Lula busca legado no G20cashback 1winmeio a dúvidas após vitóriacashback 1winTrump:cashback 1win
Eles avaliam que o Brasil teve êxitocashback 1winpropor medidas concretascashback 1wináreas como o combate à fome — agenda que mais avançou nos meses da presidência brasileira —, mas ressaltam que o possível desengajamento dos Estados Unidos nos fóruns multilaterais será um desafio para o futuro do G20.
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Quais eram as pretensões brasileiras no G20?
Desde que assumiu a presidência do grupo, o Brasil estabeleceu três prioridades:
- Combate à fome, pobreza e à desigualdade
- Transição energética e desenvolvimento sustentável
- Reforma da governança global
Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil e especialistas apontam que, das três agendas principais apresentadas pelo Brasil, a que mais avançou foi a do combate à fome e à pobreza. No primeiro dia da cúpula, o presidente Lula deverá lançar aquela que é considerada a principal entrega do país durante a presidência do G20: Aliança Global Contra a Fome.
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Trata-secashback 1winum mecanismo que pretende facilitar o acessocashback 1winpaíses pobres oucashback 1windesenvolvimento a financiamento e a políticas públicas voltadas para a redução da fome e da pobreza. A previsão écashback 1winque o mecanismo funcione pelo menos até 2030 e contará com recursoscashback 1winentidades filantrópicas e bancos multilateraiscashback 1windesenvolvimento.
A aposta brasileira neste tema foi explicada pelo embaixador e secretáriocashback 1winAssuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Maurício Lyrio, principal negociador brasileiro no G20.
“Um dos objetivos da presidência brasileira foi centrar-secashback 1winresultados concretoscashback 1wintornocashback 1wintemas que são mais capazescashback 1winangariar consenso generalizado. Não há país que considere que retirar 733 milhõescashback 1winpessoas da situaçãocashback 1winfome seja algo negativo. Vamos começar por aí", afirmou o diplomatacashback 1winentrevista coletiva à qual a BBC News Brasil participou na semana passada.
A iniciativa é vista por integrantes do governo ouvidoscashback 1wincaráter reservado como a principal tentativacashback 1winLula deixar um legado para o G20cashback 1winum temacashback 1winque o Brasil foi e ainda é considerado uma referência.
“O Brasil conseguiu pautar algumas discussões bastante relevantes, particularmentecashback 1winum tema que era uma prioridade do Brasil, como o combate à fome e à pobreza e à miséria. Acho que essa é uma grande contribuição da presidência brasileira no G20”, diz à BBC News Brasil o professor do Institutocashback 1winRelações Internacionais da Universidadecashback 1winBrasília (UnB), Haroldo Ramanzini Júnior.
A polêmica tributação dos ultra-ricos
O Brasil também apostoucashback 1winuma propostacashback 1wintaxação global sobre grandes fortunas, uma bandeira antigacashback 1winLula e que vem ganhando popularidadecashback 1windiversos países.
O projeto brasileiro previa um impostocashback 1winaté 2% sobre a riquezacashback 1winbilionários bilionárioscashback 1wintodo o mundo.
Segundo as projeções feitas pelo economista francês Gabriel Zucman, que foi contratado para elaborar a proposta, a taxação seria capazcashback 1winarrecadar entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões por ano.
A ideia do governo brasileiro é que esses recursos fossem usadoscashback 1winpolíticas contra a fome e que promovam a transição energética.
Em julho, os ministroscashback 1winfinanças do G20 aprovaram um documento defendendo a adoçãocashback 1winpolíticascashback 1wintributação progressiva, inclusive sobre os chamados “ultrarricos”.
“É importante que todos os contribuintes, inclusive os indivíduos ultrarricos, contribuam com acashback 1winjusta parcelacashback 1winimpostos. A elisão fiscal agressiva ou a evasão fiscal por partecashback 1winindivíduos ultrarricos pode comprometer a equidade dos sistemas tributários, o que acarreta uma menor efetividade da tributação progressiva”, diz um trecho do documento.
A aprovação do texto foi considerada uma vitória pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas do pontocashback 1winvista simbólico, ainda é preciso que o assunto conste na declaração final da cúpula dos líderes. A tendência é que, como já foi aprovada pelos ministros da área econômica, a ideia sobre uma taxação sobre grandes fortunas seja aprovada pelos líderes do G20.
O problema, porém, é que, como o G20 não tem caráter decisório, não há garantiascashback 1winque os países adotem,cashback 1winfato, o que foi decidido durante a cúpula. Apesar disso, o professorcashback 1winRelações Internacionais da Universidadecashback 1winToronto e diretor do G20 Research Group, John Kirton, afirma que há expectativacashback 1winque o assunto possa ser incorporado pelos países.
“Não há certeza absoluta no mundo político, especialmentecashback 1winpolítica internacional, onde não há chefes ou autoridades superiores [...] Mas mesmo o G20 sendo um mecanismo que não obriga os países a adotarem suas deliberações, o que temos visto é que os países acabam incorporando parte do que é decidido nas cúpulascashback 1winsuas políticas domésticas”, afirma Kirton à BBC News Brasil.
As outras duas prioridades estabelecidas pela presidência brasileira, reforma da governança global e transição energética e desenvolvimento sustentável, também resultaramcashback 1windeclarações ministeriais, mas a avaliação dos especialistas ecashback 1windiplomatas estrangeiros ouvidoscashback 1wincaráter reservado écashback 1winque os resultados nestes campos foram mais limitados.
Em matéria ambiental, o governo brasileiro entregou um detalhamento maior do Fundo para as Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na siglacashback 1wininglês), que já havia sido apresentado durante a Conferência da ONU para o Climacashback 1win2023, a COP 28.
Apesar disso, um diplomata brasileiro ouvido pela BBC News Brasil disse avaliar que as discussõescashback 1wintorno do meio ambiente durante o G20 teriam sido menos intensas por conta da coincidência entre a reunião no Brasil e a COP 29, que está ocorrendo no Azerbaijão.
Com relação à reforma da governança global, o G20 aprovou uma declaraçãocashback 1winministroscashback 1winRelações Exteriorescashback 1winque os países se comprometem a “perseguir” objetivos como a reformacashback 1wininstituições internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Conselhocashback 1winSegurança da ONU e os sistemas financeiro ecashback 1wincomércio internacional.
O professor John Kirton, do G20 Research Group, avalia que as tensões globais e a disputacashback 1winpoder entre países como os Estados Unidos, China e Rússia ajudam a explicar os motivos pelos quais esta agenda, apesar da declaração, teria sido a que avançou menos. O G20 Research Group é um grupocashback 1winpesquisadores, professores e estudantes que se debruçam sobre o G20 há maiscashback 1win15 anos.
“Certamente, a prioridade que vai avançar menos é a reforma da governança global. E acho que o próprio presidente Lula já sabia disso há alguns meses. Por isso o Brasil liderou esse chamado para que o assunto seja debatido no ano que vem. Não é nem para fazer a reformacashback 1winsi, mas para manter o assunto na pauta”, diz Kirton.
A “sombra”cashback 1winTrump
Mas secashback 1winum lado Lula tenta deixar seu legado à frente do G20, por outro, a vitóriacashback 1winTrump é vista nos bastidores com preocupação uma vez que o republicano ficou conhecido por adotar uma política externa isolacionista.
“Há um esvaziamento natural da reunião do G20 com a vitóriacashback 1winTrump. Isso acontece porque ele tem uma plataforma que é contrária ao multilateralismo. Ele defende abertamente o protecionismo e isso vai contra o que preconiza o G20. É um duro golpe ao multilaterismo", diz à BBC News Brasil o professorcashback 1winRelações Internacionais da Universidade Federalcashback 1winMinas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes.
Durante seu primeiro mandato à frente do governo norte-americano, Trump tirou os Estados Unidos do Acordo Climáticocashback 1winParis e criticou parceiros europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por supostamente não pagarem suas contribuições.
Algumas posiçõescashback 1winTrump também vão na contramão das declarações assinadas até o momento durante a presidência brasileira do G20.
O republicano, por exemplo, se elegeu prometendo cortar impostos e não criar mais tributos, na contramão do projetocashback 1winaumentar a taxação sobre ultrarricos.
Outro ponto sensível é a questão climática. Trump se elegeu prometendo dar novo impulso à indústria do petróleo norte-americana, o que contraria os apelos da comunidade científica mundial que defendem que o planeta precisa reduzir urgentemente o seu consumocashback 1wincombustíveis fósseis para evitar as piores consequências das mudanças climáticas.
Oficialmente, a diplomacia brasileira tenta minimizar uma eventual ruptura causada pela chegadacashback 1winTrump ao poder mais uma vez, mas nos bastidores há o temor, inclusive,cashback 1wino governo Trump decidir pela saída do país da Aliança Global Contra a Fome e Pobreza, anunciada por Biden durante ligação com Lula na semana passada.
“Nós conhecemos as posições dos diversos países ecashback 1winpresidentes, como o presidente eleito Trump. Sabemos a posição (dele) e o que foi feito antes. Elas serão, objeto, naturalmente,cashback 1winconversas, diálogos e negociações. É um presidente que já exerceu um mandato e agora volta. Com relação ao G20, minha impressão écashback 1winque ele, inclusive, participoucashback 1wintodas as cúpulas durante o seu mandato”, afirmou o embaixador brasileiro Maurício Lyrio.
Para o professor John Kirton, da Universidadecashback 1winToronto, a chegadacashback 1winTrump ao poder pode “machucar” o G20, mas não destruí-lo. O professor diz acreditar que, apesarcashback 1winpregar mais isolacionismo, Trump terá que se render à realidadecashback 1winque os Estados Unidos não teriam condições de, sozinhos, resolver todos os seus problemas.
“Trump não pode salvar a economia dos Estados Unidos sem a ajuda concreta dos seus aliados”, afirma o professor.
O que é o G20 e por que ele é importante?
O G20, ou Grupo dos Vinte, é um clubecashback 1winpaíses que se reúne anualmente para discutir questões globais nas esferas econômica e política. Ele não tem caráter deliberativo como a Organização das Nações Unidas (ONU). Os resultados das suas discussões são normalmente tomados como sugestões a serem adotadas pelos países participantes.
Ele foi fundadocashback 1win1999 após a crise financeira asiática e foi concebido inicialmente como um fórum para ministroscashback 1winfinanças e autoridades discutirem maneirascashback 1winrestaurar a estabilidade econômica do planeta naquela época. Juntos, os países do G20 representam 85% do produto interno bruto (PIB) mundial e maiscashback 1win75% do comércio global e maiscashback 1windois terços da população mundial.
A primeira reuniãocashback 1wincúpulacashback 1winlíderes do grupo foi realizadacashback 1win2008cashback 1winresposta a uma outra crise financeira mundial: a crise da economia norte-americana. Nos últimos anos, o G20 passou a incluir questões como mudanças climáticas e energia sustentável.
Os membros do G20 são a União Europeia, a União Africana e mais 19 nações: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
Todos os anos, um estado membro diferente do G20 assume a presidência e define a agenda para a cúpula dos líderes. Neste ano, foi a vezcashback 1wino Brasil organizar o evento. Em 2025, será a vez da África do Sul. Em 2026, a previsão écashback 1winque seja nos Estados Unidos.
Tradicionalmente, as negociações do G20 são divididascashback 1windois grupos, conhecidos como trilhas. A “Trilha dos Sherpas” é a que cuida dos assuntos mais relacionados à agenda política e geopolítica. Neste ano, ela foi comandada pelo embaixador brasileiro Maurício Lyrio.
A outra é a “Trilhacashback 1winFinanças”, comandada pelas pastas econômicascashback 1wincada país. Neste ano, quem comandou esta área foi a diplomata e secretáriacashback 1winAssuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.
Em síntese, o trabalho deles é finalizar as negociações antes da reunião dos chefes-de-Estado para que a declaração final da cúpula esteja praticamente pronta quando eles se encontrarem.