Câncermamahomens: como faltainformação e tabu prejudicam detecção precoce:

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Rodrigo Fassina foi diagnosticado com tumor considerado um dos mais agressivoscâncermama

No terceiro dia, o caroço não diminuiu e ao retornar ao especialista foi informado que aquilo poderia ser um nódulo.

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Carlo Ancelotti diz que a falta suporte da diretoria do bayern Munique foi um fator importante para a sua sada do clube alemo nesta temporada. Apesar ter levado os bvaros ao ttulo da Bundesliga, Ancelotti foi dispensado {k0} outro aps derrota para o PSG na Champions League.
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Tcnico campeo do mundo com a seleo da Alemanha, {k0} 2014, no Brasil, Joachim Low deu uma cutucada  no Bayern Munique.

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"Ele me aconselhou a procurar um mastologista, um cirurgião. Passei no médico, ele pediu exames, mamografia e ressonância", diz.

O músico também precisou fazer uma biópsia, já que os médicos suspeitavamum tumor maligno.

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Depoisreceber o resultado, Rodrigo ficou surpreso, pois foi diagnosticado com um tumor HER2 positivo, considerado um dos mais agressivoscâncermama. Ele recebeu a notícia com certa estranheza, pois sempre ouviu que a condição era mais comummulheres e não no gênero masculino.

Porém, segundo o INCA (Instituto NacionalCâncer), homens também desenvolvem o problema e estima-se que a incidência nesse grupo representa cerca1%todos os casos da doença.

Ao procurar um mastologista, que não era especialistacâncer, foi informado que deveria fazer cirurgia, mas preferiu irbuscauma segunda opinião.

"Fui para uma cirurgiã oncológica e a médica falou que o câncer já tinha nome e sobrenome", diz.

Ele começou o tratamento com quimioterapia e após seis sessões, os médicos iriam avaliar se seria preciso optar pela cirurgia.

O especialista ainda informou e ele que não havia muita literatura sobre câncermamahomens e que iam tratar como um câncermulheres.

"Eram dois tumores que somavam seis centímetros. Comecei a fazer as sessõesquimioterapia e foi diminuindo dois centímetros. Quando terminei a sexta sessãoquimio, meu tumor estava menor que 0,5 centímetro", diz o músico.

Ele ainda precisou passar por uma mastectomia, para retirar o tumor e agirforma preventiva.

Pai também ficou doente

Durante o tratamento, relata, ele tentava manter o pensamento positivo e acreditava que iria se curar.

No entanto, um fato inesperado chamou atenção dele esua família.

Durante a terceira sessãoquimioterapia, o paiRodrigo começou a passar muito mal.

"Ele estava com uma úlcera e precisou fazer uma cirurgiaurgência. Quando foram operar, viram que meu pai já estava com metástase no fígado", afirma.

Segundo Rodrigo, o pai dele provavelmente já tinha um câncer na próstata, que evoluiu para outras regiões, mas que foi quase assintomático.

"Ou ele não sentia ou não falava nada. Ele ficou internado, não conseguiu se recuperar e nem deu tempoestudar esse câncer. Os médicos acreditavam que podia ter sido originado na próstata e pâncreas", conta.

Justamente pelo problema do pai ter sido silencioso e por ele se mostrar relutanteir ao médico, o músico agradece e sabe a importânciater ido atrásum diagnóstico precoce.

Pouco tempo depois,mãe também apresentou sintomas estranhos e foi diagnosticada com trombose hiperplásica. O tumor evoluiu para câncer no colo do intestino e hoje ela segue fazendo tratamento.

Por causa disso, ele precisou fazer exames genéticos para investigar as causas do problema e tentar mitigar o surgimentonovos cânceres no futuro.

Mesmo com essas intercorrências dos pais, Rodrigo seguiu com os cuidados necessários e conseguiu se curar. Após quase sete meses, ele recebeu alta e fez um show interpretando Freddie Mercury para comemorar no hospital.

Até hoje, ele celebra o sucesso no tratamento e faz o alerta para que cada vez mais homens procurem os médicos e cuidem da saúde.

"A sensaçãofinitude faz você querer não perder tempo. O tempo está a seu favor ou contra. O câncer não é uma sentençamorte", destaca.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Rodrigo antes do diagnóstico: o músico percebeu um pequeno caroço no mamilo direito e foi investigar

Causa e tratamento

Esse tipocâncer ocorre por causauma proliferação celular desordenada.

As células podem atingir o ducto mamário (bico do mamilo) ou lóbulos mamários (região mais acima do bico).

Assim como ocorre nas mulheres, o câncermamahomens pode ser multifatorial, provocado por sedentarismo, obesidade, excessoálcool, tabagismo e condição genética hereditária.

Pode ocorrer ainda por usoanabolizantes ou outras substâncias hormonaisexcesso.

"Qualquer homem que tenha e faça usohormônio, também aumenta o risco. Sempre o hormônio tem interferência na glândula mamária para estímulocélula tumoral", explica Fabiana Makdissi, mastologista e cirurgiã oncológica do hospital AC Camargo.

Embora não sejam todos os cânceres que tenham origem genética hereditária, nomama é preciso levarconsideração o risco aumentado no público masculino.

"Para o câncermama somente 10% dos casos estão relacionados com origem genética hereditária, porém,homens, esse número pode atingir até 40%", afirma Rodrigo CastanhoCampos Leite, mastologista do HospitalAmor, antigo HospitalCâncerBarretos.

A condição é mais frequentehomens50 a 60 anos, mas pode atingir os mais jovens, assim como ocorreu com Rodrigo que, na época, tinha 39 anos.

Por isso, é importante ficar atento aos sintomas e ir ao médico rapidamente.

Segundo os especialistas, com um diagnóstico precoce, a chancecura é95%.

Os sinais que servemalerta e merecem atenção são caroços atrás da aréola, retração do mamilo, secreção e peleformatocascalaranja.

Quando o paciente é diagnosticado com esse tipocâncer, o médico fará uma avaliação e indicará qual o melhor tratamento a ser feito. Ele levaráconta o grau do tumor, evolução da doença e questões hormonais.

A linha terapêutica pode ser um procedimento cirúrgico inicial, retirada da mama e investigação dos linfonodos, que são pequenas estruturas do tamanhoum grãofeijão que ajudam na defesa do organismo.

Além da cirurgia, pode-se recomendar quimioterapia e radioterapia.

"No caso da doença que já se espalhou para outra região, a cirurgia não tem papel principal, mas sim o remédio. Aí já é um tratamento paliativo. A cirurgia tem caráterhigiene", reforça Leite.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Após quase sete meses, Rodrigo recebeu alta e fez um show interpretando Freddie Mercury para comemorar no hospital

Homens não cuidam da saúde

A atitudeRodrigoprocurar um médico ao sofrer com um incômodo é exceção na rotina dos homens, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem da BBC News Brasil. Cuidar da saúde masculina ainda é um problema e, muitas vezes, visto como um tabu por muitos deles.

Isso foi constatado inclusiveuma pesquisa feitanovembro deste ano pela Sociedade BrasileiraUrologia que mostrou que 46% dos homens acima40 anos só vão ao médico quando sentem algo.

Esse número aumenta para 58% se eles utilizam apenas o SUS (Sistema ÚnicoSaúde).

Outra pesquisa do Instituto Lado a Lado pela Vida, intitulado A Saúde do Brasileiro, realizadoparceria com o QualiBest, mostrou ainda que 51% dos entrevistados consideram a rotina estressante como principal empecilho para cuidar melhor da saúde. Enquanto 32% disseram que o acesso à saúde é o maior problema para seguir com os cuidados médicos.

"Em relação ao câncermamahomens nós não temos tabelarastreio como existe na mulher. Se alguma alteração aparece na mama ou no mamilo, a indicação éque ele busque ajuda, até do próprio urologista", destaca a especialista do AC Camargo.

Roni Fernandes, vice-presidente da Sociedade BrasileiraUrologia (SBU), afirma que os homens só procuram um especialista quando sentem algo grave e que eles não vão ao médico buscando doenças assintomáticas.

O médico ainda reforça que assim como o ginecologista é o médico da mulher, os homens deveriam ter o urologista como o seu médico principal, realizando consultas periódicas e exames anuais.

Ele ainda faz um alerta, já que o problema vai muito além do câncermama.

Segundo ele, muitos não sabem sequer lavar o pênisforma adequada e, por causa disso, precisam amputar o órgão genital.

"É algo social. É preciso investirconscientização e políticas públicas. Cerca400 a 500 homens perdem o pênis anualmente porque não cuidaram", conclui o urologista da SBU.

Aindaacordo com os especialistas, a falta do cuidado com a saúde tem a ver com questões sociais, com machismo e até com vergonha.

"O que a gente observa no casohomens é que geralmente eles já vêm com alteraçãopele e linfonodos palpáveis. Tem esse atraso na procura do médico, talvez por um poucopreconceitoter uma doença na mama. Mas isso acaba prejudicando as chancescura", reforça Leite.

Quando começar a ir ao médico?

O cuidado com a saúde masculina deve começar quando os homens são ainda crianças, seguindo na adolescência.

Quando tem início a fase da puberdade, é ideal que os responsáveis encaminhem o jovem para o urologista ou para um médico hebiatra, especialista no cuidadoadolescentes. Dessa forma, ele pode receber orientaçõessexualidade, cuidados com a saúde, higiene e fazer examesrotina.

O cuidado ainda deve seguir na vida adulta, ao iniciar relações sexuais, e também ao ficar mais velho.

A partir dos 50 anos, recomenda-se sempre examinar a próstata para diminuir os riscosum câncer agressivo, muito comum nesta faixa etária.