'Não há muita diferença entre o víciojogo para jogardrogas e no celular’, diz psicólogo:jogo para jogar

Marc Masip

Crédito, Marc Masip

Legenda da foto, O psicólogo espanhol Marc Masip trabalha com jovens para educá-los sobre o uso adequado da tecnologia e evitar a dependência

"O celular é a heroína do século 21", diz ele sem rodeios.

Partejogo para jogarseu trabalho consistejogo para jogaroferecer tratamentojogo para jogarclínicasjogo para jogardesintoxicação para viciadosjogo para jogartecnologia.

Uma reabilitação que pode se tornar ainda mais difícil do que a das drogas, "porque todo mundo já sabe que estas fazem mal, enquanto as novas tecnologias todos nós usamos sem saber o tamanho do dano que podem causar", explica Masipjogo para jogarentrevista à BBC News Mundo, serviçojogo para jogarnotíciasjogo para jogarespanhol da BBC.

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jogo para jogar BBC News Mundo - Quando ficamos sem Facebook, WhatsApp e Instagram, você rapidamente foi ao Twitter comparar as tecnologias com a heroína e nos desejar ironicamente uma " jogo para jogar feliz jogo para jogar síndromejogo para jogarabstinência". Muitos podem considerar uma comparação exagerada. Por que você a defende?

jogo para jogar Marc Masip - Porque foi uma loucura, e aí você se dá conta da importância que damos a elas.

As pessoas enlouqueceram quando na realidade nada estava acontecendo. Estamos todos um pouco perdidos. Os vícios são todos vícios, e não há muita diferença entre o víciojogo para jogardrogas e o víciojogo para jogartelefone celular.

É verdade que as drogas não podem ser bem usadas, e o celular pode. Isso é uma vantagem.

Tem gente que compara o celular a um martelo, dizendo que pode ser bem ou mal utilizado, mas não conheço nenhum viciadojogo para jogarmartelo.

Quando não dispomos da tecnologia, como acontece quando o WhatsApp ou o Facebook caem, todos nós sentimos um mal-estar, uma síndromejogo para jogarabstinência. A comparação com a heroína me parece boa porque ainda não temos consciênciajogo para jogartodos os danos que pode chegar a causar.

Quando a heroína começou a ser consumida, não se sabia o quão ruim era, e no final morreu muita gente. Espero que não seja assim agora, mas tem gente que morre porque usa o celular até quando está dirigindo.

Sem contar o que certas pessoas sofrem com casosjogo para jogarbullying nas redes sociais. Há consequências para a saúde mental que ainda não entendemos por conta do abuso do telefone celular.

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jogo para jogar BBC News Mundo - Com a heroína, havia dois finais: você morriajogo para jogaroverdose ou era enviado para uma clínicajogo para jogardesintoxicação. E quanto ao víciojogo para jogartecnologia?

jogo para jogar Masip - Já trabalhamosjogo para jogarclínicasjogo para jogardesintoxicação, porque o vício pode levar a problemasjogo para jogarsaúde mental graves e até físicos.

Estamos vendo consequências no desempenho acadêmico dos jovens, acidentesjogo para jogartrânsito que podem levar ao pior, ansiedade, estresse, frustração, transtornos alimentares desencadeados pelo Instagram.

Vemos como os jovens se comunicam por meio das telasjogo para jogarforma rápida, fácil e confortável, mas cara a cara eles são covardes e não têm ferramentas suficientes para sentir empatia, olhar ou abraçar.

Mas o pior é acimajogo para jogartudo a dependência, como o humor das pessoas muda para pior quando ficam sem Facebook ou WhatsApp.

É um problema, porque a dependência é o oposto da liberdade.

Marc Masipjogo para jogarumajogo para jogarsuas clínicasjogo para jogardesintoxicação

Crédito, Desconecta

Legenda da foto, Marc Masip tenta reeducar os jovens no que se refere ao bom uso das novas tecnologias

jogo para jogar BBC News Mundo - O que vocês fazem na clínicajogo para jogardesintoxicação?.

jogo para jogar Masip - Oferecemos um tratamentojogo para jogarreeducação sobre o bom uso das redes e das telas. É uma tarefa muito complicada.

Se você pensar bem, quando você lida com o víciojogo para jogarheroína, cocaína ou maconha, parte do pressuposto que é socialmente mal visto. As pessoas presumem que fumar, beber e se drogar faz mal.

Com as tecnologias é mais difícil porque não se tratajogo para jogardeixarjogo para jogarusá-las. O que você tem que fazer é reeducar para que sejam melhor utilizadas. E não é nada fácil quando todo mundo ao seu redor também está usando.

No nosso tratamento, é muito importante que o paciente supere essa fasejogo para jogarconscientização,jogo para jogarque reconhece até que ponto é bom usar uma tecnologia.

Fotojogo para jogarmãos amarradas ao cabojogo para jogarum telefone celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'A dependência é o completo oposto da liberdade'

jogo para jogar BBC News Mundo - Isso me lembra a situação que muitos pais enfrentam, quando se propõem a manter seus filhos mais novos longe da tecnologia, mas não podem impedir que todos ao seu redor a utilizem. No fim das contas, muitos acabam cedendo porque não querem que seus filhos se sintam excluídos.

jogo para jogar Masip - Esse é um falso medo dos pais por carinho e amor.

Achamos que nossos filhos não terão amigos se não tiverem telefone e redes sociais, mas isso é mentira. Crianças com telefone podem ou não ter amigos, e crianças sem telefone podem ou não ter amigos. Isso está mais ligado à personalidade e ao ambiente familiar e escolar.

Mas claro, pensamos que, como todas as crianças ou adolescentes têm telefone, as nossas também precisam ter.

Temos que proteger as crianças das telas para que não precisem tanto delas. Para uma criança, ter um smartphone antes dos 16 anos traz mais desvantagens do que vantagens. Sem formação, sem saber usá-lo da forma correta, o lado ruimjogo para jogarum celular tem mais peso do que o lado bom para a criança.

Porque, no fim das contas, o que um smartphone oferece? Que seus pais tenham controle caso algo aconteça com você? Isso também pode ser feito com um telefone normal. Na verdade, se vierem a te sequestrar, dificilmente deixarão você ligar para seus pais.

Se os adolescentes têm um smartphone, é sobretudo por causa das redes sociais. Mas o que as redes sociais oferecem para você? Curtidas? Essa não é uma contribuição real. A curtidas são apenas uma injeção cavalarjogo para jogardopamina.

É importante entendermos quejogo para jogarnossas redes sociais sempre mostramos nossa melhor versão. Mas essa melhor versão nem sempre está próxima da realidade. Na verdade, quanto mais o eu virtual se afasta do eu real, mais frustração é gerada.

E essa frustração é muito próxima da dependência e do vício.

É importante educar, sobretudo os mais jovens, que não é preciso querer sempre mostrar o que não somos ou o que gostaríamosjogo para jogarser para ser aceitos. É preciso trabalhar muito a autoestima dos jovens.

Marc Masip

Crédito, Marc Masip

Legenda da foto, Masip é contra disponibilizar celular para menoresjogo para jogar16 anos

jogo para jogar BBC News Mundo - Fala-se muito que a tecnologia está avançando a uma velocidade que nem sequer entendemos, não só a gente, mas tampouco as próprias instituições. Como podemos nos protegerjogo para jogaralgo que nem sequer entendemos totalmente?

jogo para jogar Masip - Estamos vendidos diante do avanço tecnológico porque as empresas buscam que seu uso seja o maior possíveljogo para jogarseu próprio benefício. Quase não há regulamentação, e educação para as famílias e nas escolas sobre o uso responsável da tecnologia é muito pobre.

A solução passa por leis que regulamentam o uso adequado das novas tecnologias e que não existem hoje.

Não há ferramentas para educar a população mais jovem, que é quem mais utiliza (essas tecnologias). Estamos deixando a tecnologia avançar livremente, e as consequências são evidentes.

Aplicativos do Whatsapp, Instagram e Facebookjogo para jogarcelular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No iníciojogo para jogaroutubro, Whatsapp, Instagram e Facebook ficaram fora do ar por seis horas

jogo para jogar BBC News Mundo - Apesarjogo para jogarposições como a sua, a sensação é que o mundo está se tornando ainda mais interconectado. Que perspectivas nós temos então? Pelo o que você diz, parece preocupante.

jogo para jogar Masip - É verdade que o mundo tecnológico estimula que o futuro continue sendo muito tecnológico. Mas devemos ter clara a premissajogo para jogarque o real sempre vai superar o virtual.

Por mais tecnologia que criem e mais dinheiro que invistam, nada será capazjogo para jogardar um abraço como outra pessoa te dá ou um beijo como a pessoa que você ama.

Enquanto houver gente que continue tendo isso claro e entendido, já teremos um grande ganho. É verdade que a tecnologia vai pressionar, mas também acredito que os humanos farão o mesmo.

Acredito que daremos um pequeno passo atrás na tecnologia para dar três à frente no (lado) humano. Partir do princípio que, sim, temos muita tecnologia, mas há limites.

Chegará o momentojogo para jogarque aqueles que utilizam bem as redes e o celular serão mais cool do que quem fica hiperconectado o dia todo.

jogo para jogar BBC News Mundo - Há uma técnica que nos permite autodiagnosticar nosso graujogo para jogardependência?

jogo para jogar Masip - O autodiagnóstico é sempre complicado.

Você deveria se deixar ajudar, mas nem sempre é fácil. Posso indicar alguns sinais para detectar dependência ou vício.

Primeiro, meçajogo para jogarsíndromejogo para jogarabstinência. Se você precisa consumir algo quando não tem. É algo bastante evidente nas drogas, mas também acontece com as novas tecnologias.

Observe também se você substitui atividades, se você deixajogo para jogarfazer algo para ficar mais atento ao celular. Isso pode acontecer quando você passa tempo com a família, trabalha, dirige, pratica esportes ou saijogo para jogarcasa.

Preste atenção se o celular faz você se evadir. Se você pega (o celular) para ver uma coisa, e passa uma hora sem que você perceba. Com esses exemplos, você pode se avaliar muito bem.

jogo para jogar BBC News Mundo - E como podemos usar a tecnologia com sabedoria?

jogo para jogar Masip - Você tem que aplicar muito bom senso.

É importante que a gente use a tecnologia quando nos oferece um serviço. Por isso pagamos por ela. Agora, por exemplo, tenho que ir a uma reunião. Então, eu vou usar a tecnologia para me levar ao pontojogo para jogarencontro.

Você também pode aproveitar seu celular para enviar um e-mail sem ter que entrar no computador. Mas não utilize (o celular) durante a refeição ou quando estiver com outras pessoas. Nem quando você trabalha, passa um tempo com os amigos, com seu parceiro ou antesjogo para jogardormir.

Não deixe que passe por cimajogo para jogarvocê. O WhatsApp pode ser uma ferramenta muito útil, mas se o servidor cair, também não é imprescindível.

Criança jogandojogo para jogartablet

Crédito, Getty Images

jogo para jogar BBC News Mundo - Há governos como o da China que estão intervindo diretamente, especialmente com videogames para menoresjogo para jogaridade. Mas essas intervenções são suficientes? O que seria suficiente para realmente causar um impacto contra o víciojogo para jogartecnologia?

jogo para jogar Masip - Os governos precisam implementar leis imediatamente, como proibir telefones na salajogo para jogaraula, impor normas mais rígidas se você dirigir com o celular e restringir seções claramente viciantesjogo para jogarcertos aplicativos.

Cada pai educa como pode ou como deseja, mas seria preciso haver uma regulamentação sobre as grandes empresas para que não possam fazer tudo o que querem.

Não é normal que qualquer menorjogo para jogaridade possa entrar para ver pornografia ou jogar um videogame nocivo que seja violento, tenha recompensas financeiras ou seja castigado se abandonar uma partida.

Temos que regulamentar as empresasjogo para jogartecnologia para o bom uso.

jogo para jogar BBC News Mundo - Mas como empresas globais e interconectadas podem ser regulamentadas sem um consenso global? Parece um tanto distante.

jogo para jogar Masip - É complicado, mas já vimos que com o coronavírus a maioria do mundo chegou a um acordo.

Mas, sim, não basta a solução que se impõejogo para jogarcada casa. A solução deve ser global.

É preciso regulamentar os próprios aplicativos, as próprias empresas, para que depois as coisas cheguem bem ao resto do mundo, sem elementos nocivos ou viciantes.

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