Comer vendo TV realmente faz mal?:galera bet $50 reais

Pois existem evidências indicando que sim.

Estudos sugerem que comer habitualmente assistindo à TV não faz bem para nós, não importa o que estivermos comendo. E aqui estão os motivos.

Distração e memória

Os cientistas sabem há muito tempo que nosso ambiente como um todo desempenha papel fundamental na nossa alimentação. E muitas pesquisas indicam a relação entre assistir à TV e maior riscogalera bet $50 reaisobesidade, principalmente devido ao menor nívelgalera bet $50 reaisexercício decorrente desse comportamento sedentário.

Mas assistir à TV também pode afetar o quanto comemos. A distração é uma das principais teorias para explicar por que podemos comer mais quando vemos televisão ao mesmo tempo, segundo a professoragalera bet $50 reaisciências da comunicação Monique Alblas, da Universidadegalera bet $50 reaisAmsterdã, na Holanda.

Isso pode ocorrer porque, quando estamos absorvidos por um roteiro fascinante, prestamos menos atenção no que comemos. Com isso, nós não percebemos os sinais do corpo que nos dizem que estamos satisfeitos, o que pode nos levar a comer demais.

Existem também pesquisas que indicam que nós não nos lembramos do que comemosgalera bet $50 reaisfrente à TV e temos dificuldade para estimar com precisão a quantidadegalera bet $50 reaisalimentos que ingerimos. Isso pode nos levar a comergalera bet $50 reaisnovo mais tarde.

Alblas concluiu que as pessoas passam mais tempo comendo quando assistem à TV durante as refeições.

Ela utilizou dados já existentes, coletados pelo Instituto Holandêsgalera bet $50 reaisPesquisas Sociais. O organismo pediu às pessoas que mantivessem um diáriogalera bet $50 reaistudo o que elas faziam ao longogalera bet $50 reaisuma semana, incluindo comer e assistir à TV. As pessoas registraram até o tipogalera bet $50 reaisprogramas que estavam acompanhando.

Enquanto analisava os dados, Alblas percebeu que as pessoas passavam mais tempo comendo quando assistiam à TV ao mesmo tempo.

Ela também descobriu que o tempo total que os participantes do estudo passaram comendo era maior nos diasgalera bet $50 reaisque eles comiam assistindo à TV ao mesmo tempo,galera bet $50 reaiscomparação com os diasgalera bet $50 reaisque eles se alimentavam sem ver TV simultaneamente. Para Alblas, esta conclusão sugere que eles não percebiam o quanto estavam comendo, pois estavam distraídos.

Estas conclusõesgalera bet $50 reaissi não demonstram que as pessoas necessariamente comeram mais, ou quais alimentos específicos elas comeram. O único registro foi o tempo passado comendo.

Como os resultados foram relatados pelos próprios participantes, é claro que, se eles se perdessemgalera bet $50 reaisum programa particularmente bom, talvez não se lembrassem ao certogalera bet $50 reaisquanto tempo haviam passado comendo.

Mas Alblas afirma que existem pesquisas que demonstram que o tempo passado comendo está correlacionado à ingestãogalera bet $50 reaismaior quantidadegalera bet $50 reaiscalorias.

"E pesquisasgalera bet $50 reaislaboratório demonstram que comer distraído leva ao aumento do consumogalera bet $50 reaisalimentos,galera bet $50 reaisforma que todas as evidências combinadas indicam que a distração desempenha papel importante quando comemosgalera bet $50 reaisfrente à TV", afirma ela.

Outro motivo que pode nos levar a comer mais quando assistimos à TV é que a refeição pode não ter o mesmo sabor para nós do que quando prestamos mais atenção ao que estamos comendo.

Isso ocorre porque podemos não ficar tão satisfeitos com a comida quando estamos distraídos, segundo a pesquisadoragalera bet $50 reaisciênciagalera bet $50 reaisdados Floor van Meer, do instituto Pesquisagalera bet $50 reaisSegurança Alimentargalera bet $50 reaisWageningen, na Holanda.

Van Meer pesquisou a distração enquanto nos alimentamos, no Departamentogalera bet $50 reaisPsicologia Social, Organizacional e Econômica da Universidadegalera bet $50 reaisLeiden, também na Holanda. Ela é neurocientista e realizou diversos estudos sobre a atividade do cérebro humano quando comemos distraídos.

Em um dos estudos, ela solicitou aos participantes que memorizassem um número curto ou longo enquanto comiam. E os que tentaram memorizar números mais longos relataram que o sabor do alimento era menos doce.

Van Meer também percebeu que havia menos atividade nas partes do cérebro associadas à percepção do sabor.

"Se você não provar o alimento da mesma forma, poderá não ficar tão satisfeito e terá maior probabilidadegalera bet $50 reaisfazer um lanche logogalera bet $50 reaisseguida", segundo ela.

Mas van Meer também aponta o outro lado da moeda: para ela, a TV pode ser uma boa formagalera bet $50 reaisfazer as crianças comerem legumes e verduras, caso elas não gostem do sabor dos alimentos.

Ela explica que existe uma teoria que diz que os seres humanos estão sempre tentando atingir um "objetivo hedônico". Ou seja, nós esperamos atingir certo nívelgalera bet $50 reaisprazer durante qualquer dia ou atividade específica. E, se não conseguirmos, iremos buscar esse prazergalera bet $50 reaisoutro lugar.

Por isso, se um programagalera bet $50 reaisTV não atender às expectativas, você poderá comer mais para compensar.

O nosso estado emocional também desempenha papel importante no nosso comportamento alimentar.

Existem pesquisas que indicam que podemos escolher menos alimentos "hedônicos", como chocolate ou pipoca na manteiga, se assistirmos a um programa que nos faça felizes,galera bet $50 reaiscomparação com algo que nos deixe tristes.

O que comemosgalera bet $50 reaisfrente à TV?

As pesquisas indicam que a exposição a anúnciosgalera bet $50 reaiscomida também pode fazer as pessoas comerem mais,galera bet $50 reaisgeral.

Mas o que mais preocupa os pesquisadores é a associação entre a publicidadegalera bet $50 reaiscomida e o consumogalera bet $50 reaisalimentos ultraprocessados, que já foram relacionados à obesidade e outras doenças, incluindo doenças cardíacas.

"As evidências indicam que mesmo a exposição rápida à publicidadegalera bet $50 reaiscomida pode tornar as crianças mais propensas a consumir os alimentos anunciados – e a repetição da exposição reforça essa preferência", afirma a pesquisadora Fernanda Rauber, do Núcleogalera bet $50 reaisPesquisas Epidemiológicasgalera bet $50 reaisNutrição e Saúde Pública da USP.

Ela concluiu que as crianças têm mais propensão a consumir alimentos ultraprocessadosgalera bet $50 reaisrelação aos minimamente processados, quando assistem à televisão. Isso ocorre,galera bet $50 reaisparte, porque os alimentos ultraprocessados costumam ser considerados mais convenientes para consumogalera bet $50 reaisfrente à TV, segundo ela.

Mas a maior exposição aos anúncios deste tipogalera bet $50 reaisalimento também foi relacionada ao aumento do consumo. E os efeitos parecem ser amplificados no casogalera bet $50 reaiscrianças que já são obesas, talvez porque elas sejam mais sensíveis à publicidadegalera bet $50 reaisalimentos.

As refeiçõesgalera bet $50 reaisfamília costumam ser associadas ao consumogalera bet $50 reaismais frutas, legumes e verduras. Mas Rauber também concluiu que as crianças comem mais alimentos ultraprocessados quando assistem à TV com a família.

"Neste cenário, os eventuais benefícios das refeiçõesgalera bet $50 reaisfamília observadosgalera bet $50 reaisoutras pesquisas são ofuscados pelos impactos negativos da televisão ligada durante as refeições", afirma Rauber.

"Isso destaca a complexa interconexão entre os hábitos alimentares e as influências do ambiente e reforça a necessidadegalera bet $50 reaismais pesquisas para entendermos essa dinâmicagalera bet $50 reaisforma abrangente."

O outro lado da distração

A relação entre assistir à televisão e comer é complexa, mesmo quando tratamos dos efeitos da distração, isoladamente. Pesquisas também indicam que a distração pode nos levar a comer menos – ou deixargalera bet $50 reaiscomer, segundo van Meer.

A pesquisadora conta, por exemplo, que algumas escolas primárias na Holanda decidiram reduzir a jornada escolar e fazer com que os estudantes almocem durante as aulas.

O ensino durante o almoço costuma ser mais passivo, segundo van Meer. Os professores leem para os estudantes ou apresentam vídeos educativos.

Mas ela destaca que muitos pais estão observando seus filhos voltarem para casa no final do dia com suas lancheiras cheiasgalera bet $50 reaiscomida, o que sugere que eles estavam distraídos demais para comer.

O mesmo efeito foi encontradogalera bet $50 reaispesquisas com adultos.

Em um estudo, os participantes assistiram a dois episódios da popular sériegalera bet $50 reaisTV americana Friends. Um dos grupos assistiu ao mesmo episódio duas vezes e o outro assistiu a dois episódios diferentes. E, durante o segundo episódio, os dois grupos receberam lanches diferentes.

Os pesquisadores concluíram que as pessoas que assistiram ao mesmo episódio duas vezes comeram 211 calorias a mais do que o grupo que assistiu a dois episódios diferentes. Isso pode ter ocorrido porque eles estavam menos distraídos, segundo o professorgalera bet $50 reaisciências da psicologia Dick Stevenson, da Universidade Macquariegalera bet $50 reaisSydney, na Austrália.

Em outras palavras, se o programagalera bet $50 reaisTV a que estivermos assistindo for suficientemente cativante, podemos nos esquecergalera bet $50 reaiscomer o alimento que está à nossa frente. Mas, quando a TV nos aborrece, podemos comer mais.

Em outro pequeno estudo, um grupogalera bet $50 reaisparticipantes assistiu a uma palestra "maçante" sobre arte na TV. Um segundo grupo assistiu a uma série "envolvente" e um terceiro não viu televisão. Eles receberam lanchesgalera bet $50 reaisbaixa caloria (uvas) e com alto teorgalera bet $50 reaiscalorias (chocolate).

Os pesquisadores concluíram que a palestra maçante incentivou os participantes a comerem mais, enquanto o programa envolvente os levou a comer menos,galera bet $50 reaiscomparação com o grupo controle, que não tinha acesso à televisão. Em outras palavras, quanto mais tédio entre os participantes, mais eles comiam.

Mas o interessante é que a principal mudançagalera bet $50 reaisconsumo foi verificada no númerogalera bet $50 reaisuvas. A quantidadegalera bet $50 reaischocolate permaneceu mais ou menos sem alteração.

Afinal, devemos evitar comergalera bet $50 reaisfrente à TV?

Existem diversas teorias sobre os motivos que nos levam a comer mais quando estamosgalera bet $50 reaisfrente à televisão. Mas as pesquisas confiáveis nesta área enfrentam diversas dificuldades.

Os pesquisadores costumam confiar nos diários alimentares das pessoas e acompanhar seus hábitosgalera bet $50 reaisassistir à televisão. Mas elas, muitas vezes, reduzem o consumogalera bet $50 reaisalimentos não saudáveis nos seus relatórios, segundo Fernanda Rauber.

Pelo menos no estudogalera bet $50 reaisMonique Alblas, os participantes que forneceram seus dados registravam todas as atividades do seu dia a dia, ou seja, eles não registravam apenas as refeições ou o uso da TV, especificamente.

Os pesquisadores também estudam as pessoas comendo e assistindo à TVgalera bet $50 reaisambientesgalera bet $50 reaislaboratório. Mas a natureza da televisão faz com que,galera bet $50 reaiscasa, fiquemos normalmente relaxados e pode ser difícil tentar recriar este ambiente no laboratório.

"Os métodosgalera bet $50 reaisobservação direta podem introduzir viésgalera bet $50 reaismudança comportamental, com os participantes alterando seus hábitosgalera bet $50 reaisalimentação ao saberem que estão sendo observados", afirma Rauber.

Alblas defende que é preciso ter mais pesquisasgalera bet $50 reaisambientes reais, pois os nossos hábitos alimentares – e seus fatoresgalera bet $50 reaisinfluência – são muito complexos.

"Nós conhecemos algumas das formasgalera bet $50 reaisinfluência da TV sobre a nossa alimentação, mas existem muitos processos e coisas que não sabemos e precisam ser mais bem compreendidas", afirma ela.

A influência da TV sobre a alimentação dependegalera bet $50 reaismuitos fatores, incluindo o tipogalera bet $50 reaisconteúdo a que estamos assistindo, segundo Dick Stevenson.

Ele pode alterar o nosso humor, mas também nos influenciagalera bet $50 reaisforma inconsciente. Se um personagem estiver comendo na tela, por exemplo, podemos também ser levados a comer junto com eles.

O ritmo do programa também pode fazer diferença. Um estudo indicou que filmesgalera bet $50 reaisação podem nos induzir a comer mais do que programasgalera bet $50 reaisentrevistas.

E, naturalmente, o sabor dos alimentos que temosgalera bet $50 reaismãos também é importante, bem como a nossa impulsividade pessoalgalera bet $50 reaisrelação à comida.

A própria distração também é algo complexo. Assistir à TV pode não causar tanta distração quanto outras atividades que realizamos enquanto comemos – e que também podem nos levar a comer mais.

Uma análisegalera bet $50 reaisestudos concluiu, por exemplo, que existem poucas evidências que indiquem que nós comemos mais quando assistimos à TVgalera bet $50 reaiscomparação com outras atividades, como ler, jogar videogame ou comer com os amigos. E as pesquisas também indicam que os nossos hábitos alimentares são complicados e quase impossíveisgalera bet $50 reaisentender completamente.

O certo é que existe muito mais no jantargalera bet $50 reaisfrente à TV do que o simples consumogalera bet $50 reaisalimentos processados com alto teorgalera bet $50 reaissal e gordura.

Por isso, se você estiver se sentando à mesagalera bet $50 reaisbuscagalera bet $50 reaisuma opção mais saudável, talvez seja melhor analisar se realmente vale a pena ter nas mãos aquele controle remoto.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.