O Estado dos EUA que quer receber mais imigrantes: 'mexicanos sustentam a economia aqui' :zebet uk

O mexicano Edgar Vega e uma colegazebet uktrabalho aparecem na fotozebet ukuma peixaria, ambos rindo, usando boné e bandana, luvaszebet ukborracha e casaco.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, O mexicano Edgar Vega, que aparece na foto com um colega, trabalha há 18 anos na temporadazebet ukpesca no Alasca

Mas no verão o clima dá alguns meseszebet ukdescanso e muitos dos seus pouco maiszebet uk2.000 habitantes vão pescar salmão selvagem do Alasca e outras espécies que vivem no delta do rio Copper.

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Os pescadores precisam capturar tudo o que é possível no curto espaçozebet uktempo que o clima permite. Essa corrida desencadeia uma enxurradazebet ukatividades cruciais para uma cidade onde, segundo dados do Departamento do Trabalho, mais da metade dos empregos depende da pesca.

Mesmo no verão, há pouco mais para fazerzebet ukCordova alémzebet ukpescar e trabalhar. Não há cinemas ou centros comerciais, e nos diaszebet ukque o tempo os impedezebet ukpescar - o que acontece com frequência - os pescadores bebem e jogam sinuca no único bar da cidade, um lugar com areszebet ukpub londrino que, por algum motivo, ninguém lembra que a placa da fachada estázebet ukcabeça para baixo.

A foto mostra uma pessoa limpando peixe, usando casaco com capuz e luvaszebet ukborracha.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, O trabalho exige jornadaszebet ukaté 18 horas limpando e preparando toneladaszebet ukpeixes
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Hoje chegaram maiszebet uk18 mil quiloszebet ukbacalhau que precisam ser processados, por isso Edgar está ocupado manuseando as duas facas com as quais extrai as espinhas, o sangue e outras impurezaszebet ukcada peixe.

Ele não pode falhar. Os peixes devem chegar limpos na outra extremidade da esteira para que outros trabalhadores possam pesá-los e embalá-los.

É um trabalho considerado bem remunerado, mas árduo e monótono, com dias que, muitas vezes, começamzebet ukmadrugada e duram 18 horas ou mais; tarefa essencial para que o peixe chegue ao consumidor fresco e com qualidade.

Depoiszebet ukum tempo, o cheirozebet ukpeixe e umidade é sentido quase nos ossos, mas Edgar trabalha feliz.

Com o dinheiro que ele ganhar nestes meseszebet ukCordova, poderá viver confortavelmente durante o resto do anozebet ukMexicali, cidade fronteiriça do departamento mexicano da Baixa Califórnia, onde quatro filhos o esperam.

Seus dólares percorrem um longo caminho até lá. “O dinheiro que ganho aqui vale o dobrozebet ukMexicali”, diz ele.

As estatísticas parecem provar que ele está certo. De acordo com a OCDE, o rendimento médiozebet ukuma família mexicana ézebet ukpouco maiszebet uk16 mil dólares por ano. Ele recebe um pouco mais do que issozebet ukpoucos meses.

Fora das peixarias, a ofertazebet uklazer se limita a passear pelas montanhas, tendo sempre o cuidadozebet uknão topar com nenhum dos ursoszebet ukcomportamento imprevisível que ali reinam.

Todos os anos, trabalhadoreszebet uktodo o mundo vêm aqui para preencher cargos para os quais a mão-de-obra local não é suficiente.

São ucranianos, turcos, peruanos, filipinos... e mexicanos, muitos mexicanos.

Há uma razão.

“No ano passado, ganhei 27 mil dólares limposzebet ukquatro meses”, explica Edgar Vega García, enquanto fileta, um após o outro, os peixes que desfilam diante delezebet ukuma esteira que nunca para.

A foto mostra um porto com barcos atracados e montanhas ao fundo.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, A vidazebet ukCordova girazebet uktorno da pesca

'Aqui precisamos dos estrangeiros'

Edgar começou a vir para o Alasca há 18 anos. Foizebet ukmãe, Rosa, quem o incentivou.

Depoiszebet uktrabalharemzebet ukdiversas empresas, durante três verões ambos trabalharam na North 60 Seafoods, empresazebet ukRich Wheeler, um americano que está encantado com eles e com os seus compatriotas.

“Foi fantástico conhecer os mexicanos. Eles deram ao meu negócio a estabilidade que eu precisava e que não conseguíamos encontrar”, ele me conta, no escritório da fábrica, uma sala bagunçada com uma cabeçazebet ukveado e uma pelezebet ukurso pendurada nas paredes úmidaszebet ukmadeira.

“Honestamente, se não fosse pelos mexicanos, meu negócio não existiria”.

Segundo Weeler, ele teve muitos problemas no passado com funcionários americanos, como usozebet ukdrogas no trabalho, faltas injustificadas e brigas.

“Não creio que teríamos feito o mesmo sem os mexicanos”, acrescenta. “Eles são sempre pontuais e sei que posso esperar que trabalhem duro e profissionalmente todos os dias. Estou muito grato a vocês”, elogia Rich.

A imagem é um mapa que mostra a rota desde San Diego, na Califórnia, até o Alasca.
Legenda da foto, Os mexicanos fazem uma longa viagem para chegarem ao Alasca

Agora que os Estados Unidos vivem uma campanha eleitoral tensa e o candidato Donald Trump levanta o temorzebet ukuma “invasão”zebet ukimigrantes ilegais que supostamente tiram empregos dos americanos, neste canto remoto do país os estrangeiros são essenciais na indústriazebet uktransformaçãozebet ukpeixe que é o pilar da economia da região.

César Méndez, tambémzebet ukMexicali, trabalha no Alasca há 14 anos. Obtém o que considera “bons lucros” e depois volta ao México, onde complementa os seus rendimentos com um negóciozebet ukvendazebet ukferramentas.

“O Alasca me deu muito. Permitiu-me ter uma boa qualidadezebet ukvida e sempre senti que eles estão gratos pelo trabalho que fazemos aqui”, afirma.

O prefeitozebet ukCordova, David Allison, sabe que os imigrantes desempenham um papel crucial nazebet ukcidade, onde estima que 50% das famílias dependem da pesca.

“O peixe não é processado se não houver mãos para fazê-lo, e se não fosse a pesca, esta seria provavelmente uma cidade-fantasma”, diz ele na sede do governo local.

Allison não tem escritório e trabalhou durante anos na indústriazebet ukprocessamentozebet ukpescado, onde aprendeu que “se você colocar um anúnciozebet ukum jornal do Alasca dizendo que precisazebet uk250 trabalhadores, não receberá maiszebet uk20 inscrições”.

A população localzebet ukapenas 2.600 habitantes triplica no verão com a chegadazebet ukestrangeiros, mas Allison afirma quezebet ukCordova não há problemaszebet ukconvivência. “Geralmente eles vêm com a documentaçãozebet ukordem, trabalham durante a temporada e assim sustentam a família.”

Fotozebet ukRich Weeler, um homemzebet ukpele clara, sem barba, vestindo um moletom escuro e uma touca branca.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, Rich Weeler conta que seus negócios funcionam melhor com os trabalhadores mexicanos

Cordova é apenas uma pequena amostra da importância da pesca para a economia local. Segundo a Universidade do Alasca-Fairbanks, a indústriazebet ukfrutos do mar produz 2.268 toneladaszebet ukalimentos por ano, mais da metade do total dos Estados Unidos, e é a que mais gera empregoszebet uktodo o estado.

Grandes corporações, como a Ocean Beauty Seafoods e a Trident, processam a capturazebet ukcentenaszebet ukplantas espalhadas por regiões do Alasca, como a Baiazebet ukBristol, Valdez e o Delta do Cobre.

Para fazer isso, eles precisamzebet ukpessoaszebet ukfora. Em 2022, último ano para o qual existem dados oficiais, maiszebet uk80% do totalzebet uktrabalhadores eram estrangeiros.

Foram os pedidos destas empresas e dos congressistas estaduais que levaram o governozebet ukJoe Biden, nos últimos anos, a aumentar significativamente os vistos que muitos destes imigrantes utilizam para trabalhar legalmente nos Estados Unidos. Dos 66 mil disponíveiszebet uk2022, aumentou para quase o dobrozebet uk2023 e 2024.

David Allison é um senhorzebet ukpele clara e cabelos brancos e está vestindo uma camiseta vermelha.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, O prefeitozebet ukCordova afirma que não há problemaszebet ukconvivência com os estrangeiros

A demanda por trabalhadores neste setor explica porque os salários são bons.

Além da remuneração, as empresas oferecem alojamento e três refeições diárias durante a vigência do contrato, para que os trabalhadores possam poupar quase tudo o que ganham.

Soma-se a isso o pagamentozebet uk50% a mais por horas extras exigidos pela lei do Alasca. E elas são comunszebet ukuma atividade tão intensiva e sazonal, especialmente quando a estação é boa. Com os últimos aumentos aprovados, um processador recebe um saláriozebet ukUS$ 18,06 (R$ 100) por hora, que sobe para US$ 27,09 (R$ 153)zebet ukhoras extras.

As empresas também cobrem a viagem até aqui, o que é especialmente importante num local tão isolado e distante.

Antigamente, uma rodovia ligava Cordova a outras cidades na Prince William Sound (enseada no litoral sul), mas uma tempestade anos atrás destruiu a ponte que cruzava o Rio Copper e a cidade ficou sem conexão terrestre com o resto da civilização.

A única maneirazebet ukchegar lá agora ézebet ukavião ou barco que sai da cidadezebet ukWhittier, quando o tempo permite, e leva sete horas para chegar.

A foto mostra um tanque imensozebet ukpeixes.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, O Alasca gera mais da metade da produçãozebet ukpeixes dos Estados Unidos

Muito diferente do México

Aos 67 anos, Rosa Vega, mãezebet ukEdgar, há anos percorre uma longa jornada para assumir seu cargo. De Mexicali a San Diego por estrada. Depois, três voos: San Diego-Seattle, Seattle-Anchorage, Anchorage-Cordova.

Ela viaja por dias para trabalharzebet ukum local bem diferentezebet ukcasa, onde passazebet uk5 a 6 meses.

“Mexicali é muito quente. Neste momento, está fazendo 52 graus lá e dá para cozinhar um ovozebet ukcimazebet ukuma pedra”, diz ela quando fala comigo num diazebet ukjulho. A cidade deles foi identificada como um dos lugares mais quentes da Terra.

“Assim como as pessoas que vão para Mexicali precisam se acostumar com o calor, eu tive que me acostumar com o frio no Alasca.”

E mesmo que o salário seja bom, aqui não há espaço para luxos.

Rosa e os demais trabalhadores dividem quartos para quatro pessoas e dois belicheszebet ukum contêiner montadozebet ukformazebet ukcasa, onde precisam guardar pertences para vários meseszebet ukum pequeno armário.

Na salazebet ukjantar, único espaço social, os mais novos jogam vídeo-game enquanto Rosa tenta falar com a mãe. De todos que ela deixa para trás todo anozebet ukMexicali, a mãe é com quem ela mais se importa.

“Ela está muito idosa e ultimamente tem me pedido para não vir mais para cá”, diz.

Ela não é a única que diz que, muito mais que o frio, a chuva ou os desconfortoszebet ukuma vida no campo, o que mais pesa é ficar tanto tempo longe da família.

Uma senhorazebet ukpele e cabelos claros segura o celular e mostra uma foto para a câmera. No fundo, dois homens sentadoszebet ukum sofá.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, Os mexicanos tentam falar com a família que ficou no México nas horas livres

O espanhol nas ruaszebet ukCordova

Embora também se fale tagalo (a língua mais comum falada nas Filipinas) e inglês, o espanhol é a língua mais ouvida durante um passeio pelo pequeno portozebet ukCordova.

Na verdade, o espanhol está presente desde as origens do local.

Foi o explorador espanhol Salvador Fidalgo quem deu a este lugar o nomezebet ukPuerto Córdoba quando aqui chegouzebet uk1790, enviado pela coroa.

Desde então, pessoaszebet ukdiversas origens chegaram ao Alasca dispostas a suportar as suas intempéries para explorar os seus abundantes recursos naturais.

Os russos apropriaram-se dela e ao longo do século 19 dedicaram-se à caçazebet uklontras para vender azebet ukpreciosa pele.

Em 1867, a Rússia czarista vendeu o Alasca aos Estados Unidos e a partirzebet uk1957 a descobertazebet ukgrandes depósitoszebet ukpetróleo acelerou o desenvolvimento e causou muitos problemas ambientais.

Em Cordova ainda se lembramzebet ukquando o petroleiro Exxon Valdez encalhouzebet uk1989 e derramou milhareszebet uktoneladaszebet ukpetróleo bruto no mar. Foi considerado o pior desastre ecológico da história americana e colocouzebet ukperigo o modozebet ukvida local.

Ali, inclusive, o salmão é rei. Eles o chamamzebet ukKing Salmon por um motivo.

Fachadazebet ukum barzebet ukCordova, com uma montanha com neve no fundo.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, Em Cordova, na regiãozebet ukPrince William Sound, só existe um bar e a ofertazebet uklazer se limita a dar um passeio por seu impressionante entorno

Vital para os ursos que habitam o delta e para os pescadoreszebet ukCórdoba, o salmão local, nas suas diferentes variedades, não é apenas uma matéria-prima essencial, mas também um motivozebet ukorgulho.

Como me explica Greg Olsen, gerentezebet ukrecursos humanos e produção da North 60 Seafoods, “a limpeza e as baixas temperaturas da água explicam a extraordinária qualidade do salmão do Rio Copper”.

Em alguns dos melhores restaurantes do Japão preparam sushi com salmão pescado no Delta do Cobre.

Bret Bradford é um homemzebet ukpele clara e barba branca, usando um boné e fumando um cachimbo. Ele estázebet uklado para a câmera, sentado dirigindo um barco.

Crédito, Jorge Luis Pérez Valery

Legenda da foto, Bret Bradford pesca todos os dias e necessita dos imigrantes para o processamento dos peixes

Embora nasçamzebet ukrios, os salmões nadam para águas abertas e vivem durante anos no oceano, voltando para desovar e morrer exatamente onde nasceram.

O pescador Bret Bradford conhece muito bem a rota do salmão. Há anos ele ganha a vida perseguindo os peixes pelo Estuário do Cobre.

Ao leme do seu pequeno barcozebet ukpesca, que leva o nome científicozebet ukuma das variedades locaiszebet uksalmão, ele segura entre os dentes um cachimbo com um bocal roído e me mostra os leões marinhos, focas e outras criaturas que encontra todos os dias no trabalho.

Uma cabine bagunçada, onde mal cabe ele, revela que ele costuma navegar sozinho.

Bret lembra que “nos Estados Unidos, exceto os povos nativos, somos todos descendenteszebet ukimigrantes, mas há um processo”.

Ele acredita na imigração legal. Ele sabe que o sustento dazebet ukfamília dependezebet ukestrangeiros que processamzebet ukterra o peixe que pesca.

De volta a Mexicali

No finalzebet uksetembro, depoiszebet ukmais uma temporada difícil, Rosa e Edgar, mãe e filho, voltaram a Mexicali.

Ele já busca rentabilizar o que ganhou com a vendazebet ukmuitos carros usados ​​que acabouzebet ukadquirir.

Ela teve uma surpresa desagradável assim que voltou do Alasca. Sua mãe acabazebet uksofrer um acidente cerebral e teve que ser hospitalizada.

Assim que desce do avião, sem passarzebet ukcasa, vai visitá-la.

“Eu sei que qualquer dia ela pode ir embora e isso pode acontecer quando eu estiver no Alasca”, reflete Rosa, garantindo quezebet ukmãe estázebet ukbom humor, apesarzebet ukestar acamada.

A foto mostra  Rosa, uma senhorazebet ukpele e cabelos claros, vestindo uma camiseta rosa, com uma xícara vermelha na mão e sentadazebet ukuma poltrona. Ao seu lado, um homemzebet ukpele clara, o filhozebet ukRosa, vestindo camiseta cinza e boné azul segura um celular, também sentadozebet ukuma poltrona. Atrás deles, uma parede amarela.

Crédito, G. D. Olmo

Legenda da foto, Terminada a temporada no Alasca, Rosa terá tempo para ficar com a famíliazebet ukMexicali

Rosa sabe que cuidar da mãe serázebet ukprincipal tarefa agora que voltou.

Ela planejava compartilhar com a mãe um pouco do salmão que trouxe do Alascazebet ukuma grande caixazebet ukpapelão, mas isso terá que esperar.

“Agora tenho que recomeçar tudo aqui. A primeira coisa que quero fazer é arrumar meu jardim”, diz ele, enquanto verifica as plantas que secaram nos meses que ele não esteve ali.

É uma bela construção, com ar colonial e um amplo quintal com paredes amarelas, que ocupa um quarteirão inteiro e se destaca entre os demais prédios do bairro onde mora.

Agora, livre do trabalho, ela pode se dedicar às plantas.

"Espero recuperar o jardim... Até ter que voltar para o Alasca no próximo ano."