Projeto Willow: a polêmica sobre exploraçãopetróleo no Alasca:
Estimativas do EscritórioGestão da Terra dos Estados Unidos indicam que ele irá gerar até 278 milhõestoneladasCO2e ao longo dos seus 30 anosvida útil – o equivalente a um aumentodois milhõescarros na frota norte-americana todos os anos.
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Fim do Matérias recomendadas
CO2e (CO2 equivalente) é a unidade utilizada para expressar o impacto climáticotodos os gases do efeito estufaconjunto, como se todos fossem emitidos como dióxidocarbono.
Segundo o anúncio feito13março, apenas três locaisperfuração serão permitidos para o projeto e não os cinco propostos inicialmente. A redução é uma espéciecompensação para os ativistas anti-Willow.
A aprovação também veio um dia depois que o governo Biden impôs limites sobre a perfuraçãopoçospetróleo e gásuma área6,5 milhõeshectares no Alasca e no Oceano Ártico.
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Ambientalistas defendem que o projeto Willow é inconsistente com as promessas do presidente Biden para liderar as açõescombate às mudanças climáticas. Maisum milhãocartasprotesto chegaram à Casa Branca e uma petição da organização Change.org pedindo a suspensão do projeto recebeu maistrês milhõesassinaturas.
“É a decisão errada e será um desastre para a vida selvagem, as terras, as comunidades e para o nosso clima”, afirmou no dia do anúncio a organização ambiental Sierra Club.
O jovem ativista Sonny Ahk, do povo nativo iñupiat, que protestou contra o projeto Willow, afirma que o desenvolvimento “consolidaria a extraçãopetróleo e gás no Ártico por mais 30 anos e catalisaria a futura expansão do petróleo no Ártico”.
“Enquanto os executivosfora do Estado recebem recordeslucros, os moradores locais precisarão lidar com os impactos prejudiciaissermos rodeados por imensas operaçõesperfuração”, segundo ele.
Mas todos os três legisladores que representam o Alasca no Congresso – um deles, democrata – pressionaram pela aprovação do projeto, promovido por eles como um investimento muito necessário para as comunidades da região. Eles também defenderam que o projeto Willow ajudaria a impulsionar a produção domésticaenergia e reduzir a dependência norte-americana do petróleo estrangeiro.
“Foi a decisão correta para o Alasca e para o nosso país”, segundo o CEO (diretor-executivo) da ConocoPhillips, Ryan Lance.
Para ele, a gigante energética americana, que já é o maior produtorpetróleo bruto do Alasca, irá aumentar a segurança energética, criar bons empregos e oferecer benefícios às comunidades nativas do Alasca.
Proteçãoáreas sensíveis
O Departamento do Interior dos Estados Unidos anunciou que mais1,2 milhãohectares do marBeaufort, no Oceano Ártico, ficariam “permanentemente fora dos limites” para perfuraçãopetróleo e gás.
A medida garante a “proteção perpétua contra o desenvolvimento extrativo”um habitat importante para as baleias, focas, ursos polares e outros animais selvagens, segundo informou a Casa Brancacomunicado.
O governo americano também afirmou que irá propor novos limites para as perfuraçõesmaiscinco milhõeshectaresterras “ecologicamente sensíveis” na vasta reservapetróleo do Alasca. Trata-seuma área reservada há um século para a futura produçãopetróleo no Estado, que abriga espécies ameaçadas, incluindo os ursos polares.
“Com estas ações, o presidente Biden continua cumprindo com a agenda climática mais agressiva da história dos Estados Unidos”, segundo a Casa Branca.
Mas grupos ambientalistas advertem que os novos limites são insuficientes.
“Proteger uma área do Ártico para destruir outra não tem sentido e não irá ajudar as pessoas e a vida selvagem que serão prejudicadas pelo projeto Willow”, afirma Kristen Monsell, advogada da organização Centro para a Diversidade Biológica.
Já Michaela Stith, diretorajustiça climática do Movimento Nativo (uma organizaçãojustiça social com sede no Alasca), declarou à BBC que algumas comunidades irão tomar medidas diretas contra o projeto Willow.
“Vivemosum Estado monopolizado pelo petróleo e o gás”, afirma ela. “Não existem muitas oportunidades para fazer muito mais e, por isso, haverá apoio local [para a proposta]. Nosso Estado não conseguiu diversificareconomia.”
Com as medidas, o presidente Biden tenta equilibrar seus objetivosfazer com que os Estados Unidos atinjam nível zeroemissõescarbono2050 com as pressões para aumentar o fornecimentocombustível, mantendo os preços baixos.
Análise do repórtermeio ambiente da BBC, Matt McGrath
Por que um presidente que defende fortes ações contra as mudanças climáticas acabaaprovar um projeto apelidado“bombacarbono”?
A resposta é que Willow tem a ver com política e legislação – não com o meio ambiente.
Quando era candidato2020, Joe Biden prometeu: “não haverá mais perfuraçõesterras federais, ponto final”. Mas esta promessa foi quebrada no ano passado, quando o governo, pressionado pelo judiciário, anunciou planos para conceder licençasperfuração.
A Casa Branca provavelmente irá dizer que o judiciário também influenciou a decisão sobre o projeto Willow.
A licençaexploração da companhia petrolífera ConocoPhillips data1999. Ela teria fortes justificativas para entrar com recurso na justiça se os seus planos tivessem sido rechaçados.
É claro que o governo Biden sabe que, do pontovista puramente climático, o projeto realmente não tem justificativa. Por isso, como formacompensação para os opositores, eles tentaram equilibrar a aprovação com novas proibiçõesextraçãopetróleo e gás no Oceano Ártico.
A maioria dos ambientalistas não aceita essa compensação.
O projeto Willow também tem profundas bases políticas. A 18 meses das próximas eleições presidenciais, Biden deseja ser visto como um lídercentro, preocupado com o fornecimentopetróleo e os preços dos combustíveis para os cidadãos norte-americanos.
Mas, ao dar a luz verde para a perfuração, ele se arrisca a perder o apoiomuitos jovens que lhe confiaram seus votos2020.