'A incerteza é o pior': o impacto das demissõesblaze crash foguetinhomassa sobre quem permanece no emprego:blaze crash foguetinho

Ela conta que está ansiosa, dorme pouco e chora muito.

"A incerteza é o pior", segundo Kara. "Parteblaze crash foguetinhomim acha que eu deveria simplesmente pedir demissão para preservar meus nervos, mas pode acontecer exatamente o mesmoblaze crash foguetinhooutro lugar. A segurança no emprego neste setor basicamente não existe."

Os layoffs varreram o planeta no ano passado, especialmente nos últimos quatro mesesblaze crash foguetinho2022. Milharesblaze crash foguetinhofuncionários que se achavam relativamente seguros nos seus cargos perderam o emprego.

Na áreablaze crash foguetinhotecnologia, por exemplo, as empresas demitiram maisblaze crash foguetinho150 mil funcionáriosblaze crash foguetinho2022, segundo o siteblaze crash foguetinhorastreamento Layoffs.fyi. E,blaze crash foguetinho2023, elas já extinguiram quase 76 mil cargos.

No setor financeiro, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citigroup eliminaram milharesblaze crash foguetinhofunções.

E muitos outros setores também foram atingidos pelos cortes, que se estenderam para o setorblaze crash foguetinhovarejo, comunicações, assistência médica e farmacêutico.

Historicamente, as demissõesblaze crash foguetinhomassa fazem parte do ciclo naturalblaze crash foguetinhofluxo e refluxo da economia. Mas os especialistas afirmam que esta onda é notável por diversos motivos.

O primeiro:blaze crash foguetinhoescala e abrangência, especialmente considerando que os fundamentos da economia estão mostrando melhorias.

Durante a Grande Recessão global do final dos anos 2000, por exemplo, centenasblaze crash foguetinhomilharesblaze crash foguetinhopessoas perderam o emprego, mas como consequência diretablaze crash foguetinhouma imensa queda do valor dos ativosblaze crash foguetinhotodo o mundo, que varreu trilhõesblaze crash foguetinhodólares das bolsasblaze crash foguetinhovalores internacionais por um longo período e virou do avesso as condiçõesblaze crash foguetinhovidablaze crash foguetinhomuitas pessoas.

Mas este não é o caso atual, mesmo com a proliferação dos layoffs e da incerteza profissional.

Nos Estados Unidos, a crise financeirablaze crash foguetinho2008 e o período após a recessão tiveram um picoblaze crash foguetinho10% na taxablaze crash foguetinhodesemprego.

Cercablaze crash foguetinho15 milhõesblaze crash foguetinhopessoas inscreveram-se como desempregadas, devido a uma redução sistêmica e prolongada da atividade econômica. Mas, hoje, a taxablaze crash foguetinhodesemprego nos Estados Unidos éblaze crash foguetinhocercablaze crash foguetinho3,5%.

E, durante a crise da zona do Euroblaze crash foguetinho2011, o desemprego na União Europeia ultrapassou 11,5%, enquanto a taxa atual éblaze crash foguetinhomenosblaze crash foguetinho6,5%.

Um segundo motivo para que o desemprego atual seja incomum é a própria atmosfera do ambienteblaze crash foguetinhotrabalho.

Durante a pandemia, os gerentes defenderam um estiloblaze crash foguetinholiderança centralizado no funcionário, priorizando o bem-estar e a saúde mental das pessoas, segundo Anna Tavis, professorablaze crash foguetinhogestãoblaze crash foguetinhorecursos humanos da Universidadeblaze crash foguetinhoNova York, nos Estados Unidos.

"Fomos incentivados a trazer toda a nossa personalidade para o trabalho", ela conta.

Como resultado, muitos profissionais sentem uma certa dissonância cognitiva – tanto os demitidos durante o layoff, quanto outros como Kara, que vivem com medoblaze crash foguetinhoserem os próximos da lista.

Tavis explica que, durante a pandemia, eles ouviram uma coisa e agora estão experimentando algo que contraria aquela narrativa.

"Isso está fazendo com que a liderança percablaze crash foguetinhoautenticidade e é compreensível que traga consequências para a confiança dos funcionários nos seus superiores", afirma ela.

Especialistas advertem que, se ondasblaze crash foguetinholayoff como as que vimos recentemente, ou mesmo a iminente possibilidade desses cortes, continuarem a fazer parte da vida profissional, as culturas organizacionais também poderão se deteriorar, causando um cruel efeito cascata sobre todos os aspectos, desde o comprometimento e a produtividade dos funcionários atéblaze crash foguetinhosaúde física e mental.

E, o que é pior, estas condições podem atingir as próximas gerações.

A contablaze crash foguetinhotermos humanos

É importante observar que os cortesblaze crash foguetinhoempregos podem causar efeitos imediatos sobre o bem-estar.

Muitas pesquisas demonstram que o layoff aumenta o riscoblaze crash foguetinhouma sérieblaze crash foguetinhocondiçõesblaze crash foguetinhosaúde.

Um dos resumos mais abrangentes reuniu maisblaze crash foguetinho300 estudos sobre este assunto. Ele demonstra que as pessoas desempregadas são mais estressadas, menos satisfeitas com suas vidas, casamentos e famílias e mais propensas a relatar problemas psicológicos do que os empregados.

Ficar desempregado também traz um risco muito maiorblaze crash foguetinhosuicídio e taxasblaze crash foguetinhomortalidade geral mais altas nas décadas depois da demissão.

Outra pesquisa,blaze crash foguetinho2009, concluiu que, para os funcionários sem problemasblaze crash foguetinhosaúde pré-existentes, a probabilidadeblaze crash foguetinhodesenvolver condiçõesblaze crash foguetinhosaúde aumentablaze crash foguetinho83% nos primeiros 15 a 18 meses após o layoff e as condições mais comuns são doenças relativas ao estresse, incluindo hipertensão, doenças cardíacas e artrite.

Mas não são só os trabalhadores afastados que sofremblaze crash foguetinhouma economia dominada pelo layoff.

Profissionais como Kara sabem que, até antes do anúncioblaze crash foguetinhoeventuais cortes, a possibilidade e o medoblaze crash foguetinhoficar desempregado também pode prejudicar a saúde mental e a produtividade.

Em artigo publicado na Harvard Business Review, a escritora e coach executiva Melody Wilding explica que a incerteza no trabalho pode prejudicar a motivação e gerar problemasblaze crash foguetinhosaúde mental, como ansiedade e depressão.

As mensagens contraditórias sobre a priorização do bem-estar dos funcionários também vêm perturbando os profissionais, muitas vezes com efeitos negativos.

Durante a pandemia, os funcionários demonstraram mudanças nas suas prioridades e ambições profissionais – e, principalmente, eles começaram a investir mais nablaze crash foguetinhosaúde mental.

Em muitos casos, os empregadores reconheceram esses pedidosblaze crash foguetinhomaior apoio. Muitos líderes abriram conversas sobre a criaçãoblaze crash foguetinhopolíticas, programas e ferramentas para ajudar os funcionáriosblaze crash foguetinhodificuldades.

Também se abriu o diálogo corporativo para estabelecer um futuro no qual termos como burnout, estresse e depressão não seriam mais associados a fraqueza, nem carregariam mais o ônus da estigmatização no ambienteblaze crash foguetinhotrabalho.

Para os jovens que iniciaram a vida profissional nos últimos anos, a empresa focada nos funcionários que supostamente defende a saúde mental e o bem-estar pode ser a única impressão que eles já tiveram do mercadoblaze crash foguetinhotrabalho.

Mas essa ênfase sobre o bem-estar pessoal é totalmente contrária à realidade que muitos profissionais estão enfrentando no momento.

Dados demonstram que a precariedade do mercadoblaze crash foguetinhotrabalho atual está prejudicando o bem-estar dos profissionais.

Em uma recente pesquisa global entre 35 mil trabalhadores, cercablaze crash foguetinho52% dos participantes afirmaram estar preocupados com o impacto das incertezas econômicas sobreblaze crash foguetinhoestabilidade profissional, enquanto maisblaze crash foguetinhoum terço estão abertamente preocupados com a possível perda do seu emprego.

Maureen Dollard, professorablaze crash foguetinhopsicologia organizacional e do trabalho da Universidade do Sul da Austrália, conduziu uma pesquisa que demonstrou que os funcionáriosblaze crash foguetinhoambientes psicologicamente menos saudáveis (ela define "ambientes psicologicamente saudáveis" como aquelesblaze crash foguetinhoque o bem-estar emocional não é ignorado) tiraram 43% mais diasblaze crash foguetinholicença médica por mês.

Sua pesquisa também demonstrou que o estresse pode aumentar o riscoblaze crash foguetinhoacidentesblaze crash foguetinhotrabalho.

Outros especialistas, como Aaron Nurick, professorblaze crash foguetinhoadministração e psicologia da Universidade Bentley, nos Estados Unidos, destacam que os layoffs também podem causar impactos sobre os funcionários que não perdem seus empregos, no que ele descreve como a "culpa do sobrevivente" – e a sensaçãoblaze crash foguetinhoque "eu posso ser o próximo".

O professor Anthony Klotz, da Faculdadeblaze crash foguetinhoAdministração do University Collegeblaze crash foguetinhoLondres, concorda. Para ele, ao menos temporariamente, "os layoffs tornam a experiênciablaze crash foguetinhotrabalho menos agradável para os que permanecem e não é difícil imaginar que estes efeitos negativos sejam duradourosblaze crash foguetinhomuitos casos".

Efeitosblaze crash foguetinholongo prazo

Os cortesblaze crash foguetinhopessoal não só prejudicam a saúde mental das pessoas no mercadoblaze crash foguetinhotrabalho, como podem também mudar o comportamento dos funcionários – até dificultando o desenvolvimentoblaze crash foguetinhosuas carreiras e, por fim,blaze crash foguetinhorelação geral com o trabalho.

Melody Wilding, por exemplo, escreve: "Se você se sente impotente frente à convulsão nablaze crash foguetinhoempresa, você pode recuar e refrear seus esforços, tornando-se um candidato menos provável para os cortes".

Além disso, Nurick escreve que, neste ambiente, "[as pessoas] podem ser mais cuidadosas sobre o que dizem e fazem. Os funcionários não querem ser observados porque isso os torna mais vulneráveis. Eles são como os animais silvestres – eles farão o que for preciso para se camuflar e se encaixar. É um elemento básicoblaze crash foguetinhosobrevivência".

A pesquisablaze crash foguetinhoMaureen Dollard também demonstra que esses funcionários foram significativamente menos produtivos no trabalho.

A incerteza profissional também pode gerar comportamentos como a demissão silenciosa – fazer apenas o mínimo necessário para permanecerblaze crash foguetinhoum emprego.

"Funcionários que ouviram durante a pandemia que suas empresas eram centralizadas nos empregados e cuidavam do seu bem-estar simplesmente não querem trabalhar para pessoas nas quais eles percebem que não podem confiar", explica Anna Tavis. "Eles estão com raiva."

A criatividade também pode ser prejudicada com as demissõesblaze crash foguetinhomassa.

"Os funcionários remanescentes são mais cuidadosos e cautelosos, o que significa que eles não assumem comportamentos que poderiam trazer inovações", escreve Nurick. "Ninguém parece querer fracassar."

Anthony Klotz também indica pesquisas que demonstram que os funcionários demitidos são muito mais propensos a demitir-se voluntariamente no futuro,blaze crash foguetinhorelação aos que nunca passaram por um layoff.

"Pode-se pensar que os efeitos prejudiciais dos layoffs sobre a confiança dos funcionários atingidos são limitados à empresa que os demitiu", afirma ele.

"Mas esta pesquisa indica que passar por um layoff também dificulta a construçãoblaze crash foguetinholaços fortes com empregadores futuros."

Para os profissionais que escapam do layoff, mas temem que podem ser os próximos, Klotz afirma que uma reação comum aos sentimentosblaze crash foguetinhoincerteza profissional é começar a procurar outro emprego.

"A lealdade vem do tratamento leal recíproco entre as empresas e os funcionários. Normalmente, o sentimentoblaze crash foguetinholealdade age como uma força que evita que os funcionários se dediquem seriamente a ofertasblaze crash foguetinhoempregoblaze crash foguetinhofora", segundo ele.

"Mas, quando ocorrem os layoffs, os funcionários remanescentes são menos propensos a ter sensoblaze crash foguetinholealdade, já que a companhia acaboublaze crash foguetinhodemonstrarblaze crash foguetinhodisposiçãoblaze crash foguetinhoromper unilateralmente os laços até com milharesblaze crash foguetinhoprofissionais."

Klotz é conhecido por ter criado a expressão "Grande Demissão"blaze crash foguetinho2021, para definir a tendência que levou um grande númeroblaze crash foguetinhotrabalhadores americanos a deixar seus empregos durante a pandemiablaze crash foguetinhocovid-19.

Os acadêmicos e outros especialistas afirmam categoricamente que, para muitos dos funcionários dispensados – alémblaze crash foguetinhomuitos daqueles que permanecem depois que suas empresas fazem grandes cortesblaze crash foguetinhopessoal –, esses efeitos serão duradouros.

E, o que é pior, quanto mais frequentes forem adotados os layoffs como forma ostensiva e necessária para combater os contratempos econômicos, mais normalizados e enraizados eles ficarão na cultura dos negócios.

Isso deixa os profissionaisblaze crash foguetinhouma posição profundamente precária, à medida que se aprofunda o seu medoblaze crash foguetinhoperder o emprego a qualquer momento.

blaze crash foguetinho Leia a blaze crash foguetinho versão original desta reportagem blaze crash foguetinho (em inglês) no site blaze crash foguetinho BBC Worklife blaze crash foguetinho .

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