A longa viagemapostasbetDom Pedro 1º que culminou no Grito do Ipiranga:apostasbet

Dom Pedro 1ºapostasbetretrato do pintor Simplício RodriguesapostasbetSá, o último deleapostasbetvida

Crédito, Museu ImperialapostasbetPetrópolis

Legenda da foto, Dom Pedro passou longos dias na estrada antesapostasbetchegar a São Paulo, onde declarou a independência

"Foram seis diasapostasbetque percorremos 1,3 mil km", conta Rezzutti, que é autor, entre outros,apostasbetD. Pedro: A História Não Contada, biografia do primeiro imperador do Brasil.

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A viagemapostasbetDom Pedro — que se estenderia por quase um mês — era importante do pontoapostasbetvista político. A provínciaapostasbetSão Paulo vivia um momento conturbado, com um princípioapostasbetmotimapostasbetque parte da elite ameaçava se recusar a cumprir ordens da capital.

"Dom Pedro veio firmar alianças com os fazendeiros, apaziguar o cenário e preparar terreno para a Independência", afirma Rezzutti.

Hotel-fazendaapostasbetBananal, na época uma casaapostasbetfazenda onde d. Pedro passou

Crédito, Paulo Rezzutti

Legenda da foto, Dom Pedro passou por região onde hoje funciona hotel-fazendaapostasbetBananal, no interiorapostasbetSão Paulo
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Uma toneladaapostasbetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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"A vindaapostasbetDom Pedro para a ProvínciaapostasbetSão Paulo era estratégica. A união do Brasil era um tema que estava sendo muito pensado e discutido depois que Dom João 6º retornou a Portugal. O risco da fragmentação do Brasilapostasbetpequenas repúblicas, como ocorreu na América Espanhola, era possível", aponta o historiador Diego AmaroapostasbetAlmeida, pesquisador do Centro SalesianoapostasbetPesquisas Regionais e vice-presidente do InstitutoapostasbetEstudos Valeparaibanos.

"Para evitar a submissão do Brasil a Portugal ou a desfragmentação do território, Dom Pedro precisava se mostrar um líder capazapostasbetrealizar um plano ambiciosoapostasbetindependênciaapostasbetum territórioapostasbetproporções continentais. E ainda precisavaapostasbetapoio financeiro."

Na época, o Vale do Paraíba era um dos motores econômicos do País. "Todos aqueles que produziam o café prosperavam, eapostasbetmaneira rápida", lembra Almeida. "Ou seja: era o lugar ideal para firmar alianças."

O fatoapostasbetCanto e Melo ter integrado essa comitiva é um sinal do momento complicado. O militar integrava o grupo chamadoapostasbet"leais paulistanos", uma tropaapostasbetcorreligionários da província que foi montadaapostasbetjaneiroapostasbet1822, na época do episódio histórico conhecido como Dia do Fico, para manifestar apoio ao então príncipe.

No total, 1,1 mil homens participavam dessa guarda especial.

"Não foi fácil para o jovem príncipe e futuro imperador do Brasil enfrentar os diferentes caminhos que os membros da elite do país pretendiam trilhar. As influências externas eram muitas, mas os brasileiros, a ampla maioria, não desejavam voltar a ser colôniaapostasbetPortugal", afirma Almeida.

Neste contexto, diz o historiador, havia três possibilidades apontadas por lideranças. Uma era formada por portugueses que desejavam que Dom Pedro 1º retornasse a Portugal e que todas as leis que possibilitavam ao Brasil algum tipoapostasbetemancipação fossem derrubadas.

Outro grupo, liderado por Joaquim Gonçalves Ledo, queria que o Brasil se tornasse independente. Mas desejava, contudo, que o país seguisse o rumo da América Espanhola, e as províncias se tornassem repúblicas.

Entretanto, o modelo que prevaleceu foi o defendido por José BonifácioapostasbetAndrada e Silva, que propunha que o Brasil se separasseapostasbetPortugal, mas que mantivesse a manutenção do regime monárquico constitucional, com a finalidadeapostasbetpreservar a unidade política e territorial.

O especialista contextualiza assim o cenário que pressionava Pedro 1º. "Ele herdava um país com inúmeros problemas financeiros, políticos e sociais. Precisava e ansiava por todo apoio que pudesse, o que também exigiu um certo esforçoapostasbetalguém que começava a compreender o tamanhoapostasbetsuas responsabilidades", diz.

A viagem

O príncipe saiu da Quinta da Boa Vista, no RioapostasbetJaneiroapostasbet14apostasbetagostoapostasbet1822. Tinha uma comitivaapostasbet30 homens e um roteiro pré-determinado, com paradas estratégicas ao longo da rota até São Paulo. "Entre os membros da comitiva, estava Francisco Gomes da Silva, também conhecido como o Chalaça ou a Sombra do Imperador", cita Almeida.

Placa alusiva à passagemapostasbetD. PedroapostasbetAparecida

Crédito, Paulo Rezzutti

Legenda da foto, O príncipe tinha uma comitivaapostasbet30 homens e um roteiro pré-determinado, com paradas estratégicas ao longo da rota até São Paulo

A primeira parada, apenas para pernoitar, foi na FazendaapostasbetSanta Cruz,apostasbetpropriedade da família imperial, ainda no Rio. "Existia, mesmo queapostasbetforma precária, uma logística para essas viagens, nas quais eram levadas certas quantidadesapostasbetalimentos e água para os períodos mais longos", afirma o historiador.

"E, por meioapostasbetmensageiros que acabavam partindo dos lugarejos antes da comitiva real, a próxima 'parada' já era anunciada com certa antecedência."

No dia seguinte, a comitiva adentrava terras paulistas. O futuro imperador visitou o capitão Hilário GomesapostasbetAlmeidaapostasbetsuas terras, a então Fazenda Três Barras,apostasbetBananal.

De acordo com Rezzutti, o aristocrata estava doente e acamado. A conversa com o imperador, portanto, teria ocorridoapostasbetseu próprio quarto.

O casarão ainda existe, apesarapostasbetter passado por muitas reformas que o descaracterizaram. No local hoje funciona um hotel-fazenda. Uma das suítes, exatamente a que, acredita-se, tenha abrigado Dom Pedro, chama-se "imperial",apostasbethomenagem ao passado histórico.

A parada seguinte, na Fazenda Pau D'Alho,apostasbetSão José do Barreiro, se tornaria folclórica. Isto porque Dom Pedro, conforme os relatos da época, teria apostado corrida com os demais membros da comitiva e chegado antes do previsto, sozinho, à fazenda, então do Coronel João Ferreira.

Ele bateu palmas e, sem se identificar como príncipe, pediu comida para a proprietária da casa.

Ela o atendeu, mas pediu para que comesse na cozinha "porque a salaapostasbetjantar estava sendo preparada com toda a pompa e circunstância para receber o príncipe regente", como conta Rezzutti.

"Dom Pedro se fartouapostasbetassados e guisados, na companhiaapostasbetescravas e mucamas", pontua o historiador Almeida. Este episódio teria ocorridoapostasbet17apostasbetagostoapostasbet1822.

No mesmo dia, a comitiva do príncipe chegou à casa do capitão-mor Domingos da Silva,apostasbetAreias. O imóvel ainda existe e, hoje, ali funciona um hotel. No dia seguinte, uma parada rápida, apenas para almoço,apostasbetPorto Cachoeira, hoje Cachoeira Paulista. Na noite do dia 18, Dom Pedro chegou a Lorena.

Antiga IgrejaapostasbetAparecida

Crédito, Paulo Rezzutti

Legenda da foto, Antiga IgrejaapostasbetAparecida, por onde Dom Pedro passou

Era um parada importante do pontoapostasbetvista político, pois ali o príncipe se hospedaria na casa do capitão-mor Ventura JoséapostasbetAbreu.

O futuro imperador cumpriu uma espécieapostasbetagenda pública na cidade. Teria plantado uma palmeira no que se tornaria a rua das Palmeiras, no centro do município, visitado a antiga CasaapostasbetCâmara e Cadeia e a IgrejaapostasbetNossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

No dia 19apostasbetagosto, o grupo partiu para Guaratinguetá, onde Pedro foi hóspede do capitão-mor Manoel JoséapostasbetMelo. "O imóvel não foi preservado", conta Rezzutti. Ali, conforme apurou o pesquisador, a comitiva teria aumentado, com a adesãoapostasbetnovos seguidores,apostasbetuma espécieapostasbetguardaapostasbethonra.

Dom Pedro tinha novo compromisso público: visitar a então capelaapostasbetNossa Senhora Aparecida, hoje no municípioapostasbetAparecida.

Tratava-seapostasbetum importante pontoapostasbetperegrinação católica, pois o pequeno templo havia sido erguido justamente para abrigar a imagem da santa, chamadaapostasbetNossa Senhora Aparecida, encontrada ali na regiãoapostasbet1717 e, depois, proclamada padroeira do Brasil.

Rezzutti conta que antigos relatos afirmam que Dom Pedro teria rezado na igrejinha e feito uma promessa: se tudo corresse bem, ele fariaapostasbetNossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil independente. Na realidade, depoisapostasbetse tornar imperador, Pedro 1º escolheu São PedroapostasbetAlcântara como padroeiro.

De lá, a comitiva partiu para Pindamonhangaba.

Ali, o príncipe se encontrou com o influente major Domingos MarcondesapostasbetAndrade. "Dentre as muitas histórias registradasapostasbetdiários, conta-se que Domingos MarcondesapostasbetAndrade estava montandoapostasbetum garboso cavalo. Dom Pedro, ao ver o belo animal, começou a elogiá-lo, como que esperando a reação do proprietário", narra o historiador Almeida.

"Quando mais o príncipe elogiava o cavalo, mais MarcondesapostasbetAndrade ficava mudo. Por fim, quando Dom Pedro foi mais incisivo, dizendo que lhe agradaria possuir um cavalo como aquele, Domingos Marcondes propôs um acordo."

O major teria dito ao nobre que todos sabiam ser costumeapostasbetDom Pedro dar aos cavalos que ganhava o nomeapostasbetseu proprietário anterior. "Mas, enfatizou o homem, nenhum Marcondes até aquela data tinha sido cavalgado por ninguém. Então ele daria, sim, o cavalo ao príncipe, desde que ele escolhesse outro nome para o animal", conta o historiador.

Em Pindamonhangaba, dom Pedro se hospedou no sobrado do monsenhor Ignácio MarcondesapostasbetOliveira Cabral, irmão do então capitão-mor. A residência não existe mais. Ali, foram tantos os que se ofereceram a integrar a comitiva, na chamada guardaapostasbethonra do príncipe, que há um monumento na praça central da cidadeapostasbetalusão a este fato. E a igrejaapostasbetSão José guarda um panteão onde estão enterrados todos os pindamonhangabenses que integraram a guarda do nobre.

Monumento alusivo à passagemapostasbetD. PedroapostasbetPindamonhangaba

Crédito, Paulo Rezzutti

Legenda da foto, Em Pindamonhangaba, Dom Pedro se hospedou no sobrado do monsenhor Ignácio MarcondesapostasbetOliveira Cabral

No dia 21apostasbetagosto, Dom Pedro chegou a Taubaté, onde seria recebido na casa do cônego Antônio Moreira da Costa – construção esta que não existe mais. Na cidade, visitou o conventoapostasbetSanta Clara e a Igreja do Pilar.

A parada seguinte seria Jacareí. Na época, havia uma balsa que ligava os dois municípios,apostasbettravessia pelo Rio Paraíba.

"E então há uma outra anedota: aapostasbetque Dom Pedro, impaciente, não quis esperar a balsa e atravessou o rio a cavalo. Do outro lado, uma multidão o esperava, e ele, Pedro, sem pestanejar, saiu procurando alguém que usasse calças do mesmo tamanho que as dele, para propor a troca", relata o pesquisador Rezzutti.

Conforme esses relatos, o "mérito"apostasbetceder as calças ao futuro imperador teria ficado com um jovem pindamonhangabense, depois integrante da guardaapostasbethonra, chamado Adriano Gomes Vieira.

Em Jacareí, Dom Pedro ficou hospedado na casa do capitão-mor Cláudio José Machado.

Em Mogi das Cruzes, onde a comitiva chegouapostasbet23apostasbetagosto, Dom Pedro hospedou-se na casa do capitão-mor FranciscoapostasbetMello e assistiu à missa na então IgrejaapostasbetSant'Ana, hoje catedral homônima.

PenhaapostasbetFrança, hoje parte do municípioapostasbetSão Paulo, foi a última parada antes da capital paulista. Dom Pedro dormiu ali uma noite, do dia 24 para o dia 25, e assistiu a outra missa na igreja matriz.

O grupo chegou a São Paulo na manhã do dia 25apostasbetagosto. Houve uma entrada oficial. Dom Pedro foi recebido por vereadores, religiosos e a populaçãoapostasbetfrente à Igreja do Carmo. De acordo com Rezzutti, a Igreja da Ordem Terceira é a única coisa que restou dessa passagem do príncipe pelo local.

Foram diasapostasbetmuito trabalho até o 7apostasbetsetembro histórico. Na capital paulista, Dom Pedro convocou novas eleições e governou a província interinamente, recompondo o poder que andava ameaçado.

Princesa Leopoldina

Quando Dom Pedro saíaapostasbetviagens, quem assumia o comando do País era a princesa – depois imperatriz – Leopoldina. Que, conforme o próprio Rezzutti detalha no livro D. Leopoldina: A História Não Contada - A Mulher Que Arquitetou a Independência do Brasil, biografia da primeira mulherapostasbetdom Pedro, não tinha nada da figura caricata e passiva que acabou sendo eternizada nos folhetins.

Justamente enquanto Dom Pedro viajava pelo Vale do Paraíba, Leopoldina arquitetava a separaçãoapostasbetPortugal. Em agostoapostasbet1822, ela escreveu uma carta paraapostasbetirmã na qual dizia que "o Brasil é grande demais, poderoso e, conhecendoapostasbetforça política, incapazapostasbetser colôniaapostasbetuma corte pequena".

No mesmo período, remeteu também uma mensagem ao seu pai, na qual afirmou que "o nobre espírito do povo brasileiro se mostrouapostasbettodas as formas possíveis e seria a maior ingratidão e erro político crassíssimo se nosso empenho não fosse manter e fomentar a sensata liberdade e consciênciaapostasbetforça e grandeza deste lindo e próspero reino, que nunca poderá ser subjugado pela Europa". Na correspondência, a princesa chamou Portugalapostasbet"pátria mãe infiel".

"Leopoldina foi importante e brilhante no processoapostasbetIndependência do Brasil. Fosse ao assumir o papel da regência enquanto o príncipe apaziguava os ânimos dos brasileiros, fosse na negociação para a separaçãoapostasbetPortugal", acredita Almeida.

"Nas poucas cartas que temos deste momento são evidentes a vontade e participação desta mulher que, juntamente com Dom Pedro I, tinham se unido no objetivoapostasbetseparar o Brasil."