A corrida 'urgente' para encontrar remédios efetivos contra a dengue:vbet zang

Aedes aegypti

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Legenda da foto, A doença transmitida pelo Aedes aegypti já causou maisvbet zang1 milhãovbet zangcasos no Brasilvbet zang2024

E é curioso notar que, nesse meio tempo, o tratamento da doença pouco mudou: ele consiste basicamentevbet zangfazer repouso, reforçar a hidratação, tomar remédios que aliviam os sintomas e ficar atento aos sinaisvbet zangalarme para a complicação do quadro, quando há necessidadevbet zangsuporte hospitalar.

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Em outras palavras, a hipótese dupla é uma maneira vbet zang evitar falácias lógica. ao se considerar diferentes explicações para um 📈 mesmo fenômeno? Ela exige que os cientistas considerem todas as possibilidades e nãose limiteem apenas numa única explicação; especialmente quando 📈 essa compreensão também for capazde ser testada ou comprovado vbet zang {k0} forma independente!

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Fim do Matérias recomendadas

Nessas quatro décadas e meia, não foi lançada nenhuma opção terapêutica para lidar diretamente com essa infecção.

Mas isso pode mudarvbet zangbreve: cientistas e empresas farmacêuticas estão numa verdadeira corrida para encontrar remédios que sejam capazesvbet zangagir contra esse vírus, ou ao menos minimizar o estrago que ele é capazvbet zangfazer no corpo da gente.

A BBC News Brasil conversou com especialistas no tema, que compartilharam os principais desafios dessas pesquisas e as perspectivas para que a dengue finalmente tenha um remédio para chamarvbet zangseu.

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Para entendermos a dificuldadevbet zangencontrar medicações contra a dengue, é preciso antes dar um passo para trás e conhecer o caminho que esse vírus faz pelo organismo.

Como provavelmente você já sabe, ele entra no corpo através da picada do mosquito Aedes aegypti — e o patógeno já começa a agir nas próprias células da pele.

"Falamos aquivbet zangum vírusvbet zangRNA, o que significa que ele vem pronto para se multiplicar dentro das nossas células", explica o virologista Rômulo Neris, professor da Universidade Federal do Riovbet zangJaneiro (UFRJ).

Alguns outros vírus, como os causadoresvbet zangvaríola e HIV, por exemplo, possuem uma composição distinta e precisam passar por algumas etapas antesvbet zang"sequestrar" o maquináriovbet zangnossas células para produzir novas cópiasvbet zangsi mesmos.

Na prática, o fatovbet zango vírus da dengue já vir "pronto para o combate" facilita demais as coisas para ele — e as dificulta para nós.

"Logo após a picada, ele invade as células da pele e também algumas unidades do sistema imunológico que atuam como sentinelas nesta região", detalha o especialista.

A partir daí, o patógeno da dengue cria novas cópias com bastante rapidez.

"O crescimento é exponencial. Partindovbet zanguma, duas ou dez partículas virais, são geradas entre 20 e 200 mil novas unidadesvbet zangum dia para o outro", observa Neris.

O interior da célula infectada fica tão lotadavbet zangvírus que uma hora ela não aguenta, estoura e morre. Isso libera as milharesvbet zangpartículasvbet zangdengue pelo organismo, para que elas possam encontrar uma nova célula e repetir esse trabalho.

É claro que essa bagunça toda não passa despercebida pelo sistema imunológico. As célulasvbet zangdefesa tentam conter o estrago — mas, às vezes, a reação delas é tão exagerada que prejudica o funcionamentovbet zangalguns órgãos importantes, como os rins e o coração.

Vírus da dengue

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Legenda da foto, O vírus da dengue (representadovbet zangazul na ilustração) tem uma replicação veloz no organismo

E essa velocidade toda transparece nas manifestações clínicas da enfermidade.

"Esse vírus produz uma doençavbet zangmanifestação muito rápida e aguda. A covid-19, por exemplo, costuma apresentar complicações a partir do sétimo dia da infecção. Na dengue, isso pode acontecer no terceiro dia", compara o médico Kleber Luz, da Sociedade Brasileiravbet zangInfectologia.

"Falamosvbet zangum processo que acontece rápido, como se fosse um tsunami", complementa ele.

"A dengue é uma doença muito dinâmica. Num dia, o paciente parece estar bem, sem nenhum sinalvbet zanggravidade e, no outro, a situação pode mudar e surgir uma complicação", concorda o médico André Siqueira, do Instituto Nacionalvbet zangInfectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz).

Tudo isso representa um enorme desafio ao desenvolvimentovbet zangnovos remédios: para que um tratamento funcione, ele precisaria ser aplicado no momento preciso, logo no primeiro ou no segundo dia, antes do vírus se replicar demais ou a doença se complicar.

E o diagnóstico também forma uma barreira. Atualmente, a suspeitavbet zangdengue só é levantada quando o indivíduo tem pelo menos dois dias seguidosvbet zangfebre, quando essa eventual "janela terapêutica" já está prestes a expirar.

Para completar, não há um exame capazvbet zangpredizer quais indivíduos vão desenvolver as complicações da infecção e quais se recuperarão depoisvbet zangalguns dias com sintomas leves, sem maiores problemas.

A dengue grave — antes chamadavbet zangdengue hemorrágica, nome que caiuvbet zangdesuso porque a hemorragia não é a única manifestaçãovbet zangalgo mais sério relacionado à doença — costuma ser mais frequentevbet zangcrianças, idosos e portadoresvbet zangdoenças crônicas (como diabetes, hipertensão e obesidade). Mas ela pode acometer qualquer pessoa infectada com esse vírus.

Ou seja: uma junçãovbet zangfatores (desenvolvimento súbitovbet zangsintomas + faltavbet zangdiagnóstico precoce + ausênciavbet zangmétodos para determinar o riscovbet zangter a dengue grave) representam grandes dificuldades na horavbet zangdesenvolver novos fármacos específicos contra a dengue.

E aqui não podemos ignorar também o fatovbet zanga dengue ser uma doença negligenciada, que historicamente afeta mais os países pobres, especialmentevbet zangAmérica Latina, África e Sudeste Asiático.

"A gente vê uma faltavbet zanginvestimentos na dengue, pois trata-sevbet zanguma doença relacionada à pobreza, que muitas vezes não atrai a atençãovbet zangfinanciadores e da indústria farmacêutica", destaca Siqueira, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileiravbet zangMedicina Tropical.

Mas esse cenário começou a mudar um pouco recentemente, como você confere a seguir.

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Legenda da foto, Situaçãovbet zangemergênciavbet zangsaúde pública exigiu que alguns Estados criassem hospitaisvbet zangcampanha para lidar com aumentovbet zangcasosvbet zangdengue

Uma nova esperança contra a dengue?

Um artigo publicado no periódico acadêmico Nature destaca que, no ano 2000, foram diagnosticados 500 mil casosvbet zangdengue no mundo inteiro.

Jávbet zang2023, esse número ultrapassou a casavbet zang6 milhões — um crescimentovbet zang12 vezesvbet zangpouco maisvbet zangduas décadas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) lembra que metade da população global corre o riscovbet zangcontrair esse vírus — e as mudanças climáticas contribuem para piorar cada vez mais essas perspectivas daquivbet zangdiante.

Afinal, as temperaturas mais quentes ampliam a áreavbet zangatuação do Aedes aegypti. Não é coincidência que esse mosquito começou a circular com mais frequênciavbet zangregiões que antes possuíam um clima temperado, como o sul dos Estados Unidos e partes da Europa, casovbet zangItália e França.

"No Brasil, a região Sul foi poupada da dengue nas últimas décadas. Mas, nos anos recentes, vimos surtos e até epidemias nesses Estados", lembra Siqueira.

O infectologista acrescenta que, além do aumento da temperatura, a urbanização descontrolada — marcada pela faltavbet zangsaneamento básico e a criaçãovbet zangreservatóriosvbet zangágua desprotegidos que servemvbet zangcriadouro para o Aedes — representa outra grande oportunidadevbet zangexpansão da dengue.

"Além disso, a rápida circulaçãovbet zangpessoasvbet zangum lado para o outro do globo facilita a chegadavbet zangvírus a novas regiões", pontua ele.

Todo esse cenário deu mais urgência à procuravbet zangnovas soluções para tratar a dengue.

E um dos projetos a encarar esse desafio foi a Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na siglavbet zanginglês), uma organização sem fins lucrativos com sede na Suíça que, como o próprio nome sugere, reúne investimentos e esforços para desenvolver tratamentos contra enfermidades que não recebem tanta atençãovbet zangoutros setores da sociedade.

Desde 2022, a entidade possui um grupo específico para encontrar medicações contra a dengue.

O projeto envolve pesquisadoresvbet zangBrasil, Tailândia, Malásia e Índia.

O médico Sergio Sosa-Estani, diretor da DNDi na América Latina, destaca que a busca pelas novas medicações contra a dengue está divididavbet zangtrês eixos principais.

O primeiro deles envolve a estratégiavbet zangreposicionamentovbet zangdrogas. Em suma, os cientistas reavaliam os remédios que já estão testados e aprovados contra outras doenças, para ver se eles poderiam ter algum tipovbet zangação contra a dengue.

"A princípio, isso facilitaria e agilizaria o processo, pois estamos falandovbet zangmoléculas que já passaram por outros testes anteriormente", resume o especialista.

Algumas opções farmacêuticas — como a cloroquina e a ivermectina, por exemplo — foram submetidas a essa reavaliação, mas não mostraram resultados sólidos contra a dengue, complementa Siqueira.

O segundo eixo citado por Sosa-Estani envolve a criaçãovbet zangantivirais inéditos, que bloqueiem ou desaceleremvbet zangalguma maneira a replicação do vírus da dengue no nosso organismo.

E o terceiro se concentravbet zangdescobrir tratamentos, como alguns fármacos da classe dos anticorpos monoclonais, que amenizem a resposta do sistema imunológico,vbet zangmodo a não gerar uma inflamação tão grande e danosa ao organismo.

"Estamos com algumas moléculasvbet zangpesquisas na fase pré-clínica e esperamos anunciar novidades sobre elas nos próximos meses, ainda no primeiro semestrevbet zang2024", adianta o pesquisador.

A fase pré-clínica citada por Sosa-Estani é aquela que acontece na bancada dos laboratórios,vbet zangque a substância com potencial terapêutico é avaliadavbet zangcélulas e cobaias.

Se os resultados forem satisfatórios, o trabalho evolui para a fase clínica, divididavbet zangtrês etapas,vbet zangque a eficácia e a segurança do produto são avaliadasvbet zangvoluntários

Postovbet zangsaúde com pacientes com suspeitavbet zangdengue

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Legenda da foto, Apesarvbet zangdécadasvbet zangsurtos e epidemias, dengue ainda não tem um remédio específico

Além dos projetos da DNDI, algumas farmacêuticas também compartilharam novidades no tratamento da dengue durante os últimos meses.

Em outubrovbet zang2023, a farmacêutica Janssen publicou os resultadosvbet zangum estudo clínico com uma molécula chamada JNJ-1802. Trata-se do primeiro antiviral desenvolvido para prevenir a dengue que mostrou resultados positivosvbet zangseres humanos.

A avaliação ainda pontuou que o composto foi bem tolerado e mostrou-se seguro.

Ele agora segue para outras fasesvbet zangpesquisa, com o objetivovbet zangcomprovar que realmente pode ser uma ferramenta para lidar com a dengue.

Já o laboratório Novartis começou nas últimas semanas um estudo clínico com o EYU688, uma molécula que atua contra uma das proteínas presentes na estrutura desse vírus. O trabalho deve terminarvbet zangjunhovbet zang2025.

Neris destaca que essas pesquisas sãovbet zangparte influenciadas pelos aprendizados da pandemiavbet zangcovid-19, onde os especialistas precisaram desenvolver ferramentas e acumularam conhecimentos sobre como buscar novas soluções farmacêuticas.

"Hojevbet zangdia, conseguimos fazer a prospecçãovbet zangdiversas substâncias por meiovbet zangferramentas computacionais. Usamos equipamentos para saber se uma molécula pode funcionar, sem a necessidadevbet zangfazer ensaios e testá-lavbet zangmilharesvbet zangcélulas", destaca ele.

Sosa-Estani conta que outro fenômeno recente dá apoio aos estudosvbet zangnovas medicações: a inteligência artificial.

"Usamos essa tecnologia para identificar possíveis alvos terapêuticos e saber onde podemos melhorar", resume ele.

O infectologista Kleber Luz reforça que, além das barreiras citadas anteriormente, esses testes e avaliaçõesvbet zangnovas substâncias também precisam lidar com a sazonalidade da dengue, que costuma ser frequente nos mesesvbet zangcalor, quando há mais chuva e os mosquitos conseguem se reproduzir com facilidade nos reservatóriosvbet zangágua parada.

"Portanto, temos poucas perspectivas no curto ou médio prazo para a chegadavbet zangnovos tratamentos", opina o especialista, que também é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Já Siqueira acredita que, com o aumentovbet zangcasos e das regiões atingidas pelo Aedes, a tendência évbet zangmais investimento e atenção na dengue daqui para frente.

"Boas novidades para o tratamento da dengue devem surgir nos próximos cinco ou dez anos", contrapõe ele.

Menino sendo vacinado contra a dengue

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Legenda da foto, Vacinação contra a dengue é vista como boa notícia — mas sozinha não será suficiente para conter as epidemias

Para fechar o cerco

Embora os últimos anos tenham sido marcados por surtos históricosvbet zangdengue no Brasil, vale ressaltar que também tivemos algumas notícias positivas nessa área.

A principal delas foi a chegada da primeira vacina contra esse vírus na rede pública. A campanha começou nas últimas semanas, ainda que esteja restrita a poucas cidades e a um público-alvo reduzido, por causa da faltavbet zangum número maiorvbet zangdoses disponíveis no momento.

Também tivemos resultados promissores com o chamado método Wolbachia. Para resumir, uma bactéria é inserida no sistema digestivo do Aedes e impede a transmissãovbet zangvírus por esse mosquito.

Os testes, que ainda estãovbet zangandamento, inclusivevbet zangalgumas localidades do Brasil, mostraram que essa abordagem é capazvbet zangreduzir o númerovbet zangcasos da infecção.

E aqui não podemos nos esquecer, claro, da velha (e ainda efetiva) táticavbet zangeliminar os criadouros do agente transmissor. Acabar com os depósitosvbet zangágua, por menor que eles sejam, continua a ser uma prática necessária, que pode fazer a diferençavbet zangsurtos e epidemias.

Mas será que, num cenáriovbet zangque as ações preventivas contra o mosquito e o vírus da dengue ganharam reforçosvbet zangpeso, ainda é preciso pensarvbet zangnovos tratamentos?

Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que sim.

Num artigo publicadovbet zangdezembro do ano passado, Siqueira, Sosa-Estani e outros pesquisadores lembram que a vacina contra a dengue aprovada tem uma eficáciavbet zang84,1% contra hospitalizações e 70% contra o desenvolvimento das formas graves da doença.

Isso significa que, por mais bem-vinda que seja, ela não protege 100% das pessoas (como nenhum outro imunizante disponível faz, diga-se).

Portanto, mesmo que a vacinação reduza os númerosvbet zangcasos e internações no futuro, ainda haverá demandavbet zangremédios para aqueles pacientes que tiverem dengue grave, com complicações.

"Há uma necessidade urgentevbet zangdescobrir tratamentos seguros e efetivos que previnem a progressão da dengue", destacam os autores.

Essas novas medicações entrariam, portanto, como mais um elemento para "fechar o cerco" contra a doença transmitida pelo Aedes.

"Precisamosvbet zanguma sérievbet zangsoluções que,vbet zangdiferentes etapas, e junto com a organização adequada dos serviçosvbet zangsaúde, podem ter um impacto grande nessa doença", diz Siqueira.

Enquanto esse dia não chega, Luz pede que as pessoas fiquem atentas aos sinaisvbet zangque a dengue pode estar se agravando — e procurem um atendimento médico o mais rápido possível.

"Se o paciente com suspeitavbet zangdengue começa a ter dor abdominal, náuseas e vômitos, ele deve ir imediatamente ao serviçovbet zangsaúde", orienta ele.

Ao receber o suporte necessário na clínica ou no hospital, é possível minimizar os estragos e buscar uma recuperação satisfatória.