Como saber se sofri abuso durante consulta médica:final recopa 2024
“Eu nunca tinha visto na minha vida alguém questionar o que um médico falava", afirmou à BBC Brasil Nina Marqueti, que após sofrer abusosfinal recopa 2024um gastroenterologista aos 16 anos ficou quase uma décadafinal recopa 2024silêncio sobre o ocorrido.
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"A gente sente o desconforto, percebe que tem alguma coisa errada, mas estáfinal recopa 2024uma situação muito vulnerável,final recopa 2024que não sabe qual o procedimento", contou Marqueti, que se tornou porta-vozfinal recopa 2024uma campanha para notificar a violência contra a mulher cometidafinal recopa 2024consultórios.
Mas como saber se o especialista passou do limite ético durante uma consulta ou exame? A BBC Brasil consultou especialistas na área médica para ajudar pacientes a identificar possíveis casosfinal recopa 2024assédio ou abuso sexual.
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Juliana Giordano, da Rede Feministafinal recopa 2024Ginecologistas e Obstetras, explica que um dos pontos centrais para que as pessoas se sintam confortáveis durante exames físicos, especialmente os ginecológicos, é a comunicação entre médico e paciente.
“Os médicos precisam informar antes do exame ou do procedimento o que vai acontecer, quais instrumentos serão usados, quais partes do corpo serão tocadas e também o porquê da realização daquilo”, diz.
“Vai fazer palpação das mamas? Explique o procedimento. Vai sugerir um papanicolau? Explique como funcionafinal recopa 2024detalhes, caso a pessoa não conheça o exame, e esclareça o porquê você o está indicando”, diz.
A ginecologista e obstetra destaca ainda a importância do consentimento. Segundo ela, os médicos deveriam sempre pedir licença ou permissão para examinar os pacientes, mesmo que a pessoa pareça confortável.
“E isso vale para qualquer examefinal recopa 2024toque, seja ausculta do coração ou do pulmão, examefinal recopa 2024toquefinal recopa 2024tireoide ou abdômen”, afirma.
Além disso, sempre que acharem necessário, os pacientes devem fazer perguntas e questionamentos sobre o que está acontecendo.
“Fazer perguntas, entender o porquê daquele toque, é uma formafinal recopa 2024se proteger”, diz. “Se o profissional começar a apresentar sinaisfinal recopa 2024desconfortofinal recopa 2024responder não é bom sinal. Ele pode não necessariamente ser um abusador, mas não está seguindo as regrasfinal recopa 2024consentimento e respeitando a relação medico paciente.”
Nesses casos, segundo a médica, é direito do paciente interromper a consulta ou exame imediatamente.
Maria Celeste Osorio Wender, diretorafinal recopa 2024defesa e valorização profissional da Febrasgo (Federação Brasileira das Associaçõesfinal recopa 2024Ginecologia e Obstetrícia), afirma ainda que é dever do especialista permitir a presençafinal recopa 2024um acompanhante na sala, sempre que o paciente desejar.
“Muitos ginecologistas já adotam como rotina manter a presençafinal recopa 2024uma enfermeira ou secretária na sala durante a realizaçãofinal recopa 2024exames físicos, mas não é uma prática obrigatória”, explica. “Mas se a paciente solicita que seu acompanhante fique na sala, o médico tem que permitir.”
Os pacientes que desejarem usar um espelho para acompanhar o exame ginecológico ou se sentirem mais confortáveis com a maca um pouco mais inclinada,final recopa 2024forma que consigam enxergar o médico, também podem solicitar a qualquer momento.
Toques fora do padrão
Wender afirma que também é importante manter a atenção aos toques que fogem do padrão do procedimento médico.
“O toque ginecológico faz parte do examefinal recopa 2024rotina e tem como objetivo determinar o volume e posição do útero ou se tem alguma massa. Ou seja, não há necessidadefinal recopa 2024toques repetidos no clítoris ou pequenos lábios, por exemplo”, diz.
Segundo a especialista, o examefinal recopa 2024palpação das mamas é padrão e importante, mas deve ser feito com respeito e diante da autorização do paciente.
Quando se trata da medicina diagnóstica, Maria Celeste Wender explica que os toques são menos frequentes. Examesfinal recopa 2024papanicolau, ultrassom transvaginal oufinal recopa 2024mamas e mamografia, por exemplo, geralmente não envolvem palpação ou introdução dos dedos.
Ela afirma ainda que, com raras exceções, exames ginecológicos são realizados por especialistas da área, médicos da família e generalistas - e nos últimos dois casos, quando a paciente marca uma revisão ginecológica ou atendimento pré-natal. Da mesma forma, examesfinal recopa 2024toque retal são normalmente exclusividades do coloproctologista.
De acordo com as especialistas, a linguagem fora do padrão também pode causar desconforto. “O profissional deve usar linguajar adequado, sem infantilizar ou usar jargões médicos desnecessários’, diz Juliana Giordano.
‘Confie nafinal recopa 2024intuição’
Por fim, Juliana Giordano afirma que o maior conselho para auxiliar na identificaçãofinal recopa 2024casosfinal recopa 2024abuso é confiar na intuição.
“Confie nafinal recopa 2024percepção e não se force a fazer um exame. Se você não estiver se sentindo à vontade, não gostar do profissional ou algo soar um alerta emfinal recopa 2024cabeça, não se exponha”, diz.
A médica afirma ainda que os pacientes não devem ter medo ou vergonhafinal recopa 2024se posicionar. “A mulher precisa entender que a qualquer momento ela pode parar a consulta. É um direito básicofinal recopa 2024não violação do corpo dela”.
“Devemos confiarfinal recopa 2024nossa análise subjetiva, assim comofinal recopa 2024qualquer tipofinal recopa 2024assédio. Se existe o incômodo, ele tem que ser validado”, afirma a médica integrante da Rede Feministafinal recopa 2024Ginecologistas e Obstetras
“Disso para uma provafinal recopa 2024que realmente houve um assédio existe um caminho longo, infelizmente”, diz. "Mas não por isso a mulher não deve se proteger."