Tim Vickery: Escândalo migratório mostra como o Reino Unido se desumanizou:fazer apostas esportivas é pecado
Acabafazer apostas esportivas é pecadovir à tona a notíciafazer apostas esportivas é pecadoque, nos últimos anos, várias pessoas dessa "geração Windrush" estão sendo tratadas como bandidos - demitidosfazer apostas esportivas é pecadoseus empregos, despejadosfazer apostas esportivas é pecadoseus lares, excluídos do acesso ao sistemafazer apostas esportivas é pecadosaúde e até mesmo deportados para a Jamaica.
Vale a pena frisar que eles entraram no paísfazer apostas esportivas é pecadomaneira totalmente legal. Eram súditos do rei britânico e tinham todos os direitosfazer apostas esportivas é pecadocidadania. Isso aconteceu porque, depois da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra sofriafazer apostas esportivas é pecadoescassezfazer apostas esportivas é pecadomãofazer apostas esportivas é pecadoobra e precisavafazer apostas esportivas é pecadogente para trabalhar nos hospitais e nos trens, metrôs e ônibus. Esses setores ativamente faziam campanhasfazer apostas esportivas é pecadorecrutamento no Caribe para atrair pessoas.
Como pode ser, então, que eles sejam tratados agora com tanta crueldade?
A resposta tem tudo a ver com a histeria contemporânea sobre imigrantes ilegais. É um debate onde sobra gritaria e falta bom senso. Nada está mais claro do que o esgotamento do atual modelo econômico. Mais fácil do que mudar isso, entretanto, é achar um bode expiatório - e aí o imigrante é presa fácil.
Na ausênciafazer apostas esportivas é pecadoideias construtivas, o caminho mais curto é aquele da demagogia: a ideiafazer apostas esportivas é pecadoque basta se livrar do "outro", aquele penetra sinistro, quefazer apostas esportivas é pecadorepente haverá empregos e serviços sociais para todos.
O governo britânico, então, embarcou na políticafazer apostas esportivas é pecadocriar um "ambiente hostil" para o imigrante irregular,fazer apostas esportivas é pecadotornar a vida tão difícil que este, se não fosse pego, chegaria à conclusãofazer apostas esportivas é pecadoque não valeria mais a pena e que o melhor era vazar.
Só que essa malha fina contra os ilegais também vem pegando muitos dos que têm direitos plenosfazer apostas esportivas é pecadocidadania - como membros da "geração Windrush" -, mas que não necessariamente têm como prová-lo.
Meu país nunca foi muito chegado a documentos pessoais. Até hoje, no Brasil eu me enrolo todo com esse negóciofazer apostas esportivas é pecadoCPF e identidade, que para vocês parecem ser tão sagrados. Bastante gente da "geração Windrush" não tem um passaporte britânico nem os documentos pedidos agora pelo Ministério do Interior para comprovar afazer apostas esportivas é pecadocidadania. Por isso, temos casosfazer apostas esportivas é pecadopessoas com décadasfazer apostas esportivas é pecadovida no país, anos pagando impostos, contribuindo, quefazer apostas esportivas é pecadorepente se encontramfazer apostas esportivas é pecadomaus lençóis. Um escândalo.
E essa história, que começou com um navio, pode até afundar as carreiras dos políticos responsáveis (enquanto escrevo esta coluna, vejo que a ministra do Interior foi obrigada a se demitir por causa do escândalo). Porque os problemas atuais foram previstos. Sabe-se (via Lorde Kerslake, o ex-chefe do funcionalismo público) que alguns dentro do governo estavam preocupados com o tal "ambiente hostil", temendo ecos da Alemanha nazista.
Apesar das negações, ficou evidente que houve dentro do Ministério do Interior uma meta estabelecidafazer apostas esportivas é pecadoquantidadesfazer apostas esportivas é pecadodeportações considerada desejável por ano, colocando pressãofazer apostas esportivas é pecadocima dos funcionários para adotar uma linha dura.
Alguns políticos da oposição advertiram que imigrantes legais cairiam também na malha fina. A linha do governo -fazer apostas esportivas é pecadodeportar primeiro e julgar apelações depois - parece resultadofazer apostas esportivas é pecadouma falta gritantefazer apostas esportivas é pecadovalores humanos.
Mais especificamente, trata-sefazer apostas esportivas é pecadouma faltafazer apostas esportivas é pecadoempatia - um problema enorme que contamina a política contemporânea e existe como clara consequência do abismo social que cresceu tanto nas últimas décadas. É cada vez mais difícil para a classe governante poder imaginar a vida e as possibilidades da maioria que nasceram sem os seus privilégios e conexões.
Se os problemas sofridos por cidadãos britânicos legítimos representam um auge quase incrívelfazer apostas esportivas é pecadodesumanidade burocrática, o "ambiente hostil" contra ilegais é também deplorável. A grande maioria éfazer apostas esportivas é pecadopessoas querendo nada mais do que trabalhar para melhorar afazer apostas esportivas é pecadovida e a vidafazer apostas esportivas é pecadoseus filhos. Com uma população local envelhencendo, o país vai precisar dessa presença, até para fechar as contas no futuro.
Mas a campanha contra eles chegou ao pontofazer apostas esportivas é pecadohaver vans circulandofazer apostas esportivas é pecadovários bairrosfazer apostas esportivas é pecadoLondres com alto-falantes gritando o ameaçador "volte para casa ou será preso".
Depois da crise financeirafazer apostas esportivas é pecado2008, riosfazer apostas esportivas é pecadodinheiro público foram utilizados para salvar o sistema bancário - criando um problema para as finanças públicas. Daí, junto com o tal "ambiente hostil", vieram a políticafazer apostas esportivas é pecadoausteridade, os cortes nos gastos e a necessidadefazer apostas esportivas é pecado"apertar o cinto".
Mas como diria o brilhante economista escocês Mark Blyth, apertar o cinto só vale a partir do momentofazer apostas esportivas é pecadoque estamos todos vestindo as mesmas calças. O que está acontecendo com os imigrantes - especialmente aqueles da geração que navegou no "Windrush" - é a prova definitivafazer apostas esportivas é pecadoque não estamos todos no mesmo barco.
*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadofazer apostas esportivas é pecadoHistória e Política pela Universidadefazer apostas esportivas é pecadoWarwick.
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