Ruth Rocha,realsbet robô telegram'Marcelo, Marmelo, Martelo', fecha contrato até 108 anos: 'Não aguento fazer muita coisa, mas gosto muitorealsbet robô telegramescrever':realsbet robô telegram

Ruth sorrindo sentada dianterealsbet robô telegrammesa com vários livros

Crédito, Flávia Mantovani/BBC

Legenda da foto, Famíliarealsbet robô telegramRuth Rocha está mirando a internacionalização da obra da escritora, que já tem livros traduzidosrealsbet robô telegram25 idiomas

Autorarealsbet robô telegramclássicos como Marcelo, Marmelo, Martelo, O Reizinho Mandão e A Primavera da Lagarta, a escritora conversou com a BBC News Brasil na salarealsbet robô telegramsua casa, na cidaderealsbet robô telegramSão Paulo.

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Vestida com um conjuntorealsbet robô telegramcor clara, maquiada, com o cabelo grisalho muito bem penteado e óculos pretos modernos, Ruth driblou com humor e lucidez a dificuldaderealsbet robô telegramaudição e o cansaço físico e mental inerente à idade.

“Escrevo o que eu penso, o que eu sinto, mas eu não ensino muito, não. Eu conto as coisas que eu acho interessantes. Livro tem que ser interessante, divertido”, afirma Ruth.

Ela começou a conversa sentadarealsbet robô telegramuma cadeirarealsbet robô telegrambalanço, tomou café quenterealsbet robô telegramum só gole e, no final, se levantou para tirar fotosrealsbet robô telegramfrente a uma estante cheiarealsbet robô telegramlivros, prêmios e imagens da família.

Depois, sentou-serealsbet robô telegramuma mesa para mostrar um caderno cheiorealsbet robô telegramfrasesrealsbet robô telegramautores dos quais gosta e leu um poemarealsbet robô telegramLorenzo Stechetti, pseudônimo do italiano Olindo Guerrini.

Ruth e Mariana abraçadas e sorrindorealsbet robô telegramfrente a estanterealsbet robô telegramlivros

Crédito, Flávia Mantovani/BBC

Legenda da foto, Mariana Rocha, filharealsbet robô telegramRuth, fez a seleçãorealsbet robô telegramdez livros para o portfólio internacional da autora

Apesarrealsbet robô telegramter diminuído o ritmo, Ruth segue na ativa, com a ajuda da família.

Continua escrevendo livros, reeditando obras e firmando parcerias com artistas renomados, alémrealsbet robô telegramter renovado o contratorealsbet robô telegramexclusividade com a editora Salamandra, do grupo espanhol Santillana, por mais 15 anos.

Um dos lançamentos previstos ainda para este ano é Encontrorealsbet robô telegramHistórias (ed. Panini), um livrorealsbet robô telegramquadrinhos da Turma da Mônica junto com a Turma do Marcelo, personagem que o próprio Mauríciorealsbet robô telegramSousa quis desenhar.

A parceria inédita, que era um desejo antigo do quadrinista, foi anunciada na Bienal do Livrorealsbet robô telegramSão Paulorealsbet robô telegramsetembro.

Já a parceria com outro cartunista célebre, Caco Galhardo, renderá o título A Lebre e a Tartaruga, que fará parte dos Recontos bonitinhos (ed. Global), coleção com versõesrealsbet robô telegramcontos clássicosrealsbet robô telegramrimas e versos.

Fotorealsbet robô telegrampretorealsbet robô telegrambrancorealsbet robô telegramRuth sentadarealsbet robô telegramuma cadeira lendo um livro para duas crianças. No fundo, outras duas crianças olham para o livro.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ruth, Mariana e primas

Para o ano que vem, a famíliarealsbet robô telegramRuth prepara o relançamentorealsbet robô telegramdez livros já existentes da escritora, remodeladosrealsbet robô telegramformato premium e com ilustrações inéditas.

“Um dos trabalhos que eu faço é buscar ilustradores novos, com mais diversidade também, para incluir na obra dela”, afirma Mariana Rocha,realsbet robô telegramfilha.

Fotorealsbet robô telegrampreto e brancorealsbet robô telegramduas mulheres sentadasrealsbet robô telegramuma mesa e Ruth,realsbet robô telegrampé, segurando um livro. Todas estão sorrindo.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ana Maria Machado, Ruth e Esther Machado

É Mariana quem comanda um esforço pela internacionalização da obra da mãe, que já recebeu um dos maiores reconhecimentos mundiais da literatura infantil, ao ser incluída na Listarealsbet robô telegramHonra do Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel do gênero.

Neste ano, Marcelo, Marmelo, Martelo, o maior best-sellerrealsbet robô telegramRuth, foi publicado nos Estados Unidos — com o nome Marcelo Martello Marshmallow — erealsbet robô telegramPortugal.

Para o portfólio internacional, Mariana Rocha fez uma seleçãorealsbet robô telegramdez livros que considerou mais universais.

Ela vê os países da América Latina e os Estados Unidos como especialmente promissores, mas também pensarealsbet robô telegrammercados mais longínquos.

No dia da entrevista, no iníciorealsbet robô telegramnovembro, por exemplo, a agente que representa Ruth estava na feirarealsbet robô telegramSharjah, nos Emirados Árabes Unidos.

Fotorealsbet robô telegrampreto e brancorealsbet robô telegramuma mulher jovem, sentada à beirarealsbet robô telegramuma piscina.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ruth aos 15 anos

'Envelhecer é muito chato'

Hoje, um problemarealsbet robô telegramvisão dificulta a capacidaderealsbet robô telegramleiturarealsbet robô telegramRuth, mas a literatura continua sendorealsbet robô telegramcompanheira graças à irmã Rilda e ao neto Pedro, que leem para ela — Rilda, todos os dias, durante uma hora, por telefone; Pedro, pessoalmente, duas vezes por semana.

"Não fico sem livros na vida", diz a escritora.

Com Rilda, já foram maisrealsbet robô telegram70 obras lidas. Com Pedro, 13, sendo que cinco são do mesmo autor, Ítalo Calvino.

O neto costuma postar vídeos no TikTok falando das obras que lê com a avó e recebe enxurradasrealsbet robô telegramcomentáriosrealsbet robô telegramfãsrealsbet robô telegramRuth.

"Ele lê muito bem, é muito expressivo. Agora, estamos lendo contos do [Ernest] Hemingway. Cem anosrealsbet robô telegramsolidão [de Gabriel García Márquez] eu já tinha lido e ele releu para mim, adorei", diz Ruth.

Para Ruth, "envelhecer é muito chato".

"Não tenho a mesma alegriarealsbet robô telegramfazer coisas, estou mais fraca, não saio muito. Mas sou feliz. Tenho uma família ótima, tenho saúde, me sinto bem."

Ruth e Pedro sorrindo, abraçados,realsbet robô telegramfrente a estanterealsbet robô telegramlivros

Crédito, Flávia Mantovani/BBC

Legenda da foto, O neto Pedro ajuda Ruth a ler, duas vezes por semana

Para Ruth, crianças continuam gostandorealsbet robô telegramlivros, mesmo com o apelorealsbet robô telegramcelulares e outras telas. Sua sugestão para incentivar o amor pela literatura é começar despertando o gosto pela língua.

"É importante conversar com as crianças desde que elas são pequenininhas, cantar, falar poesia, trocar ideias", diz.

Era assim que ela fazia com Mariana, filha únicarealsbet robô telegramRuth com o empresário e ilustrador Eduardo Rocha, com quem a escritora foi casada até ele morrer,realsbet robô telegram2012.

"Minha filha queria saber coisas diferentes. Ela dizia: ‘Eu quero a história dessa coisarealsbet robô telegramvidro aqui. A história daquele vaso,realsbet robô telegramum cinzeiro, das estrelas’. Eu não sabia, mas ficava inventando."

Outra recomendaçãorealsbet robô telegramRuth é que os pais cultivem o próprio hábitorealsbet robô telegramleitura.

"Leitura também é exemplo. As crianças gostamrealsbet robô telegrambrincarrealsbet robô telegramadulto. Elas brincamrealsbet robô telegrammédico,realsbet robô telegrampirata,realsbet robô telegramaviador. Se ela vê os adultos lendo livros, vai querer imitá-los."

Fotorealsbet robô telegrampreto e brancorealsbet robô telegramtrês meninas olhando o jornal

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ruth, Rilda e uma amiga

Obra atravessada pela ditadura e pela covid-19

Quatro livrosrealsbet robô telegramRuth Rocha sobre a mesa

Crédito, Flávia Mantovani/BBC

Legenda da foto, Ruth Rocha tem maisrealsbet robô telegram200 livros publicados e 40 milhõesrealsbet robô telegramexemplares vendidos
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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladarealsbet robô telegramcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa

Em dezembrorealsbet robô telegram2023, Ruth lançou O Grande Livro dos Macacos, com curiosidades sobre esses animais e sobre a Teoria da Evoluçãorealsbet robô telegramCharles Darwin.

Foi, diz a filha Mariana, uma formarealsbet robô telegramse contrapor ao negacionismo da ciência que angustiava a escritora durante a pandemiarealsbet robô telegramcovid-19 — ela dedicou o livro aos cientistas.

Duas das páginas trazem desenhosrealsbet robô telegramMiguel, netorealsbet robô telegramRuth, que é designer. "Ele não faz esse tiporealsbet robô telegramdesenho, fez porque eu pedi", diz a avó, orgulhosa.

A indignação com questões políticas e sociais foi pontorealsbet robô telegrampartida para as históriasrealsbet robô telegramRuthrealsbet robô telegramoutros momentosrealsbet robô telegramsua carreira.

Livros como O Reizinho Mandão, por exemplo, criticavam o autoritarismorealsbet robô telegramplena ditadura militar, mas não chamavam a atenção dos órgãosrealsbet robô telegramcensura.

“Ninguém levava muito a sério literatura infantil, achavam que era bobagem”, diz Ruth.

Ela lembrarealsbet robô telegramquando, ainda na ditadura, recebeu um prêmio diretamente das mãosrealsbet robô telegramum ministro da Educação por outra obra que tocavarealsbet robô telegramassuntos como poder e democracia: O rei que não sabiarealsbet robô telegramnada.

Se os livros sobre governantes autoritários enganaram os censores, não passaram batido pelas crianças.

Ruth sorrindorealsbet robô telegramescritório,realsbet robô telegramfotorealsbet robô telegrampreto e branco

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ruth Rocha começou a escrever histórias infantis na revista Recreio

Ruth conta querealsbet robô telegramuma ocasião, após contar a históriarealsbet robô telegramO Reizinho Mandão, um pequeno leitor disse a ela: “Mas esse é o presidente da República!”.

Ela tentou disfarçar. "Eu falei: ‘Não, imagina, é um irmão mandão, um pai mandão’. Aí ele perguntou: ‘Você não tem medo da polícia?’ Respondi que sim, tinha muito medo."

Formadarealsbet robô telegramCiências Políticas e Sociais pela Escolarealsbet robô telegramSociologia e Políticarealsbet robô telegramSão Paulo, Ruth começou a escrever histórias infantis a pedidorealsbet robô telegramuma amiga, Sonia Robatto, diretora da Recreio — revista da editora Abril que a própria Ruth dirigiu posteriormente.

A sugestãorealsbet robô telegramSonia foi bastante veemente.

“Ela queria que eu fizesse uma história. Eu falava: eu conto histórias para a Mariana, mas eu não sei contar outras histórias. Ela ficava: conta, conta, conta, conta. Até que um dia, ela me trancou na casa dela. E eu sentei e escrevi”, lembra Ruth.

Essa primeira história que Ruth publicou, até hoje muito conhecida dos leitores, érealsbet robô telegramversão do clássico Romeu e Julieta com duas borboletas como personagens: uma azul e uma amarela, que não podiam brincar juntas por terem cores diferentes.

Era, segundo ela, uma formarealsbet robô telegramabordar o preconceito sem perder a fantasia e a ludicidaderealsbet robô telegramuma boa história infantil, característica que acompanhou a escrita da autora ao longorealsbet robô telegramsua carreira.

“Os livros dela agradam demais aos professores, são adotadosrealsbet robô telegrammassa pelas escolas e às vezes as pessoas querem colocar como educativo”, diz Mariana.

"É um trabalho que inspira conhecimento e transformação, mas ela sempre fala: minha obra não é didática."

Ruth afirma querealsbet robô telegramintenção é despertar nas crianças o mesmo prazer pela literatura que ela tem desderealsbet robô telegraminfância, quando ouvia histórias contadas por seus pais e avós e pegava livros emprestados toda semanarealsbet robô telegramuma biblioteca.

"A vida inteira eu tinha muitas ideias. Eu estava escrevendo uma história e já saía com três ideias para escrever, ficava com aquilo na cabeça", conta.

De suas 218 obras, ela diz que não tem uma favorita, mas admite que algumas são especiais, citando Marcelo, Marmelo, Martelo, Quando eu comecei a crescer e Um cantinho só pra mim.

Fotorealsbet robô telegrampreto e brancorealsbet robô telegramRuth sentadarealsbet robô telegramum gramado, com Mariana, uma criança pequenarealsbet robô telegrampé.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ruth e Mariana

Esses dois últimos têm um forte teor autobiográfico, segundo Mariana.

"Minha mãe é muito faladeira e sociável, mas ela curte muito também ficar sozinha, ter momentosrealsbet robô telegramquietude, no mundo dela, pensando na vida", aponta a filharealsbet robô telegramRuth.

"Acho que isso também propiciou a criação, a imersão no mundo da Imaginação."

Mariana conta que recebe muitas manifestaçõesrealsbet robô telegramcarinhorealsbet robô telegramleitoresrealsbet robô telegramdiferentes gerações.

"Minha mãe fez parte da infância e do crescimentorealsbet robô telegrammuita gente. Pessoas falam que a literatura dela transformou suas vidas, porque mostrou uma amplituderealsbet robô telegrampossibilidades para o ser humano se desenvolver", diz Mariana.

"Tem gente que chora e eu choro junto. É muito bonito."

Apesar das mudanças trazidas pela velhice, Ruth continua escrevendo — à mão,realsbet robô telegrampranchetas.

Ela acabourealsbet robô telegramterminar uma obra que chamourealsbet robô telegramHistórias pequeninasrealsbet robô telegramgente pequenina e está trabalhandorealsbet robô telegramum texto com uma nova versão do contorealsbet robô telegramCinderela.

“Não aguento fazer muita coisa, mas eu gosto muito [de escrever]. É a minha vida."