Influenciadora tem alergia rara à água; entenda o que é essa condição:
"Eu estava com guarda-chuva e a minha perna, onde respingou água, ficou toda irritada e foi só naquela parte do corpo. Foi aí que comecei a pensar que eu poderia estar com alergiaágua", recorda Flávia.
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Sem nunca ter ouvido que uma pessoa poderia ter alergia à água, a influenciadora digital então decidiu pesquisar na internet sobre o assunto e encontrou vários relatospessoas que tinham sintomas semelhantes aos seus sempre que entravamcontato com o líquido. Para ter um diagnóstico, ela procurou um dermatologista.
"Eu nem sabia que existia esse tipoalergia. Quando cheguei na médica já falei sobre a minha desconfiança e após o testealergia ficou comprovado que eu tinha urticária aquagênica. Foi uma surpresa porque até então eu nunca tinha tido alergia à água e ninguém da minha família tem essa condição também", diz.
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Flávia conta que ela ingere água normalmente e não tem nenhum tipoproblemarelação a isso. Porém,outros momentos do dia a dia a alergia se manifesta.
"Quando eu choro ou transpiro na academia as áreas do meu corpo que ficam molhadas ficam avermelhadas e cheiasbolinha, alémdar muita coceira e pinicar", conta a influenciadora. Segundo a jovem, as áreasmaior irritação são as costas, tórax e couro cabeludo.
Para tratar os sintomas, Flávia conta que testou vários medicamentos antialérgicos recomendado pelos médicos, porém nenhum deles surtiu efeito.
O jeito, então, foi se acostumar com o incômodo e evitar exposição prolongada à água e ambientes úmidos.
"Eu não frequento piscinas e raramente vou à praia porque o contato prolongado com a água piora muito os sintomas, chegando a fazer feridas na minha pele. Além disso, o meu banho também é rápido,torno10 minutos, e sempre me seco muito bem. A alergia começa a melhorar e sumir da pele após uns 30 minutos", afirma.
Fora esses cuidados, a influenciadora digital afirma que leva uma vida considerada normal. Pratica atividades físicas intensas, como o crossfit e sai com os amigos.
"Eu sempre tento ir secando o suor para não ficar coçando, mas não deixo a alergia me limitar", diz.
Ainda segundo Flávia, os médicos disseram que assim como a urticária aquagênica surgiu repentinamente, ela também pode desaparecer com o passar dos anos.
"Como é uma alergia que desenvolvi ao longo da vida, não tenho desde criança, os médicos explicaram que ela também pode sumiralgum momento da minha vida. Mas isso só vou descobrir com o passar do tempo. Ninguém da minha família tem e foi algo bem novo para todos nós", acrescenta.
O que é a urticária aquagênica?
A urticária aquagênica nada mais é do que uma reação alérgica que surge na pele quando a mesma entracontato com a água, independentemente da temperatura fria ou quente e se a água é doce, salgada, filtrada ou não.
Assim como outras alergias, ela causa vermelhidão na pele, inchaço, coceira intensa e pode surgir pequenas bolinhas – semelhantes à picadainsetos. Essas lesões e sintomas costumam desaparecer30 a 60 minutos após a pele ser seca.
Essas lesões surgem porque o organismo da pessoa que possui a doença identifica a água como uma substância estranha e para se proteger, o sistema imunológico produz anticorpos.
Assim, as células da pele liberam substâncias químicas causando a dilatação dos vasos sanguíneos gerando a vermelhidão, coceira e inchaço da pele.
"A urticária aquagênica é uma doença rara, por isso os dados e estudos sobre ela são escassos. A prevalência é maiormulheres, com o início da doença ocorrendo durante a puberdade ou pós-puberdade devido à imaturidade do sistema imunológico. No entanto, ainda não há uma explicação conclusiva do porquê ela atinge mais esse público", explica Gabriela Andrade Coelho Dias, membro do Departamento CientíficoUrticária da ASBAI (Associação BrasileiraAlergia e Imunologia).
Em situações mais graves, este tipoalergia também pode causar sintomas como faltaar e sensaçãofechamento da garganta.
"É preciso observar se essas lesões evoluem para inchaços nos lábios e gargantas, o que pode indicar um quadro mais grave da doença, devendo então o paciente procurar um pronto atendimento", alerta Reinaldo Tovo, coordenador do NúcleoDermatologia do Hospital Sírio-Libanês.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da doença é feito por um dermatologista atravéstestes e exames clínicos, sendo o mais comum deles o testeprovocação com a água.
Nesse teste é colocada uma compressa embebidaágua a 35-37 °C ou soro fisiológico no tronco do paciente. Retira-se a compressa após cerca30 minutos, caso o paciente relate coceira ou se houver surgimentourticas no local o teste é considerado positivo.
Segundo os especialistas ouvidos pela BBC não há uma cura para a doença e o único tratamento para a urticária aquagênica é com o usoantialérgicos ou corticoides. Mas, assim como a Flávia é possível que o medicamento não surta efeito. O fator variaacordo com cada paciente.
"Como é impossível evitar contato com a água, muitas vezes o que se faz é receitar um anti-histamínico, conhecido popularmente como antialérgico. Assim, o paciente toma esse antialérgicoforma contínua, para tentar evitar novos surtos", diz Beni Grinblat, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.