As três ondasapostas online bet365doenças infecciosas que devem acometer o Rio Grande do Sul — e como contê-las:apostas online bet365

Homens carregando mulher durante enchente

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O contato com a água contaminada é uma das fontes potenciaisapostas online bet365doenças infecciosas

O momento da tragédia

Essa linha do tempo se inicia a partir das chuvas e das inundações. Nessas ocasiões, as pessoas que vivem nas áreas afetadas tiveram o primeiro contato com a água.

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Muitas também precisaram sairapostas online bet365suas casas a nado — e, nesse processo, tocaram ou ingeriram a matéria orgânica que subiuapostas online bet365bueiros, valas e esgotos.

Esse contato se dá por meio da pele, das mucosas e da boca, pela ingestão acidental desse líquido.

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Além disso, alguns indivíduos se feriramapostas online bet365pedaçosapostas online bet365vidros, madeiras e outros materiais cortantes — o que também abre novas portasapostas online bet365entrada para patógenos no organismo.

"Como podemos imaginar, essa água está nitidamente contaminada. Ela é escura e deve estar cheiaapostas online bet365matéria orgânica, com excretasapostas online bet365humanos e outros animais", diz o médico Alessandro C. Pasqualotto, presidente da Sociedade Gaúchaapostas online bet365Infectologia.

"E obviamente quem teve contato com esses líquidos corre um risco maiorapostas online bet365adoecer", complementa.

O infectologista pondera que, numa situaçãoapostas online bet365emergência como a que muitos gaúchos passam nos últimos dias, a prioridade é salvar vidas e levar o máximoapostas online bet365pessoas a locais seguros.

Além disso, é preciso lidar com as consequências imediatas do desastre, como os traumas, as fraturas, a hipotermia, os afogamentos e os choques elétricos.

Mas, passados os primeiros dias após o pico das inundações, é preciso se preocupar com as doenças infecciosas que muitos contraíram durante esse processo — o que nos leva à onda número um.

Homem caminhaapostas online bet365área inundada

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Os patógenos presentes na água podem atravessar a pele e mucosas ou entrar no organismo pela ingestãoapostas online bet365líquidos contaminados

Primeira onda: diarreias e infecçõesapostas online bet365pele

Muito do conhecimento acumulado sobre as consequências à saúdeapostas online bet365grandes enchentes vemapostas online bet365países asiáticos, como Índia, Paquistão e Indonésia, que historicamente lidam com problemas do tipo.

Trabalhos publicados a partir da experiência desses lugares permitiram encontrar uma espécieapostas online bet365padrão nas dinâmicasapostas online bet365doenças infecciosas após o desastre, alémapostas online bet365saber o tempo que elas demoram a aparecer.

Um trabalhoapostas online bet3652018 feito na Universidadeapostas online bet365Queensland, na Austrália, destaca que "as inundações são o desastre natural mais comum no mundo".

Ao analisar diversos acontecimentos do tipo, os autores do estudo apontam que, nos primeiros dez dias após o evento climático, as doenças que mais aparecem são as infecçõesapostas online bet365pele, as pneumonites ou pneumonias por aspiração, as infecções respiratórias virais e as gastroenterites (a popular diarreia).

O infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, professor da Universidade Federalapostas online bet365Santa Maria, no Rio Grande do Sul, explica que muitos desses quadros estão ligados ao contato com a água contaminada.

"Inclusive, as doenças diarreicas são a maior causaapostas online bet365morte por questões infecciosas após desastres hídricos", afirma.

Os mais vulneráveis a essas infecções intestinais são as crianças muito pequenas e os mais velhos, grupos que merecem uma atenção especial para evitar quadros extremosapostas online bet365desidratação.

As infecçõesapostas online bet365pele também estão relacionadas a esse mesmo fenômeno — o contato com materiais contaminados das enxurradas.

Já as infecções respiratórias costumam ser consequência das aglomerações. Isso porque dezenasapostas online bet365milharesapostas online bet365pessoas estãoapostas online bet365abrigos, muito próximas umas das outras. E essa condição facilita a transmissãoapostas online bet365vírus causadoresapostas online bet365resfriados, gripe e covid-19.

As moradias improvisadas, com higiene precária, também reúnem as condições para a dispersãoapostas online bet365parasitas, como aqueles que provocam a escabiose (sarna) e a pediculose (infestação por piolhos).

Schwarzbold, que trabalhaapostas online bet365Santa Maria, diz que já está vendo casos como esses na cidade.

"Como o município fica numa região central do Estado, ele foi afetado antes que a regiãoapostas online bet365Porto Alegre. Então já começamos a observar essa primeira etapa se desenrolar por aqui", conta o médico, que também é consultor da Sociedade Brasileiraapostas online bet365Infectologia (SBInfecto).

Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o poder público deve estar preparado para lidar com esses cenários.

No casoapostas online bet365escabiose e pediculose, por exemplo, é possível reforçar o estoqueapostas online bet365drogas antiparasitárias. Para as diarreias, é necessário garantir acesso à água potável e remédios que aliviam os sintomas.

Para as doenças respiratórias (e algumas outras sobre as quais falaremos adiante), pode-se pensar num reforço na vacinação — há doses disponíveis contra influenza (o causador da gripe), o vírus sincicial respiratório (um dos responsáveis por resfriados), o coronavírus (covid-19) e até contra alguns agentes por trás da pneumonia.

Os membros da SBInfecto, da Sociedade Gaúchaapostas online bet365Infectologia e da Sociedade Brasileiraapostas online bet365Imunizações (SBIm) publicaram um documento sobre o tema,apostas online bet365que orientam quais são as vacinas mais importantes nesse momento e quais públicos podem se beneficiar dessas aplicações.

No texto, há uma listaapostas online bet365imunizantes indicados para situaçõesapostas online bet365enchentes, como as doses que protegem contra influenza (versão 2024), covid-19, a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), hepatite A, tétano e raiva.

Para alguns grupos específicos, como indivíduos envolvidos nos resgates, profissionaisapostas online bet365saúde e socorristas, a lista também inclui as vacinas contra hepatite B e febre tifoide.

Segundo o documento recém-publicado, crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e pacientes especiais (com comorbidades e imunossuprimidos) que tenham registroapostas online bet365vacinação somente devem completar as doses não realizadas para a faixa etária.

Já para aqueles que não tenham a carteiraapostas online bet365vacinação disponível, devem ser considerados não imunizados para as doses recomendadas nessa situação das enchentes.

Além da vacinação, do pontoapostas online bet365vista individual também é possível tomar alguns cuidados para diminuir o riscoapostas online bet365contato com patógenos, como lavar bem as mãos, fazer a higiene adequadaapostas online bet365frutas e verduras, não comer alimentos que tiveram contato com a enchente e tomar apenas água mineral — ou filtrar, ferver ou aplicar uma soluçãoapostas online bet365hipocloritoapostas online bet365sódio na água que vemapostas online bet365outras fontes.

Mulherapostas online bet365abrigo temporário

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A faltaapostas online bet365condições adequadasapostas online bet365higiene e as aglomeraçõesapostas online bet365abrigos temporários facilitam a transmissãoapostas online bet365vírus e bactérias

Segunda onda: leptospirose, tétano e hepatite A

Passados entre sete e dez dias das inundações, outras moléstias ganham força e relevância.

A principal preocupação aqui é a leptospirose, doença causada por uma bactéria transmitida a partir do contato com a urinaapostas online bet365animais, principalmente ratos.

Muitas vezes, esse micro-organismo invade o corpoapostas online bet365uma pessoa lá atrás, no momentoapostas online bet365que ela tem contato com a água contaminada. Mas há um tempoapostas online bet365incubação, ou um períodoapostas online bet365que o patógeno não dá sinaisapostas online bet365sua presença, até que os primeiros sintomas deem as caras.

Geralmente, esse tempoapostas online bet365incubação da leptospirose éapostas online bet3657 a 14 dias, mas pode se estender por até um mês.

"O indivíduo acometido geralmente apresenta febre, cansaço, dor muscular, particularmente nas panturrilhas, náusea, vômito, pele amarelada…", lista Schwarzbold.

Mas não é necessário o aparecimentoapostas online bet365todo esse rolapostas online bet365sintomas para gerar uma suspeita — ainda mais numa situação como a que se desenrolaapostas online bet365tantas cidades gaúchas no momento.

De acordo com os especialistas, mesmo um quadro febril mais simples já é motivo para fazer uma avaliação com um médico. A partir da análise, o profissional da saúde pode levantar uma suspeita diagnóstica e iniciar um tratamento adequado.

No caso da leptospirose, a SBInfecto e outras entidades divulgaram um posicionamento no dia 5apostas online bet365maioapostas online bet365que defendem o tratamento profilático a indivíduosapostas online bet365alto risco.

Na prática, isso significa que pessoas que tiveram muito contato com material contaminado — como as equipesapostas online bet365socorristasapostas online bet365resgate e voluntários, além dos moradores que ficaram na água por um tempo prolongado — devem tomar um remédio preventivo, antes mesmoapostas online bet365apresentar qualquer sintoma.

Esse tratamento, chamado no jargão médicoapostas online bet365quimioprofilaxia, pode ser feito com dois antibióticos (doxiciclina ou azitromicina), prescritosapostas online bet365dose única ou uma vez por semana (no casoapostas online bet365socorristas e equipesapostas online bet365emergência).

Importante: esses fármacos devem obrigatoriamente ser indicados por um médico, nunca tomados por conta própria.

"É preciso dizer que houve muito debate até chegarmos a essa recomendação, pois os estudos que temos à disposição são pequenos", pondera Pasqualotto, que também é chefe do Serviçoapostas online bet365Infectologia da Santa Casaapostas online bet365Misericórdiaapostas online bet365Porto Alegre.

"Mas, considerando o que estamos vivendo agora, o fatoapostas online bet365que não conseguiremos fazer o diagnóstico adequado porque o sistemaapostas online bet365saúde está desestruturado e a leptospirose ser uma doença grave, que pode matar, concluímos que alguns grupos poderiam se beneficiar da quimioprofilaxia", justifica ele.

Para as famílias que forem liberadas a retornar para casa, vale ter um cuidado extra aqui. As autoridadesapostas online bet365saúde orientam o usoapostas online bet365equipamentosapostas online bet365proteção, como botas e luvas, na horaapostas online bet365limpar a lama e a água acumuladas — justamente para limitar o contato com a urina contaminada.

Além da leptospirose, os médicos também se preocupam com outras doenças infecciosas transmitidas por água e materiais contaminados nessa segunda onda, como é o casoapostas online bet365tétano e hepatite A.

Para ambas, existem vacinas disponíveis — e alguns indivíduos podem necessitarapostas online bet365um reforço nos próximos dias.

Quando se falaapostas online bet365problemas transmitidos por água contaminada, algo que sempre vem à mente é a cólera.

Mas essa condição não parece ser uma preocupaçãoapostas online bet365momento no Rio Grande do Sul. Isso porque o vibrião colérico, ou as bactérias causadoras do quadro, não são detectadas no Estado há décadas.

No entanto, o Brasil voltou a identificar um casoapostas online bet365contaminação local por cóleraapostas online bet365abril deste ano na cidadeapostas online bet365Salvador, na Bahia.

"Portanto, precisamos ter uma vigilância laboratorial ativa sobre essa doença também", opina Schwarzbold.

Mulher usa enxada para tirar lamaapostas online bet365dentroapostas online bet365casa

Crédito, EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, Equipamentosapostas online bet365proteção são fundamentais para diminuir o riscoapostas online bet365leptospirose

Terceira onda: dengue

Por fim, algo que historicamente sucede as grandes inundações são as doenças transmitidas por vetores, como é o caso da dengue.

No entanto, a situação no Rio Grande do Sulapostas online bet365relação a esse problemaapostas online bet365saúde é incerta, apontam os especialistas. Isso porque o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, costuma ficar mais ativo quando a temperatura está elevada, durante o verão e a primavera.

E,apostas online bet365pleno outono, as cidades gaúchas começam a experimentar um clima frio — algo que o Aedes não curte tanto assim.

Por um lado, esse cenário pode significar menos casosapostas online bet365dengue nas próximas semanas.

No entanto, isso não permite que gestores e profissionaisapostas online bet365saúde relaxem completamenteapostas online bet365relação a essa doença.

"A dengue já era uma preocupação antes das enchentes, pois tivemos um número elevadoapostas online bet365casos e mortes no Brasil inteiro neste ano. E isso afetou inclusive áreas que não costumavam ter esse problema, como é o caso da região Sul do país", analisa Pasqualotto.

"À medida que a água começar a baixar, podemos ter a formaçãoapostas online bet365muitos focosapostas online bet365criadouroapostas online bet365mosquito e a dengue voltará a ser uma preocupação", complementa ele.

Schwarzbold lembra que, apesar do clima mais frio esperado no Rio Grande do Sul para as próximas semanas, o Estado costuma experimentar nessa época do ano um fenômeno chamado "veranico", com alguns diasapostas online bet365calor.

"Portanto, se depois dessa inundação tivermos um aumentoapostas online bet365temperatura, mesmo que por um período curto, isso pode ampliar a capacidade do mosquito", analisa o médico. "Daí teremos mais um problema."

Barco transita por bairro completamente alagado

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Alémapostas online bet365vírus e bactérias, inundações deixam outras marcas na saúde das pessoas

Muito além das doenças infecciosas

As questõesapostas online bet365saúde envolvendo um evento climático extremo como este superam a barreiraapostas online bet365vírus, bactérias, parasitas e protozoários.

"É como se estivéssemos voltando ao período inicial da pandemiaapostas online bet365covid-19,apostas online bet365que toda a assistênciaapostas online bet365saúde ficou desestruturada", lembra Pasqualotto.

"Logicamente, o foco agora está no socorro emergencial das pessoas que mais precisam. Mas logo mais, todas as outras doenças podem ficar desassistidas", diz o infectologista.

Um exemplo são as pessoas que dependemapostas online bet365remédios para controlar o diabetes e a pressão alta.

Sem o devido cuidado, essas enfermidades podem descompensar e gerar as mais diversas consequências, como quadros agudosapostas online bet365infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Quando a água baixar, também haverá necessidadeapostas online bet365pensarapostas online bet365como lidar com as questõesapostas online bet365saúde mental e todos os traumas acumulados nesse período, lembram os médicos.

O trabalho da Universidadeapostas online bet365Queensland citado no início da reportagem destaca que transtornos como estresse pós-traumático e depressão são outras consequênciasapostas online bet365longo prazo das grandes inundações.

"Portanto, vemos uma preocupação geral dos profissionais da áreaapostas online bet365como manter todo o sistemaapostas online bet365saúde minimamente estruturado", conclui Pasqualotto.