Os aditivos químicos presentesrealsbet instagram4realsbet instagramcada 5 alimentos vendidos nos mercados do Brasil:realsbet instagram
Outra coisa que chamourealsbet instagramatenção foi o uso intensivo dos aditivos cosméticos, como são chamados por uma parte dos profissionais da área aqueles aditivos que mudam o sabor, o aroma e a forma dos alimentos, embora essa classificação não seja oficialmente reconhecida por autoridades brasileiras.
Corantes, saborizantes, aromatizantes, emulsificantes, entre outros, garantem que alimentos que passaram por vários processos industriais narealsbet instagramfabricação correspondam ao que os consumidores esperam deles. São usados porque esse processamento pode às vezes alterar os alimentos a pontorealsbet instagramdeixá-los irreconhecíveis.
Diferentementerealsbet instagramoutros aditivos, como os conservadores, por exemplo, os aditivos cosméticos não ajudam a fazer com que as comidas sejam mais baratas, durem mais tempo, cheguem a mais pessoas ou possam ser consumidas com mais segurança.
Na prática, são o equivalente a uma maquiagem dos alimentos. "Não precisariam nem estar ali", diz Montera.
Sua presença nos alimentos, principalmente quando são muito frequentes, funciona como um indicativorealsbet instagramque este alimento é ultraprocessado — e cada vez mais pesquisas associam esse tiporealsbet instagramcomida a doenças.
A Agência Nacionalrealsbet instagramVigilância Sanitária (Anvisa) regula o uso dos aditivosrealsbet instagramalimentos e estabelece os níveis máximosrealsbet instagramconsumo diário para uma pessoa.
Mas alguns nutricionistas têm dúvidas se esses limites são realmente seguros, porque comemos cada vez mais alimentos ultraprocessados, que têm muitos aditivos.
Eles destacam ainda evidênciasrealsbet instagramque há aditivos que podem fazer mal à saúde — o que a indústria nega — e tambémrealsbet instagramproblemas na forma como esses ingredientes são informados nos rótulos.
Por isso, defendem que as regras sejam revistas pela agência, e está previsto que isso ocorrarealsbet instagrambreve.
Outro questionamento vem da comparação desta pesquisa brasileira com um estudo semelhante na França, que apontou um uso substancialmente menorrealsbet instagramaditivos por lá.
Isso indicaria,realsbet instagramacordo com cientistas, que muitos produtos vendidos no Brasil são mais artificiais erealsbet instagrampior qualidade.
O que são aditivos alimentares
Aditivos são qualquer ingrediente adicionado ao alimentos sem o propósitorealsbet instagramnutrir.
Eles modificam as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais do produto, duranterealsbet instagramfabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação.
Essas substâncias ajudam a garantir que podemos consumir um alimento sem riscos, por exemplo.
Embora bastante associados à alimentação moderna, eles não são uma novidade. Já eram usadosrealsbet instagramsociedades antigas, como o sal que é adicionado para preservar uma comida.
O vinagre das conservas, o açúcar dos alimentos cristalizados e a fumaça da defumação são outros exemplosrealsbet instagramaditivos bastante comuns.
Mas também se tornaram bem comuns aditivos sintéticos, que passaram a ser empregados pela indústria para produzir comidarealsbet instagramlarga escala e fazer com que ela cheguerealsbet instagramboas condições para os consumidores.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso dos aditivos se justifica quando ele tem uma utilidade clara, como preservar o valor nutricional ou a estabilidaderealsbet instagramum alimento, e não é usado para enganar o consumidor.
Cientistas também apontam que seu uso excessivo pode ser problemático.
Aditivos por toda parte
A nutricionista Vanessa Montera investigourealsbet instagramseu estudo como esses aditivos são usados pela indústria no Brasil.
Esse trabalho foirealsbet instagramteserealsbet instagramdoutorado pela Universidade do Estado do Riorealsbet instagramJaneiro (Uerj) e foi publicado no periódico Food and Function, da Sociedade Realrealsbet instagramQuímica, do Reino Unido.
A nutricionista analisou uma baserealsbet instagramdados elaborada pelo Instituto Brasileirorealsbet instagramDefesa do Consumidor a partir da visita a dez lojas das cinco maiores redesrealsbet instagramsupermercado do paísrealsbet instagramduas cidades, Salvador e São Paulo.
Todos os produtos embalados tiveram seus rótulos fotografados. De cercarealsbet instagram14 mil itens, foram excluídos os que estavam duplicados, as águas engarrafadas e aqueles que não tinham informações nutricionais nas embalagens. Restaram 9.856 alimentos, que foram divididosrealsbet instagram25 categorias.
Em seguida, foram verificados os ingredientesrealsbet instagramcada um deles. A cientista concluiu que 79,4% tinham ao menos um aditivo.
Mas isso conta apenas uma parte da história, porque a minoria (11,6%) tinha um aditivo só, enquanto 19,8% tinham dois ou três, 23,2% tinham quatro ou cinco e 24,8% — a maior parcela do total — tinham seis ou mais.
Os produtos com mais aditivos foram as bebidasrealsbet instagramfruta saborizadas (com teorrealsbet instagramsuco abaixorealsbet instagram30% e pós e concentrados para preparorealsbet instagramrefrescos). Nesses produtos,realsbet instagrammédia, os aditivos representavam 79,7% do número totalrealsbet instagramingredientes listados.
Também se destacaram refrigerantes (74,5%), outras bebidas (57,3%) — tais como aquelas à baserealsbet instagramsoja, chás prontos para consumo, bebidas para desportistas, leiterealsbet instagramcoco —, produtos lácteos não adoçados (51,1%), néctares (49,7%), produtos lácteos adoçados (45,6%) e doces e sobremesas (45,4%).
Entre os cinco aditivos mais usados, quatro eram do tipo cosmético — a exceção foram os conservadores, que fazem com que os alimentos durem mais tempo.
Os aromatizantes, que dão cheiro a um produto, foramrealsbet instagramlonge o aditivo mais comum. Estavamrealsbet instagram47,1% dos produtos.
Depois, vieram os conservadores (28,9%), os corantes (27,8%; conferem cor à comida), os estabilizantes (27,6%; mantêm a dispersãorealsbet instagramcomponentes) e os emulsificantes (19,4%; mantêm uma mistura).
"Os conservadores têm um propósito, porque a indústria precisa fazer com que esses produtos possam ficar mais tempo na prateleira, mas os aditivos cosméticos só servem para deixar o pão mais fofinho, fazer o iogurte ficar rosa, deixar o cremerealsbet instagramleite mais branco. Seu único propósito é tornar o produto mais atraente para o consumidor e, por isso, não são estritamente necessários", avalia Montera.
A nutricionista argumenta querealsbet instagrampesquisa mostra que a indústriarealsbet instagramalimentos está pesando a mão no uso desses ingredientes.
"Tinha um produto que tinha um umectante [que previne a perdarealsbet instagramumidade] e um antiumectante [que impede a absorçãorealsbet instagramumidade]. Qual é o sentido disso?", questiona.
O que dizem as regras
A principal preocupação é com o impacto no corpo que o consumo desses aditivos causa, dizem os nutricionistas.
O Ministério da Saúde se negou a comentar o assunto e disse à BBC News Brasil que caberia à Anvisa tratar do tema.
A agência afirmou porrealsbet instagramvez,realsbet instagramcomunicado, que analisa os riscos envolvidos no consumorealsbet instagramaditivos e determina quais são permitidos e seus limites máximos, para que a indústria possa tirar proveito deles sem prejudicar os consumidores.
As substâncias são avaliadas caso a caso, segundo a Anvisa, e o fabricante precisa comprovar que elas são seguras, necessárias e que o consumo médio esperado não traz perigos.
A agência disse ainda que segue as regras e recomendações da OMS, da Organização para Alimentação e Agricultura, e o que é praticado na União Europeia e nos Estados Unidos.
Mas nutricionistas ouvidas pela reportagem acreditam que a Anvisa pode (e deve) fazer melhor.
Um dos problemas apontados é que os limites diários determinados pela agência levamrealsbet instagramconta a ingestãorealsbet instagramum aditivo individualmente e determinam o quanto pode ser usadorealsbet instagramum único produto.
Mas isso seria colocadorealsbet instagramxeque pelo aumentorealsbet instagramtodo o mundo, medido por diversas pesquisas, do consumorealsbet instagramprodutos ultraprocessados, que contêm muitos aditivos.
Isso significa que, na prática, não é difícil alguém consumir maisrealsbet instagramum alimento que contém o mesmo aditivo e ir além do limite considerado seguro.
Também não seria levadorealsbet instagramconsideração nas regras atuais que esses aditivos são consumidos muitas vezesrealsbet instagramforma combinada. Como a pesquisarealsbet instagramVanessa Montera mostra, é comum que alimentos tenham vários aditivos.
Por fim, a lei brasileira não exige que o rótulo informe a quantidaderealsbet instagramaditivos usadarealsbet instagramcada produto, explica Daniela Canella, pesquisadora do Núcleorealsbet instagramPesquisas Epidemiológicasrealsbet instagramNutrição e Saúde da Universidaderealsbet instagramSão Paulo (Nupens-USP).
"Não temos como saber o quanto estamos comendo. A indústria diz que isso é segredo industrial e que não revela para que os concorrentes copiem seus produtos, mas isso significa que a gente desconhece o quanto a gente consomerealsbet instagramaditivo no Brasil", diz Canella, que também é professora da Uerj e orientou Montera emrealsbet instagrampesquisarealsbet instagramdoutorado.
O que diz a Ciência
A Ciência ainda é inconclusiva sobre se os aditivos causam ou não prejuízos à saúde.
Há estudos que apontam indíciosrealsbet instagramque seu consumo por pode estar ligado a distúrbiosrealsbet instagramcomportamento, transtornos mentais, alergias, alterações no metabolismo do corpo, obesidade e câncer.
Existe ainda a preocupação com o fatorealsbet instagramos ultraprocessados acostumarem nosso paladar a um excessorealsbet instagramcertos ingredientes, como sódio e açúcar, tornando mais difícil adquirir o gosto pelos alimentos in natura, que são fontesrealsbet instagramnutrientes.
A indústriarealsbet instagramalimentos diz que os aditivos são importantes para garantir a segurança e o valor nutricional dos alimentos e que não há por que se preocupar.
A Associação Brasileira da Indústria e Comérciorealsbet instagramIngredientes e Aditivos para Alimentos disse à BBC News Brasil que o númerorealsbet instagramaditivos na composiçãorealsbet instagramum produto "não tem nenhuma relação" com o alimento ser saudável ou não.
"A quantidade máxima permitida levarealsbet instagramconta a interação entre os aditivosrealsbet instagramtodas as categoriasrealsbet instagramalimentos, bem como a ingestão diária aceitável, com base no perfil alimentar da população brasileira", declarou a entidade.
Porrealsbet instagramvez, a Associação Brasileira da Indústriarealsbet instagramAlimentos disse à reportagem que os aditivos são usadosrealsbet instagram"pouquíssimas quantidades" e controlados rigorosamente.
"Não há evidências que demonstrem que a combinaçãorealsbet instagramaditivos num mesmo alimento possa oferecer riscos à saúde humana", afirmou a associação.
Um dos motivos é que essas pesquisas quase não são feitas, argumenta Daniela Canella.
"Não há estudos no Brasil e existem pouquíssimos no mundo que analisam os aditivos somados, isso normalmente é feito com cada um deles sozinho. É possível que o efeito cumulativo deles não seja seguro", afirma a nutricionista.
Vanessa Montera aponta outros problemas. De acordo com a pesquisadora, a maioria das pesquisas, que são feitas pela própria indústria, analisam apenas se os aditivos são tóxicos ou causam mutações nas células e não investigam os prejuízos que podem causar ao metabolismo, ou seja, ao funcionamento do corpo.
"Tem alguns estudos que apontam efeitos preocupantes, mas realmente não é nada que nos faça bater o martelo. Mas, ainda assim, deveria ser adotado o princípio da precaução, porque, da mesma forma que não dá pra dizer com 100%realsbet instagramcerteza que são prejudiciais, também não dá pra garantir que não são", diz a cientista.
Além disso, os estudos são realizados majoritariamenterealsbet instagramanimais, explicam os especialistas. Não seria ético fazer pesquisas dos efeitosrealsbet instagramhumanos, dando aditivos às pessoas para ver o que acontece.
A saída, explica Canella, é fazer os chamados estudos observacionais,realsbet instagramque se acompanha um gruporealsbet instagrampessoas por um tempo e se analisam seus hábitos e estilorealsbet instagramvida e os problemasrealsbet instagramsaúde para ver se há alguma correlação.
"É difícil fazer estudos assim porque sempre pode ter havido outra influência. Pode ter sido a poluição, e não o aditivo, que causou uma doença, por exemplo. Por isso, o nívelrealsbet instagramevidências nunca vai ser o ideal, o que é uma maravilha para a indústria, que sempre vai poder dizer que não dá pra estabelecer uma relaçãorealsbet instagramcausa e consequência, e é verdade", diz a pesquisadora da USP.
Anvisa vai rever regrasrealsbet instagramaditivos
Uma outra preocupação surge com a comparação do estudo feito por Montera no Brasil com outro na França.
A pesquisa com 126 mil produtos alimentícios disponíveis nos supermercados franceses apontou que 53,8% tinham aditivos e 11,3% tinham cinco ou mais aditivos — bem abaixo dos índices encontrados no estudo brasileiro.
"Isso mostra que talvez a qualidade dos alimentos que estão sendo oferecidos aqui é pior do que a dos alimentosrealsbet instagramlá", diz Montera.
A nutricionista afirma ainda que, se a amostra do estudo nacional fosse tão grande quanto a da pesquisa francesa, os resultados poderiam ser ainda piores.
"A Europa tem um controle maior sobre o usorealsbet instagramalguns aditivos alimentares", explica Montera.
Ter mais aditivos é sinalrealsbet instagrampior qualidade porque essas substâncias são usadas muitas vezes para substituir ingredientes naturais.
Em tese, por exemplo, uma empresa poderia usar morangosrealsbet instagramverdade para deixar o iogurte rosa, mas morangos são mais caros do que um corante.
Os aditivos também servem para "maquiar" os produtos ultraprocessados, diz Canella, tornando seu aspecto, textura e gosto aceitáveis.
A nutricionista defende que cabe ao governo brasileiro exigir padrõesrealsbet instagramqualidade melhores das fabricantesrealsbet instagramalimentos.
"Os países têm legislações mais e menos rigorosas. Serealsbet instagramum lugar você pode usar matéria-primarealsbet instagrampior qualidade, esse país se torna um refugo da indústria. Se dá pra produzir mais barato e a legislação não barra, por que uma empresa vai ter mais despesa e menos lucro?", questiona Canella.
Também seria bom que os rótulos informassem melhor sobre esses ingredientes, indicandorealsbet instagramquantidade, por exemplo, acrescenta Montera.
O Brasil terá uma oportunidaderealsbet instagramaprimorar suas regras para os aditivos. Está prevista na agenda da Anvisa para o período entre 2021 e 2023 a modernização das regras e procedimentos para autorização do uso dos aditivosrealsbet instagramalimentos.
Mas, questionada sobre esse assunto, a agência disse à BBC News Brasil que não iria comentar.
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