Sem celular nas escolas: todos são a favor, mas dá para implementar nova lei?:jogar damas flyordie

Estudante usando celular embaixo da carteira

Crédito, Getty Images

A nova lei pretende equilibrar os benefícios e prejuízos do uso desses dispositivos, especialmentejogar damas flyordiesalasjogar damas flyordieaula.

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O PL aprovado prevê:

  • Uso do celular proibidojogar damas flyordiesalajogar damas flyordieaula, no recreio e nos intervalosjogar damas flyordieaula ejogar damas flyordietodas as etapas da educação básica (educação infantil até o ensino médio)
  • Telas permitidas para fins pedagógicos sob orientaçãojogar damas flyordieeducadores, ou para casosjogar damas flyordieacessibilidade e inclusãojogar damas flyordiealunos com deficiência;
  • Uso permitidojogar damas flyordiesituaçõesjogar damas flyordieestadojogar damas flyordieperigo, estadojogar damas flyordienecessidade ou casojogar damas flyordieforça maior;
  • As redesjogar damas flyordieensino e as escolas devem desenvolver estratégias para abordar a saúde mental dos estudantes, alémjogar damas flyordieoferecer treinamentos periódicos para detectar, prevenir e lidar com os sinaisjogar damas flyordiesofrimento mental e os impactos do uso excessivojogar damas flyordietelas;
  • Todos os alunos poderão portar o celular, mas não podem utilizá-lo;

A lei não prevê nenhum tipojogar damas flyordiesanção específica aos alunos que a descumprirem, mas empodera as escolas para ter mais controle sobre o uso dos aparelhos.

Como será a aplicação da leijogar damas flyordie2025?

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O início da lei não significa que o que acontece nas escolas - tanto por parte dos alunos quanto dos educadores - mudará instantaneamente.

Poucos dias antes da votação no Senado,jogar damas flyordie5jogar damas flyordiedezembro, o governadorjogar damas flyordieSão Paulo, Tarcísiojogar damas flyordieFreitas (Republicanos), sancionou a lei aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do estado (Alesp)jogar damas flyordienovembro, tornando São Paulo o primeiro estado a implementar a proibição.

A BBC News Brasil visitou escolas da capital paulista para entender como estão se preparando para se adaptar à nova lei e o que fizeram aquelas que já haviam adotado a prática antes da aprovação da legislação.

Em visita da reportagem à Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna,jogar damas flyordieSão Paulo, os educadores compartilharam que ainda não tem um plano totalmente definido, e afirmam que não há recomendações muito específicas vindas do Estado, visto que cada escola pode ter uma realidade distinta.

Manuela Fachini, vice-diretora, diz que o caminho serájogar damas flyordie'tentativa e erro'.

Maria das Graças e Rogério Migotto dão aulas para o ensino fundamental II e para o Ensino Médio, e relatam que, atualmente, é difícil controlar o uso mesmo durante as aulas.

Maria das Graças e Rogerio Migotto, professores

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Maria das Graças e Rogério Migotto, professores Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna

"Eles acham que tudo precisa ser feito no celular – cercajogar damas flyordie80% dos alunos usa dentro da salajogar damas flyordieaula. A gente pede para guardar, mas eles escondem o aparelho embaixo da carteira ou até da perna. Parece que não conseguem ficar sem."

Ainda assim, os professores não se sentem confortáveisjogar damas flyordietirar o aparelhojogar damas flyordieum aluno.

"Eu pareijogar damas flyordiepegar celular por que se acontecesse uma queda, qualquer coisa, eu poderia ser responsabilizada por ter pego o celular", diz Graças.

Migotto relata também que há alunos discutindo com os professores dizendo que eles "não podem fazer nada"jogar damas flyordierelação ao uso das telas – e alguns poucos se tornam agressivos.

"Já tive uma experiência que resolvi tirar o alunojogar damas flyordiesala por não guardar o celular. Ele atirou o celular na parede e saiu me xingando."

Eles esperam que a lei os garanta mais autoridadejogar damas flyordiesalajogar damas flyordieaula, mas ainda não sabem como exatamente isso poderia ser feito.

"Uma coisa que me preocupa muito é como vamos nos responsabilizar pelos celulares. Até que ponto conseguiremos, junto com as famílias, dar um destino adequado para esses aparelhos, evitando qualquer tipojogar damas flyordieproblema,jogar damas flyordieambos os lados? Estamos pensandojogar damas flyordiealternativas para que isso aconteça", acrescenta a vice-diretora.

Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna após o último dia letivojogar damas flyordie2024

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna após o último dia letivojogar damas flyordie2024

Os alunos Rafaela Teodoro e Gabriel Takashi,jogar damas flyordie17 e 16 anos, dizem compreender que o celular pode ser nocivo e não deve ser usado durante as aulas.

"Eu acho que, por termos crescido tão ligados às telas, quando estamos na salajogar damas flyordieaula e chega uma notificação no celular, a vontadejogar damas flyordieolhar é quase inevitável, e isso acaba gerando até uma sensaçãojogar damas flyordieansiedade", diz Rafaela.

Gabriel concorda, mas preferia ter acesso durante os intervalos.

"O celular acaba, sim, desviando nossa atenção. Eu acho válido proibir, mas acredito que isso vai depender muito da abordagem adotadajogar damas flyordiesalajogar damas flyordieaula. Mas acho que a proibição não deveria se estender ao recreio, que é um momentojogar damas flyordieque os alunos estão mais livres para relaxar."

Gabriel Takashi, 16, e Rafaela Teodoro, 17, alunos do segundo ano do Ensino Médio na Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna,jogar damas flyordieSão Paulo

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Gabriel Takashi, 16, e Rafaela Teodoro, 17, alunos do segundo ano do Ensino Médio na Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna,jogar damas flyordieSão Paulo

Escolas particulares que já adotaram a medida ficam mais confortáveis

Quem tem mais recursos têm também mais liberdade para explorar soluções que mantêm os alunos longe da tentação das telas.

É o caso do Colégio Porto Seguro, particular, que impõe uma regra internajogar damas flyordienão usojogar damas flyordietelas - mesmo durante intervalos - há seis anos.

Em conversa com a reportagem, Meire Nocito, diretora institucional educacional do colégio, diz que o segredo é o espaçojogar damas flyordiediálogo direto com os alunos, sobretudo com aqueles que demonstram mais resistênciajogar damas flyordieficarem afastados do celular.

"Os alunos já estavam tão focados no celular durante os intervalos que pararamjogar damas flyordieinteragir socialmente ou brincar entre si. Por isso, implementamos o 'detox' às sextas-feiras, um diajogar damas flyordieque eles deixavam os celularesjogar damas flyordielado nos intervalos para brincar e participarjogar damas flyordieatividades recreativas, esportivas e culturais."

Depois, a regra passou a valer para todos os dias. E mesmo com uma infraestrutura completa, com quadras, laboratórios e salasjogar damas flyordiemúsica, os alunos puderam oferecer atividades que, emjogar damas flyordievisão, poderiam ajudá-los a ignorar as telas.

"Independentemente das atividades que já oferecemos, eles começaram a apresentar suas próprias ideias. Foi assim que surgiram propostas como oficinasjogar damas flyordiecupcakes, contaçãojogar damas flyordiehistórias e ateliêsjogar damas flyordieartes."

Meire Nocito, diretora da unidade Morumbi do Colégio Viscondejogar damas flyordiePorto Seguro

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Meire Nocito, diretora da unidade Morumbi do Colégio Viscondejogar damas flyordiePorto Seguro

No também particular colégio Camino, situado na zona Oeste, há cercajogar damas flyordiequatro anos é proibido que os alunos usem celular ou outros dispositivos eletrônicos. Para evitar a tentação, os aparelhos são colocadosjogar damas flyordieuma caixa. Se alguém é pego usando, um funcionário da escola pode retirar e devolver somente após o término do dia escolar.

A diretora Letícia Lyle conta que decidiu impor a regra após a pandemia, quando percebeu que os alunos estavam ainda mais apegados à tecnologia.

"No começo, muitos ficaram revoltados, fizeram até um protesto. Mas não durou muito. Depoisjogar damas flyordieuma semana eles começaram a engajarjogar damas flyordieatividades, jogar vôlei, conversar entre eles... E passaram a ver que também existiam benefícios."

Maria Morena, Gustavo Matias, Alicia Pereira e Fernando Montoro, alunos do colégio Camino

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Maria Morena, Gustavo Matias, Fernando Montoro e Alicia Pereira, alunos do colégio Camino

"Eu quase não sinto falta do celular, porque estou com meus amigos. Mas, por exemplo, quando saiu o Spotify Wrapped [uma retrospectiva personalizada com os artistas mais ouvidos no ano], no ano passado, eu fiquei muito ansiosa para ver o meu. Estávamos na escola, e eu só conseguia pensar: 'Quero muito ver o meu'", diz Alicia Pereira, aluna do colégio Camino,jogar damas flyordie15 anos.

"Mas,jogar damas flyordierelação às redes sociais, eu não sinto tanta necessidade, porque sei que, quando a aula acabar e eu puder mexer, vou acabar vendo as mesmas coisasjogar damas flyordiesempre. E eu acho que quanto mais tempo a gente passa online, é pior para a nossa saúde mental, por conta da comparação com outras pessoas".

A aluna admite, porém, que muitos dos amigos tem seus 'jeitinhos' para manter os celulares escondidos e usar quando ninguém está olhando.

Aluno usando celular durante o tempo livre no último dia letivo, quando ficaram um pouco mais livres para escolher suas atividades

Crédito, Giulia Granchi/BBC News Brasil

Legenda da foto, Aluno usando celular durante o tempo livre no último dia letivo, quando ficaram mais livres para escolher suas atividades

O papel da família e a 'sensaçãojogar damas flyordiecontrole'

Tanto nas escolas públicas quanto nas particulares, muitos pais defendem que os filhos tenham o celular consigo "para emergências" ou para garantir que "a criança está bem". Ao mesmo tempo, há um consenso quase unânimejogar damas flyordieque as famílias esperam que os educadores consigam garantir que, pelo menos durante as aulas, os jovens estejam focados no conteúdo acadêmico.

"Os pais querem manter essa conexão, o que é compreensível, então nem sempre é fácil. Eles precisam aprender a desapegar um pouco e confiar que seus filhos estãojogar damas flyordieum ambiente seguro e favorável para o aprendizado", defende Lyle.

A vice-diretora da Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna, Manuela Fachini, ressalta que os pais precisam estar alinhados não apenas com as regras da escola, mas também colaborando para promover uma educação digital mais equilibrada.

"Não posso delegar ao professor algo que, como mãe, é minha responsabilidade. O que vemos hoje é que muitos pais, pela correria do dia a dia, acabam permitindo que o filho use o celular como uma recompensa, como se isso fosse uma formajogar damas flyordiecompensar a faltajogar damas flyordietempo com ele."

Camila Bruzzi, uma das mães por trás do 'Movimento Desconecta', avalia que o argumentojogar damas flyordiemuitos pais para que as crianças sigam portando os aparelhosjogar damas flyordieescolas partejogar damas flyordieuma "falsa sensaçãojogar damas flyordiecontrole", já quejogar damas flyordiecasojogar damas flyordieemergências, como, por exemplo, um ataque violento à escola, o aluno deve focarjogar damas flyordiese proteger e seguir as orientações da instituição.

"E se precisar contatar a criança, o caminho é ligar na escola, como sempre foi feito", diz ela, que pretende espalhar a ideia do grupojogar damas flyordiecriar ações coletivas para adiar, limitar e controlar o acessojogar damas flyordiecrianças a smartphones e redes sociais.

Para ela, o porte deve ser totalmente proibido. "As crianças e adolescentes estão sempre tentando quebrar regras. Com o níveljogar damas flyordiesofisticação dos algoritmos usados para viciar e capturar a atenção das pessoas, é injusto esperar que se comportem bem e sigam as regras sem o apoiojogar damas flyordiediretrizes claras da escola."

Bruzzi considera alarmante a faltajogar damas flyordiedefinição da lei que menciona que se houver uma necessidade importante, a criança pode usar o celular sem qualquer autorização.

"O texto se tornou mais amplo e nada claro. A preocupação é que, basicamente, qualquer coisa pode ser considerada uma exceção."

O impacto na saúde mental dos jovens

O psicólogo Cristiano Nabuco alerta que os efeitos das dependências das telas, tema do qual é pesquisador, são especialmente nocivos para os jovens.

"O córtex pré-frontal, responsável pelo controlejogar damas flyordieimpulsos e pela reflexão sobre nossas ações, só se desenvolve totalmente por volta dos 25 anos. O uso constantejogar damas flyordietelas digitais estimula atalhos no cérebro, liberando dopamina, o que acelera as decisões e reduz a influênciajogar damas flyordieoutras áreas cerebrais", diz ele.

Segundo Nabuco processo reforça a sensaçãojogar damas flyordieprazer imediato, como ao receber "curtidas" nas redes sociais, mas também altera a estrutura do cérebro, diminuindo a conectividade entre os neurônios. "Isso pode ter efeitos negativos no longo prazo, como a redução do QI,jogar damas flyordieacordo com pesquisas."

A expectativa é que, uma vez implementada, a lei contribua não apenas para um melhor desempenho acadêmico, mas também para a melhoria da saúde mental e das habilidades cognitivas dos alunos, como redução da ansiedade, aumento da atenção, maior foco nas atividades escolares, melhora na interação social e maior capacidadejogar damas flyordieconcentração nas tarefas.

*Com colaboraçãojogar damas flyordieJéssica Cruz