'Brancos estão sendo substituídos por imigrantes': a teoria da conspiração que influencia eleições nos EUA:casa de apostas bet365

Manifestação anti-imigração na Califórniacasa de apostas bet3652019

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Manifestação anti-imigração na Califórniacasa de apostas bet3652019

Personalidades da direita radical americana, como o apresentador da Fox News Tucker Carlson e o candidato a vicecasa de apostas bet365Trump, J.D. Vance, também aludem ao relato.

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Trata-se, porém,casa de apostas bet365uma teoria da conspiração, que, segundo especialistas, está profundamente conectada a outra narrativa igualmente falsa que circula há anos — se não há séculos.

A chamada teoria da "grande substituição" difunde a ideiacasa de apostas bet365que há uma elite que usa a imigraçãocasa de apostas bet365massa para substituir a população originalcasa de apostas bet365um determinado país, geralmentecasa de apostas bet365maioria branca, por imigrantes não brancos.

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"A teoria basicamente prega que a mudança nos padrõescasa de apostas bet365população que estamos observando nos últimos anos não aconteceram por acaso, mas estão sendo promovidas por um conjuntocasa de apostas bet365elites políticas", afirma Michael Feola, professor da Lafayette College, nos Estados Unidos, e pesquisador da política racial da direita radical americana.

Quando falamcasa de apostas bet365elites, aqueles que acreditam nesta teoria geralmente se referem a partidoscasa de apostas bet365esquerda ou adeptos da social-democracia, grandes corporações e comunidades judaicas, explicou Cas Mudde, professor da Universidade da Geórgia ao podcast The Real Story da BBC.

Segundo Mudde, a teoria da "grande substituição" vai alémcasa de apostas bet365outras narrativas racistas que pregam a existênciacasa de apostas bet365uma ondacasa de apostas bet365migração maligna ou uma "islamização da Europa".

De acordo com a teoria, diz o professor, as ditas elites não querem apenas "substituir" a população nativa, mas também obter vantagens políticas com isso.

"A ideia é que eles estão fazendo isso para se manter no poder", explica Mudde.

Uma 'nova' teoria antiga

A origem do termo "grande substituição" é atribuída ao autor francês Renaud Camus,casa de apostas bet365obras publicadas entre 2010 e 2011.

Nelas, Camus argumenta que os "franceses étnicos" e os europeus brancos estariam sendo substituídos física, cultural e politicamente por pessoas não brancas.

Embora os textos não tenham sido traduzidos para o inglês inicialmente,casa de apostas bet365tese foi acolhida por grupos supremacistas dos Estados Unidos desdecasa de apostas bet365publicação.

Assim, por exemplo, os lemas "não nos substituirão" e "os judeus não nos substituirão" foram entoados por manifestantes da direita radical que tomaram as ruascasa de apostas bet365Charlottesville, nos Estados Unidos,casa de apostas bet365agostocasa de apostas bet3652017.

Os pensamentoscasa de apostas bet365Camus também foram apontados como parte da motivaçãocasa de apostas bet365alguns ataques racistas nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, apesar do francês rechaçar com veemência esses atos e dizer que a "não violência" é um elemento centralcasa de apostas bet365sua filosofia.

Manifestantes carregam bandeiras dos Estados Confederados e com símbolos nazistas durante atpcasa de apostas bet365Charlottesvillecasa de apostas bet3652017

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Legenda da foto, Lemas que remetem à teoria da 'grande substituição' foram entoados por manifestantes da direita radicalcasa de apostas bet365Charlottesvillecasa de apostas bet3652017

Na França, as ideias também ganharam força por meio da vozcasa de apostas bet365Eric Zemmour, jornalista que entrou para a política e concorreu à Presidência com uma plataformacasa de apostas bet365direita radicalcasa de apostas bet3652022.

Mas estudiosos do tema afirmam que as ideias na qual a teoria se baseia circulavam muito antes disso.

Segundo Mudde, a teoria já era bastante popular entre a direita radical desde as décadascasa de apostas bet3651980 e 1990, quando quase todos os partidos dessa vertente na Europa circulavam alguma versão dessa ideia.

"Mas cresceucasa de apostas bet365forma exponencial à medida que a direita radical ganhou espaço", diz o professor.

É ainda possível identificar ideias semelhantescasa de apostas bet365textos e narrativas anti-imigração que datam desde o século 18 nos Estados Unidos.

Benjamin Franklin expressou desdém pelos imigrantes holandeses que chegaram no país por voltacasa de apostas bet3651750, e o advogado eugenista Madison Grant ecoou essas ideiascasa de apostas bet365obras baseadas no racismo científico no início do século 20.

Na era moderna, especialistas apontam também para o livro O Diáriocasa de apostas bet365Turner, um romancecasa de apostas bet3651978 escrito pelo supremacista branco William Luther Pierce sob o pseudônimocasa de apostas bet365Andrew Macdonald.

A obra deu voz a estas noções ao descrever uma revolução violenta nos Estados Unidos com uma guerra racial que leva ao extermíniocasa de apostas bet365não brancos.

"Essas ideiascasa de apostas bet365'poder branco' e as tradições supremacistas brancas estão nos Estados Unidos há gerações", diz Michael Feola, da Lafayette College.

"Antes, eles falavamcasa de apostas bet365'extermínio branco' ou 'genocídio branco'casa de apostas bet365vezcasa de apostas bet365substituição."

Racismo, xenofobia e antissemitismo

Ao longo dos anos, a teoria ganhou contornos e alvos distintos, dizem os especialistas.

"O indivíduo que é considerado 'de fora' dependecasa de apostas bet365quem é o outrocasa de apostas bet365cada contexto particular", diz Jacob Davey, pesquisador do Instituto para Diálogo Estratégico (ISD), com sedecasa de apostas bet365Londres.

"Na Europa, os muçulmanos têm sido considerados esse grupo externo primário e têm sido alvocasa de apostas bet365extremistascasa de apostas bet365direita repetidas vezes. Mas o componente antissemita surgecasa de apostas bet365temposcasa de apostas bet365tempos também."

Protesto contra racismo e islamofobiacasa de apostas bet365abrilcasa de apostas bet3652024casa de apostas bet365Paris

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Nos Estados Unidos, afirma o especialista, a teoria foca na população afro-americana e nos imigrantes da América Latina.

Davey afirma ainda que, atualmente, a narrativa da teoria se manifesta muitas vezes casa de apostas bet365temores sem fundamentocasa de apostas bet365que imigrantes estão "roubando os empregos" da população nativa ou "mudando a personalidade"casa de apostas bet365uma cidade.

"É claro que nem todas as pessoas que acreditam nisso são parte da direita radical", afirmou o pesquisador ao podcast The Real Story da BBC.

"Mas a direita radical reconhece essas ansiedades e realmente busca capitalizá-las."

Ao mesmo tempo, a ideiacasa de apostas bet365que são elites formadas por judeus que orquestram a "grande substituição" também aparece com frequência, segundo Feola.

"Muitas vezes, nos fóruns da direita radical, vemos as elites judaicas sendo apontadascasa de apostas bet365forma caricatural e realmente grosseira como os responsáveis por projetar dos bastidores essas mudanças populacionaiscasa de apostas bet365nação após nação após nação", diz o professor.

"Isso se relacionacasa de apostas bet365certa forma com tópicoscasa de apostas bet365outras teorias da conspiração antissemitas mais antigas."

Ainda segundo o estudioso, é justamente o fato da teoria apontar membros da elite ou grandes entes poderosos como os responsáveis por um plano maior ajuda a explicar seu apelo.

"A maneira como a teoria usa a estrutura básicacasa de apostas bet365muitas das teorias da conspiração populares atualmente a torna atraente para muitas pessoas", diz.

"Elas basicamente atribuem todas as mudanças pela qual o mundo está passando, sejam mudanças nos padrões populacionais, instabilidade no suprimentocasa de apostas bet365alguns alimentos, a pandemia, a um único culpado misterioso."

Além disso, afirma Adolphus Belk Jr., professor na Universidade Winthrop, no Estados Unidos, o racismo e a xenofobia que já fazem partecasa de apostas bet365muitas dessas sociedades facilitam que essas ideias ganhem forçacasa de apostas bet365meio a um cenáriocasa de apostas bet365aumento da imigração e mudança nos padrões populacionais.

"Por que as pessoas acreditam nisso? Há na populaçãocasa de apostas bet365geral atitudes antinegros, antilatinos, antimuçulmanos e antissemitas que fornecem um panocasa de apostas bet365fundo para radicalizar as pessoas e levá-las a aderir a estas falsas narrativas", disse o pesquisador à BBC.

Tudo isso, segundo especialistas, é extremamente perigoso e vem estimulando a violência racial.

Acredita-se que os autores dos massacrescasa de apostas bet365Christchurch, na Nova Zelândia,casa de apostas bet3652019, ecasa de apostas bet365Charleston, na Carolina do Sul,casa de apostas bet3652015, acreditavamcasa de apostas bet365ideias que fazem parte da teoria da "grande substituição".

No ataque da Nova Zelândia, o supremacista branco Brenton Tarrant atirou contra muçulmanos que rezavamcasa de apostas bet365duas mesquitas, deixando 51 pessoas mortas.

Já no atentado nos Estados Unidos, nove pessoas morreram depois que Dylann Roof abriu fogocasa de apostas bet365uma igrejacasa de apostas bet365comunidade negra.

Vítimacasa de apostas bet365ataque na Nova Zelândia sendo carregadacasa de apostas bet365maca

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O supremacista branco Brenton Tarrant fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais do ataquecasa de apostas bet365Christchurch, na Nova Zelândia

Quem acredita na teoria?

As ideiascasa de apostas bet365substituição racial são especialmente populares nos Estados Unidos e na Europa, apontam especialistas.

Na França, alémcasa de apostas bet365Eric Zemmour, outras forças políticascasa de apostas bet365peso da direita radical já deram voz a preocupações semelhantescasa de apostas bet365algum momento.

Uma pesquisacasa de apostas bet3652021, realizada pela Harris Interactivecasa de apostas bet365conjunto com a revista semanalcasa de apostas bet365negócios Challenges, mostrou que 61% dos franceses acreditavam na teoria, enquanto cercacasa de apostas bet36567% estavam preocupados que isso pudesse ocorrer no futuro.

Pesquisadores também identificam uma extensa influência das ideiascasa de apostas bet365substituição na Hungria, onde o presidente Viktor Orbán profere com certa frequência discursos anti-imigraçãocasa de apostas bet365compasso com ideias da "grande substituição".

Nos Estados Unidos, diversas figurascasa de apostas bet365projeção nacional ligadas ao movimento da direita radical têm se mostrado importantes para a difusão da teoria, diz o professor Michael Feola.

Donald Trump durante debate

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Trump insinuou, sem qualquer evidência, que imigrantes ilegais estariam chegandocasa de apostas bet365massa no país para votar

Segundo o especialista, enquanto Trump usa uma sériecasa de apostas bet365argumentos característicos da "grande substituição", como a ideiacasa de apostas bet365uma "invasãocasa de apostas bet365imigrantes" ou o uso pelos democratascasa de apostas bet365imigrantes ilegais nas eleições, ele não costuma nomear diretamente a teoria.

"Mas seus aliados invocam a história e a linguagem mais específicas da substituição. Em grande parte para dizer que o Partido Democrata está importando intencionalmente eleitores da América Latina e do Sul global para ganhar poder eleitoral", afirma Feola.

Um desses aliados é Vivek Ramaswamy, empresário que foi pré-candidato às eleições pelo Partido Republicano.

Em um debate televisionado, ele afirmou que a teoria da "'grande substituição' (...) não é uma grande teoria da conspiraçãocasa de apostas bet365direita, mas parte da plataforma básica do Partido Democrata".

O companheirocasa de apostas bet365chapacasa de apostas bet365Trump, J.D. Vance, também já fez menções à ideia, assim como o bilionário Elon Musk.

Essas declarações têm tido um impacto direto no aumento da crença na teoria entre a população americana.

Pesquisadores da Universidadecasa de apostas bet365Miami utilizaram uma pesquisa nacionalcasa de apostas bet3652022 para indicar que um terço dos americanos concorda atualmente que lideranças estão substituindo pessoas brancas por pessoas não brancas.

"Essas crenças estão relacionadas a traçoscasa de apostas bet365personalidade antissocial, várias formascasa de apostas bet365sentimentos nacionalistas e autoritários e sentimentos negativoscasa de apostas bet365relação a imigrantes, minorias, mulheres e o establishment político", dizem os pesquisadorescasa de apostas bet365um artigo publicado na revista científica Politics, Groups, and Identities.

Ainda segundo os autores, a combinação entre um público com predisposição para essas características e a constante repetição das ideias por figurascasa de apostas bet365destaque "pode criar uma tempestade perfeita" na qual comportamentoscasa de apostas bet365estilo vigilante e violentos se tornam cada vez mais frequentes.

Imigrantes ilegais nas urnas?

No contexto político americano, o tema também tem crescido a pontocasa de apostas bet365se tornar um elemento significativo na corrida eleitoral americana.

O foco é justamente a ideia infundadacasa de apostas bet365que grandes gruposcasa de apostas bet365imigrantes ilegais se preparam para votar e influenciar o pleito a favor dos democratas.

"Certamente é uma tentativacasa de apostas bet365provocar medo, ansiedade e pânico no eleitorado americano para tentar beneficiar as alas mais à direita do Partido Republicano", afirma Feola.

Uma reportagem recente do jornal The New York Times mostrou como advogados proeminentes, parlamentares, influenciadorescasa de apostas bet365direita e outros aliadoscasa de apostas bet365Trump têm feito pressão sobre as autoridades eleitorais americanas para barrar o que acreditam ser uma massacasa de apostas bet365imigrantes ilegais que pretendem votar nos democratas.

Segundo a reportagem, essas figuras "têm pedido por expurgoscasa de apostas bet365listascasa de apostas bet365eleitores, entrado com ações judiciais, se preparado para monitorar locaiscasa de apostas bet365votação e espalhado desinformação online", abrindo as portas para futuros questionamentos sobre a credibilidade do pleito.

Não há, porém, nenhuma evidência para sustentar essa narrativa.

Um estudo do Brennan Center for Justice, uma organização sem fins lucrativos focadacasa de apostas bet365questõescasa de apostas bet365votação e justiça criminal, analisou 42 jurisdições eleitorais nas eleiçõescasa de apostas bet3652016.

Nestes locais, os votos indevidoscasa de apostas bet365não cidadãos representaram 0,0001% do totalcasa de apostas bet365votos.

Mesmo a conservadora Fundação Heritage, que mantém uma basecasa de apostas bet365dados que se dedica a registrar casoscasa de apostas bet365fraude eleitoral, encontrou apenas 23 casos documentadoscasa de apostas bet365votaçãocasa de apostas bet365não cidadãoscasa de apostas bet365todo o país entre 2003 e 2023.