Proteger terras indígenas na Amazônia previne 15 milhõesonabet carlinhoscasosonabet carlinhosdoenças por ano, conclui estudo:onabet carlinhos

Floresta queimando

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Legenda da foto, Preservar a Amazônia é uma questãoonabet carlinhossaúde pública, defendem cientistas

A pesquisa ainda mostrou que esse efeito protetor das áreasonabet carlinhosflorestas é abrangente: territórios indígenas bem preservados localizados mais ao norte conseguem absorver a poluição gerada a quilômetrosonabet carlinhosdistância no arco do desmatamento, que se concentra nas porções sul e sudeste da floresta.

Como o estudo foi feito

Um timeonabet carlinhosespecialistasonabet carlinhosdiversas instituições — da ong EcoHealth Alliance, da Universidade Clark, dos Estados Unidos, da Universidade Autônoma do México e da Universidadeonabet carlinhosSão Paulo (USP) — compilaram estatísticas dos últimos dez anos sobre desmatamento, queimadas, emissãoonabet carlinhospoluentes e notificaçõesonabet carlinhosdoenças na Amazônia Legal brasileira.

A partir do cruzamento desses dados e da aplicaçãoonabet carlinhosmétodos estatísticos complexos, eles conseguiram fazer os cálculos apresentados no estudo.

O levantamento descobriu que, entre 2010 e 2019, 1,68 toneladasonabet carlinhospartículas finasonabet carlinhospoluentes foram emitidas todos os anos.

"Um número menoronabet carlinhosdoenças foi encontrado nos municípios com mais áreas preservadas e com menos fragmentação [da mata], o que provavelmente está relacionado à capacidade da Floresta Amazônicaonabet carlinhosabsorver as PM 2.5", escrevem os autores.

Mas como a poluição causa tantas enfermidades? O artigo destaca que esses compostos tóxicos provocam disfunções no endotélio (a camada interna dos vasos sanguíneos), estimulam a inflamação, aumentam o riscoonabet carlinhostromboses e afetam o metabolismo — o que gera consequências no coração.

As tais partículas inaláveis ainda danificam diretamente as estruturas do pulmão e tem potencial mutagênico — ou seja,onabet carlinhostransformar células saudáveisonabet carlinhostumores.

Indígena plantando árvore

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Legenda da foto, Conhecimentos ancestrais dos povos indígenas garantem a preservação dos recursos naturais amazônicos, defendem representantesonabet carlinhosassociações da região
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Como explicado anteriormente, das 26,3 mil toneladasonabet carlinhoscompostos tóxicos que podem ser retidos pelas folhas das árvores todos os anos, 27% desta capacidadeonabet carlinhosabsorção está concentradaonabet carlinhosterritórios indígenas.

O número chamou a atenção dos pesquisadores, uma vez que esses povos ocupam oficialmente apenas 22% da área da Amazônia — isso sugere que o manejo dos recursos naturais feito por eles é ainda mais eficiente para minimizar os danos das queimadas que ocorremonabet carlinhosoutras porçõesonabet carlinhosmata.

"E, por conta desse importante papelonabet carlinhosabsorção, as florestas mantidas pelos indígenas têm uma capacidadeonabet carlinhosevitar 15 milhõesonabet carlinhoscasosonabet carlinhosdoenças cardiovasculares e respiratórias relacionados aos poluentes a cada ano", resume a cientista Paula Prist, pesquisadora sênior da EcoHealth Alliance e autora principal do estudo.

"Esses problemasonabet carlinhossaúde gerariam um custoonabet carlinhos2 bilhõesonabet carlinhosdólares", complementa a cientista.

Cada hectareonabet carlinhosfloresta queimada, estima o trabalho, implica num custoonabet carlinhospelo menos 2 milhõesonabet carlinhosdólares (R$ 10 milhões) no tratamentoonabet carlinhosdoenças relacionadas à poluição.

Para ter ideia, entre 19onabet carlinhosmaio e 31onabet carlinhosoutubroonabet carlinhos2021, um totalonabet carlinhos519 mil hectaresonabet carlinhosáreas naturais da Amazônia foram consumidas por incêndios.

Os especialistas destacam que muito provavelmente todos esses números estão subestimados, pois ainda não existem estudos sobre a capacidadeonabet carlinhosabsorçãoonabet carlinhosárvores tropicais, e foram usados os valoresonabet carlinhosreferênciaonabet carlinhosflorestasonabet carlinhoszonas temperadas do Hemisfério Norte. Portanto, é possível que o efeito da preservação da Amazônia seja ainda maior.

Prist classifica os números encontrados como "surpreendentes" e acredita que eles reforçam a ideiaonabet carlinhosque preservar a Amazônia é uma questãoonabet carlinhossaúde pública.

"E também é muito impactante pensar que esses efeitos se estendem por um raioonabet carlinhos500 quilômetros, que é a área por onde a poluição das queimadas se espalha", diz a ecóloga.

Na prática, isso significa que uma área localizada num canto da floresta consegue absorver os compostos que são liberados do outro lado, minimizando os danos à saúde para as populações que vivem no meio dessa região.

‘Concretização do que já sabíamos’

Em coletivaonabet carlinhosimprensa realizada para comentar os principais achados da pesquisa recém-publicada, o cientista Carlos Nobre, do Institutoonabet carlinhosEstudos Avançados da USP, afirmou estamos cada vez mais nos aproximando do "pontoonabet carlinhosnão retorno", quando a destruição da floresta ficará tão grande que ela não será mais capazonabet carlinhosse recuperar.

"Estamos dianteonabet carlinhosum enorme risco, mas fazemos muito pouco para mitigá-lo. Esse artigo só reforça a importânciaonabet carlinhospreservar a Amazônia como uma maneiraonabet carlinhosproteger a nossa própria saúde", disse.

O advogado Dinamam Tuxã, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), afirmou que investigações científicas como esta ratificam e concretizam conhecimentos acumulados pelos povos da região há milharesonabet carlinhosanos.

"O estudo só reforça a importância do conhecimento e das práticas tradicionais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e do desmatamento", disse.

"E isso tudo demonstra a necessidadeonabet carlinhosretomar a demarcaçãoonabet carlinhosterritórios indígenas como uma maneiraonabet carlinhosenfrentamento das queimadas", complementou.

Maypatxi Apurinã, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), avaliou que os dados da pesquisa dão noção "do árduo trabalho que todos terão pela frente".

"Precisamos empoderar os povos indígenas na manutenção dos recursos, porque a florestaonabet carlinhospé significa uma boa qualidade do ar para nós, para a região e para o mundo inteiro", constatou.

Floresta amazônica

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Legenda da foto, Capacidadeonabet carlinhosabsorção da floresta se prolonga por grandes extensões territoriais

A ecologista Marcia Macedo, diretora do Programaonabet carlinhosÁgua do Centroonabet carlinhosPesquisas Climáticas Woodwell, dos Estados Unidos, se mostrou bastante preocupada com o futuro da floresta.

"O fogo não é um elemento natural na Amazônia. Ele depende da ação humana eonabet carlinhostrês fatores: as fontesonabet carlinhosignição, o clima e a biomassa seca", explicou.

As fontesonabet carlinhosignição citadas pela especialista são o combustível que dá início às queimadas. O clima, cada vez mais quente e seco, ajuda na propagação das chamas. E a biomassa é composta pelas árvores e gramíneas mortas, que entramonabet carlinhoscombustão com facilidade.

E isso forma o conjunto perfeito para que as queimadas se alastrem e fiquem mais intensas.

"As bordas da floresta estão cada vez mais secas e vulneráveis à entrada do fogo", alertou a ecologista ao defender políticas que deem "prioridade aos povos indígenas no controle das queimadas e da integridade do território".

Já Patricia Pinho, diretora científica adjunta do Institutoonabet carlinhosPesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), destacou que "as mudanças climáticas agravam ainda mais as desigualdades e a pobreza".

"Sem uma adaptação e uma transformaçãoonabet carlinhoslarga escala, a perdaonabet carlinhosbiodiversidade e cultura vai se tornar irreversível e comprometer a possibilidadeonabet carlinhosum futuro justo e acessível a todos", discursou.

A pesquisadora, que também integra o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), destacou que "os povos indígenas têm a solução para assegurar o bem-estar humanoonabet carlinhosmúltiplas escalas".

Por fim, Paula Prist lembrou que a pesquisa recém-publicada é uma das poucas, "senão a primeira", a tentar mensurar "o quanto a perda dessas florestas custaria à saúde humana".

"A nossa própria sobrevivência no planeta está conectada a esses recursos naturais", constatou.

Ela defendeu, inclusive, que é urgente agir agora, antes da temporadaonabet carlinhossecas e queimadas deste ano, que se inicia a partironabet carlinhosjulho.

"Nosso trabalho é mais uma provaonabet carlinhosque a florestaonabet carlinhospé vale muito mais do que deitada no chão", disse.

"A saúde e o bem-estaronabet carlinhostodos nós estão intimamente ligados à conservação da Amazônia", conclui a autora do artigo.

- Este texto foi publicadoonabet carlinhoshttp://vesser.net/articles/cndredpyerwo