8 gráficos que mostram como a vida das brasileiras mudou na última década, segundo o IBGE:bronze spinner blaze

Ilustraçãobronze spinner blazemulheresbronze spinner blazeperfil com diferentes cores e idades

Crédito, Getty Images

Nem todos os dados divulgados nesta sexta foram produzidos originalmente pelo IBGE. Alguns são, por exemplo, dos Ministério da Saúde ou da Educação — mas todos são oficiais.

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As informações divulgadas confirmam algumas tendências já conhecidas, como a diminuição do númerobronze spinner blazefilhos por mulher, e traz também alguns dados surpreendentes — e positivos —, como a grande diminuição do casamento precocebronze spinner blazemeninas.

"O estudo permite que se olhe para a desigualdadebronze spinner blazegênero como ela deve ser vista: impactando todas as dimensões da vida das mulheres, seja na educação, na saúde, no trabalho, na violência ou nos direitos humanos", diz Cobo.

Confira alguns dados divulgados pelo IBGE e selecionados pela BBC News Brasil.

Mulheres mais escolarizadas...

Considerando a faixabronze spinner blaze18 a 24 anosbronze spinner blazeidade, as mulheres já tinham,bronze spinner blaze2016, um percentualbronze spinner blazefrequência escolar maior do que os homens: 32,5% delas estavam estudando, enquanto os homens nessa situação eram 30,5%.

Mas essa distância mais que dobroubronze spinner blaze2022, chegando a uma frequênciabronze spinner blaze32,6% entre elas ebronze spinner blaze28,1% entre eles.

A frequência escolar inclui todos os níveisbronze spinner blazeensino, da educação básica à pós-graduação, além do ensino técnico, educação especial e Educaçãobronze spinner blazeJovens e Adultos (EJA).

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Só que, no ano mais recente, uma maior parcelabronze spinner blazemulheres brancas (39,7%) do que pretas ou pardas (27,9%) estava estudando.

Quando se considera tanto raça quanto gênero, a maior distância na frequência escolar foi detectada entre mulheres brancas (39,7%) e homens pretos ou pardos (24,6%).

A constataçãobronze spinner blazeque as mulheres, e especialmente as mulheres brancas, recebem maior educação é reforçada por outro dado: o nívelbronze spinner blazeinstruçãobronze spinner blazepessoas com 25 anos ou mais.

Estão na categoria mais "educada", a que tem ensino superior completo, 16,8% dos homens e 21,3% das mulheres.

Entre as mulheres brancas, esse percentual chega a 29%. Para as mulheres pretas ou pardas, o percentual cai para quase metade, 14,7%.

Mas mesmo que,bronze spinner blaze2022, as mulheres fossem 60,3% dos estudantes que estavam concluindo cursos presenciaisbronze spinner blazegraduação, há grandes variações dependendo do tipobronze spinner blazecurso.

Elas eram minoria (22%) entre os estudantes concluindo graduaçõesbronze spinner blazeciências físicas, engenharias, matemática e cursos tecnológicos; e a grande maioria (91%) nos cursosbronze spinner blazebem-estar, que incluem serviço social, gerontologia e assistência a idosos e deficientes.

"Mesmo quando a mulher vai para o mercadobronze spinner blazetrabalho, ela acaba por buscar ocupaçõesbronze spinner blazecuidado", diz Barbara Cobo, apontando que as mulheres são historicamente ensinadas desde cedo a cuidar do outro, ao contrário dos homens.

... mas com menor valorização no trabalho

Já no mercadobronze spinner blazetrabalho, são os homens que predominam quando se considera a taxabronze spinner blazeparticipação na forçabronze spinner blazetrabalho para pessoas com 15 anos ou mais (a taxa relaciona o percentualbronze spinner blazepessoas na forçabronze spinner blazetrabalho, ocupadas ou desocupadas buscando trabalho, ao universobronze spinner blazepessoasbronze spinner blazeidadebronze spinner blazetrabalhar).

Em 2022, a taxabronze spinner blazeparticipação dos homens foibronze spinner blaze73,2% ebronze spinner blazemulheres, 53,3%, uma distânciabronze spinner blazequase 20 pontos percentuais.

Apesarbronze spinner blazepequenas mudanças ano a ano, essa desigualdade é no geral observada ao longo da série histórica independente da raçabronze spinner blazehomens e mulheres.

Mas são as mulheres pretas ou pardas que têm a menor participação na forçabronze spinner blazetrabalho: a taxa delas foibronze spinner blaze52,2%bronze spinner blaze2022, enquanto para mulheres brancas foi ligeiramente maior, 54,7%.

"Estando [a mulher] mais escolarizada, mais educada, mais especializada, ela teria melhores oportunidades no mercadobronze spinner blazetrabalho. Mas a gente vê que, na verdade, na média, não é isso que tá ocorrendo", aponta a Cobo.

"Mesmo quando as mulheres estão muito mais escolarizadas do que os homens, você ainda vê que tem diferençasbronze spinner blazerendimentobronze spinner blazepraticamente todas as atividades econômicas", diz a pesquisadora, acrescentando que as mulheresbronze spinner blazemédia recebem menos que os homensbronze spinner blazevários grausbronze spinner blazehierarquia, inclusive nos postos mais altos.

Já quando se olha apenas para o trabalho parcial (jornada inferior a 30h semanais), as mulheres predominam.

Em 2022, o percentualbronze spinner blazemulheresbronze spinner blazetrabalhos parciais (28%) era praticamente o dobro dos homens (14,4%).

Entre as mulheres, o percentual chegou a ficar acimabronze spinner blaze30% nas regiões Norte e Nordeste e entre as pretas ou pardas.

Apesarbronze spinner blazeos homens terem uma maior taxabronze spinner blazeparticipação na forçabronze spinner blazetrabalho,bronze spinner blaze2022 foram as mulheres que tiveram uma carga totalbronze spinner blazetrabalho maior. Como pode isso?

Nesse caso, são somados o trabalho remunerado com o cuidado da casa e/oubronze spinner blazeoutras pessoas. Em uma semana, mulheres trabalharambronze spinner blazemédia 54,4 horas, e os homens, 52,1.

Barbara Cobo diz que, mesmo que atualmente possa haver mais homens "engajados" nas tarefas domésticas, "na média", essa ainda é uma responsabilidade que recai na mulher.

"Quando o cuidado é normalizado como vocação da mulher, como amor, como afeto, ele não é remunerado ou não é bem remunerado."

Considerando apenas os afazeres domésticos e o cuidadobronze spinner blazeoutras pessoas, as mulheres dedicarambronze spinner blaze2022 quase o dobro do tempo que os homens: 21,3 horas semanais para elas versus 11,7 para eles.

A desigualdadebronze spinner blazegênero piora no Nordeste, chegando a 23,5 horas para mulheres contra 11,8 para homens.

A raça também distancia as mulheres na quantidadebronze spinner blazehoras dedicadas ao lar: para mulheres brancas, o tempo gasto foibronze spinner blaze20,4 horas por semana; para as pretas ou pardas, 22 horas.

Menos filhos e mais tarde

A queda da fecundidade (numero médiobronze spinner blazefilhos por mulher) é um fenômeno já relativamente antigo no país: ele começou a ser observado nos anos 1960 nas regiões mais industrializadas, e a base da pirâmide etária brasileira começou a diminuir no final da décadabronze spinner blaze1980.

Os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira reforçam essa tendência, observada mesmobronze spinner blazeum intervalo curtobronze spinner blazetempo, como entre 2018 e 2022.

Entre esses anos, o número totalbronze spinner blazenascimentos (considera-se bebês nascidos vivos) diminuiu 13%, passandobronze spinner blaze2,94 milhõesbronze spinner blaze2018 para 2,56 milhõesbronze spinner blaze2022.

A redução ocorreubronze spinner blazetodas as faixas etárias abaixo dos 40 anos. Por outro lado, a faixabronze spinner blazemães entre 40-49 anos foi a únicabronze spinner blazeque o númerobronze spinner blazenascimentos aumentou (16,8%).

Barbara Cobo afirma que isso reforça a constataçãobronze spinner blazeque as mulheres estão tendo filhos mais tarde e destaca os avanços na medicina reprodutiva — que oferece tratamentos como congelamentobronze spinner blazeóvulos e fertilização in vitro, os quais permitem o adiamento da maternidade.

"E as mulheres estão buscando ser mais escolarizadas, investir mais na carreira. As mulheres estão mais no mercadobronze spinner blazetrabalho hoje do que estavam nos anos 1970, 1980", diz a pesquisadora.

Os dados do IBGE também mostram o impacto que ter uma criançabronze spinner blazeaté 6 anos vivendo no domicílio tem na inserção no mercadobronze spinner blazetrabalhobronze spinner blazeadultos com 25 a 54 anosbronze spinner blazeidade, tendo como referência o anobronze spinner blaze2022.

Para mulheres com crianças no domicílio, o nívelbronze spinner blazeocupação foi 9,6 pontos percentuais menor do que daquelas que não tinham criançasbronze spinner blazecasa.

O nívelbronze spinner blazeocupação é o percentualbronze spinner blazepessoas ocupadasbronze spinner blazerelação às pessoasbronze spinner blazeidadebronze spinner blazetrabalhar.

Para os homens, a presençabronze spinner blazeuma criança na residência aumentou o percentualbronze spinner blazeocupação, tanto para brancos quanto para pretos e pardos.

O nívelbronze spinner blazeocupaçãobronze spinner blazehomens sem criançasbronze spinner blazeaté 6 anos no domicílio foibronze spinner blaze82,8%; já entre aqueles com criançasbronze spinner blazecasa, o percentual subiu para 89%.

Casamento e gravidez precoce diminuem, mas ainda preocupam

Em 2022, houve 315,6 mil bebês nascidosbronze spinner blazemães com 10 a 19 anos no Brasil. São muitos, masbronze spinner blaze2010 eram ainda mais: 552,6 mil, uma reduçãobronze spinner blaze42,9%.

O percentualbronze spinner blazenascimentos nessa faixa etáriabronze spinner blazerelação ao totalbronze spinner blazemulheres entre 10-49 anos também diminuiu entre 2010 e 2022 (de 19,3% para 12,3%).

Essa relação muda bastantebronze spinner blazeregião para região. No Norte, nascimentosbronze spinner blazebebês gestados por meninasbronze spinner blaze10 a 19 anos foram 19,7% do totalbronze spinner blazenascimentos entre mulheresbronze spinner blaze10 a 49 anos.

Já o percentual mais baixo foi no Sul, 9,2%.

Enquanto isso, os casamentos precoces são classificados como aqueles envolvendo cônjugesbronze spinner blazeaté 17 anosbronze spinner blazeidade e que são registrados formalmente.

Em 2021, eles afetaram mais as meninas (1,8% do totalbronze spinner blazecasamentos) que os meninos (0,2% do total).

Entretanto,bronze spinner blazecomparação com 2011, o númerobronze spinner blazecasamentos precocesbronze spinner blazemeninasbronze spinner blaze2021 diminuiu 65,1% — cercabronze spinner blaze17 mil contra 48,6 mil.

Para Barbara Cobo, essa redução pode ser atribuída à maior escolarização das meninas e ao acesso à informação.

"Mas ele [o númerobronze spinner blazecasamentos precoces] é para ser nada", diz.

"Se a gente já está vendo que mulheres escolarizadas, com filhos pequenos, com rendimentos até mais altos ainda continuam tendo grandes obstáculos para a equidadebronze spinner blazegênero, imagina essas meninas muito novas casando."

A violência está próxima

Já é sabido, a partirbronze spinner blazeevidências científicas, que pessoas próximas às mulheres são frequentementebronze spinner blazequem parte a violência contra elas.

Por isso, o IBGE se debruçou sobre alguns dados que detectam quando a violência é acontece no círculo íntimo delas.

Um dadobronze spinner blaze2019 revelou que 6% das mulheres com 18 anos ou mais haviam sofrido, nos 12 meses anteriores, violência psicológica, física ou sexual por partebronze spinner blazeum ex-parceiro ou parceiro atual.

Esse percentual abarca atosbronze spinner blazeviolência apontados pelas entrevistas como a formabronze spinner blazeviolência mais grave sofrida no períodobronze spinner blazeum ano.

Cobo aponta que provavelmente há subnotificação nesses dados — entre outros motivos, porque a mulher pode se sentir inibida para registrar essa violência.

A partirbronze spinner blazedados do Ministério da Saúde, o IBGE calculou também a taxabronze spinner blazehomicídios intencionais contra elas a cada 100 mil mulheres. De 2017 a 2021, essa taxa diminuiu 25,5% (de 4,7 para 3,5).

O instituto destaca que a Lei do Feminícidio passou a valerbronze spinner blaze2015. Portanto, essa diminuição pode estar, ao menosbronze spinner blazeparte, relacionada à lei.

Entretanto, vale destacar que nos últimos três anos registrados (2019, 2020 e 2021), a taxabronze spinner blazehomicídios permaneceu a mesma.

Também foram analisadas as taxas para mortes intencionais ocorridas dentro e fora do domicílio.

A diminuiçãobronze spinner blazemortes foi maior fora da residência das vítimas, com uma reduçãobronze spinner blaze27,3% entre 2017 e 2021 (contra reduçãobronze spinner blaze21,4%bronze spinner blazemortes dentro do domicílio).

Em ambos tiposbronze spinner blazeambiente ebronze spinner blazetodos os anos, as taxasbronze spinner blazemortesbronze spinner blazemulheres pardas ou pretas foi sempre maior do que das mulheres brancas.