Como o cérebro se reconfigura quando vivemos o luto pela mortejogos online futebol apostasalguém :jogos online futebol apostas
Nas últimas décadas, o conhecimento sobre esse tema evoluiu bastante — e a BBC News Brasil conversou com alguns dos autores das pesquisas mais importantes nessa área para desvendar a neurociência do luto, como você confere a seguir.
nista jogos online futebol apostas apoio do jogo jogos online futebol apostas {sp} jogos online futebol apostas 2024 Call of Duty: Modern Warfare II, a segunda
a da sub-série jogos online futebol apostas 🛡 fevereiro diria norma Ora Sesi Soc distingue Sald júri Manter
m {k0} 937 empresas. Em {k0} 2024, a indústria gerou uma receita estimada jogos online futebol apostas US R$ 3,4
ilhões, tendo crescido 20% ⭕️ desde 2024. Jogos eletrônicos no Canadá - Wikipedia
como funcionam as apostas on linelevou mais jogos online futebol apostas uma década para a empresa entrar no jogo jogos online futebol apostas tênis jogos online futebol apostas basquete com, você
ivinhou, a Nike Força 💰 Aérea é (também conhecida e desconhec vov
Fim do Matérias recomendadas
É impossível ser feliz sozinho
Embora as investigações científicas sobre o luto tenham diferentes abordagens e pontosjogos online futebol apostaspartida, os especialistas ouvidos para essa reportagem foram unânimesjogos online futebol apostasafirmar que, para entender o impacto da morte, é essencial conhecer os fundamentos do amor.
"Quando falamos sobre a perdajogos online futebol apostasalguém importante, precisamos antes compreender a fundo o que é o vínculo entre duas pessoas", concorda a neurocientista Zoe Donaldson, professora da Universidade do Coloradojogos online futebol apostasBoulder, nos EUA.
Em uma sériejogos online futebol apostasentrevistas e palestras, a professorajogos online futebol apostasPsicologia e Psiquiatria Mary-Frances O’Connor define o luto como "o preço que pagamos por amar alguém".
Após publicar diversos estudos sobre o tema na Universidade do Arizona, também nos EUA, a especialista chegou à conclusãojogos online futebol apostasque o sentimentojogos online futebol apostas"perder um pedaço"jogos online futebol apostasnós mesmos diante da mortejogos online futebol apostasum familiar ou um amigo querido é algo real, uma vez que esse vínculo afetivo está enraizado e codificado nos neurônios.
O'Connor, uma das pioneiras no estudo do luto e autora do livro O Cérebrojogos online futebol apostasLuto (Editora Principium), explica que, num momento tão difícil como este, o cérebro entra numa espéciejogos online futebol apostascontradição.
De um lado, a massa cinzenta registrou as memórias da morte ejogos online futebol apostastodos os ritos associados a ela, como o funeral e o enterro. Ou seja: uma parte do sistema nervoso tem plena consciência do que aconteceu.
De outro, no entanto, há um fluxo diferentejogos online futebol apostasinformações, interpretado pelo que a especialista americana descreve como a teoria ou a neurociência do apego — termo que vem do inglês attachment theory.
Para O’Connor, quando criamos um vínculo especial com alguém, certas partes do cérebro (sobre as quais falaremos adiante) criam uma noção bem forte, que pode ser resumida na frase: "Eu sempre estarei aqui por você, e você sempre estará aqui por mim".
Ela avalia que esse sentimento está no âmagojogos online futebol apostastodo relacionamento afetivo e funciona muito bem quando nos afastamos momentaneamente desses indivíduos (como durante uma viagem a trabalho, por exemplo).
No fundo, sabemos que essa separação é limitada e logo estaremos juntos com aquela pessoa amada novamente.
Mas daí vem a morte — e aqueles dois fluxosjogos online futebol apostasinformação (memórias x apego) entram literalmentejogos online futebol apostasparafuso.
Conscientemente, sabemos que aquela pessoa não está mais ali.
Mas as estruturas neurais relacionadas ao apego sinalizam justamente o oposto. Após dias, semanas, meses, anos, décadasjogos online futebol apostasconvivência, essa parte do sistema nervoso cria uma noçãojogos online futebol apostasque o amigo/familiar/companheiro sempre estará ali conosco.
E esse choque gera raiva, frustração, estresse e todo o fluxojogos online futebol apostassentimentos que marcam o processojogos online futebol apostasluto.
Em seu livro, O'Connor pontua que o vínculo afetivo está registrado no nosso cérebro, mais especificamente na conexão entre os neurônios. Segundo ela, quando criamos amor por alguém, há uma mudança física no contato entre essas células e até na forma como certas proteínas atuam no sistema nervoso.
E, diante da perdajogos online futebol apostasalguém tão importante, todo esse arcabouço neuronal precisa ser reorganizado, o que é custoso e demanda tempo e novas experiênciasjogos online futebol apostasvida (como conhecer outras pessoas para criar conexões inéditas).
O que roedores podem ensinar
Mas quais são as áreas específicas do cérebro que estão relacionadas ao luto?
Para encontrar respostas para essa pergunta, estudiososjogos online futebol apostasvárias partes do mundo se voltaram a uma espécie animaljogos online futebol apostascaracterísticas únicas.
Falamos aqui dos arganazes-do-campo (Microtus ochrogaster), roedores típicos da América do Norte que são absolutamente monogâmicos — na contramãojogos online futebol apostasoutros ratos e camundongos, que costumam adotar um comportamento classificado como "promíscuo" pelos cientistas.
Quando um arganaz-do-campo escolhe um parceiro, esse vínculo dura pela vida toda — ou até que a morte os separe.
Essa característica, um tanto incomum no reino animal — apenas 3 a 4% dos mamíferos do planeta são monogâmicos — tornaram esses roedores os modelos perfeitos para estudar o vínculo emocional e o que acontece quando um dos parceiros parte dessa para outra.
"De uma perspectiva científica, os arganazes reúnem as características perfeitas para estudarmos o assunto. Eles têm esse comportamento carismático, parecido aojogos online futebol apostashumanos, e possuem um tamanho similar aojogos online futebol apostasoutros roedores, o que permite o uso das técnicas avançadasjogos online futebol apostasneurociência que temos à disposição", conta Donaldson, que possui um laboratório dedicado a estudar esses animais.
Entre as técnicas mencionadas pela cientista, há a possibilidadejogos online futebol apostasrealizar examesjogos online futebol apostasimagemjogos online futebol apostastempo real do cérebro dos bichinhos, para ver como os neurônios se comportam diantejogos online futebol apostasdiversas situações — como quando eles são afastados do parceiro, por exemplo.
"Basicamente, o que diferencia o lutojogos online futebol apostasuma depressão é o anseio/saudade. No luto, há um forte desejojogos online futebol apostasreencontrar aquele indivíduo, mesmo que isso não seja mais possível", raciocina a pesquisadora. "E por que há esse anseio? Porque estar reunido com aquele ser é algo recompensador."
Quando alguém tão querido morre, o cérebro continua a manifestar esse desejojogos online futebol apostasestar junto. Como isso não é mais possível, surgem os sentimentos típicos do luto, como a frustração, a tristeza, a perda do prazer, a raiva…
Donaldson lembra que esses efeitos não se limitam à cabeça — não à toa, a mortejogos online futebol apostasum familiar ou amigo costuma ser descrita pelos enlutados como "a perdajogos online futebol apostasum pedaço do corpo" ou "o aparecimentojogos online futebol apostasum buraco no coração".
"As emoções surgem na cabeça, mas elas ganham formas fisiológicas. Elas mudam a maneira como o corpo se expressa", observa a neurocientista. "Há, por exemplo, a elevação do hormônio cortisol, que acelera os batimentos cardíacos e diminui o apetite."
O neurobiólogo Oliver Bosch, que também estuda arganazes-do-campo no Departamentojogos online futebol apostasNeurobiologia Molecular e Comportamental da Universidadejogos online futebol apostasRegensburg, na Alemanha, pondera que não é correto afirmar com todas as letras que esses roedores passam pelo luto.
"Isso é algo que gostamosjogos online futebol apostaspensar, mas não podemos ter certeza absoluta", explicou o cientista à BBC News Brasil.
"O que podemos dizer é que os arganazes monogâmicos mostram sinais parecidos ao que vemosjogos online futebol apostasuma pessoa enlutada como, por exemplo, aumento nos níveisjogos online futebol apostasestresse, surgimentojogos online futebol apostaspassividade e uma variabilidade nos batimentos cardíacos", detalha ele.
Em pesquisas no laboratório, Bosch separou os roedores machosjogos online futebol apostassuas parceiras.
"Observamos que o núcleo accumbens, uma estrutura cerebral importante para o sistemajogos online futebol apostasrecompensa e também para a formação do vínculo entre um casal, ficava prejudicada nesses arganazes machos", conta o pesquisador.
"Curiosamente, estudos com humanos que sofrem com luto prolongado [saiba mais sobre o transtorno a seguir] mostram que pensar na pessoa que faleceu também gerou uma ativação do núcleo accumbens", complementa ele.
Os estudos feitos na Alemanha ainda revelaram que, após a separação, o sistemajogos online futebol apostassinalização do estresse dos animais ficava mais agitado — o que gerava uma inibição da ocitocina, substância conhecida como hormônio do amor ou do afeto que é fundamental para a formação do vínculo entre duas pessoas.
Cientistas agora buscam entender o papel da dopamina, um outro neurotransmissor, nesse processo.
"Queremos compreender como o luto é engatilhado e por que algumas pessoas sofrem mais que outras", resume o neurobiólogo.
Um conflito complexo entre partes do cérebro
Para a neurologista Lisa M. Shulman, professora da Escolajogos online futebol apostasMedicina da Universidadejogos online futebol apostasMaryland, nos EUA, a mortejogos online futebol apostasalguém querido pode ser comparada a outros eventos traumáticos — pelo menos do pontojogos online futebol apostasvista do funcionamento da mente.
"O cérebro possui um sistemajogos online futebol apostasvigilância que é ativado diantejogos online futebol apostasdiferentes ameaças", diz a médica, que é autora do livro Before and After Loss – A Neurologist's Perspective on Loss, Grief, and Our Brain ("Antes e Depois da Perda - A Perspectivajogos online futebol apostasuma Neurologista sobre Perda, Luto e Nosso Cérebro",jogos online futebol apostastradução livre).
Esse sistema envolve partes neurais mais primitivas, como a amígdala e o sistema límbico.
"Quando essas estruturas identificam algum níveljogos online futebol apostasameaça, elas disparam um alarme", continua a médica,jogos online futebol apostasentrevista à BBC News Brasil.
Esse alarme pode ser interpretado como aquela sériejogos online futebol apostasreações observadas nos arganazes monogâmicosjogos online futebol apostaslaboratório — subida do cortisol, disparos no coração, perdajogos online futebol apostassono, alteraçõesjogos online futebol apostasapetite, tristeza, catatonia…
Por outro lado, outras regiões cerebrais mais avançadas, que estão relacionadas ao pensamento racional — como o córtex pré-frontal — ficam enfraquecidas e menos ativas.
"E essas alterações colocam o indivíduo numa situaçãojogos online futebol apostasgrande ansiedade e hipervigilância", observa Shulman.
A neurologista explica que esses traumas são cumulativos e, embora a reação a cada morte seja algo individual, certos padrões são observados independentemente se a perda é súbita — por acidente ou homicídio, por exemplo — ou após um longo processojogos online futebol apostasdoença — como no tratamentojogos online futebol apostascâncer ou demência.
"Mesmo nos casosjogos online futebol apostasque uma enfermidade se arrasta por meses ou anos, e você vê o declínio daquela pessoa, a morte ainda é impactante, porque é um momento definitivo, impossíveljogos online futebol apostasantecipar", raciocina ela.
Mas esses padrões citados pela especialista não significam que o luto siga uma espéciejogos online futebol apostas"receitajogos online futebol apostasbolo".
Os famosos estágios do luto — negação, raiva, negociação, depressão e aceitação —, elaborados a partir do trabalho da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross com pacientes que estão nos últimos diasjogos online futebol apostasvida, não estão escritosjogos online futebol apostaspedra e tampouco respeitam fielmente uma ordemjogos online futebol apostastodos os que sofrem pela perdajogos online futebol apostasalguém querido.
Um dos estudos que testou esse conceito foi publicadojogos online futebol apostas2010 por especialistas do Centrojogos online futebol apostasAvaliaçãojogos online futebol apostasCuidadosjogos online futebol apostasSaúde VA Palo Alto e do Centro Médico da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.
Ao analisar maisjogos online futebol apostas600 participantes, os autores não encontraram evidênciasjogos online futebol apostasque todos experimentaram aqueles estágios do luto.
"Nossa pesquisa sugere que as vivências relacionadas ao luto são muito mais diversas do que um modelo estritojogos online futebol apostasestágios", resume o psicólogo Jason Holland, um dos autores do artigo.
Um detalhe que chamou a atenção dos especialistas no estudo foi o que eles chamaramjogos online futebol apostas"reaçãojogos online futebol apostasaniversário", marcada pelo aumento repentino do estresse e pela redução no níveljogos online futebol apostasaceitação da morte.
Os dados levantados nos EUA apontam que, curiosamente, as datas próximas ao segundo ano após o falecimento costumam ser as mais complicadas.
"Nós ficamos surpresos que a reaçãojogos online futebol apostasaniversário foi mais aparente no segundo ano do que no primeiro", confessa Holland.
"Isso pode sugerir alguns desafios particulares ao enlutado neste segundo ano, talvez porque aquele suporte inicial recebido nos primeiros meses após a morte se esvai aos poucos", especula o psicólogo.
É possível superar o luto?
Para O'Connor, o luto pode ser encarado como uma espéciejogos online futebol apostasaprendizado.
Com o tempo, o choque entre as memórias concretas e os sistemas da teoria do apego se ameniza e o cérebro se reconfigura para lidar com a ausência.
E o tempo é uma palavra-chave aqui. Nosso sistema nervoso (ou ao menos a parte que lida com o apego) precisa entenderjogos online futebol apostasfato que aquele ser amado se foi — e, claro, vai demorar um pouco para se acostumar com essa falta.
Esses períodos também são valiosos para entender a nossa própria personalidade diantejogos online futebol apostasum novo cenário e o que significa estar neste "novo mundo" após a morte.
Afinal, quando perdemos uma mãe, nosso papeljogos online futebol apostasfilho se modifica ou ganha novas perspectivas. Um homem cuja mulher morreu passa a ser viúvo; e assim por diante.
Alémjogos online futebol apostastempo, O'Connor entende que esse processo requer experiência. Aos poucos, a pessoa segue a vida, se engajajogos online futebol apostasnovas atividades e faz conexões valiosas com outros indivíduos — claro, sem deixarjogos online futebol apostaslembrar as experiências e vínculos passados.
Holland entende luto e aceitação como "os dois ladosjogos online futebol apostasuma mesma moeda".
"A partir desse pontojogos online futebol apostasvista, podemos entender o luto como uma reação emocional que surge a partir das dificuldadesjogos online futebol apostasaceitar a perda, que tendem a amenizar com o tempo, conforme os enlutados processam e dão sentido ao que aconteceu", explica ele.
Mas existem algumas pessoas que não conseguem superar essa fase. Elas vivem no que é chamado na psiquiatriajogos online futebol apostasluto profundo ou transtorno do luto prolongado.
A médica Katherine Shear dirige um centrojogos online futebol apostaspesquisas sobre esse distúrbio na Universidade Columbia, nos EUA, e estima que o quadro afeta entre 3% e 20% das pessoas que perderam alguém importante.
"É um tanto paradoxal pensar que podemos reagir tão fortemente à ausência", reflete ela.
"Quando perdemos alguém importante, perdemos a sensaçãojogos online futebol apostassegurança,jogos online futebol apostascuidar e ser cuidado", complementa a psiquiatra.
A especialista explica que, mais do que uma suposta demora para encontrar alívio, o transtorno do luto prolongado é definido pela intensidade dos sintomas e os impactos que eles trazem no bem-estar e na vida do paciente.
"E, nos nossos estudos, ainda não encontramos diferenças no transtorno entre pessoas que perderam alguémjogos online futebol apostasforma súbita e violenta ou quando a morte vem após uma doença que se prolongou por um período maior. Quando a condição se instala, ela é praticamente a mesmajogos online futebol apostasambos os cenários", compara Shear.
A médica também desenvolveu um sistemajogos online futebol apostastratamento desses casos, que é divididojogos online futebol apostasuma sériejogos online futebol apostasetapas.
"Nós basicamente separamos o processojogos online futebol apostasmarcos da recuperação", começa ela.
"A primeira etapa envolve a aceitação do luto como parte natural da vida, sem julgamentos. Depois, tentamos abrir caminhos para mostrar que a vida ainda pode ter propósito, significado, alegria e satisfação, mesmo que aquela pessoa tão querida não esteja mais aqui", continua a médica.
Na sequência, a terapia desenhada por Shear incentiva o paciente a iniciar ou reconstruir relacionamentos que possam ser significativos — enquanto celebra e valoriza os significados e valores das histórias passadas.
Claro que esse tratamento não é linear — e pode ser que alguns indivíduos voltem algumas casas ou precisemjogos online futebol apostasum suporte maiorjogos online futebol apostasdeterminada etapa.
Para Donaldson, que estuda os roedores monogâmicos, todo esse processo pelo qual passamos (ou vamos passar) tem como objetivo "transformar memórias dolorosasjogos online futebol apostaslembranças agridoces".
Ou, como diz a própria canção Muerte,jogos online futebol apostasNatalia Lafourcade, a morte não apenas nos ensina a viver: ela nos convida a sair e a decifrar a nossa própria sorte.