Coronavírus: 'Brasil é exemploquero apostartudo que podia dar errado', diz infectologista brasileira que trabalhou no CDC dos EUA:quero apostar

Denise Garrett

Crédito, CRISTY PARRY/ARQUIVO PESSOAL

Legenda da foto, Denise Garrett trabalhou maisquero apostar20 anos no Centroquero apostarControlequero apostarDoenças (CDC) do Departamentoquero apostarSaúde dos EUA

"Um ano depois, estamos no pior lugarquero apostarque poderíamos estar, com uma transmissão altíssima, com uma variante extremamente alarmante e com sistemaquero apostarsaúde à beiraquero apostarcolapsar".

"O Brasil parece viverquero apostarum universo paralelo. Enquanto todos os países estão indo numa direção, seguimos na contramão".

Especialistas consideram que o Brasil vive o pior momento da pandemia - o país vem registrando nos últimos dias seguidos recordesquero apostarmortes diárias.

O Brasil é o segundo país do mundoquero apostarnúmeroquero apostaróbitos (294 mil), atrás apenas dos EUA (542 mil),quero apostaracordo com dados da Universidade Johns Hopkins (EUA).

Garrett falou por telefone à BBC News Brasil. Confira os principais trechos.

quero apostar BBC News Brasil quero apostar - quero apostar Faz um ano que a OMS decretou a pandemiaquero apostarcovid-19 no mundo. Qual é aquero apostaranálise a respeito da situação do Brasil?

quero apostar Denise Garrett quero apostar - O Brasil é o exemploquero apostartudo o que podia dar errado numa pandemia. Temos um país com uma liderança que, alémquero apostarnão implementar medidasquero apostarcontrole, minou as medidas que tínhamos, como distanciamento social, usoquero apostarmáscaras e, por um bom tempo, também as vacinas.

A situação hoje é extremamente preocupante. Temos uma população que está exausta. E fizemos um lockdown 'meia boca'.

Um ano depois, estamos no pior lugarquero apostarque poderíamos estar, com uma transmissão altíssima, com uma variante extremamente alarmante e com sistemaquero apostarsaúde à beiraquero apostarcolapsar.

O Brasil parece viverquero apostarum universo paralelo. Enquanto todos os países estão indo numa direção, seguimos na contramão.

Um fator decisivo para isso, além daqueles sobre os que eu já falei, foi o incentivo do usoquero apostarmedicações sem nenhuma comprovação cientifica com a população acreditando nelas como uma medidaquero apostarproteção.

Ou seja,quero apostarvezquero apostarpraticar o distanciamento social e usar máscara, muita gente acreditou no presidente da República e achou que se protegeria com ivermectina e hidroxicloroquina. Não vi nenhum outro país do mundo fazendo isso.

De fato, aqui nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump também chegou,quero apostardeterminado momento, a recomendar esse medicamento. Mas, no Brasil, houve um protocolo recomendado pelo Ministério da Saúde.

O impacto dessa fake news é imenso - e faz com que até colegas médicos sofram pressão do próprio paciente.

Alémquero apostartudo isso, não temos vacina. O governo não fez acordos quando deveria fazer. O presidente disse que não se vacinaria. O estoque que o Brasil tem agora não é proveniente do governo federal.

quero apostar BBC News Brasil quero apostar - quero apostar Muitos especialistas, tanto do Brasil quantoquero apostarfora, vêm dizendo que o país se tornou uma ameaça global. A quero apostar s quero apostar ra quero apostar . quero apostar concorda?

quero apostar Garrett quero apostar -Claro. O Brasil virou uma grande ameaça global. O país se tornou um caldeirão para novas variantes.

Vírus estão sempre mutando. As mutações que forem favoráveis a ele, quando não há restrição à transmissão, serão selecionadas e vão predominar.

Eventualmente, e isso ainda não aconteceu, uma vez que as novas cepas estão respondendo às vacinas, que protegem contra a forma mais grave da doença, podemos ter variantes que comprometam a eficácia das vacinas.

Claro que num ambiente onde a taxaquero apostarvacinação é baixa e a taxaquero apostartransmissão alta, como no Brasil, esse risco é muito mais elevado.

Ninguém está seguro até que todos estejam seguros. Nenhum país vai se sentir seguro enquanto houver um país como o Brasil, onde não há nenhum tipoquero apostarcontrole.

Todos os esforços louváveisquero apostaroutros países que estão funcionando podem simplesmente ser perdidos por causaquero apostarum país que não se importa com a pandemia. E onde não existe uma sensibilização pela vida por parte da liderança do país.

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Garrett diz que falta liderança ao Brasilquero apostarcombate à pandemiaquero apostarcovid-19

quero apostar BBC News Brasil quero apostar - quero apostar Neste sentido, a sra quero apostar . quero apostar acredita que os brasileiros possam ser mal vistos e até mesmo impedidosquero apostarentrarquero apostaroutros países?

quero apostar Garrett quero apostar -Isso é algo que já ocorrendo. E eu vejo isso se intensificando ainda mais. Há restrições contra a entradaquero apostarcidadãos brasileiros pelo mundo. Qualquer paísquero apostarbom senso faria isso. Qualquer país que se preocupa com a saúdequero apostarsua população.

É óbvio que os países vão se proteger. As medidas que o Brasil não tomou o restante do mundo tomou. Quando se fala que vai ao Brasil agora é um risco. Antes era o riscoquero apostarviolência, demoramos para mudar essa imagem, agora é a covid-19.

quero apostar BBC News Brasil quero apostar - quero apostar O que a sra quero apostar . quero apostar acha que o Brasil deveria fazer neste momento?

quero apostar Garret quero apostar -Duas coisas. O Brasil precisaquero apostarum lockdown estrito a nível nacional. Passou da horaquero apostarum lockdown a nível municipal ou estadual. E quando eu faloquero apostarlockdown, eu me refiro a não sairquero apostarcasa, sóquero apostarcasoquero apostarurgência. De esvaziar as ruas, mesmo. Só funcionar serviços essenciais.

Existiu uma épocaquero apostarque poderíamos até fazer confinamentos a nível municipal ou estadual, quando a pandemia no Brasil ainda era "muitas pandemias".

Explico: somos um país enorme e houve um momentoquero apostarque tínhamos diferentes estágios da pandemiaquero apostardiferentes localidades. Ou seja, medidas localizadas poderiam ser tomadas.

No estágio atual, essa possibilidade não existe mais. O país inteiro está à beira do colapso. Não adianta fechar um Estado e os outros continuarem abertos. E as pessoas transitandoquero apostarum para outro.

O Brasil precisa retomar o controle sobre o vírus. O vírus está solto - e isso é urgente. Só assim vamos reduzir os casos e, por consequência, as mortes.

Outra coisa é vacinar a população.

Precisamosquero apostarplanejamento e estratégia. Mas, infelizmente, não tenho esperança quanto ao governo federal sobre isso.

Línea

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