Mauriciosoccer pro betSousa se emociona ao falarsoccer pro betfilho e diz que discute personagem gay com roteiristas:soccer pro bet

Mauriciosoccer pro betSousa sentadosoccer pro betsofá segurando bonecossoccer pro betpersonagens da turma da Mônica

Crédito, Caio Gallucci/ Divulgação

Legenda da foto, Cartunista diz que há estudossoccer pro betandamento para a criaçãosoccer pro betum personagem gay na Turma da Mônica

A obra foi distribuída antecipadamente a todos os confradessoccer pro betMauricio na Academia Paulistasoccer pro betLetras (APL), entidade da qual ele é membro desde 2011. "Fiquei muito orgulhoso porque o livro foi elogiado. Os acadêmicos, todos eles, escritores e literatos, pegaram o livrinho e disseram: 'nossa, que caminho você tomou agora, que beleza, faça mais assim…'. Eu fiquei muito orgulhososoccer pro betmim mesmo", diz o quadrinista.

"O que está acontecendo com nosso planeta é um escândalo. Realmente, a gente está ficando assustado com esse negóciosoccer pro beto mar cheiosoccer pro betplástico, os incêndios, a Amazônia sendo devastada, o Pantanal secando… Isso é o fim do mundo. O que que é isso? E o que está faltando para começar a acontecer um retorno nesse negócio todo?", preocupa-se Mauricio.

Para ele, a resposta está na melhoria da educação. Ele defende melhoria na estrutura das escolas, professores mais respeitados e melhor remunerados. "Conhecimento, realmente. E nós estamos com faltasoccer pro betconhecimento,soccer pro betbons métodossoccer pro betensino… A conscientização do ser humano, do homem e da mulher, vem do comecinho da vida", acrescenta.

E que noçõessoccer pro betpreservação ambiental sejam ensinadas desde a tenra idade. "Quando faz dois anos já está precisando começar a ouvir coisas sobre o meio ambiente, o cuidado com a natureza, o cuidado com o mato, a mata, a água, com o próprio corpo. Está tudo meio esquecidão, a pessoa não está entendendo bem, principalmente numa pandemia como essa que desmoronou uma sériesoccer pro betconceitos e tudo o mais. É assustador", comenta.

Mauriciosoccer pro betSousa concedendo entrevista via Skype à BBC

Crédito, Reprodução Skype

Legenda da foto, Mauriciosoccer pro betSousa conversou por 1 hora com a BBC via Skype

Sou Um Rio parte das reminiscências da infânciasoccer pro betMauriciosoccer pro betSousa, um menino que nasceusoccer pro betSanta Isabel e cresceusoccer pro betMogi das Cruzes, no interior paulista. Ele recorda do "meu Tietê limpo, onde nadava e ia pescar". E compara com "nosso Tietê hoje, uma nojeira quando passa por São Paulo".

"Depois, lá adiante, depois que pega uns vegetais que comem a sujeira, comem a poluição, o rio fica mais limposoccer pro betnovo. A maioria dos rios está contaminada. Pior ainda, os garimpos jogam produtos que envenenam os peixes, a invasão dos garimpos na Amazônia é mais uma facada na água que era limpa", diz ainda.

"Eu não estou doentiamente preocupado [em fazer coisassoccer pro betprol do meio ambiente], eu estou fortemente decidido. É diferente. Vamos continuar fazendo isso e usando nossas armas todas. Armas no bom sentido, que são os personagens, a retórica, a maneirasoccer pro betfazer livrinhos como este que vão pingando, pingando a informação para o pessoal, sensibilizando", manifesta-se.

Ideologias, democracia e Jair Bolsonaro

No Brasil polarizadosoccer pro bethojesoccer pro betdia, defender o meio ambiente é pedir para ser tachadosoccer pro betoposição ao governosoccer pro betJair Bolsonaro. Mauricio sabe onde está pisando. Mas, mantendo a postura que construiu ao longosoccer pro betsua longa carreira — asoccer pro betnão se posicionar politicamente —, pisa com cuidado, como se fosse um Cascão procurando as pedras certas para atravessar um riacho sem se molhar.

Contudo, falarsoccer pro betmeio ambiente não é também se expressar politicamente? "Você pode entender dessa maneira. A políticasoccer pro betguerra não me atrai. A políticasoccer pro betconjugação,soccer pro betalguma maneira, que deve ser positiva porque também informativa, ter seus objetivos humanitários, sociais, um montesoccer pro betobjetivos… A política não é uma coisa ruim", explica ele.

"O pessoal é que está entendendo mal o usosoccer pro betalgumas áreas políticas… Nessas horas eu prefiro voltar para a Turminha da Mônica. Faço brincadeiras para desanuviar a cabeça do pessoal, e até das crianças que ficam na frente da televisão vendo desde cedo algumas coisas que não estão entendendo bem", desconversa. "Ou estão entendendosoccer pro betalguma maneira. Vamos tersoccer pro betfalarsoccer pro beteducação muito também. Não sósoccer pro betmeio ambiente. Vamos falarsoccer pro beteducação também."

Mauricio promete, contudo, se manter firme na defesasoccer pro betseu discurso mesmo se atrair hordassoccer pro bethaters nas redes sociais. Aí, para ele, a questão tem outro nome: democracia e liberdadesoccer pro betexpressão. "Eu simplesmente vou ignorar [críticas pelo seu posicionamentosoccer pro betdefesa do meio ambiente]", enfatiza. "Eu tenho meus princípios aqui e as pessoas também têm seus princípios. Estamossoccer pro betum momentosoccer pro betque a gente temsoccer pro betrespeitar muito a democracia, a liberdadesoccer pro betexpressão, a liberdadesoccer pro betopinião, e tudo o mais. Eu vou usar minha liberdade para falar o que eu acho que é importante."

De olho nas discussões que devem ser travadas na Conferência da ONU sobre o Clima, a COP-26, ele acredita que lançar o livro agora é também somarsoccer pro betvoz nesse contexto. E diz que não quer pararsoccer pro betmeter o bedelho na questão: no futuro, a Mauriciosoccer pro betSousa Produções deve publicar mais e mais obras a respeito do tema. "É uma coisa que eu tenhosoccer pro betfazer", diz. "Quero ainda botar o Chico Bento no cinema falando nisso."

Minorias representadas

Trazer questões ambientais para suas obras não é necessariamente uma novidade. Mensagens do tipo vem aparecendo cada vez mais nas historinhas para crianças. É perceptível também o esforçosoccer pro betse incluir representantessoccer pro betgrupos minoritários, seja nos enredos, seja como novos personagens.

Mauriciosoccer pro betSousa

Crédito, Caio Gallucci/ Divulgação

Mauricio diz que não existe um manual para quesoccer pro betequipe trate dessas questões. Ativosoccer pro bettodo o processo, o manual é,soccer pro betcerta forma, ele mesmo. "Eu converso com o pessoal. Afinalsoccer pro betcontas, estamos há 50 anos brincandosoccer pro betfazer históriassoccer pro betquadrinhos e com bons resultados. Maissoccer pro betmeio século. Isso não existe no Brasil e no mundo. Por causasoccer pro betuma linha filosófica que eu botei na nossa produção desde o início e que foi passandosoccer pro betdesenhista para desenhista,soccer pro betroteirista para roteirista, com o olho gordo do dono", argumenta.

"Eu falo muito para o pessoal. Oriento muito o pessoal. E tenho ao meu lado a Alice Takeda, minha mulher [e diretorasoccer pro betarte da Mauriciosoccer pro betSousa Produções], que tem os mesmos pensamentos do que eu", conta. "Fizemos uma dupla que está incrivelmente unida na filosofia não só do meio ambiente mas também na filosofia comportamental da criançada e dos adultos que leem as nossas histórias."

Considerado seu alter ego, o personagem Horácio, cuja obra completa está sendo lançadasoccer pro betvolumes especiais, resume bem esses princípios. "[Ele] espelha essas preocupações", diz Mauricio. "[Em suas tirinhas] tem racismo, tem alguma coisa ligada ao meio ambiente, tem a filosofiasoccer pro betvida dele. Que é muito legalzinho, bacana, faz o bem para todo mundo e se arrebentasoccer pro betvezsoccer pro betquando, é a vida real."

Segundo ele, essa inclusãosoccer pro betminorias é um processo consciente e feito com muito planejamento. "Não veiosoccer pro betqualquer maneira, não. Chegou um diasoccer pro betque eu me dei conta que eu fazia histórias baseadas na minha infância, e na minha infância havia diversos garotos, moleques que jogavam bola comigo e que tinham algum tiposoccer pro betdeficiência. A gente brincava e brigava do mesmo jeito. Estava faltando na minha história esse lado que eu vivi e que estava esquecendo", comenta.

"Comecei a estudar os tipossoccer pro betdeficiência que havia e fui criando personagens. Para isso, tivesoccer pro betestudar muito, convidar crianças e jovens para que me falassem sobre como eles resolviam seus problemas, como um cadeirante atravessava a rua, quais cuidados tinhasoccer pro better a menina cega… Me deparei com um grupo ativo, corajoso, bem-humorado, resolvendo problemas. E tudo isso eu pude passar com meus personagens", relata. "Tudo para não botar nas minhas histórias preconceitos que, sem querer, a gente pega desde criança e arrasta na vida da gente. Pega desde criança e gruda maldosamente na gente. Foi uma coisa planejada. Tudo isso está na minha cabeça rolando."

Embora ele comece enfatizando os deficientes, não é o único grupo a ganhar destaque. Caso emblemático é da personagem Milena, uma criança negra que faz sucesso grande desde que foi lançada,soccer pro bet2019. "Ela é a personagem que mais estourou no lançamento", confirma Mauricio. "Agorasoccer pro betdezembro vamos lançar o segundo filme [live-action] da Turma da Mônica ['Turma da Mônica: Lições'] e a Milena será uma das estrelas. Está todo mundo apaixonado pela Milena. E acho que no cinema vai acontecer o que já está acontecendo com as históriassoccer pro betquadrinhos."

De acordo com o quadrinista, "não há limite" para criar personagens assim. "Dependesoccer pro betcoragem, tempo, vontade e foco", resume.

Futuro personagem gay

Não ésoccer pro bethoje que ele vem sendo provocado com a ideiasoccer pro betum personagem homossexual. Se no universo da Turma da Mônica os personagens infantis não são sexualizados, alguém com tal orientação poderia aparecer na Turma da Mônica Jovem, por exemplo. Ou, considerando a turminha original, tal grupo minoritário poderia ser representado pelos adultos — por exemplo, com um personagem sendo filhosoccer pro betum casal gay.

Ideias do público não faltam mas sempre Mauricio procura tratar o tema com cautela. Desta vez, ele falou mais abertamente sobre o eventual projeto. "Vem vindo aí… Estou esperando um pouquinho que esteja cada vez mais aceita a posição do gay, principalmente. Eu tenho um filho, bem, que se assume [homossexual] e eu adoro meu filho [Mauro Sousa, diretorsoccer pro betespetáculos, parques e eventos da Mauriciosoccer pro betSousa Produções]. Ele cuidasoccer pro betuma parte tão importante [da empresa], que é asoccer pro betshows e espetáculos. E dá um nó no pessoal que já tem mais idade e mais experiência", comenta.

"Estamos discutindo isso, sim. Estamos discutindo com os roteiristas, com o Mauro, com o pessoal próximo da gente aí para que haja um personagem positivo. Em todos os sentidos", completa. E então, visivelmente emocionado, começa a falar do filho. "Afinalsoccer pro betcontas, quando eu tomei café uma vez com o Mauro e o marido dele, abri a janela, né?", lembra. O quadrinista postou uma foto tomando café com o casal,soccer pro betmaiosoccer pro bet2019, emsoccer pro betconta no Instagram. "Porque aí as pessoas viram que eu estou junto com meu filho", contextualiza.

Com a voz um pouco embargada, Mauricio diz que quando Mauro revelou a ele a orientação sexual a notícia foi recebidasoccer pro betforma "natural".

"Em casa foi natural", repete. "Eu acho que [para ele também], pelo que ele falou. Ele se abriu comigo também. E nos entendemos muito bem, sempre. Com meus filhos eu me entendo sempre muito bem. Esse caso foi meio diferente mas também foi uma experiência muito interessante e agradável, porque é a porta da vida e da felicidade. Realização também."

"Não pode haver obstáculos para sensações. É uma maneira, uma atitude, é uma palavra que me foge agora…", hesita, como que medindo as palavras. "De comportamento… Também não é comportamento, me foge a palavra. Massoccer pro betqualquer maneira, acho que todos nós temos o direitosoccer pro betviver o que nos é agradável, necessário e nos faz bem. Mas, principalmente, se faz bem para maissoccer pro betum, é melhor ainda. Acho que foi uma experiência muito boa para mim também."

A reportagem lembra a Mauricio quesoccer pro bet2017, quando foi entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, a resposta que ele deu à pergunta sobre um possível personagem homossexual foi bem mais reticente. Podemos avaliar que houve uma mudança pessoalsoccer pro betpostura? "Aprendemos todo dia. Com os relacionamentos da gente. Não só com a família, mas com a sociedade, realmente a gente aprende todo dia. O aprendizado temsoccer pro betser legal para você, senão fica mal, fica pesando na cabeça", comenta.

Educação

Atento ao noticiário, não se furta a comentar, com seu inconfundível bom humor, notícias recentes. Vê semelhanças no atual movimentosoccer pro betturismo espacial com as aventurassoccer pro betseu personagem Astronauta. "Lamento só que minha idade não me permite voar com esses corajosos", afirma. "Mas agora estão colocando um cara com maissoccer pro bet90 anos [o ator William Shatner, que interpretou Capitão Kirk na série Star Trek]. Então quero cuidar da minha saúde porque,soccer pro betrepente, com maissoccer pro bet100 anos estou lá olhando a Terrasoccer pro betcima. Por que não?"

Mas o papo fica sério quando ele critica a qualidade da educação pública brasileiro. Fala com a autoridadesoccer pro betquem acabou, ainda que não fosse essa intenção, "alfabetizando" geraçõessoccer pro betbrasileiros com seus gibizinhos. "Minha briga com a educação formal no Brasil, governamental, minha briga é velha. Não concordo com algumas coisas que são colocadas no currículo e não sou especializado nisso. Massoccer pro betprimeiro lugar deviam pagar melhor os professores, tratar melhor os professores. Em segundo, ter mais cuidado, até físico, com as escolas", aponta.

"É ridículo a gente ver o estado, às vezes, como algumas escolas estão funcionando, recebendo os alunos. Depois ainda veio essa porcariasoccer pro betpandemia que aqui ou ali afastou as crianças da escola, vão perder um ano, dois anos, três anossoccer pro betvida intelectual. Um absurdo o que está acontecendo", comenta. "Temossoccer pro betbrigar pela educação adequada, correta, com objetivo, com foco e tudo o mais. Eu quero ajudar, colaborar. Dar a força que temossoccer pro betcomunicação. Eu quero das as mãos para a educação formal, para que a gente possa ajudar também nisso."

Mauricio tem consciênciasoccer pro betque as históriassoccer pro betquadrinhos podem ser a portasoccer pro betentrada para o mundo da literatura. "Eu aprendi a ler com gibi. Minha mãe me ensinou a ler no gibi. E nunca mais parei, porque eu comecei a ler no gibi, depoissoccer pro betalgum tempo, o pessoal precisa entender, depoissoccer pro betalgum tempo que você lê gibi você quer ler alguma coisa mais profunda", diz. "Aí você entra no livro, no livrão, no clássico e tudo o mais. Aí entrasoccer pro betoutros idiomas também para ler os livros. É uma magia. A leitura é uma magia, contagia e leva a gente adiante para o objetivo que você quiser. É um caminho sem volta, felizmente."

Pandemia e a reconstrução do mundo

Na entrevista com a BBC News Brasil, Mauricio estava emsoccer pro betcasa na zona oestesoccer pro betSão Paulo. Ésoccer pro betlá que tem trabalhado desde o início da pandemiasoccer pro betcovid-19.

"Toda essa tragédia também trouxe um aprendizadosoccer pro betsobrevivência. Não sósoccer pro betsobrevivência por causa da doença. Mas sobrevivência social. É um aprendizado social, familiar. Tanto quesoccer pro betalguns aprendizados há divórcios,soccer pro betalguns há aproximação", avalia.

"No meu caso, felizmente, está muito aproximado. Eu e minha mulher criamos alguns hábitos que não tínhamos, tomamos café da tarde juntos, brindamos quando vamos almoçar, jantar. Agradecemos pela comida, por tudo o que está acontecendo, pela segurança que temos e tivemos até agora, com todos os cuidados."

"Um dos mais notáveis [aprendizados] é você trabalharsoccer pro betcasa. No meu estúdio, os artistas trabalham sozinhos, ninguém trabalhasoccer pro betdupla. Aí [quando a pandemia chegou ao Brasil] todo mundo foi trabalharsoccer pro betcasa. E a produção aumentou. [As pessoas] economizaram três, quatro horassoccer pro bettrânsito", analisa ele. "Meu estúdio agora é um estúdio vazio. Lindo. Mas vazio. Agora está começando a ondasoccer pro betpoder voltar aos poucos, com os cuidados devidos. Sigo duvidando que todos queiram voltar ao estúdio, porque muitos se acostumaram com a vida caseira. Eu estou aguardando o que vai acontecer. O que quer que aconteça, nós vamos nos adaptar. Eu tenhosoccer pro betme adaptar também, como presidente da empresa."

Esquiva-se, entretanto,soccer pro betcomentar a atuação do presidente Jair Bolsonaro, criticado internacionalmente, frente à pandemia. "Estou acompanhando logicamente tudo isso que está acontecendo. Leio dois jornais, todas as revistas semanais, estou bem informado. Mas prefiro, principalmentesoccer pro betum veículosoccer pro betcomunicação, não entrar nesse assunto", tergiversa.

No pós-pandemia, prevê uma "corrida para reformarmos o mundo".

"Eu estou nessa também", promete. "Estarei com minha pazinha lá. Ou jogando uma tinta legal na parede do mundo. Eu acredito que depois dessa sova que a gente levou do destino, as pessoas vão se humanizar um pouco mais, vão ter mais cuidado com a saúde, ensinar para as crianças e os jovens alguma formasoccer pro betcomportamento mais cuidadoso. Acho que vai haver uma reforma, um cuidado maior. Porque a surra que a gente levou foi muito forte."

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