Semanasignification cbet4 dias é salvação do capitalismo, diz economista que coordenou pilotosignification cbetreduçãosignification cbetjornadasignification cbetPortugal:signification cbet

Mas frisa a necessidadesignification cbetque as mudanças sejam graduais e bem planejadas, com diferentes soluções sendo encontradas para diversos setores.

“Considero que já está na horasignification cbetterminar o 6x1 para dar espaço,signification cbetforma prudente e bem estudada, para a semanasignification cbetquatro dias”, diz Gomes à BBC News Brasil.

Gomes coordenou o Projeto-Piloto da Semanasignification cbetQuatro Dias organizado pelo governosignification cbetPortugal, seu país natal,signification cbet2023, para implementar a semanasignification cbetquatro diassignification cbet41 empresas voluntárias.

Ao fim do períodosignification cbetteste, apenas quatro empresas quiseram voltar para a jornadasignification cbetcinco dias por semana.

Historicamente, ele diz que essas transições sempre foram acompanhadassignification cbetgrande resistência do setor empresarial, mas afirma que encarar a mudança traz grandes benefícios para economia.

“A adaptação é muito mais fácil do que,signification cbetpartida, as empresas vão dizer”, afirma.

signification cbet BBC News Brasil - Seu livro defende a semanasignification cbetquatro diassignification cbettrabalho, proposta que tem gerado grande debate no Brasil e que está sendo discutida no Congresso. Qual é o principal argumento por trás desta defesa?

signification cbet Pedro Gomes - Acho que a semanasignification cbetquatro dias é a melhor formasignification cbetorganizar a economia no século 21. E não é porque devemos trabalhar menos para ser mais felizes ou pelo bem-estar. É pensando nas grandes mudanças estruturais que ocorreram na economia e na sociedade.

Nos últimos 50 anos, tudo mudou, desde a tecnologia, a velocidadesignification cbetcomunicação, a longevidade, o papel da mulher no mercadosignification cbettrabalho. Mas não soubemos adaptar a forma com que trabalhamos, que permaneceu igual.

A semanasignification cbetcinco dias foi implementada pelo Henry Ford, o maior empresário americano do século 20,signification cbet1926. Vai fazer cem anos. Demorou muito para as economias se adaptarem, mas esse modelo está na maioria dos países ocidentais há 40 anos e não soubemos alterar a formasignification cbettrabalhar.

Hoje, a semanasignification cbetquatro dias é uma melhor formasignification cbetorganizar a economia pelo impacto positivo que pode trazer. Isso envolve reorganizar a economia e o trabalho nas empresas.

signification cbet BBC News Brasil - O seu livro diz que a semanasignification cbetquatro dias pode ‘salvar a economia’. De que maneira?

signification cbet Gomes - É um erro dos críticos da semanasignification cbetquatro dias pensarem que o tempo livre é um tempo morto para a economia. Para eles, se não trabalharmos, não contribuímos para a economia. Podemos estar felizes, mas a economia vai cair.

A verdade é que há muito valor econômico no temposignification cbetlazer. É no tempo livre que vamos ao restaurante, ao teatro, que viajamos. As indústriassignification cbetlazer dependem do tempo livre das pessoas. Pessoas sem tempo livre não são boas consumidoras.

Mais tempo livre estimula indústrias do mercado interno, e isso foi visto nos Estados Unidos, nos anos 1940, e na China,signification cbet1995, quando passaram da semanasignification cbetseis para cinco dias.

A China desenvolveu o mercadosignification cbetturismo interno, que agora é o maior do mundo. Construíram parques temáticos e as pessoas começaram a viajar mais dentro do país, desenvolvendo a economia interna.

signification cbet BBC News Brasil - O senhor defende a transição da semanasignification cbettrabalhosignification cbetcinco para quatro dias, mas no Brasil ainda se discute o fim da semanasignification cbetseis dias. O senhor considera esse passo importante para o país?

signification cbet Gomes - Sim. A escalasignification cbet6x1 está mais ligada ao século 19 do que a uma economia tão forte do século 21. Considero que já está na horasignification cbetterminar o 6x1 e dar espaço,signification cbetforma prudente e bem estudada, para a semanasignification cbetquatro dias.

signification cbet BBC News Brasil - O debate no Brasil tem despertado grande resistência entre setores empresariais e partidos conservadores. Como o senhor vê essas críticas?

signification cbet Gomes - No passado, a jornadasignification cbettrabalho erasignification cbet12 horas por dia, seis dias por semana. Depois, passou para dez horas, depois para oito horas, depois para cinco dias. Essas passagens sempre foram acompanhadas por grande resistência do lado empresarial. Porque obrigam a grandes mudanças na organização do trabalho, e ninguém gostasignification cbetmudanças.

O mais curioso é que historicamente essas transformações sempre começaram com empresas que se anteciparam à legislação. Foi o casosignification cbetHenry Ford, quando resolveu que conseguia produzir mais carros organizando o trabalhosignification cbetcinco dias.

Na Inglaterra, Robert Owen, um manufatureiro galês, foi pioneiro do diasignification cbettrabalhosignification cbetoito horas e do fim do trabalho infantil. No entanto, quando falousignification cbetacabar com o trabalho infantil, muitas empresas disseram que não conseguiriam funcionar e que a economia iria colapsar. Entretanto, outros empresários demonstraram que era possível.

signification cbet BBC News Brasil - O vereador eleito do Rio que deu início a esse movimento, Rick Azevedo, convocou protestos pela causa no feriadosignification cbet15signification cbetnovembro. A mobilização popular pode ajudar a levar adiante esse tiposignification cbettransformação?

signification cbet Gomes - Acredito que sim. Melhorar a economia não é só fazê-la crescer. É também protegê-la dos riscos negativos. E um maiores riscos para as economias modernas são os movimentos populistas, que ganham força pelo descontentamento das pessoas com a economia.

Temos crescido muito nos últimos 30 anos, mas as pessoas não sentem que vivem melhor do que seus pais. E, portanto, vão atrássignification cbetpromessas falsas e populistas que, na maioria dos casos, não têm boas plataformas econômicas. Entretanto, estão crescendo porque o centro político não soube dar respostas para os trabalhadores.

Isso foi muito comentado nos Estados Unidos, a ideiasignification cbetque os democratas abandonaram os trabalhadores. E não há nada mais central na vida do trabalhador do que a forma e o tempo que trabalha.

Acredito que a semanasignification cbetquatro dias pode ser uma solução para conseguir derrotar movimentos populistas. É algo que pode unir as pessoas, porque todos vão se beneficiar. Portanto, é bom que as pessoas se manifestem para mostrar que isto é um caminho que os políticos devem seguir.

signification cbet BBC News Brasil - Pensando no caso do Brasil, como o senhor vislumbra uma redução bem-sucedida nas escalassignification cbettrabalho?

signification cbet Gomes - As mudanças devem ser faseadas. É importante fixar expectativas e dizer às empresas aonde se quer chegar, mas sem tentar fazer tudosignification cbetuma vez, num espaço pequenosignification cbettempo. Porque todos os setores precisam se adaptar e encontrar o melhor formato na prática. Não há uma solução única. É preciso soluções diferentes para diferentes setores, e isso temsignification cbetser discutido por dentro.

No caso do Brasil, a escalasignification cbetseis diassignification cbetfato está fora do que é uma economia do século 21. Essa redução vai trazer melhorias, como trouxe na China, no Japão, nos Estados Unidos,signification cbetPortugal. E, portanto, a economia deve se preparar para essa passagem.

signification cbet BBC News Brasil - Você acha que proibir a jornada 6x1 na lei, como propõe a emenda à Constituiçãosignification cbetdiscussão no Congresso, é uma forma eficazsignification cbetgerar essa mudança?

signification cbet Gomes - Sim. Quando olhamos para a história, a passagem da reduçãosignification cbettemposignification cbettrabalho foi inicialmente liderada por empresas, mas foi sempre consolidada por legislação. E eu não vejo problema nenhumsignification cbetque seja consolidada primeiro pela legislação.

Friedrich Hayek, que é o pai do liberalismo econômico, acreditava que o Estado devia fazer o mínimo, mas uma das poucas coisas que devia fazer era legislar sobre o temposignification cbettrabalho. Não é contra os princípios liberaissignification cbetum governo pouco intervencionista legislar e proibir certas práticas, ou proibir o trabalho a partirsignification cbetuma certa altura. E por quê? Porque é igual para todas as empresas. Não distorce a concorrência.

Imagino que restaurantes sejam um setor que ainda pratique com a semanasignification cbetseis dias. Quando implementarem a semanasignification cbetcinco dias, será igual para todos os restaurantes. Um não estará acimasignification cbetoutros. Os restaurantes que melhor se adaptarem vão sair ganhando. Portanto, mesmosignification cbetuma visãosignification cbetconcorrência, restringir pela legislação práticas que não fazem sentido na economia atual é perfeitamente legítimo.

signification cbet BBC News Brasil - O senhor falou quesignification cbetdefesa da semanasignification cbetquatro dias não é pela questão do bem-estar, mas isso é uma parte importante do debate, que destaca o impacto negativo da jornadasignification cbettrabalho sobre a saúde. Isso não tem um impacto negativo sobre a produtividade?

signification cbet Gomes - Sim, tem. Cem anos atrás, quando se trabalhava seis dias por semana, os problemas gerados pelo trabalho eram físicos, ligados a síndromesignification cbetmovimento repetitivo.

Hoje, precisamente pela intensificação do trabalho, da tecnologia, da velocidadesignification cbetcomunicação, o trabalho se tornou mais intenso mentalmente. O aumento do burnout e do estresse são uma consequênciasignification cbetnão termos adequado a formasignification cbettrabalhar à tecnologia e aos tipossignification cbettrabalhos que temos hoje.

Outro elemento muito importante é a participação das mulheres no mercadosignification cbettrabalho. Há 50 anos, a maior parte das mulheres trabalhavasignification cbetcasa. Mesmo que o homem trabalhasse muitas horas com intensidade, quando chegava a casa, a mulher havia cuidadosignification cbettudo. Era temposignification cbetdescanso.

Agora, na maior parte das famílias, os dois trabalham as mesmas horas e com a mesma intensidade. E quando voltam para casa, não é temposignification cbetdescansar, é temposignification cbetfazer tudo aquilo que ficou por fazer, compras, cozinha, limpeza. Com isso, as famílias têm uma faltasignification cbettempo enorme. Isso se sente muito nos países europeus. Cria esta pressão contínua que causa o burnout e o estresse.

Quais são os impactos? São pessoas que saem das empresas, gerando um custo enorme para substituí-las e perdasignification cbetconhecimento. Isso também gera muitas faltas por doença ou burnout, e impactos no sistemasignification cbetsaúde.

Há estudos que tentam contabilizar os custos do burnout e do estresse, mostrando que podem custar entre 2% e 5% do PIB [Produto Interno Bruto] por perdasignification cbetprodutividade. Uma pesquisa da Harvard Business School considera que, nos Estados Unidos, as doençassignification cbetsaúde mental ligadas ao trabalho custamsignification cbet4,5% do PIB. Isso é uma das razões pelas quais empresas estão buscando implementar a semanasignification cbetquatro dias.

signification cbet BBC News Brasil - O senhor coordenou um projeto pilotosignification cbetPortugal, e empresassignification cbetdiversos países estão testando a semana 4x3. O que é preciso para fazer essa transição?

signification cbet Gomes - Essa passagem não deve começarsignification cbetuma forma generalizada, mas sim por algumas grandes empresas, dedicando vários anos e muito planejamento para encontrar soluções práticas.

Alémsignification cbetPortugal, há projetos pilotosignification cbetpaíses como o Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha. As empresas que participam não estão sendo pagas, elas próprias veem os benefícios, que são muito ao nível da redução do estresse e do burnout, da redução do absentismo esignification cbetconseguir manter os trabalhadores na empresa. É muito difícil contratar funcionários qualificados para algumas posições, e a semanasignification cbetquatro dias é uma forma alternativasignification cbetvalorizar o emprego,signification cbetvezsignification cbetser apenas com aumentosignification cbetsalário.

As empresas que têm experimentado o modelo mudam muitas coisas na organização do trabalho, buscando, por exemplo, reduzir o númerosignification cbetreuniões, tentar adotar mais tecnologia e inteligência artificial, limitar ou eliminar processos.

Das 41 empresas que participaram do projeto pilotosignification cbetPortugal, apenas quatro voltaram para trás, para a semanasignification cbetcinco dias. A grande maioria manteve. Mas não foi apenas deixarsignification cbettrabalhar na sexta-feira. Foi mudar muitas coisas para aumentar a produtividade e dar viabilidade econômica a essa mudança.

Ao obrigar as empresas a reduzir o temposignification cbettrabalho, elas vão se adaptar. Os benefíciossignification cbettermossignification cbetprodutividade vêm dessa adaptação. A adaptação é muito mais fácil do que,signification cbetpartida, as empresas vão dizer.