As más notícias da vitóriaTrump para Lula, segundo Ian Bremmer:
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"Claramente haverá mais pontos negativos na relação bilateral, dado o históricoTrump, a experiência do Brasil8janeiro [de 2023], a experiênciaTrump6janeiro [de 2021] e os esforços dos brasileiros, sobretudo do Supremo,impedir que Bolsonaro possa concorrernovo."
"Além disso há diferenças sobre mudanças climáticas. Eu espero que quando Trump vá se encontrar com Lula, Bolsonaro estará fazendo bastante barulho, como seu filho e todas as pessoas a seu redor. E acho que Trump vai acabar minando a relação bilateral entre Brasil e EUA. E Lula vai tentar manter tudo estável."
No entanto, Bremmer aponta que há pessoas dentro dos governosBrasil e EUA que poderão estabelecer relações mais serenas e produtivas entre os dois países. No lado brasileiro, ele cita o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim.
"Nos bastidores, Amorim será um interlocutor plausível com o secretárioEstado que for apontado, ou com o Assessor para Segurança Nacional".
Bremmer acredita que o mais cotado para assumir o cargosecretárioEstadoTrump é Bill Haggerty, senador republicano pelo Estado do Tennessee. Durante o primeiro mandatoTrumo, Haggerty serviu como embaixador americano no Japão.
Haggerty é membro do comitêrelações exteriores do Senado americano. Em fevereiro, ele escreveu uma carta ao presidente Joe Biden criticando a faltasanções do governo americano contra Lula e o Brasil, entre outros governantes e governos latino americanos.
"No Brasil, você falhouaplicar as sançõesnão proliferação dos EUA quando o presidente [Lula] da Silva permitiu que dois naviosguerra iranianos sancionados pelos EUA atracassem no porto do RioJaneirofevereiro2023", escreveu.
No entanto, Bremmer acredita que Haggerty é um político que "vai querer ter uma relaçãonegócios com o Brasil".
Bremmer analisa que a aproximação entre Musk e Trump pode ser maior do que apenas no campo político. Ela poderia também extrapolar para o campo dos negócios. O cientista político especula que o X,Elon Musk, pode vir a comprar a rede social criada por Trump, a Truth Social.
"Se isso acontecer, o papelElonpromover a transformação da política externamemes contra indivíduos com quem ele tem problemas — como o primeiro-ministro do Reino Unido [Keir Starmer], por exemplo, ou o presidente do Brasil ou juízes do Supremo no Brasil, vai se tornar um braço importantepolítica externa do governo Trump", afirma.
"Isso não existia no primeiro mandatoTrump. Não havia esse ecossistema ou um segundo ator. Agora existe isso, e acho que é importante considerarmos."
Apesartodas essas previsões, Bremmer não acredita que o Brasil estará entre as prioridades do novo presidente.
"A América do Sul e Latina — tirando o México — não é uma grande prioridade para Trump, tirando os assuntosimigração."
Eleição legítima
Bremmer diz que não ficou surpreso com a vitóriaTrump — e que ela segue um padrão já observado recentementepleitos no mundo, como no Reino Unido.
"Parte do que estamos vendo é o fatoque estruturalmente ao redor do mundo existe desconfiança com o establishment", diz Bremmer.
"Quase todas as eleições recentes no mundo foram contra quem está no poder, mostrando que as pessoas não estão contentes com seus líderes, com seu país e querem algo diferente."
Ele prevê mudanças semelhanteseleições que ocorrerãopaíses como Japão, Alemanha e Canadá.
Para ele, a candidata derrotada Kamala Harris não soube se distanciar do presidente Joe Biden — algo que teria sido crucial para conquistar mais eleitores.
Bremmer também ressalta que a legitimidadeTrump é incontestável diante da vitória expressiva que teve, conquistando inclusive a maioria no voto popular.
Para ele, a magnitude da vitória deve ser encarada dentro dos EUA e no mundo como um alinhamento da população americana com as políticas propostas por Trump no comércio, assuntossegurança e temas sociais.
"Esta é uma vitória esmagadora, não importa o que se diga. E isso significa que todos na América têm que dizer: 'este é o nosso presidente dos Estados Unidos'."
A primeira grande questão internacional envolvendo Trump, segundo Bremmer, será a guerra na Ucrânia. Muitos acreditam que o republicano vai diminuir substancialmente seu apoio militar ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky — fortalecendo a Rússia,Vladimir Putin.
Se isso acontecer, Bremmer prevê uma reação dos países europeus da aliança militar Otan, que cobram dos EUA uma liderançafavor da Ucrânia. Tudo isso, segundo o analista da Eurasia, é uma amostracomo no segundo mandatoTrump haverá "muito maisjogo do que no primeiro".