'10 vezes mais do que os EUA': por que Brasil tem tantas mortesbaixar o aplicativo bet nacionalbebês por covid-19:baixar o aplicativo bet nacional
Ao mesmo tempo, atualmente, os EUA têm o maior númerobaixar o aplicativo bet nacionalmortos por covid-19 — 529 mil, seguido por Brasil (270,6 mil) e México (191,8 mil), segundo dados da Universidade Johns Hopkins. A taxabaixar o aplicativo bet nacionalmortalidade norte-americana pelo vírus (161,28 por 100 mil habitantes) também é mais alta do que a brasileira (128,12 por 100 mil habitantes).
Assim, desde o início da pandemia, a covid-19 matou, proporcionalmente, mais lá do que aqui.
As taxasbaixar o aplicativo bet nacionalnascimentosbaixar o aplicativo bet nacionalbebês também são dados importantes nesta equação.
Os dois países tem taxas praticamente iguaisbaixar o aplicativo bet nacionalnatalidade, segundo o Banco Mundial: 1,77 filhos por mulher nos EUA e 1,74 filhos por mulher no Brasil. Em 2019, foram registrados 3,5 milhõesbaixar o aplicativo bet nacionalnascimentos nos Estados Unidos e 2,9 milhões no Brasil. A população americana ébaixar o aplicativo bet nacional328,2 milhões e a brasileira, 210 milhões.
Em resumo: o Brasil tem um número mais elevadobaixar o aplicativo bet nacionalmortesbaixar o aplicativo bet nacionalbebês e crianças pequenas por covid-19, apesarbaixar o aplicativo bet nacionalter menos nascimentos do que os EUA, onde, porbaixar o aplicativo bet nacionalvez, mais pessoas morrembaixar o aplicativo bet nacionaldecorrência do vírus, tantobaixar o aplicativo bet nacionalnúmeros absolutos quanto relativos.
Mas, afinal, o que está por trás desse alto númerobaixar o aplicativo bet nacionalmortos entre bebês e crianças pequenas no Brasil?
Razões
Além das mortes, na mesma basebaixar o aplicativo bet nacionalcomparação com outras nações, o Brasil também conta com um número expressivobaixar o aplicativo bet nacionalcrianças internadas por covid-19. Só neste ano, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 617 bebês (menosbaixar o aplicativo bet nacionalum ano), 591 criançasbaixar o aplicativo bet nacionalum a cinco anos e 849baixar o aplicativo bet nacionalseis a 19 anos foram hospitalizados devido à doença.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, não há uma única resposta para o problema.
Descontrole da pandemia e faltabaixar o aplicativo bet nacionaldiagnóstico adequado, aliados principalmente a comorbidades (doenças associadas) e vulnerabilidades socioeconômicas, passando pelo aparecimentobaixar o aplicativo bet nacionaluma síndrome associada à covid-19baixar o aplicativo bet nacionalcrianças, ajudam a explicar o quadro trágico brasileiro.
Mas há uma ressalva: embora os óbitos sejam mais numerosos no Brasilbaixar o aplicativo bet nacionalrelação a outros países do mundo, é importante lembrar que o riscobaixar o aplicativo bet nacionalmorte nessa faixa etária ainda assim é "muito baixo", lembram os cientistas.
De fato, 420 bebês representam apenas 0,15% do totalbaixar o aplicativo bet nacionalmortes por covid-19 no Brasil (270,6 mil).
Portanto, a chancebaixar o aplicativo bet nacionalum bebê (oubaixar o aplicativo bet nacionaluma criança) desenvolver sintomas gravesbaixar o aplicativo bet nacionalcovid-19 e morrer por causa da doença é rara, mas "não nula", diz à BBC News Brasil Fatima Marinho, médica epidemiologista e consultora-sênior da Vital Strategies.
"As mortes nessa faixa etária são raras, mas é preciso acabar com esse mitobaixar o aplicativo bet nacionalque crianças não morrem por covid-19", assinala.
Marinho frisa que as mortes por covid-19 entre bebês e crianças no Brasil podem ser ainda maiores se contabilizados os óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) não especificada.
"Podemos dizer que 48% dos que faleceram por SRAG não especificado têm alta probabilidadebaixar o aplicativo bet nacionalser morte por covid-19 por critérios clínicos e epidemiológicos", assinala.
Segundo Marinho, dados preliminaresbaixar o aplicativo bet nacionaluma pesquisa realizada pela Vital Strategies e a Universidade Federalbaixar o aplicativo bet nacionalMinas Gerais (UFMG),baixar o aplicativo bet nacionaltrês capitais, mostraram que 90% dos casosbaixar o aplicativo bet nacionalSRAG não especificada foram comprovados como sendobaixar o aplicativo bet nacionalcovid-19, após investigação.
Ela destaca que a covid-19 tende a evoluirbaixar o aplicativo bet nacionalforma diferentebaixar o aplicativo bet nacionalcrianças ebaixar o aplicativo bet nacionaladultos.
Como os pequenos normalmente não são testados para coronavírus, uma vez que são, na prática, bem menos suscetíveis a desenvolver os sintomas mais graves da doença (e muitos são assintomáticos), seus sintomas podem ser facilmente confundidos com osbaixar o aplicativo bet nacionaloutras enfermidades, prejudicando o diagnóstico.
"Pediatras devem prestar atençãobaixar o aplicativo bet nacionalcrianças com faltabaixar o aplicativo bet nacionalar e febre, e se ocorrer diarreia e/ou dor abdominal e/ou tosse pensarbaixar o aplicativo bet nacionalcovid-19. A tosse foi pouco frequente na hospitalização, mais foi um sinalbaixar o aplicativo bet nacionalalarme para morte para as crianças. A dor abdominal e diarreia foram sintomas mais frequentes nas crianças maioresbaixar o aplicativo bet nacionalum ano", assinala Marinho.
Médicos lembram que a chancebaixar o aplicativo bet nacionalóbitobaixar o aplicativo bet nacionalrecém-nascidos é maior do quebaixar o aplicativo bet nacionalcrianças acimabaixar o aplicativo bet nacionalum ano porque seu sistema imunológico, responsável pela defesa do nosso organismo, ainda está "em formação".
Além disso, outra causa para a mortebaixar o aplicativo bet nacionalcrianças no Brasil, que ainda está sendo investigada, é a chamada "síndrome inflamatória multissistêmica", que pode comprometer o cérebro, causando encefalite, ou órgãos importantes como coração e rins.
No Reino Unido, 1 a cada 5 mil crianças que se infectaram com coronavírus desenvolveram essa reação do sistema imunológico, segundo dados do governo britânico.
Os sintomas, que incluem febre alta, pressão sanguínea baixa e dores abdominais, costumam aparecer cercabaixar o aplicativo bet nacionalum mês depois do contato com o coronavírus.
A grande maioria das crianças que se infectam pelo coronavírus não desenvolve esse processo inflamatório ou se recupera com tratamento. Masbaixar o aplicativo bet nacionalalguns casos, a síndrome pode evoluir para um quadro grave e ocasionar a morte.
Foi o que aconteceu com uma paciente da pediatra Jessica Lira, que trabalha na UTI do Hospital Infantil Albert Sabin,baixar o aplicativo bet nacionalFortaleza, no Ceará.
A menina tinha dois anos e desenvolveu encefalite, uma inflamação no cérebro que parece ter sido impulsionada pela contaminação pelo coronavírus.
"Ela teve morte encefálica. A conversa foi difícil, os pais estavam com muito sentimentobaixar o aplicativo bet nacionalrevolta, tinham muita dificuldadebaixar o aplicativo bet nacionalentender como que evoluiu para isso. Não sabiam que a covid-19 podia levar a um quadro como esse", disse Jessicabaixar o aplicativo bet nacionalentrevista recente à BBC News Brasil.
Comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas
Mas são as comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas que têm maior peso na mortebaixar o aplicativo bet nacionalcrianças por covid-19 no Brasil.
Um estudo observacional desenvolvido por pediatras brasileiros liderados por Braian Sousa, ligado à Faculdadebaixar o aplicativo bet nacionalMedicina da Universidadebaixar o aplicativo bet nacionalSão Paulo (USP), e com supervisãobaixar o aplicativo bet nacionalAlexandre Ferraro, identificou comorbidades e vulnerabilidades socioeconômicas como fatoresbaixar o aplicativo bet nacionalrisco para o pior desfecho da covid-19baixar o aplicativo bet nacionalcrianças.
"Individualmente, a maioria das comorbidades incluídas foram fatoresbaixar o aplicativo bet nacionalrisco. Ter maisbaixar o aplicativo bet nacionaluma comorbidade aumentoubaixar o aplicativo bet nacionalquase dez vezes o riscobaixar o aplicativo bet nacionalmorte. Em comparação com as crianças brancas, os indígenas, os pardos e os do leste asiático tiveram um risco significativamente maiorbaixar o aplicativo bet nacionalmortalidade. Também encontramos um efeito regional (maior mortalidade no Norte) e um efeito socioeconômico (maior mortalidadebaixar o aplicativo bet nacionalcriançasbaixar o aplicativo bet nacionalmunicípios menos desenvolvidos socioeconomicamente)", dizem os pesquisadores no estudo publicado na plataforma medrxiv.
"Além do impacto das comorbidades, identificamos efeitos étnicos, regionais e socioeconômicos que moldam a mortalidadebaixar o aplicativo bet nacionalcrianças hospitalizadas com covid-19 no Brasil. Juntando esses achados, propomos que existe uma sindemia (interação entre problemasbaixar o aplicativo bet nacionalsaúde e contexto sócioeconômico) entre covid-19 e doenças não transmissíveis, impulsionada e fomentada por desigualdades sociodemográficasbaixar o aplicativo bet nacionalgrande escala".
"Enfrentar a covid-19 no Brasil também deve incluir o tratamento dessas questões estruturais. Nossos resultados também identificam gruposbaixar o aplicativo bet nacionalrisco entre crianças que devem ser priorizados para medidasbaixar o aplicativo bet nacionalsaúde pública, como a vacinação", concluem os pesquisadores.
Foram estudados 5.857 pacientes com menosbaixar o aplicativo bet nacional20 anos, todos hospitalizados com covid-19 confirmado por laboratório.
Constatações semelhantes foram feitas pelo professor Paulo Ricardo Martins-Filho, da Universidade Federal do Sergipe (UFS), um dos pesquisadores que mais publicam sobre covid-19 no Brasil.
Ele ebaixar o aplicativo bet nacionalequipe desenvolveram um estudo para estimar as taxasbaixar o aplicativo bet nacionalincidência e mortalidade da covid-19baixar o aplicativo bet nacionalcrianças brasileiras e analisarbaixar o aplicativo bet nacionalrelação com as desigualdades socioeconômicas.
E chegaram à conclusão que houve diferenças regionais importantes e uma relação entre taxasbaixar o aplicativo bet nacionalmortalidade e desigualdades socioeconômicas.
"O conhecimento das diferenças sociogeográficas nas estimativas do COVID-19 é crucial para o planejamentobaixar o aplicativo bet nacionalestratégias sociais e tomadabaixar o aplicativo bet nacionaldecisão local para mitigar os efeitos da doença na população pediátrica", diz Martins-Filho no estudo, publicado na plataforma científica internacional PMC.
Portanto, essas crianças acabam ficando mais vulneráveis a doenças, incluindo o coronavírus.
"Claro que quanto mais casos tivermos e, por consequência, mais hospitalizações, maior é o númerobaixar o aplicativo bet nacionalmortosbaixar o aplicativo bet nacionaltodas as faixas etárias, incluindo crianças. Mas se a pandemia estivesse controlada, esse cenário poderia evidentemente ser minimizado", diz à BBC News Brasil Renato Kfouri, presidente do Departamento Científicobaixar o aplicativo bet nacionalImunizações da Sociedade Brasileirabaixar o aplicativo bet nacionalPediatria.
Linhabaixar o aplicativo bet nacionalfrente
"A maioria das crianças que morrem tem comorbidades, especialmente pacientes oncológicos (com câncer) ou com sobrepeso e obesidade. Há também aqueles com problemas nos pulmões e no coração. Mas isso não é uma regra. Vemos bebês e crianças saudáveis morrendo por covid, algo não tão presente na primeira onda", diz à BBC News Brasil Lohanna Tavares, infectologista pediátrica da Comissãobaixar o aplicativo bet nacionalControlebaixar o aplicativo bet nacionalInfecção do Hospital Infantil Albert Sabinbaixar o aplicativo bet nacionalFortaleza, no Ceará.
Pediatras acreditam que as mortes dessas crianças saudáveis podem estar relacionadas a fatores externos, como desnutrição e outras doenças, como dengue, por exemplo, mas essa correlação ainda precisa ser estudada.
Tavares reforça outro fator que vem contribuindo para o aumento — e já identificado nos estudos sobre o tema: a faltabaixar o aplicativo bet nacionalassistência.
"Os leitos hospitalares e o acesso aos cuidados pediátricos são bem menores para as crianças do que para os adultos. Várias enfermariasbaixar o aplicativo bet nacionalhospitais pediátricos foram substituídas por leitos para adultos. Evidentemente, a necessidade maior é dos adultos. Mas a restriçãobaixar o aplicativo bet nacionalleitos pediátricos gera um acúmulobaixar o aplicativo bet nacionalpacientes nas emergências, o que faz com que o próprio pediatra pondere mais a internação da criança", diz.
"Ou seja, ele só vai internar as crianças que estiverem mais acometidas, com um quadro mais grave, quando o ideal seria deixarbaixar o aplicativo bet nacionalobservação casos que podem gerar complicações. Mas não há leitos suficientes. Quando se diminui o númerobaixar o aplicativo bet nacionalleitos pediátricos, o sistema fica sobrecarregado e a assistência fica, assim, prejudicada", lamenta.
Atualmente, não há vacinas disponíveis para menoresbaixar o aplicativo bet nacional16 anos. "Mas estudos já estão sendo feitos com esse público", lembra Kfouri, da SBP.
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