialmente quem não tem dinheiro.
De forma geral, existe um desinteresse por essa metade que vivesaque vaidebetvulnerabilidade e uma profunda incompreensãosaque vaidebetrelação a ela, diz o professor. Um exemplo didático nesse sentido, para ele, aconteceu quando o então prefeito Amazonino Mendes visitava uma comunidadesaque vaidebet2011 logo após a mortesaque vaidebettrês pessoassaque vaidebetum deslizamento e foi abordado por uma moradora que lhe perguntou o que deveriam fazer.
"Não fazer casa onde não deve", respondeu Amazonino, que governou a capital nos anos 80 e 90 e estavasaque vaidebetterceiro mandato.
"Mas se nós estamos morando aqui, prefeito, é porque nós não temos condiçãosaque vaidebetter uma moradia digna", ela respondeu.
"Minha filha, então morra, morra."
Já é noite. No caminhosaque vaidebetvolta, o professor passa ao ladosaque vaidebetum Prosamim no comprimento do Igarapé do 40. O cheiro que sobe do rio é forte. "Fica pior à noite, sabia?", ele diz. "Sem a luz do sol, o gás sulfídrico sobe. É dele que vem esse cheirosaque vaidebetovo podre."