Pessoas bebem menos álcool hoje porque opçõespixbet eleiçãolazer ficaram mais diversas e acessíveis, diz historiador:pixbet eleição
Autorpixbet eleiçãoAlehouses and Good Fellowship in Early Modern England ("Cervejarias e Companheirismo na Inglaterra Moderna",pixbet eleiçãotradução livre) e editorpixbet eleiçãoBiographies of Drink: A Case Study Approach to our Historical Relationship with Alcohol ("Biografias do Beber: uma Abordagempixbet eleiçãoEstudospixbet eleiçãoCasos sobre Nossa Relação Histórica com o Álcool"), Hailwood destacapixbet eleiçãoentrevista à BBC News Brasil os fatores que podem estar por trás da recente queda do consumopixbet eleiçãobebidas alcoólicas, uma tendência que é observadapixbet eleiçãodiversos estudos.
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Um levantamento realizado pelo Centropixbet eleiçãoPesquisapixbet eleiçãoPolíticas sobre Álcool da Universidade La Trobe, na Austrália, publicadopixbet eleição2020, por exemplo, mediu os hábitos etílicospixbet eleiçãoadolescentespixbet eleição12 a 18 anospixbet eleição39 países da América do Norte, Europa e Oceania.
Em praticamente todos estes lugares, aliás, a vendapixbet eleiçãobebidas alcoólicas para essa faixa etária é ilegal, embora, na prática, esta seja a fasepixbet eleiçãoque a maioria das pessoas tenha acesso a esses produtos pela primeira vez, segundo este artigo, publicado no Jornal Europeupixbet eleiçãoSaúde Pública.
Em comparação com as taxaspixbet eleiçãoconsumopixbet eleiçãoálcool observadas há 20 anos, a tendência atual épixbet eleiçãoqueda na grande maioria dos locais pesquisados.
A diminuição supera os 50%pixbet eleiçãopaíses como Noruega, Suécia e Lituânia, e ultrapassa os 80% na Islândia.
Já uma enquete realizada pela organização britânica Drinkaware mostrou que 26% dos jovenspixbet eleição16 a 24 anos se consideram totalmente abstêmios.
Outra pesquisa, publicadapixbet eleição2023 pelo Centropixbet eleiçãoInformações sobre Saúde e Álcool (Cisa), mostrou que 46% dos jovens brasileirospixbet eleição18 a 24 anos afirmam não beber nunca e 20% dizem fazer isso uma vez por mês ou menos.
Essa mudançapixbet eleiçãohábitos já foi percebida por muitas empresas do setor, que nos últimos anos passaram a anunciar e promover cervejas e outros produtos sem álcool.
Para Hailwood, a tendência está ligada a dois fenômenos.
"Em primeiro lugar, me parece que há uma preocupação maior com aspectospixbet eleiçãosaúde, e evidências científicas recentes sugerem que há pouquíssimos benefíciospixbet eleiçãoconsumir álcool", diz o pesquisador.
"Segundo, vivemospixbet eleiçãouma erapixbet eleiçãoque as alternativas ao álcool,pixbet eleiçãorelação à busca por maneiraspixbet eleiçãorelaxar, curtir e se entreter, ficaram muito mais diversas e acessíveis."
No passado, diz Hailwood, quem queria escapar da realidade e do trabalho duro não tinha a possibilidadepixbet eleiçãoir para casa e ver televisão, jogar videogame ou assistir a vídeos na internet. "O lar era apenas o lugar para comer e dormir", explica o historiador.
Seguindo essa linhapixbet eleiçãoraciocínio, bares, tavernas e pubs eram basicamente os únicos locais onde alguém podia relaxar, socializar e se encontrar com outras pessoas.
"Agora, vivemos num mundo com uma gama maiorpixbet eleiçãoatividadespixbet eleiçãolazer, então, as pessoas não precisam necessariamente beber para ter algum tipopixbet eleiçãodiversão."
Costumespixbet eleiçãoum passado nem tão distante assim
Diantepixbet eleiçãoum fenômeno marcado pela redução no consumopixbet eleiçãobebidas alcoólicas, chama a atenção como certos hábitos eram considerados normais — e até bem-vindos — até há pouco tempo.
Um exemplo era o costumepixbet eleiçãoindicar o consumopixbet eleiçãocerveja preta para mulheres que amamentavam como uma estratégia para aumentar a produçãopixbet eleiçãoleite materno.
Não há nenhuma evidênciapixbet eleiçãoque a prática funcione — pelo contrário, ela até faz mal, uma vez que o álcool pode passar para o bebê.
Outro exemplo: até a décadapixbet eleição1950, as cantinas das escolas francesas ofereciam vinho para crianças e adolescentes.
A prática ganhou maior controle a partirpixbet eleição1956, embora a proibição sobre bebidas alcoólicas só abrangesse estudantes menorespixbet eleição14 anos.
Os vinhos só foram retirados completamente das instituiçõespixbet eleiçãoensino da França nos anos 1980.
Hailwood acrescenta que, no Reino Unido, a prática do chamado "almoçopixbet eleiçãotrabalho" era muito comum até o início dos anos 2000.
"Basicamente as pessoas saíam do trabalho e íam para o pub, onde bebiam alguns copospixbet eleiçãocerveja. Alguns depois voltavam para seguir com as funções durante a tarde, enquanto outros encerravam o expediente ali mesmo", explica ele.
"Isso era um hábito muito comum e aceitável entre trabalhadorespixbet eleiçãovários ramos no Reino Unidopixbet eleição20 anos atrás. Hojepixbet eleiçãodia, é algo raro, e as pessoas não consideram apropriado trabalhar sob o efeitopixbet eleiçãosubstâncias inebriantes."
Hailwood destaca que, durante muitos séculos, as bebidas alcoólicas como a cerveja eram encaradas como um alimento ou uma formapixbet eleiçãoobter as calorias necessárias para trabalhar.
"Antes da chegada do café e do chápixbet eleiçãopartes do Hemisfério Norte e do Ocidente, as pessoas consumiam cervejas como uma formapixbet eleiçãoencarar o dia,pixbet eleiçãoseguirpixbet eleiçãofrente", diz ele.
"Muitos tomavam cerveja já no café da manhã e ficavam embriagados o tempo todo."
Para o professor, diante dessa perspectiva histórica, o álcool está hoje "muito mais restrito a certos lugares, momentos e contextos" do que esteve no passado.
Mas isso, claro, não significa que essa realidade não possa mudar no futuro.
"As próximas gerações podem adotar um estilopixbet eleiçãovida mais hedonista [que prioriza o prazer] do que as atuais e, com isso, retomar um consumo mais frequentepixbet eleiçãoálcool", avalia Hailwood.
"Isso não me surpreenderia, visto que as bebidas alcoólicas passaram por diversos altos e baixos ao longo da história."
Muito além do social
Encarar o consumopixbet eleiçãoálcool apenas como uma opçãopixbet eleiçãolazer, entretenimento e socialização parece ser um fenômeno recente.
Ao longopixbet eleiçãomilênios e séculos, as bebidas tiveram diferentes funções nas sociedades — e ninguém sabe ao certo como essa história realmente começou.
Hailwood cita a chamada "hipótese do macaco bêbado".
"Quando algumas frutas apodrecem, elas naturalmente fermentam. Isso significa que o açúcar que há nelas se transformapixbet eleiçãoálcool. Então, é possível que espécies anteriores aos seres humanos tenham consumido esse produto", explica o historiador.
"Há especulações sobre como esse contato com o álcool pode ter alterado a química cerebralpixbet eleiçãonossos antepassados e até ajudado na evolução da espécie."
Alguns milênios depois, os primeiros registros mais confiáveispixbet eleiçãoque humanos consumiam alguma formapixbet eleiçãobebida fermentada com efeitos intoxicantes vêm do Egito Antigo.
"Temos documentospixbet eleiçãoque os egípcios faziam cervejapixbet eleiçãolarga escala", diz o professor.
Hailwood observa que a históriapixbet eleiçãoque as pessoas tomavam bebidas alcoólicas por uma questãopixbet eleiçãosegurança — já que os primeiros povoados e cidades não tinham saneamento básico e a água vivia contaminada — é um tanto exagerada.
"Muitos historiadores classificam essas informações como um mito, porque esses indivíduos ainda tomavam água, e o álcool nunca foi visto como uma alternativa segura a outros líquidos", diz Hailwood.
"As evidências nos mostram que o consumo diáriopixbet eleiçãocervejas era algo preferidopixbet eleiçãomuitas comunidades por alguns motivos, como o fatopixbet eleiçãoelas serem mais palatáveis, terem um efeito inebriante e oferecerem um aporte maiorpixbet eleiçãocalorias e nutrientespixbet eleiçãocomparação com a água."
Vale lembrar que estamos falandopixbet eleiçãoum contexto completamente diferente do atual.
No passado, os alimentos não estavam amplamente disponíveis, e muitas populações ficavam à mercê das condições climáticas ou da disponibilidadepixbet eleiçãocaça do local.
Com isso, qualquer oportunidadepixbet eleiçãogarantir um aportepixbet eleiçãocalorias e nutrientes era algo salutar para garantir a sobrevivência.
Acredita-se que os primeiros bares e tavernas são frutos da expansão do Império Romano.
"Conforme os romanos dominaram a Europa e outros continentes, esses estabelecimentos se espalharam por todos os cantos", contextualiza o historiador.
"Na Inglaterra, os primeiros pubs surgiram a partir das tavernas criadas pelos romanos. Esse papel social relacionado ao hábitopixbet eleiçãobeber nesses locais permaneceu desde então."
Mas, como citado anteriormente, os hábitos etílicos do passado cumpriam funções que iam além do lazer e da socialização.
Além da questão nutricional, as bebidaspixbet eleiçãoefeitos inebriantes foram (e continuam a ser) usadaspixbet eleiçãoalguns rituais religiosos — como é o caso do vinho no cristianismo, por exemplo.
"Produtos intoxicantes podem levar a experiências espirituais e estados alteradospixbet eleiçãoconsciência. Xamãs sempre usaram certas substâncias para acessar pensamentos e ter ideias", cita o historiador.
Há também o aspecto medicinal do álcool. "Em boa parte dos séculos 16 e 17, os coquetéis eram a principal receita para lidar com as doenças", lembra Hailwood.
"Antes do século 18, o gim não era considerado uma bebida recreacional na Inglaterra. Assim como diversos outros drinques, ele era visto como um remédio. As pessoas até chamavam esses produtospixbet eleiçãoaqua vitae, ou água da vida, porque eles eram fortes e davam um certo vigor a quem tomava."
De certa maneira, a produção das bebidas fermentadas e destiladas também era uma formapixbet eleiçãonão desperdiçar comida.
O trigo, a cevada, a uva, a batata e outros alimentos cultivados e colhidos passavam por técnicaspixbet eleiçãofermentação e ganhavam uma vida mais longapixbet eleiçãouma épocapixbet eleiçãoque não existiam geladeiras e congeladores.
Tensão constante com o álcool
Mas Hailwood chama a atenção para o fatopixbet eleiçãoque a relação da humanidade com o álcool nunca foi linear — e alguns períodos ficaram marcados por ondas muito fortespixbet eleiçãomoralismo e proibicionismo.
O caso mais famoso talvez seja a Lei Seca que entroupixbet eleiçãovigor nos Estados Unidos no início do século 20. Há também diversas religiões que impedem seus seguidorespixbet eleiçãotomar cervejas e afins até hoje.
Mas o historiador lembrapixbet eleiçãoum episódio muito mais antigo e um tanto curioso que aconteceu na Inglaterra dos séculos 15 e 16.
"Nesse período, os pubs e as tavernas se tornavam cada vez mais populares, e as autoridades queriam encontrar maneiraspixbet eleiçãocontrolar esse crescimento", contextualiza Hailwood.
Em um dos primeiros movimentos proibicionistas relacionados ao álcool, segundo o historiador, os legisladores ingleses da época criaram uma regrapixbet eleiçãoque só se poderia permanecerpixbet eleiçãopubs por uma hora.
"Eles reconheceram que as pessoas tinham uma necessidadepixbet eleiçãoconsumir cervejas como parte da rotina e da dieta, mas a nova lei impunha esse limitepixbet eleiçãouma hora porque esse era um tempo considerado suficiente para beber sem exagerar."
A lei, claro, não "pegou": como não existiam forças policiais para garantir o cumprimento dela, a responsabilidade caiu no colo dos fiscaispixbet eleiçãocada vilarejo.
Teoricamente, esses indivíduos precisavam passar pelos pubs para checar se havia gente que havia ultrapassado o tal limitepixbet eleição60 minutos.
"Na prática, esse fiscal era alguém que fazia parte da vizinhança, da comunidade. Se ele tentasse mandar alguém para casa, na maioria das vezes seria ignorado ou mandado procurar o que fazer", explica Hailwood.
O historiador chama a atenção para a dualidade que existe sobre o álcool. "Por um lado, as bebidas são parte integralpixbet eleiçãomuitas culturas e sociedades, que buscam formaspixbet eleiçãocontrolar o consumo delas", diz Hailwood.
"Por outro, esse mercado sempre foi uma fonte importantepixbet eleiçãolucros e arrecadaçãopixbet eleiçãoimpostos."
Essa tensão coloca governos e fontespixbet eleiçãoregulamentaçãopixbet eleiçãouma situação parecida apixbet eleiçãodonospixbet eleiçãobares e pubs.
"Muitas vezes, eles estão numa posiçãopixbet eleiçãoprecisar vender a bebida, mas também têm a responsabilidadepixbet eleiçãocontrolar o consumo para evitar perturbações e problemas sociais", afirma Hailwood.
"É uma situação estranha, porque o mesmo agente que se beneficia daquela venda também precisa garantir que o consumo aconteçapixbet eleiçãoforma moderada e adequada."