Tim Vickery: A forçabalotelli liverpoolrepresentar o seu país na Copa do Mundo - e os perigos do nacionalismo:balotelli liverpool

Tim Vickery

Crédito, Eduardo Martino

Pudemos ver isso no desempenhobalotelli liverpooltodos os times lá na Rússia que perderam os seus dois jogos iniciais e ficaram sem chancebalotelli liverpoolpassarbalotelli liverpoolfase. Mesmo eliminados, disputaram o terceiro jogo com máxima intensidade, querendo pelo menos se despedir da Copa com dignidade e deixar o futebol do seu país bem representado.

Há uma clara conclusão a ser tirada disso. O conceitobalotelli liverpoolEstado-nação ainda mobiliza bastante forçabalotelli liverpoolpleno século 21.

Para muitos economistas, isso deveria causar surpresa. Muitos proclamaram a morte desse conceito, obsoleto diante dos fluxos globaisbalotelli liverpoolbens e capitais. O Estado-nação não tinha mais lógica ou motivobalotelli liverpoolser. O homem, baseando suas decisões numa escolha racionalbalotelli liverpoolopções, não precisaria mais da nação, e o conceito minguaria.

Torcedores russos na Copa

Crédito, EPA

Legenda da foto, Torcedores russos na Copa; sentimentobalotelli liverpoolpertencimento aflora durante a competição esportiva

Nada mais óbvio, porém, do que as fraquezas dessa linhabalotelli liverpoolpensamento. Qualquer teoria que parta do indivíduo atomizado fazendo escolhas racionais é fadada ao fracasso e feitabalotelli liverpoolareia movediçabalotelli liverpoolvezbalotelli liverpooltijolos. Antesbalotelli liverpooltudo, o ser humano é uma criatura social - caso contrário, não somente a linguagem, mas também os mercados tão queridos dos senhores economistas seriam impossibilitados.

Nada mais natural, então, que o sentimentobalotelli liverpoolpertencimento,balotelli liverpoolfazer partebalotelli liverpooluma certa comunidade,balotelli liverpoolfincar raízesbalotelli liverpoolum pedaçobalotelli liverpoolterra - seja cidade, região ou país. É um sentimento normal, mas contraditório - às vezes saudável, às vezes perigoso.

O escritor inglês George Orwell caracterizou o patriota como alguém que ama o seu país e um nacionalista como alguém que tem ódiobalotelli liverpooloutros países.

Para Albert Einstein, o nacionalismo era uma doença infantil, o sarampo da humanidade. Esses dois gênios estavam pensando mais no poder nocivo do nacionalismobalotelli liverpoolafastar pessoas que nascerambalotelli liverpoolpaíses distintos.

Mas podemos também enxergar as possibilidadesbalotelli liverpoolproblemas internos, pois a narrativa e os símbolos do país normalmente estarão sob o controlebalotelli liverpoolforças conservadoras que visam à proteçãobalotelli liverpoolvelhas hierarquias.

Vamos puxar o exemplo dos protestos no Brasilbalotelli liverpooljunhobalotelli liverpool2013: um momento poderoso, gerando esperanças mas também perigos.

Nos protestos não houve espaço para partidos políticos. Mas, com todos os seus defeitos e frustações, partidos são parte integral da democracia. Vetá-los é abrir as portas para uma armadilha fácil -balotelli liverpoolser tão somente a favor do "Brasil", uma posição que trata diferenças como traição e parte do princípio absurdobalotelli liverpoolque os interesses do açougueiro são os mesmos que os da vaca.

Então, disperso e sem um rumo definido, o espírito dos protestosbalotelli liverpoolcinco anos atrás foi aos poucos migrando para áreas mais difusas.

O que começou como uma rebelião contra a má qualidadebalotelli liverpoolserviços públicos acabou nas mãosbalotelli liverpooluma corrente que preferia nem acreditarbalotelli liverpoolserviços públicos e acha que o "livre" mercado é sempre capazbalotelli liverpooloferecer a solução.

George Orwell

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O escritor inglês George Orwell caracterizou o patriota como alguém que ama o seu país e um nacionalista como alguém que tem ódio por outros países

O exército que tomava as ruas vestidobalotelli liverpoolamarelo também manifestava revolta contra os custos da promoção da inclusão social.

Agora, esse pensamento únicobalotelli liverpoolnacionalismobalotelli liverpooldireita tenta ter cada vez mais influênciabalotelli liverpoolfazer as pessoas acreditarem que o melhor caminho seja uma intervenção militar.

Aí eu lembro a minha chegada no Brasil,balotelli liverpool1994, com o país ainda festejando o triunfo na Copa do Mundo nos Estados Unidos. A minha grande surpresa e decepção: o país estava (e está) vivendo atrás das grades, com um graubalotelli liverpoolviolência, e um medo do mesmo, altamente nocivos para a vida pública.

O motivo: o governo militar foi incapazbalotelli liverpoollidar com a questão social.

Um nacionalismo baseadobalotelli liverpoolmanter velhas hierarquias não tem a mínima possibilidadebalotelli liverpoolatender às necessidades do país. Até que o sentimentobalotelli liverpoolpertencer a uma nação, tão forte durante a Copa, seja também uma realidadebalotelli liverpoolpertencer, com oportunidadesbalotelli liverpooldesenvolvimento por todos, estaremos presos num 7 a 1 sem apito final.

*Tim Vickery é colunista da BBC News Brasil e formadobalotelli liverpoolHistória e Política pela Universidadebalotelli liverpoolWarwick.

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