Coronavírus: Chefesaposta esporte da sorteUTIs ligam ‘kit Covid’ a maior riscoaposta esporte da sortemorte no Brasil:aposta esporte da sorte

O médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público do Estado,aposta esporte da sorteSão Paulo, destaca que entre 80% e 85% das pessoas não vão desenvolver forma graveaposta esporte da sortecovid-19. Para esses pacientes, usar o "kit covid" não vai ajudaraposta esporte da sortenada. Também pode não prejudicar, se a pessoa não tomar doses excessivas, não desenvolver efeitos colaterais, nem tiver doenças que possam se agravar com esses medicamentos.

Mas, para 15% ou 20% que precisamaposta esporte da sorteinternação, essas drogas, segundo ele, podem prejudicar o tratamento no hospital e contribuir para a morteaposta esporte da sortepacientes.

"A preocupação maior é com os 15% que desenvolvem forma grave da doença e acabam vindo para a UTI. É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida", diz Rezende, que é ex-presidente da Associaçãoaposta esporte da sorteMedicina Intensiva Brasileira.

E o "Kit covid" também mataaposta esporte da sortemaneira indireta, ao retardar a procuraaposta esporte da sorteatendimento pela população, absorver dinheiro público que poderia ir para a compraaposta esporte da sortemedicamentos para intubação, e ao dominar a mensagemaposta esporte da sortecombate à pandemia, enquanto protocolos nacionaisaposta esporte da sorteatendimento sequer foram adotados, disseram médicos intensivistas do Hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas.

"Alguns prefeitos distribuíram saquinho com o 'kit covid'. As pessoas mais crédulas achavam que tomando aquilo não iam pegar covid nunca e demoravam para procurar assistência quando ficavam doentes", diz Carlos Carvalho, diretor da Divisãoaposta esporte da sortePneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas,aposta esporte da sorteSão Paulo.

Entre os efeitos da procura tardia por atendimento está a intubação, quando o pulmão já está muito lesionado pelo esforço para respirar. Pacientes que recebem máscaraaposta esporte da sorteoxigênio ou ventilação mecânica invasiva antesaposta esporte da sortechegar à insuficiência respiratória aguda têm mais chancesaposta esporte da sortesobreviver, explicam os médicos intensivistas.

"A faltaaposta esporte da sorteorganização central e as informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população. Não vou dizer que representa 1% ou 99% (das mortes), mas contribuiu", completa Carlos Carvalho, que também é professor da Faculdadeaposta esporte da sorteMedicina da USP.

Efeitos colateraisaposta esporte da sortepacientes graves

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que atua no Hospital das Clínicas e no Albert Einstein,aposta esporte da sorteSão Paulo, diz que a maioria das pessoas que ela atende atualmente dizem, na consulta, que tomaram medicamentos do chamado kit covid.

"A maior parte está tomando essas medicações. Em toda videoconsulta que eu faço, as pessoas dizem que estão tomando e tomandoaposta esporte da sortedoses cavalares", disse à BBC News Brasil.

A maior preocupação dos médicos intensivistas é o efeito colateral desses medicamentosaposta esporte da sortepacientes que evoluem para a forma grave da covid e que já estão com o funcionamentoaposta esporte da sorteórgãos vitais comprometidos.

"Esses remédios não ajudam, não impedem o quadroaposta esporte da sorteintubação, e trazem efeitos colaterais, como hepatite, problema renal, mais infecções bacterianas, diarreia, gastrite. E a interação entre esses medicamentos pode ser perigosa", completa Barbas, que é professoraaposta esporte da sortemedicina da USP e referência internacionalaposta esporte da sorteventilação mecânica.

Entre os medicamentos mais defendidos por Bolsonaro para uso por pacientes com covid estão a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina.

A hidroxicloroquina é um medicamento normalmente usadoaposta esporte da sortepacientes com lúpus, artrite reumatoide, doenças fotossensíveis e malária. A ivermectina é um vermífugo usado para combater vermes, piolhos e carrapatos.

Já azitromicina é um antibiótico que, segundo os médicos, só deveria ser usadoaposta esporte da sortecasoaposta esporte da sorteinfecção bacteriana, não para previnir um vírus.

Arritmia, delírios e problema renal

O médico intensivista Ederlon Rezende chama a atenção para o risco da hidroxicloroquina causar arritmia cardíaca, um dos efeitos colaterais possíveis do remédio.

Num paciente que evolui para quadro graveaposta esporte da sortecovid, esse pode ser uma efeito adverso crítico, porque a doença causada pelo coronavírus também afeta o coração, ao promover inflamações do músculo cardíaco e trombose nos vasos e tecidos.

Rezende diz ainda que tem tido problemas com pacientes que precisam ser sedados para intubação e que acordam da sedação com confusão mental mais acentuada por causa do uso abusivoaposta esporte da sorteivermectina antesaposta esporte da sortechegar ao hospital.

"O paciente, ao acordar da intubação, pode apresentar delírio. Com pacientes com covid isso é muito frequente, porque o vírus atravessa a barreira hematocefálica e afeta o cérebro, principalmente a região frontal, causando inflamação", diz.

"A invermectina é uma droga que também penetra no cérebro quando ele está inflamado, e ela deprime mais ainda o cérebro e piora a qualidade do despertaraposta esporte da sorteum paciente intubado. Essa tem sido uma intercorrência frequente nos pacientes que usaram esse remédio antes chegar à UTI".

A ivermectina, diz ele, também pode provocar lesão renal, outro componente que dificulta a curaaposta esporte da sorteum paciente graveaposta esporte da sortecovid, já que a doença tem potencial para provocar complicações nos rins e demandar hemodiálise.

"Em termosaposta esporte da sorteriscoaposta esporte da sortemorte, eu daria destaque para a cloroquina e hidroxocloroquina, com potencial para provocar arritmias fatais. E invermectina, como já comentei, com potencialaposta esporte da sortedepressão do sistema nervoso central, lesão hepática, lesão renal, entre outros."

Mais recentemente, Bolsonaro passou a citar a Nitazoxanide, conhecida como Annita, como candidata a integrar o kit covid. O problema, alémaposta esporte da sortenão haver qualquer evidência científicaaposta esporte da sorteeficácia, é que as pessoas passaram a tomar esse vermífugo junto com outro, a ivermectina, intoxicando o organismo, diz médica do Albert Einstein Cármen Valente Barbas.

"A interação desses medicamentos, tomados juntos, é perigosa. As pessoas estão tomando Annita junto com ivermectina e isso é um absurdo."

Infecções mais resistentes, aumentando riscoaposta esporte da sortemorte

Outro problema foi a inclusão recente, no "kit covid",aposta esporte da sortecorticoides. De fato, pesquisas mostram que corticoides ajudam a reduzir a mortalidade entre pacientes graves, que precisamaposta esporte da sorteventilação mecânica por máscaras ou intubação.

Mas, no restante da população, o uso pode provocar problemas sérios.

"Para o paciente pouco sintomático ou assintomático, o corticoide pode até baixar a imunidade e propiciar outras doenças. E, muitas vezes, eles (autoridades locais) davam esse corticoide junto com antibiótico", diz Carlos Carvalho, diretor da Divisãoaposta esporte da sortePneumologia Hospital das Clínicas.

"Se, por azar, o doente piorar e tiver uma infecção, ele vai ter uma infecção mais grave por estar tomando remédio imunossupressor (coirticoide), e vai ter uma bactéria resistente ao antibiótico que ele queimou, usando inadequadamente."

O supervisor da UTI do Hospital Emilio Ribas, Jaques Sztajnbok, também diz que o uso "preventivo"aposta esporte da sorteazitromicina e corticoide, como defendido pelos que advogam pelo "kit covid", causa mais mortalidade do que protege.

"Se você dá corticoide a pacienteaposta esporte da sortecovid sem necessidade, ele vai ter um desempenho pior. Ele morrerá mais do que se tivesse sido adequadamente tratado", disse à BBC News Brasil.

"Falsa segurança" leva à demora na busca por atendimento

Entre as contribuições "indiretas" do kit covid para as mortes no Brasil está, segundo os médicos intensivistas, a "falsa segurança" que esses medicamentos produzem, retardando a procura por atendimento médico.

Um problema recorrente nas UTIs brasileiras, dizem eles, é a chegadaaposta esporte da sortepacientesaposta esporte da sorteestado grave que, por se sentirem protegidos por hidroxicloroquina e afins, procuraram ajuda médica quando era tarde demais.

"Esse autotratamento dá uma falsa segurança e as pessoas tendem a retardar mais a procuraaposta esporte da sortecuidados quando evolui para uma forma grave", diz Ederlon Rezende, que é ex-presidente da Associação Brasileiraaposta esporte da sorteMedicina Intensiva.

Entre os riscosaposta esporte da sortese procurar ajuda muito tarde está lesionar o pulmão a pontoaposta esporte da sorteo problema não poder ser revertido com ventilação mecânica e intubação.

"Quanto maior o tempo decorrido entre a necessidadeaposta esporte da sorteterapia intensiva e a efetiva admissão ao leitoaposta esporte da sortehospital, maior a mortalidade", destaca Jaques Sztajnbok, que chefia a UTI do Hospital Emílio Ribas,aposta esporte da sorteSão Paulo.

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que coordena equipes no Albert Einstein e Hospital das Clínicas, diz que a insuficiência respiratória aguda pode evoluir rapidamente para a morte.

"As pessoas estão ficando com faltaaposta esporte da sortearaposta esporte da sortecasa ou alugando oxigênioaposta esporte da sortecasa. O quadro pode se agravar muito rapidamente e ela pode morreraposta esporte da sortecasa, sem ter tempoaposta esporte da sortechegar ao hospital".

Focoaposta esporte da sortecloroquina tira recursosaposta esporte da sortetratamentos comprovados

Talvez a maior causaaposta esporte da sortemorte causada pelo enfoque do governo federalaposta esporte da sortedefender remédios não eficazes seja o gastoaposta esporte da sortedinheiro e tempo que poderiam ser usados na compraaposta esporte da sorteequipamentos, vacinas e na produçãoaposta esporte da sorteum protocolo nacional com orientações para o atendimentoaposta esporte da sortepacientes graves com covid.

Diferentemente do que ocorreuaposta esporte da sortepaíses europeus e nos Estados Unidos, passado um ano da pandemia, o Ministério da Saúde não produziu um documento com informações para os profissionaisaposta esporte da sortesaúde seguirem.

"Perdeu-se tempo discutindo tratamento precoce sem qualquer evidência científica e não se investiuaposta esporte da sortedisseminar informação sobre tratamentos eficazes para pacientes graves, técnicasaposta esporte da sorteidentificaçãoaposta esporte da sorteinsuficiência respiratória, uso da posição prona e outros", avalia o pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza, autoraposta esporte da sorteuma pesquisa que revelou que 80% dos pacientes intubados no Brasilaposta esporte da sorte2020 morreram.

Além disso, recursos que poderia ter sido usados para medicamentos necessários para intubação ou para criar leitosaposta esporte da sorteUTIs foram gastos na compraaposta esporte da sortecloroquina e outros itens do chamado "tratamento precoce", sem comprovação científica .

Levantamento da BBC News Brasil mostrou que os gastos do governo Bolsonaro com cloroquina, hidroxicloroquina, Tamiflu, ivermectina, azitromicina e nitazoxanida somaram quase R$ 90 milhões até janeiro deste ano. Enquanto isso, médicos e associações farmacêuticas alertam que o estoqueaposta esporte da sortemedicamentos necessários para intubação está pertoaposta esporte da sorteacabar.

A pneumologista Carmen Valente Barbas avalia que vidas poderiam ter sido salvas se os recursos fossem aplicadosaposta esporte da sortesoluções cientificamente comprovadas.

"É gasto que podia estar sendo usado, também, para comprar vacina", lamenta.

"As fake news e toda a disseminaçãoaposta esporte da sortedesinformação sobre tratamentos sem eficácia têm esse duplo caráter: leva informações falsas para a população e tira a oportunidadeaposta esporte da sorteas melhores práticas serem difundidas. Perdemos a oportunidadeaposta esporte da sorteinvestir e implementar políticas baseadasaposta esporte da sorteevidências científicas que poderiam salvar vidas", completa o médico infectologista Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz.

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