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Como tomar café pode fazer bem à saúde:mines cassino
Na última década, foram realizados novos estudosmines cassinobase populacional,mines cassinoescala maior. Com isso, Gunter afirma que os cientistas dispõem, agora,mines cassinodadosmines cassinocentenasmines cassinomilharesmines cassinoconsumidoresmines cassinocafé.
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Mas o que nos contam essas pesquisas? O consumomines cassinocafé oferece riscos ou benefícios à saúde?
O café é associado ao aumento do riscomines cassinocâncer por conter acrilamida, uma substância carcinogênica encontradamines cassinoalimentos como torradas, bolos e batatas fritas. Mas a IARC concluiu,mines cassino2016, que o café não é carcinogênico (que causa câncer), a menos que seja bebido muito quente – acimamines cassino65 °C.
Em um estudomines cassino2023, pesquisadores defenderam que, embora o café seja uma das principais fontesmines cassinoacrilamida na nossa alimentação, ainda não existe uma base forte e conclusivamines cassinoevidências demonstrandomines cassinorelação com o riscomines cassinodesenvolvimentomines cassinocâncer.
Possíveis benefícios do café
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Outras pesquisas também concluíram que o café, na verdade, pode ter efeito protetor. Estudos demonstraram, por exemplo, associação entre o consumomines cassinocafé e menor riscomines cassinodesenvolvimentomines cassinoalguns tiposmines cassinocâncer entre os pacientes.
Em 2017, Gunter publicou os resultadosmines cassinoum estudo que analisou os hábitosmines cassinoconsumomines cassinocafémines cassinomeio milhãomines cassinopessoasmines cassinotoda a Europa, por um períodomines cassino16 anos. As pessoas que bebiam mais café apresentaram menor riscomines cassinomorrermines cassinodoenças cardíacas, AVC e câncer.
Estas conclusões são coerentes com pesquisas realizadasmines cassinooutras partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, e as pesquisas mais recentes conduzidas no Reino Unido.
Gunter explica que existe consenso suficiente entre os estudos observacionais para confirmar que as pessoas que tomam até quatro xícarasmines cassinocafé por dia sofremmines cassinomenos doenças que aquelas que não consomem a bebida.
E os possíveis benefícios do café podem ser ainda maiores.
No estudomines cassinoGunter, as pessoas que tomavam café apresentaram maior propensão a fumar e manter alimentação menos saudável do que as demais.
Esta é uma indicaçãomines cassinoque, se o café realmente reduzir o riscomines cassinodoenças cardíacas e câncer, talvez ele seja mais poderoso do que pensamos. Afinal, seus efeitos compensariam os hábitos não saudáveis dos seus consumidores.
Estes mesmos benefícios são observados com o café descafeinado, que contém quantidadesmines cassinooxidantes similares ao café normal, segundo as pesquisas.
Gunter não encontrou, nos seus estudos, nenhuma diferença entre a saúde das pessoas que consomem café tradicional e descafeinado. Isso o levou a concluir que os benefícios associados ao café se devem a outra substância, não à cafeína.
Por que não sabemos ao certo?
Todas estas pesquisas foram baseadasmines cassinodados da populaçãomines cassinogeral, e não confirmam a relação entre a causa e o efeito.
Os consumidoresmines cassinocafé podem simplesmente ter melhores condiçõesmines cassinosaúde do que as pessoas que preferem não tomar a bebida, segundo Peter Rogers, que estuda os efeitos da cafeína sobre o comportamento, estadomines cassinoalerta, humor e atenção das pessoas na Universidademines cassinoBristol, no Reino Unido.
Tudo isso, apesar dos hábitos não saudáveis dos consumidoresmines cassinocafé, como indicado nas pesquisasmines cassinoGunter.
"Algumas pessoas sugeriram que poderia haver um efeito protetor, o que é um tanto controverso, já que nos baseamosmines cassinoevidências da população", afirma ele.
Paralelamente, as pessoas que consomem café regularmente, muitas vezes, apresentam aumento da pressão sanguínea, o que deveria aumentar o riscomines cassinodoenças cardiovasculares.
Mas Rogers afirma que não há evidênciasmines cassinoque a pressão sanguínea mais alta, causada pelo consumomines cassinocafé, esteja associada a um aumento do riscomines cassinodoenças cardiovasculares.
Os estudos clínicos sobre o café – que poderiam determinar melhor os riscos e benefícios da bebida do que os estudosmines cassinobase populacional – são poucos. Mas um grupomines cassinopesquisadores conduziu um exame para observar os efeitos do consumomines cassinocafé não descafeinado sobre os níveismines cassinoaçúcar no sangue.
É um estudo pequeno, promovido pelo Centromines cassinoMetabolismo e Exercícios da Nutrição da Universidademines cassinoBath, no Reino Unido. Ele examinou como o café altera a reação do corpo ao desjejum, após uma noitemines cassinosono fragmentada.
Os participantes do estudo que tomaram café, seguido por uma bebida açucarada que serviumines cassinodesjejum, apresentaram 50%mines cassinoaumento do açúcar no sangue,mines cassinocomparação com os que não consumiram café antes da "refeição".
Ainda assim, este tipomines cassinocomportamento precisaria ocorrer repetidamente ao longo do tempo, para que o risco se acumulasse.
Trazer as pessoas para o ambientemines cassinolaboratório também levanta a questão da relevância dessas descobertas para a vida real. Ou seja, nem os estudosmines cassinobase populacional, nem as pesquisas realizadasmines cassinolaboratório, podem fornecer respostas definitivas sobre os efeitos do café sobre a nossa saúde.
O café pode aumentar o riscomines cassinoaborto espontâneo?
As orientações sobre o consumomines cassinocafé não descafeinado são ainda mais confusas durante a gravidez.
Uma análisemines cassinoestudos realizadamines cassino2022 encontrou relação entre o consumomines cassinocafé antes e durante a gravidez e a ocorrênciamines cassinoaborto espontâneo.
Mas os pesquisadores afirmam que, como foram observados estudosmines cassinobase populacional, pode haver outras explicações para essa relação. Eles destacam que o fumo, por exemplo, está relacionado à ingestãomines cassinocafeína e sabe-se que ele aumenta o riscomines cassinoaborto espontâneo.
A nutricionista Esther Myers, CEO (diretora-executiva) da empresa EF Myers Consulting, conduziu uma análisemines cassino380 estudos. Ela concluiu que quatro xícarasmines cassinocafé por dia para adultos, ou três para mulheres grávidas, não deverão causar efeitos prejudiciais.
Mas a Agênciamines cassinoPadrões Alimentícios do Reino Unido aconselha mulheres grávidas e lactantes a não tomar maismines cassinouma a duas xícarasmines cassinocafé por dia.
E uma análisemines cassinoestudos anteriores concluiu que as mulheres grávidas devem eliminar totalmente o café da alimentação, para reduzir o riscomines cassinoaborto espontâneo, baixo peso ao nascer e partomines cassinonatimorto.
A economista Emily Oster é a autora do livro Expecting Better ("Esperando melhor",mines cassinotradução livre), que analisa os dados referentes às recomendações sobre a gravidez. Ela também concluiu que as orientações existentes sobre o consumomines cassinocafé são inconsistentes.
Para ela, "a grande preocupação é a possibilidademines cassinoque o consumomines cassinocafeína esteja relacionado ao aborto espontâneo, especialmente nos três primeiros meses". Mas Oster ressalta que não existem muitos dados aleatorizados sobre esta questão e não é confiável tirar conclusões com dados baseadosmines cassinoobservações.
"As mulheres que tomam café na gravidez provavelmente são mais velhas e mais propensas ao fumo", explica ela. "Sabemos que a idade e o consumomines cassinotabaco são relacionados ao aumento dos índicesmines cassinoaborto espontâneo."
"A segunda questão é que as mulheres que sentem enjoo no início da gestação têm menos probabilidademines cassinoaborto espontâneo. Estas mulheres também evitam tomar café – é o tipomines cassinocoisa que incomoda quando você já está se sentindo mal. Por isso, muitas mulheres que sentem enjoo e não consomem café têm menos probabilidademines cassinosofrer aborto espontâneo."
Oster afirma que duas a quatro xícarasmines cassinocafé por dia, aparentemente, não estão relacionadas ao aumento do riscomines cassinoaborto espontâneo.
E a dependênciamines cassinocafeína?
Além dos possíveis efeitos do café para a saúde do coração, o desenvolvimentomines cassinocâncer e o aborto espontâneo, existe a questão da influência da bebida sobre o cérebro e o sistema nervoso. Afinal, a cafeína é uma droga psicoativa, ou seja, ela influencia a nossa cognição.
Entre a populaçãomines cassinogeral, algumas pessoas podem tomar café não descafeinado o dia inteiro, enquanto outras ficam ansiosas já na primeira xícara.
Estudos demonstraram que diferenças nos nossos genes podem causar variações na metabolização da cafeína entre as pessoas. Mas Esther Myers ressalta que "não sabemos por que uma pessoa passa perfeitamente bem com certo nívelmines cassinocafeína, enquanto outra pessoa, não".
Mas, para os consumidores regulares que tomam café para aumentarmines cassinoconcentração, existem más notícias.
"À medida que o corpo se acostuma a receber cafeína diariamente, surgem mudanças fisiológicas que adaptam o corpo a viver com cafeína e manter suas funções normais", explica Peter Rogers.
"Consumir café não traz benefícios para a nossa capacidademines cassinotrabalhar com eficiência porque adquirimos tolerância a este efeito. Mas, enquanto você continuar consumindo, [sua eficiência] provavelmente não irá piorar."
O especialista destaca que as únicas pessoas que conseguem usar a cafeína com benefícios são aquelas que não consomem a substância regularmente.
No outro lado do espectro, muitas pessoas brincam que são viciadasmines cassinocafé. Mas, na maioria dos casos, elas são apenas dependentes, segundo Rogers.
"Existe baixo riscomines cassinoficar viciadomines cassinocafeína", segundo ele. "Se você retirar a substânciamines cassinouma pessoa, ela não irá se sentir bem, mas também não vai implorar por ela."
Para Rogers, o café demonstra a diferença entre a adicção – que causa compulsão para conseguir a droga – e a dependência, que prejudica o desempenho cognitivo do usuário, mas não o leva a fazermines cassinotudo para consegui-la. O único ponto que os consumidoresmines cassinocafé precisam conhecer são os efeitos da abstinência.
"Qualquer pessoa que tome algumas xícarasmines cassinocafé por dia é dependentemines cassinocafeína. Se você retirar o café, eles irão se sentir cansados e talvez sintam dormines cassinocabeça."
Estes sintomas dependem da quantidademines cassinocafé consumida por cada pessoa. Mas, normalmente, eles duram entre três dias e uma semana, segundo Rogers. E, durante este período, a única solução para fazer essas pessoas se sentirem melhor é a cafeína.
O tipomines cassinocafé importa?
Aparentemente, a formamines cassinopreparação do café não altera a associação da bebida com melhores condiçõesmines cassinosaúde, sejamines cassinoforma artesanal, do grão até a xícara, ou despejando algum tipomines cassinopó solúvel sobre água quente.
Ao estudar pessoasmines cassinotodo o continente europeu, Marc Gunter percebeu que diferentes tiposmines cassinocafé ainda foram associados aos benefícios à saúde.
"As pessoas tomavam um espresso menor na Itália e na Espanha; no norte da Europa, as pessoas bebiam volumes maioresmines cassinocafé e mais café solúvel", ele conta.
"Observamos diferentes tiposmines cassinocafé e encontramos resultados consistentesmines cassinotodos os países, o que indica que não é questão do tipomines cassinocafé, mas do atomines cassinoconsumir a bebida."
Todos os tiposmines cassinocafé são associados a benefícios à saúde, mas os maiores efeitos foram observados com o café torrado e moído.
Mas pesquisadores concluíram,mines cassinoum estudomines cassino2018, que a relação entre o café e o tempomines cassinovida das pessoas era mais forte para o café torrado e moído,mines cassinocomparação com o solúvel ou descafeinado – embora estes tipos ainda fossem considerados mais saudáveis do que a ausênciamines cassinoconsumomines cassinocafé.
O estudo indicou que esta discrepância pode ocorrer porque o café solúvel contém menor quantidademines cassinocompostos bioativos, como polifenóis, que são conhecidos pelas suas propriedades anti-inflamatórias.
Um estudomines cassinobase populacionalmines cassino2021 concluiu que todos os tiposmines cassinocafé, incluindo o descafeinado, solúvel e moído, estão associados à redução do riscomines cassinodoenças hepáticas crônicas.
Mas,mines cassinooutro estudo,mines cassino2022, os pesquisadores concluíram que, embora os três tiposmines cassinocafé fossem relacionados a níveis mais baixosmines cassinodoenças cardiovasculares e morte, a maior redução do riscomines cassinomorte por todas as causas foi observada com duas a três xícarasmines cassinocafé descafeinado por dia.
O café pode até não ajudar a enfrentar um dia atribulado no trabalho. Mas Gunter destaca que as evidências atualmente disponíveis indicam que tomar até quatro xícarasmines cassinocafé por dia pode trazer benefícios à saúde, como reduzir o riscomines cassinodoenças cardíacas e câncer.
"É senso comum que qualquer bebida, se você consumirmines cassinodemasia, provavelmente não irá fazer bem para você", explica ele, "mas não há fortes evidênciasmines cassinoque tomar algumas xícarasmines cassinocafé por dia faça mal à saúde. Pelo contrário."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.
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