Dopamina: por que busca desenfreada por estímulos pode tirar satisfação da vida:aposta mais de 1

Cérebro

Crédito, Getty Images

O livro se debruça sobre o funcionamento da dopamina, um neurotransmissor do cérebro cuja descoberta é relativamente recente — foi feitaaposta mais de 11957 pelo neurofarmacologista sueco Arvid Carlsson, pesquisa que lhe rendeu um Prêmio Nobel no anoaposta mais de 12000.

Esse mensageiro químico do cérebro é conhecido erroneamente como "hormônio do prazer".

Na realidade, suas características estão ligadas à motivação ou estímulo reforçador, com destacada atuação no sistemaaposta mais de 1recompensa cerebral. A sensaçãoaposta mais de 1prazer tem outros componentes químicos envolvidos.

A dopamina, no entanto, é uma molécula fundamentalaposta mais de 1um processo maturado durante milhõesaposta mais de 1anosaposta mais de 1evolução: o corpo instintivamente evita a dor. Procura o oposto.

"Quando a dopamina é liberada e seus níveis sobemaposta mais de 1resposta a algo que ingerimos ou fizemos, o corpo sente prazer, recompensa, euforia. E, então, claro, nós sempre estamos buscando recriar essa sensação", diz Lembkeaposta mais de 1entrevista à BBC News Brasil.

Um experimento com ratos dá uma ideiaaposta mais de 1como algumas atividades e substâncias fazem disparar o neurotransmissor acima dos níveis basais:

  • Chocolate: +55%
  • Sexo: +100%
  • Nicotina: +150%
  • Cocaína: +225%
  • Anfetaminas: +1.000%.
A psiquiatra Anna Lembke

Crédito, Steve Fisch/Divulgação

Legenda da foto, Anna Lembke é chefe da clínica especializadaaposta mais de 1adicções na Universidade Stanford e autora do livro 'Nação Dopamina'

Mas o nosso organismo sempre tenta restabelecer um equilíbrio interno, chamadoaposta mais de 1homeostase. Ou seja, se o nívelaposta mais de 1dopamina foi para as alturas, o corpo tenta compensar o outro lado da balança.

"É aquela 'descida' após qualquer experiência prazerosa. Às vezes essa descida ocorreaposta mais de 1forma óbvia, como a ressaca depoisaposta mais de 1uma bebedeira. Mas outras vezes é muito mais sutil", diz a psiquiatra.

"Essencialmente, é a dopaminaaposta mais de 1queda livre, que não volta apenas a níveis basais, mas cai para abaixo deles. Então, para cada prazer, há um custo. E o custo é uma sensação temporária da abstinênciaaposta mais de 1uma substância. Algo universalmente traduzidoaposta mais de 1ansiedade, irritabilidade, depressão e fissura pela drogaaposta mais de 1preferência."

A tolerância

Com repetidas exposições a esses estímulos que tanto nos atraem — sejam substâncias ou comportamentos — começa um processo conhecido no mundo do vício: a tolerância.

O cérebro passa a necessitar doses maiores e mais frequentes para obter a mesma sensação das primeiras vezes.

Lembke trata na clínicaaposta mais de 1Stanford casos gravesaposta mais de 1abusosaposta mais de 1substâncias ouaposta mais de 1dependênciaaposta mais de 1sexo ou apostas, mas observa que os atrativos surgidos com a internet e a tecnologia digital massificaram e banalizaram a dinâmica dos disparosaposta mais de 1dopamina e da compulsão.

Ela acredita que todos nós podemos aprender com casos gravesaposta mais de 1dependência, "versões extremas do que todos nós somos capazes".

"A riqueza, a abundância e a tecnologia da nossa época faz com que quase toda experiência humana tenha o potencialaposta mais de 1vício,aposta mais de 1uma droga. As mídias sociais são conexão humanaaposta mais de 1formaaposta mais de 1droga. O que torna algo viciante? Algo que dispara dopamina no sistemaaposta mais de 1recompensa do cérebroaposta mais de 1forma rápida", diz ela.

Bebidas, comida, games e celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'A riqueza, a abundância e a tecnologiaaposta mais de 1nossa época faz com que quase toda experiência humana tenha o potencialaposta mais de 1vício,aposta mais de 1uma droga', diz Anna Lembke

"E nós temos acesso fácil, quantidade ilimitada, grande potência e novidades ilimitadas. A dopamina responde a todas essas condições."

"As próprias notícias são uma espécieaposta mais de 1droga da novidade, certo? É a percepçãoaposta mais de 1que o mundo tem a todo momento eventos transformadores. Mas depoisaposta mais de 1um tempo nós precisamosaposta mais de 1mais e mais eventos chocantes para sentir algo. Nós passamosaposta mais de 1horrorizados para entorpecidos — e é algo preocupante porque fala da natureza antissocial que circunda o vício,aposta mais de 1que o dependente se torna indiferente ao sofrimento dos outros."

A própria autora admite no livro que não é imune às compulsões. No caso dela, ocorreu uma "fixação nada saudável" com livrosaposta mais de 1erotismo soft.

Lembke descreve queaposta mais de 1rotina começou a ser ocupada por romances genéricosaposta mais de 150 Tonsaposta mais de 1Cinzaaposta mais de 1vezaposta mais de 1socializar, cozinhar, dormir e dar atenção à família — ela afirma que até o intervalo entre uma consulta ou outra na clínicaaposta mais de 1Stanford tinha que ser usado para saciar a vontade.

Lembke diz que não foi fácil fazer essas revelações sobre si mesma.

"Na verdade foi um grande risco. Olha, eu sou professoraaposta mais de 1Stanford e médica. A expectativa sobre nós é que nunca sejamos vulneráveis, não é? Mas eu conto tantas histórias reais dos meus pacientes, e eles deram permissão para isso [ninguém é identificado]. Então, se eles tiveram coragem o suficiente, eu poderia ter também."

Abrace o desconforto

A psiquiatra da Universidade Stanford acredita que a ideiaaposta mais de 1eliminar a dor a qualquer custo como paradigma trouxe desvantagens para a sociedade.

Lembke se refere tanto à fuga automáticaaposta mais de 1desconfortos como o tédio e a monotonia quanto ao uso indiscriminadoaposta mais de 1medicamentos para combater a dor - algo que teve grande papel na crise dos opioides, que vitimou centenasaposta mais de 1milharesaposta mais de 1norte-americanos nas últimas décadas.

"Evitar a dor nos privaaposta mais de 1experiências que constroem os calos mentais para encarar desafios futuros. E eu faloaposta mais de 1doraposta mais de 1uma forma ampla: emocional, espiritual, todos os diferentes tiposaposta mais de 1sofrimento físico e psicológico."

A retomada do contato com o desconforto é exemplificada no livro por algo frugal: a terapia do banho gelado (e,aposta mais de 1fato, pesquisas sugerem benefícios da água fria não só para melhorar a circulação, mas também para aliviar depressão).

Homem toma banho gelado na Ucrânia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Banho gelado é uma formaaposta mais de 1entraraposta mais de 1contato com o desconforto

"Junto com o acesso crescente a medicamentos e a comportamentos que nos apartam das experiências tradicionaisaposta mais de 1dor, nós desenvolvemos uma narrativaaposta mais de 1que a dor deve ser evitadaaposta mais de 1nós ou nos nossos filhos", afirma.

"Como resultado, pais se tornaram temerososaposta mais de 1deixar que seus filhos experimentem qualquer tipoaposta mais de 1sofrimento, com medoaposta mais de 1que eles acabem no divã ou com algum distúrbio psicológico. Mas o fato é que proteger as criançasaposta mais de 1experiências desafiadoras é privá-las da oportunidadeaposta mais de 1construir uma fortaleza mental que elas necessitam no mundo."

Mas uma pergunta paira: não será justamente a vida moderna, com toda aaposta mais de 1pressão e desafios, que impõe peso sobre todos que a habitam e dessa forma precisamosaposta mais de 1algo para sanar essas dores?

Ela responde: "Eu concordo que nós vivemosaposta mais de 1um mundo muito estranho eaposta mais de 1uma época muito estranha, e que a vidaaposta mais de 1tempos modernos é difícil por razões paradoxais".

"Acho que medicamentos psicotrópicos têm representado uma maneira para nos adaptar a um mundo para o qual a nossa evolução ainda não chegou. Mas,aposta mais de 1geral, eu acho que esses remédios são prescritosaposta mais de 1forma excessiva, sem o reconhecimentoaposta mais de 1seus lados negativos, incluindo o potencial para se viciar ou nos privaraposta mais de 1sentir as intensas emoções que nos tornam humanos."

"A sugestão no livro é que,aposta mais de 1vezaposta mais de 1usar medicamentos para nos adaptar a esse novo mundo é tentar mudar as nossas experiências nele."

Línea

aposta mais de 1 Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal aposta mais de 1 .

aposta mais de 1 Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube aposta mais de 1 ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosaposta mais de 1autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaaposta mais de 1usoaposta mais de 1cookies e os termosaposta mais de 1privacidade do Google YouTube antesaposta mais de 1concordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta mais de 1"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoaposta mais de 1terceiros pode conter publicidade

Finalaposta mais de 1YouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosaposta mais de 1autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaaposta mais de 1usoaposta mais de 1cookies e os termosaposta mais de 1privacidade do Google YouTube antesaposta mais de 1concordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta mais de 1"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoaposta mais de 1terceiros pode conter publicidade

Finalaposta mais de 1YouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosaposta mais de 1autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaaposta mais de 1usoaposta mais de 1cookies e os termosaposta mais de 1privacidade do Google YouTube antesaposta mais de 1concordar. Para acessar o conteúdo cliqueaposta mais de 1"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoaposta mais de 1terceiros pode conter publicidade

Finalaposta mais de 1YouTube post, 3