6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil:sportebeting
Entre as formassportebetingresistência, estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas e fugas massivassportebetingescravizados, que a polícia e o Exército não conseguiam - e, a partirsportebetingcerto ponto, não queriam - reprimir. Em 1884, quatro anos antes do Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram com a escravidão, dando ainda mais força para o movimento.
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Fim do Matérias recomendadas
A disputa continuou no pós-libertação, para que novas políticas fossem criadas destinando terras e indenizações aos ex-escravizados - o que nunca ocorreu.
Conheça abaixo as históriassportebetingseis brasileiros protagonistas na luta pelo fim da escravidão:
Luiz Gama, o ex-escravizado que se tornou advogado
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceusportebeting1830,sportebetingSalvador, filhosportebetingmãe africana livre e pai brancosportebetingorigem portuguesa. Quando o menino tinha quatro anos,sportebetingmãe, Luísa, teria participado revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.
Uma reviravolta ocorreu quando Gama tinha dez anos: ficou sob cuidadossportebetingum amigo do pai, que o vendeu como escravizado. O menino "embarcou livresportebetingSalvador e desembarcou escravizado no RiosportebetingJaneiro", escreve a socióloga Angela Alonso no livro Flores, Votos e Balas, sobre o movimento abolicionista. Depois, foi levado para São Paulo, onde trabalhou como escravizado doméstico. "Aprendi a copeiro, sapateiro, a lavar e a engomar roupa e a costurar", escreveu o baiano.
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Aos 17 anos, Gama aprendeu a ler e escrever com um estudantesportebetingdireito. E reivindicousportebetingliberdade ao seu proprietário, afinal, nascera livre, livre era.
Em São Paulo, Gama se tornou rábula (advogado autodidata, sem diploma) e criou uma nova formasportebetingativismo abolicionista: entrava com ações na Justiça para libertar escravizados. Calcula-se que tenha ajudado a conseguir a liberdadesportebetingcercasportebeting500 pessoas.
Gama usava diversos argumentos para obter a alforria. O principal deles era que os africanos trazidos ao Brasil depoissportebeting1831 tinham sido escravizados ilegalmente. Isso porque naquele ano foi assinado um tratadosportebetingproibição do tráficosportebetingpessoas escravizadas. Maissportebeting700 mil pessoas tinham entrado no país nessas condições. Apenassportebeting1850 o tráficosportebetingescravizados foi abolido definitivamente.
"As vozes dos abolicionistas têm postosportebetingrelevo um fato altamente criminoso e assaz defendido pelas nossas indignas autoridades. A maior parte dos escravos africanos (...) foram importados depois da lei proibitiva do tráfico promulgadasportebeting1831", disse Gama na época.
O advogado ainda entrou com diversos pedidossportebetinghabeas corpus para soltar escravizados que estavam presos, acusados, sobretudo,sportebetingfuga. Ainda trabalhousportebetingaçõessportebetingliberdade, quando o escravizado fazia um pedido judicial para comprarsportebetingprópria alforria - o que passou a ser permitidosportebeting1871,sportebetingum dos artigos da Lei do Ventre Livre.
Luiz Gama morreusportebeting1882, sem ver a abolição. Seu funeral,sportebetingSão Paulo, foi seguido por uma multidão. "Quanto galgara Luís Gama,sportebetingex-escravo a morto ilustre,sportebetingcujo funeral todas as classes representavam-se. Comérciosportebetingporta fechada, bandeira a meio mastro,sportebetingtempossportebetingtempos, um discurso; nas sacadas, debruçavam-se tapeçarias, como nas procissões da Semana Santa", relata Alonso.
Na hora do enterro, alguém gritou pedindo que a multidão jurasse sobre o corposportebetingGama que não deixaria morrer a ideia pela qual ele combatera. E juraram todos.
Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará
Filhasportebetinguma família tradicionalsportebetingSobral (CE), Maria Tomásia foi para Fortaleza depoissportebetingse casar com o abolicionista FranciscosportebetingPaulasportebetingOliveira Lima. Na capital, tornou-se uma das principais articuladoras do movimento que levou o Estado a decretar a libertação dos escravizados quatro anos antes da Lei Áurea.
Segundo o DicionáriosportebetingMulheres do Brasil, ela foi cofundadora e a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras que,sportebeting1882, reunia 22 mulheressportebetingfamílias influentes para argumentar a favor da abolição.
Ao fimsportebetingsua primeira reunião, elas mesmas assinaram 12 cartassportebetingalforria e,sportebetingseguida, conseguiram que senhoressportebetingengenho assinassem mais 72.
As mulheres conseguiram, inclusive, o apoio financeiro do imperador Pedro 2º para a iniciativa. Juntamente com outras sociedades abolicionistas da época, elas organizaram reuniões abertas com a população, promoviam a libertaçãosportebetingescravizadossportebetingmunicípios do interior do Ceará e publicavam textos nos jornais pedindo a aboliçãosportebetingtoda a província.
Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa no dia 25sportebetingmarçosportebeting1884, quando foi realizado o ato oficialsportebetinglibertação dos escravizados do Ceará, que deu força à campanha abolicionista no país.
André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos
André Rebouças nasceu na Bahia,sportebeting1838,sportebetinguma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obrassportebetingengenharia importantes no país, como a estradasportebetingferro que liga Curitiba ao portosportebetingParanaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante viasportebetingSão Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.
Em uma das obrassportebetingque participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravizado Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quandosportebetingatenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, tambémsportebetingFlores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.
"Sou abolicionistasportebetingcoração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasiãosportebetingfazer propaganda para a abolição dos escravos, e esperosportebetingDeus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro 2º.
Na décadasportebeting1870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participousportebetingdiversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Umsportebetingseus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obrassportebetingengenharia.
As ideiassportebetingRebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (...) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.
O engenheiro também se opunha ao pagamentosportebetingindenização para os senhoressportebetingescravizadossportebetingtroca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma formasportebetingvalidar que uma pessoa fosse propriedade da outra.
Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.
Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'
Filha bastarda e escravizada do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciaissportebetingSão Luís (MA). Suas datassportebetingnascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.
Como escravizada criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursossportebetingabolicionistas e decidiu se envolver na causa.
De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil,sportebetingClóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravizados e promoviasportebetingfuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.
Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez asportebetingmãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.
Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravizados para os navios
O jangadeiro e prático (condutorsportebetingembarcações) Francisco José do Nascimento (1839-1914), um homem pardo conhecido como Dragão do Mar, foi membro do Movimento Abolicionista Cearense, um dos principais da província, a primeira do Brasil a abolir a escravidão.
Em 1881, o Dragão do Mar comandou,sportebetingFortaleza, uma grevesportebetingjangadeiros que transportavam os negros e negras escravizados para navios que iriam para outros Estados do Nordeste e para o Sul do Brasil. O movimento conseguiu paralisar o tráfico negreiro por alguns dias.
Com o comérciosportebetingescravizados impedido nas praias do Ceará, Nascimento foi exonerado do cargo, segundo o registrosportebetingClóvis Moura. E se tornou símbolo da batalha pela libertação dos escravizados.
Depois da abolição, ele tornou-se Major AjudantesportebetingOrdens do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará e morreu como primeiro-tenente honorário da Armada,sportebeting1914.
Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista
A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas formou-se professora primária e publicou,sportebeting1859, o que é considerado por alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a históriasportebetingum triângulo amoroso, mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema escravocrata.
A escritora assinava o livro apenas como "Uma maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas universidades, segundo a professorasportebetingliteratura brasileira da Universidade FederalsportebetingMinas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte.
Maria Firmina também publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidãosportebetingrevistassportebetingdenúncia no Maranhão.
De acordo com o DicionáriosportebetingMulheres do Brasil:sportebeting1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anossportebetingidade, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu aos 92 anos, na casasportebetinguma amiga que havia sido escravizada.
* Esta reportagem foi originalmente publicadasportebeting13 maio 2018 e atualizadasportebeting2024.