O que Tina, criança neandertal com síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown, nos ensina sobre a evolução humana:crente pode apostar em futebol
Embora o osso não tenha permitido determinar se pertencia a um menino ou a uma menina, a equipe que o analisou decidiu chamar o indivíduocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolTina.
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A descobertacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolparte do canal auditivocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolum neandertal é algo incomum.
Normalmente, os restos mortais costumam ser partes do corpo, como crânio, dentes ou ossos das extremidades. E embora, na época, houvesse mais interesse arqueológicocrente pode apostar em futeboloutros restos mortais da escavação, os pesquisadores determinaram que, na verdade, se tratavacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboluma peça muito valiosa.
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Os neandertais povoaram a Europa durante centenascrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolmilharescrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolanos, até serem extintos há 40 mil anos. Eles são um dos nossos parentes mais próximos conhecidos. O Homo sapiens (os seres humanos atuais) e os neandertais (Homo neanderthalensis) são classificados como espécies distintascrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolhominídeos, que coexistiram ao longo do tempo e são provenientescrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolum ancestral comum.
Estima-se que o fóssil datava do Pleistoceno Superior e tinha, portanto, entre 120 mil e 40 mil anos.
"A verdadeira surpresa foi com a tomografia, que revelou que esse neandertal tinha lesõescrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolnascença que correspondem à síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown, e que também teriam gerado deficiênciascrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolsaúde significativas ao longocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolsua vida", disse à BBC News Mundo, serviçocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolnotíciascrente pode apostar em futebolespanhol da BBC, Valentín Villaverde Bonilla, professor emérito do departamentocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpré-história, arqueologia e história antiga da Universidadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolValência, que liderou a equipecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolescavaçãocrente pode apostar em futebolCova Negra.
Ameaças à sobrevivência
Villaverde explica que os danos detectados no fóssil indicavam que Tina sofriacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolotites contínuas, surdez, problemascrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolequilíbrio e provavelmente dificuldadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolmobilidade.
"Ela tinha dificuldades significativas que ameaçavamcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolsobrevivência. Obstáculos que seria impossível superar sozinha", acrescenta.
A síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown é uma alteração genética na qual a pessoa possui um cromossomo extra, que pode causar diversos grauscrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboldeficiência intelectual, alémcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolproblemas cardíacos, digestivos ecrente pode apostar em futeboloutros órgãos.
Mesmo assim, Tina chegou aos 6 anoscrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolidade, o que excedecrente pode apostar em futebolmuito a expectativacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolvida normal das crianças com síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown na população pré-histórica.
Para efeitocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcomparação, no início do século 20, entre as décadascrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebol1920 e 1940, a expectativacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolvidacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboluma criança com síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown ficava entre 9 e 12 anos.
A explicação encontrada pela equipe da Universidadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolAlcalá, na Espanha, que recebeu o pequeno ossocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolTina para análise, écrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolque os cuidados necessários àcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolsobrevivência ao longocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolvários anos provavelmente iam além da capacidade da mãe — e teriam exigido a ajudacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboloutros membros do grupo social.
As conclusões do estudo foram publicadascrente pode apostar em futeboljulho pela renomada revista acadêmica Science Advances. A principal questão que a ciência levanta é se este cuidado foi altruísta — um comportamentocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolgrande valor adaptativo — ou motivado por interesses.
Afinalcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcontas, os neandertais eram gruposcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcaçadores-coletores que se deslocavam com frequência por territórios muito extensos. "Se você não desse uma atenção especial a esta criança, ela não teria sobrevivido até os seis anos", argumenta Villaverde.
Implicações comportamentais
A atitude dos neandertaiscrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcuidarcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpessoas com deficiência é conhecida há muito tempo, mas existe um debate sobre as implicações deste comportamento.
Embora "alguns autores acreditem que o cuidado se dava entre indivíduos capazescrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolretribuir o favor, outros sustentam que o cuidado é resultadocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolum sentimentocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcompaixão relacionado a outras condutas pró-sociais altamente adaptativas", afirmam os autores do estudo.
Mercedes Conde Valverde, pesquisadora da áreacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolotoacústica evolutiva do HM Hospitales e da Universidadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolAlcalá, conversou com a BBC News Mundocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolAtapuerca, na Espanha. Ela liderou a equipecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpesquisadores espanhóis encarregadoscrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolanalisar o pequeno ossocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolTina.
"Existem restos mortaiscrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboloutros indivíduos neandertais com patologias que provavelmente necessitaram da ajuda do grupo. Mas todos eram adultos, e foram detectadas patologias com as quais não nasceram — mas, sim, foram adquiridas ao longo da vida: ferimentos, doenças, ossos quebrados e outros traumatismos", afirma.
"O debate sobre este comportamento é se, quando você é adulto, receber a ajuda do grupo é um comportamento altruísta — te ajudo porque tenho vontadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolajudar —, ou é um comportamentocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolajuda recíproca — te ajudo porque no passado você me ajudou, ou porque no futuro você vai me ajudar."
Tão altruístas quanto nós
O casocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolTina é excepcional porque ela é uma criança, nasceu com esses problemas e ainda sobreviveu pelo menos seis anos.
"Isso significa que eles tiveram que ajudá-la e cuidar muito dela, mas como era uma criança, o mais provável é que não esperassem que retribuísse o favor", avalia a pesquisadora.
O estudocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcrianças com patologias graves é particularmente interessante, uma vez que as crianças têm uma capacidade muito limitadacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolretribuir os cuidados. O que isso diz sobre a evolução da nossa espécie é que os neandertais tinham um comportamento altruísta ou tão altruísta quanto nós.
Existe um caso conhecidocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolum chimpanzé com síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown que sobreviveu até os 23 meses graças aos cuidados recebidos da mãe, que contava com a ajuda da filha mais velha.
Quando a filha deixoucrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolajudar a mãe para cuidar dacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolprópria prole, a mãe não conseguiu prestar os cuidados necessários, e o filhote morreu.
Se os neandertais eram compassivos, e nós também somos, mas pertencemos a duas linhas evolutivas diferentes — "isso quer dizer que pelo menos o ancestral comum certamente já tinha (compaixão), e é por isso que as duas linhagens herdaram", explica Conde Valverde.
A espécie humana que deu origem aos neandertais e aos Homo Sapiens viveu há um milhãocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolanos.
"O que propomos é que outros membros do grupo social podiam ajudar a menina diretamente ou podiam ajudar a mãe, liberando-acrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfuteboltarefas que ela teria que fazer para poder cuidarcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolTina. Os neandertais eram uma espécie muito semelhante à nossa", acrescenta.
Ou seja, o cuidado entre os neandertais estaria relacionado a um contexto social mais amplo e complexo,crente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolgrande valor adaptativo — e o estudocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcrianças oferece a possibilidadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolprovar se o cuidado está diretamente relacionado a uma estratégia social tão complexa quanto a parentalidade colaborativa.
"Por um lado, os mais críticos sustentam que não é possível inferir com rigor a existênciacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcuidados a partircrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolmeras evidências paleopatológicas, e que as inferências feitas se baseiamcrente pode apostar em futebolsuposições injustificadas. No entanto, nos últimos anos, tem ganhado força a ideiacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolque as evidências paleopatológicas são uma fonte objetivacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolinformação sobre a existênciacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcuidados na pré-história", diz o estudo.
Outro aspecto especialmente interessante no campo da bioarqueologia é determinar por que as pessoas dedicavam parte do seu tempo e esforço ao cuidadocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolum membro do seu grupo com deficiência temporária ou permanente.
Esta descoberta "me parece bonita porque dá visibilidade ao grupocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpessoas com síndromecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolDown. Todos nós já estamos na evolução humana, todos temos uma referência, e todos nós podemos representar, sempre estivemos, sempre viajamos juntos", afirma Ignacio Martínez Mendizabal, codiretor da áreacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpesquisa otoacústica evolutiva e paleontoantropologia da Universidadecrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolAlcalá.
"E aí você tem uma questão mais técnica, mais profunda, cientificamente, um problemacrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolbiologia evolutiva, que é a questãocrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolquando e como surge esse comportamento tão humano, porque é exclusivamente humano,crente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolcuidarcrente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolpessoas vulneráveis dentro das comunidades."
"Acredito,crente pode apostarcrente pode apostar em futebolfutebolverdade, que não há hoje outra equipe no mundo que teria sido capaz de, com este fóssil, perceber o que ele tinha e, sobretudo, realizar toda a pesquisa e conseguir publicá-lacrente pode apostar em futeboluma revista como a Science Advances", conclui Mendizabal.