Tim Vickery: Onde foi parar a elegância?:app aposta gratis
Passei, então, a enviar a mensagem visual que eu estava querendo. Claro, nem todos vão gostar. O ex-jogador Afonsinho, por exemplo, opinou que eu era "um estandarte todo engomadinho parecido com o tal que anda a rifar o Brasilapp aposta gratis'xepaapp aposta gratisfeira'".
É mentira. Juro que iria lutar por um preço justo.
Existem outros, felizmente, que parecem curtir um pouco os meus "looks". Confesso, porém, que há momentosapp aposta gratisque o meu esforçoapp aposta gratisme vestir à minha maneira faz com que eu me sinta um tipoapp aposta gratisET, totalmente fora do padrão comum, sendo considerado "um lorde inglês" que caiuapp aposta gratisparaquedas. Como explicar isso?
Tem uma coisa estranha aqui, uma tradição brasileira perdida. Basta olhar para fotos dos sambistas originais - Sinhô, Donga, Pixinguinha, o jovem Cartola. São impecáveis - com camisas com golaapp aposta gratisverdade, gravata imaculada. São estilosos e, para pegar emprestado uma expressão inglesa, bem afiados.
Fico fascinado assistindo a um documentário local chamado Imagens do Estado Novo. É um espanto ver como os brasileiros se vestiam por voltaapp aposta gratis80 anos atrás. Getúlio Vargas e as autoridades normalmente aparecem com terno do tipo transpassado.
E as cenas dos populares mostram uma quantidade enormeapp aposta gratishomensapp aposta gratispaletó. Levandoapp aposta gratisconsideração que a lã daquela época era muito menos fina que hojeapp aposta gratisdia, e portanto mais pesada para usar, trata-seapp aposta gratisum grauapp aposta gratisformalidade impressionante.
O que mudou, então?
Tenho uma conclusão negativa. Parece óbvio que as obras da humanidade criaram um ambiente urbano que aumentou bastante o calor. Vejo as roupasapp aposta gratis80 anos atrás e penso que colocando esse pano todo hojeapp aposta gratisdia,app aposta gratislugares sem ar-condicionado, as pessoas iam desmaiarapp aposta gratismassa. As temperaturas mais altasapp aposta gratishojeapp aposta gratisdia exigem menos formalidade.
Também tenho uma conclusão positiva. Para muita gente, morreu a obrigaçãoapp aposta gratisse vestirapp aposta gratisuma certa maneira. E fazer uma coisa por obrigação não é saudável.
A faltaapp aposta gratisobrigação, talvez, junto ao excessoapp aposta gratiscalor, acabou levando as pessoas para uma concepção mais próxima à dos americanos -app aposta gratisque conforto é rei.
Essa linha do pensamento tem os seus méritos. Mas pode ser interpretadaapp aposta gratisuma forma exagerada. Na minha humilde opinião, falando do homem brasileiro, definitivamente está sendo interpretadaapp aposta gratisuma forma exagerada. Fora do ambienteapp aposta gratispraia, entendo chinelos e camisa regata como um crime contra a estética.
Na conquista do conforto, perdeu-se um outro valor. Porque a faltaapp aposta gratisobrigação deveria ser libertária, no sentidoapp aposta gratisabrir os caminhos para a criatividade e autoexpressão. Essa oportunidade é perdida se todos andamapp aposta gratischinelo e camisa regata.
E tem o outro extremo. Também é perdida se a pessoa busca se afirmar somente atrásapp aposta gratisuma marca conhecida e cara. A roupa não representa um valorapp aposta gratissi. É uma ferramenta que a pessoa tem disponível para se expressar. A gola, por exemplo, forma a moldura para o rosto. O terno dá uma silhueta boa para o corpo.
O objetivo saudável, acredito eu, é a roupa como símboloapp aposta gratisdesenvolvimento da pessoa, na buscaapp aposta gratisadquirir bom gosto e criar uma identidade própria. Por isso, adoro as imagens dos sambistas originais,app aposta gratisMiles Davis e outros músicos do jazz histórico, dos modernistas britânicos. Todas mostram um certo ar desafiador.
Talvez a sociedade não esperasse tanta elegância deles - mas eles evoluíram, conquistaram, ganharam gosto e conhecimento. E a roupa é como um símbolo exterior da autoestima interior - e por isso, já estou pensando no meu figurino para a próxima apresentação no Redação SporTV.
*Tim Vickery é colunista da BBC News Brasil e formadoapp aposta gratisHistória e Política pela Universidadeapp aposta gratisWarwick.
Leia colunas anterioresapp aposta gratisTim Vickery:
- Tim Vickery: União entre pobres e classe média é a única esperança contra a barbárie no Brasil
- Tim Vickery: Por que o brasileiro fala inglês com sotaque americano?
- Tim Vickery: O desalento com o Brasil - e uma provocação para torná-lo mais competitivo
- Tim Vickery: Como nasceu a 'dolce vita' italiana nos anos 1950
- Tim Vickery: Meu amigo indiano e a importância da cultura na formação da identidade
- Tim Vickery: A forçaapp aposta gratisrepresentar o seu país na Copa do Mundo - e os perigos do nacionalismo
- Tim Vickery: Como a América do Sul conquistou as plateias europeias na história das Copas
- Tim Vickery: Na Copa e na vida, temos que dar mais valor ao esforço e menos à 'brasilidade'
- Tim Vickery: Futebol ajuda a despertar a curiosidade geográfica nas crianças
- Tim Vickery: Escândalo migratório mostra como o Reino Unido se desumanizou
- Tim Vickery: Se somos todos obrasapp aposta gratisprogresso, melhor nos juntarmosapp aposta gratisvezapp aposta gratisnos punirmos
- Tim Vickery: A importância do 'Deixa Ela Trabalhar' eapp aposta gratisenxergar além da sexualidade
- Tim Vickery: As bancasapp aposta gratisrevista que viraram mercados, a revoluçãoapp aposta gratisdados e o diagnóstico sombrio do Brasil
- Tim Vickery: Thatcherismo abriu as portas da barbárie, que não fecharam até hoje
- Tim Vickery: O nacionalismo brasileiro é uma contradição gritante com a origem do país
- Tim Vickery: O momento mais genial da vidaapp aposta gratisextremosapp aposta gratisChurchill