'Slow living': por que 'não fazer nada' é bom para a saúde:jogo grátis jogo grátis

Esta hashtag já foi usada maisjogo grátis jogo grátisseis milhõesjogo grátis jogo grátisvezes no Instagram — embora postar conteúdo nas redes sociais seja uma contradição dos princípiosjogo grátis jogo grátisum estilojogo grátis jogo grátisvida consciente e sustentável,jogo grátis jogo grátisque o tempojogo grátis jogo grátisfrente às telas é consideravelmente reduzido.

Já a Geração Z (os nascidos entre 1995 e 2010) é pioneira nos conceitosjogo grátis jogo grátis"demissão silenciosa" e "lazy girls jobs", "empregosjogo grátis jogo grátismeninas preguiçosas" expressão que bombou no TikTok e se refere a empregos remotos que causam pouco estresse.

Nestes casos, as pessoas fazem o mínimo possível no trabalho, preservandojogo grátis jogo grátisenergia para outras atividades, como hobbies, relacionamentos ou autocuidado.

E o desejojogo grátis jogo grátistrabalhar menos parece atrair pessoasjogo grátis jogo grátistodas as gerações. No Reino Unido, por exemplo, vem ganhando muita força a ideia da semanajogo grátis jogo grátistrabalhojogo grátis jogo grátisquatro dias.

Emma Gannon conhece bem este assunto. Escritora prolífica, podcaster e ativa na plataforma Substack, ela publicou recentemente o livro A Year of Nothing ("Um anojogo grátis jogo grátisnada",jogo grátis jogo grátistradução literal), que é o seu relatojogo grátis jogo grátis12 meses completosjogo grátis jogo grátisdescanso.

A obra esgotou rapidamente e já ganhou uma segunda edição.

Gannon foi obrigada a optar pelo períodojogo grátis jogo grátisdescanso, não por uma escolhajogo grátis jogo grátisvida, mas por ter sofrido um burnout no trabalho.

A Year of Nothing acompanhajogo grátis jogo grátisjornada para recuperar a saúde apostandojogo grátis jogo grátis atividades tranquilas, como escrever um diário, assistir à TV matinal, observar pássaros e nadar.

A autora já havia se confrontado com as armadilhas da luta implacável pelo sucesso como mulher empreendedora dos anos 2010, no livro, "The Success Myth: Letting Go of Having It All" ("O mito do sucesso: desistindojogo grátis jogo grátister tudo",jogo grátis jogo grátistradução literal).

Mas foi a experiência do completo burnout que a forçou a realmente confrontar a importância do repouso.

"Olhando para trás, surgiram muitos alertas", relembra ela. "Eu me sentia muito confusa, tinha doresjogo grátis jogo grátiscabeça latejantes, não conseguia me concentrar nas coisas, eram sinais muito assustadores. Mas eu os ignorava, [pensando]: 'estou ocupada, preciso continuar'."

Até que,jogo grátis jogo grátis2022, seu corpo entroujogo grátis jogo grátismodojogo grátis jogo grátisdesligamento forçado.

"Eu não conseguia olhar para o celular, não conseguia olhar para a tela, não conseguia andar pela rua,jogo grátis jogo grátistão fraca", ela conta. "Eu vi que não dava para seguir desse jeito, tinha que parar."

"Muitas pessoas com burnout crônico precisam chegar a esse ponto para se desligarem [do trabalho], pois estamos muito condicionados a avançar a todo custo nesta sociedade."

Mas, na verdade, "somos projetados para tirar cochilos e [caminhar no] parque", prossegue Gannon. "Ir nadar, olhar para o céu. Isso é muito importante."

Hoje, ela está decidida a transformar as lições do seu burnout ejogo grátis jogo grátisrecuperaçãojogo grátis jogo grátisuma vida mais lenta e confortável. "Nada vale mais quejogo grátis jogo grátissaúde."

Desacelerar está na moda

Gannon certamente não está sozinha. Uma rápida busca nas prateleirasjogo grátis jogo grátisautoajuda ou filosofia popularjogo grátis jogo grátissua biblioteca ou livraria preferida revela uma abundante safra florescentejogo grátis jogo grátislivros incentivando as pessoas a desacelerar.

Um exemplo é o livro Resista: Não Faça Nada: A Batalha pela Economia da Atenção (Ed. Latitude, 2021),jogo grátis jogo grátisJenny Odell, uma das sensaçõesjogo grátis jogo grátis2019.

Ele mostra aos nossos cérebros esgotados como a tecnologia sedenta por lucros e as redes sociais consomem nossa atenção e nos distraem. A autora defende reconfigurar a nossa consciência sobre o mundo natural à nossa volta e sobre o nosso próprio interior.

Odell também faz parte da ondajogo grátis jogo grátisautores que incentivam a resistência à ideiajogo grátis jogo grátisque vivemos "em um mundojogo grátis jogo grátisque o nosso valor é determinado pela nossa produtividade",jogo grátis jogo grátisque cada hora e cada minuto do nosso tempo devem ser aproveitados — se não no trabalho,jogo grátis jogo grátisalguma formajogo grátis jogo grátisautomelhoramento.

Essa resistência à pressão pela otimização permanente também se encontra no surpreendente e reconfortante livrojogo grátis jogo grátisOliver Burkeman "Quatro Mil Semanas: Gestãojogo grátis jogo grátisTempo para Mortais" (Ed. Objetiva, 2022).

Publicado originalmentejogo grátis jogo grátis2021, ele nos relembra que a vida é breve e nunca conseguiremos cumprir todos os itens da nossa listajogo grátis jogo grátiscoisas a fazer.

E,jogo grátis jogo grátisvezjogo grátis jogo grátisprocurarmos ser cada vez mais eficientes, o autor defende que devemos nos concentrar no que realmente importa, rejeitando o perfeccionismo e o completismo para vivermos mais plenamente no presente.

Parece que a ideiajogo grátis jogo grátisnão fazer nada está se espalhando. Talvez você já tenha observado a recente proliferaçãojogo grátis jogo grátislivros sobre niksen, termo holandês que significa "não fazer nada, intencionalmente".

O livro "Niksen: Abraçando a Arte Holandesajogo grátis jogo grátisNão Fazer Nada",jogo grátis jogo grátisOlga Mecking (Ed. Rocco, 2021), certamente chamou a atençãojogo grátis jogo grátismuita gente quando foi publicado, durante a pandemia. Ele foi seguido por outros nessa linha, como Hygge: O Segredo Dinamarquês para Viver Bem (Ed. Sextante, 2023).

Parece que nós adoramos receber conselhos práticos sobre o estilojogo grátis jogo grátisvidajogo grátis jogo grátispaíses do norte da Europa.

A própria palavra "descanso" agora está na moda. Publicadojogo grátis jogo grátis2022, o livro Pause, Rest, Be ("Pare, descanse, seja",jogo grátis jogo grátistradução livre), da professorajogo grátis jogo grátisioga Octavia Raheem, ajuda os leitores a atravessar grandes mudanças ou períodosjogo grátis jogo grátisincerteza, desacelerando e se voltando para o seu interior.

The Art of Rest ("A arte do descanso"),jogo grátis jogo grátisClaudia Hammond, também traz um lado prático. Seus capítulos descrevem as 10 atividades mais relaxantes identificadasjogo grátis jogo grátispesquisas globais.

O livro também defende a importância da desaceleração intencional, seja relaxando na banheira, lendo um livro ou passando algum tempo junto à natureza. Para a autora, "o descanso não é um luxo; é uma necessidade".

Já Inverno da Alma,jogo grátis jogo grátisKatherine May (Ed. Darkside, 2023), contajogo grátis jogo grátisforma lírica como a autora aprendeu a aceitar a sazonalidade da ociosidade - como se fosse uma estação do ano necessária.

"Desacelerar, aumentar seu tempo livre, dormir o suficiente... descansar, agora, [é considerado] um ato radical, mas é essencial", escreve a autora.

É verdade que, até pouco tempo atrás, muitos defendiam o repousojogo grátis jogo grátisnome da produtividade, como no livro Rest: Why You Get More Done When You Work Less ("Descanso: por que você consegue fazer mais quando trabalha menos",jogo grátis jogo grátistradução literal), lançadojogo grátis jogo grátis2016.

Hoje, estamos mais dispostos a defender o tempojogo grátis jogo grátisdescanso para benefício da nossa saúde mental, nosso bem-estar espiritual, do sensojogo grátis jogo grátisequilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e até, simplesmente, para nos divertirmos.

Estes livros não são todos iguais. Na verdade, existe um mundojogo grátis jogo grátisdistância entre as teorias radicais e muitas vezes acadêmicasjogo grátis jogo grátisJenny Odell — explícitas no seu anticapitalismo — e os agradáveis livrosjogo grátis jogo grátistons pastéis que nos incentivam a relaxar na banheira ou brincar com lápisjogo grátis jogo grátiscor.

Mas essa variedade por si só já mostra que o assunto interessa;. não é à toa que virou tendência no TikTok e gera tanto ensaios acadêmicos como livrosjogo grátis jogo grátisautoajudajogo grátis jogo grátisleitura mais simples.

Descanso radical

O que levou a esta reviravolta no mundo ocidental?

O motivo é simples: todos nós estamos apenas muito cansados.

Esta é a teoriajogo grátis jogo grátisGannon: "Todos estão extremamente cansados. Estamos todos lutandojogo grátis jogo grátisalguma forma para não deixar a peteca cair", conta ela à BBC. "Temos um corpo e uma mente que precisamjogo grátis jogo grátiscuidados e acho que, na verdade, não estamos fazendo [isso]."

A tecnologia é um fator importante. O fato é que poder responder e-mails no nosso celular não nos torna mais eficientes — apenas nos faz trabalhar mais.

A onipresença das redes sociais nos incentiva a documentar cada centímetro das nossas vidas, buscar conteúdo nelas e trabalhar continuamente para fortalecer nossa própria marca individual.

E o crescimento dos aplicativosjogo grátis jogo grátismonitoramento também transforma as atividadesjogo grátis jogo grátislazer, os exercícios e até as necessidades mais básicas da vida, como comer e dormir,jogo grátis jogo grátisdados que podem ser comparados e aprimorados. Você pode monitorar seu sono, registrar seu café da manhã, cronometrarjogo grátis jogo grátiscorrida, catalogar o filme a que você assistiu e acompanhar seu ciclo menstrual, por exemplo.

Para as muitas pessoas que começavam a se voltar contra a cultura do trabalho implacável, a pandemia foi uma revolução.

É claro que foi uma época terrível, sem oportunidadejogo grátis jogo grátisdescanso para muitas pessoas. Mas, para outras, o trabalho teve uma pausa ou, pela primeira vez, foi levado para casa.

Com isso, sem o deslocamento diário para o trabalho, muitos não tiveram outra escolha senão desacelerar - ou ficaram mesmo sem fazer nada. E assim, muita gente percebeu que não queria mais voltar ao ritmojogo grátis jogo grátisantes.

Pode também ser uma mudança geracional. Os millennials ficaram conhecidos como a geração do burnout. Eles foram criados para trabalhar duro para serem bem sucedidos e se formaram com uma montanhajogo grátis jogo grátisdívidas,jogo grátis jogo grátisum mundo instável após a crise financeirajogo grátis jogo grátis2007-2008. Esta combinação, como é bem documentado, representou um sério desafio para muitas pessoas.

Os livros que abordam explicitamente o burnout também se tornaram um grande negócio nos últimos anos. Eles incluem, por exemplo, obras que investigaram suas razões sociopolíticas, como Não Aguento Mais Não Aguentar Mais: Como os Millennials se Tornaram a Geração do Burnout ,jogo grátis jogo grátisAnne Helen Petersen (Ed. HarperCollins, 2021). O livro mostra como o capitalismo e a busca pelo lucro e a produtividade levaram aquela geração à exaustão.

Houve também guias práticos para superar a situação com repouso e reavaliação — como Burnout: O Segredo para Romper com o Ciclojogo grátis jogo grátisEstresse,jogo grátis jogo grátisEmily e Amelia Nagoski (Ed. BestSeller, 2020), ou Burnt Out: The Exhausted Person's Six-Step Guide to Thriving in a Fast-Paced World ("Esgotado: o guia da pessoa exaustajogo grátis jogo grátisseis etapas para ter sucessojogo grátis jogo grátisum mundo acelerado", sem ediçãojogo grátis jogo grátisportuguês),jogo grátis jogo grátisSelina Barker.

Detalhe: todos estes livros foram publicadosjogo grátis jogo grátis2020.

Gannon culpa os pais por este fenômeno geracional.

"Os baby boomers [nascidos entre cercajogo grátis jogo grátis1946 e 1964] são muito consumistas", destaca ela. "Estatisticamente, eles compram a maior parte da tecnologia, detêm a maior parte dos imóveis e adoram coisas como dinheiro e sucesso, enquanto geração."

"Acho que os filhos dos baby boomers, os millennials, quiseram basicamente impressioná-los. Eles ouviram: 'vá, conquiste, tenha sucesso e [seus pais] poderão então ter orgulhojogo grátis jogo grátisvocê'. É muito difícil nos livrarmos disso."

Para Gannon, o burnout crônico é, emjogo grátis jogo grátisorigem, o resultadojogo grátis jogo grátisviver no capitalismo global. E decidir viverjogo grátis jogo grátisritmo mais lento é uma reação contra a mentalidade aquisitiva, que nunca está satisfeita, promovida pelo capitalismo.

A autora espera que o movimento atual que nos faz deixarjogo grátis jogo grátissempre buscar mais coisas ou status,jogo grátis jogo grátisfavorjogo grátis jogo grátistermos mais tempo, possa ser um sinal saudável para a nossa sociedade.

"As pessoas realmente estão começando a entender que, se você tiver um teto sobre a cabeça e puder pagar suas contas, do que mais você precisa?", destaca ela.

É claro que esta questão traz um ponto importante. Todas as pessoas que escrevem sobre passar menos tempo trabalhando e mais tempo descansando parecem ser — como direi? — muito privilegiadas.

Emma Gannon publicou diversos livros que se tornaram best-sellers. Ela escreveu sobre como ganhar centenasjogo grátis jogo grátismilharesjogo grátis jogo grátisdólares anuais emjogo grátis jogo grátisnewsletter The Hyphen — que, na verdade, continuou mantendo durante o anojogo grátis jogo grátisque passou "sem fazer nada".

Jenny Odell era professora na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, quando escreveujogo grátis jogo grátisfavorjogo grátis jogo grátisnão fazer nada. E Katherine May,jogo grátis jogo grátisalguma forma, conseguiu simplesmente sair do emprego e educarjogo grátis jogo grátisfilhajogo grátis jogo grátiscasa, enquanto vivia o seu inverno ocioso.

Por outro lado, o slow living foi acusadojogo grátis jogo grátisse concentrar muitojogo grátis jogo grátisuma estéticajogo grátis jogo grátisestilojogo grátis jogo grátisvida pouco acessível para muitos. Por alguma razão, no Instagram, a hashtag conduz você para inúmeras fotosjogo grátis jogo grátiscasasjogo grátis jogo grátisfazenda, lindas mulheres brancas arrumando flores e muitas roupasjogo grátis jogo grátiscamajogo grátis jogo grátistons neutros e quentes.

Será que reduzir as atividades acaba se tornando apenas mais uma formajogo grátis jogo grátiscontar vantagem sobre seu estilojogo grátis jogo grátisvida? Afinal, muitas das atividadesjogo grátis jogo grátiscura descritas por Gannon custam dinheiro: retiros, reflexologia, coachersjogo grátis jogo grátisvida, inúmeros feriados, viagens e estadias.

Por isso, eu perguntei a ela o que fazer se você tem burnout porque está trabalhandojogo grátis jogo grátisdois empregos apenas para pagar as contas e não consegue tirar um tempo para descansar.

Gannon reconhece rapidamente como ela teve sorte por poder pararjogo grátis jogo grátistrabalhar. Mas ela insiste que se tratajogo grátis jogo grátisuma mentalidade - e que simplesmente se permitir tirar um dia ou uma semanajogo grátis jogo grátisdescanso pode ajudar.

Ela diz que vale a pena relembrar o velho ditado: as melhores coisas da vida sãojogo grátis jogo grátisgraça.

Gannon relembra um diajogo grátis jogo grátisque enfrentou muitas dificuldades com o burnout. Tudo o que ela conseguiu foi caminhar e comprar um buquêjogo grátis jogo grátisnarcisos por uma libra (cercajogo grátis jogo grátisR$ 7). O simples atojogo grátis jogo grátisesticar as pernas e colocar as belas flores amarelasjogo grátis jogo grátisum vaso foi suficiente para que ela conseguisse vencer o dia.

"Realmente, não é questãojogo grátis jogo grátispara onde você vai ou o que você vê", orienta ela. "É simplesmente [dizer] 'eu quero fazer algo que irá levantar meu ânimo'. E todos nós sabemos que isso não custa dinheiro."

A Year of Nothing foi publicado pela editora The Pound Project e estará à vendajogo grátis jogo grátisnovembro. "What Time is Love?",jogo grátis jogo grátisHolly Williams (autora desta reportagem), foi publicado pela editora Orion.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.