Como é a primeira cidade dos EUA com maioria árabe:roleta double ball
E, ao longo do último século, Dearborn certamente floresceu como o local com maior influência árabe dos Estados Unidos.
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'Pátria longe da pátria'
Dearborn se tornou a primeira cidaderoleta double ballmaioria árabe dos Estados Unidosroleta double ball2023. Com 110 mil habitantes, ela abriga o Museu Nacional Árabe-Americano e a maior mesquita da América do Norte.
A cidade é governada por um dos poucos prefeitos árabes e muçulmanos dos Estados Unidos. Dearborn também foi a primeira cidade americana a transformar o Eid al-Fitr (o fim do jejum do Ramadã)roleta double ballferiado oficial para os funcionários municipais – e é um dos poucos lugares do país onde uma mesquita foi autorizada a transmitir a adhan (a chamada para a prece) islâmica pelos seus alto-falantes.
Para um morador local, a cidade é a "pátria longe da pátria".
Por tudo isso, Dearborn oferece aos visitantes uma oportunidade tentadoraroleta double ballviajar ao Oriente Médio sem sair dos Estados Unidos, explorando como os árabes-americanos formaram a cidade – e o país.
Segundo o curador do Museu Históricoroleta double ballDearborn, Jack Tate, a cidade era pouco mais que um terreno rural escassamente povoado até o início do século 20.
Mas tudo mudou nos anos 1920, quando o fabricanteroleta double ballcarros e futuro magnata dos negócios Henry Ford (1863-1947) transferiu a sede daroleta double ballcompanhia – a Ford Motor Company –roleta double ballHighland Park, a 16 kmroleta double balldistância, para Dearborn.
"Naquela época, era uma comunidade pequena e monótona", explica Tate. "E, quando abriu a [nova] fábrica, pessoas vieramroleta double balltodas as partes dos Estados Unidos,roleta double balltodo o mundo, para trabalhar para a Ford. Foi o grande início da migração do Oriente Médio para cá."
Quando Ford criou seus famosos automóveis Modelo T,roleta double ball1908, ele precisavaroleta double ballpessoas para construí-los.
O empresário era conhecido pelas suas políticas racistasroleta double ballcontratação contra os afro-americanos e pelo seu antissemitismo. E, naroleta double ballbusca por mãoroleta double ballobra, Ford encontrou na regiãoroleta double ballDetroit os imigrantes recém-chegados do Oriente Médio.
Ondasroleta double balltrabalhadoresroleta double balllugares que hoje pertencem ao Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e aos Territórios Palestinos logo começaram a chegar à regiãoroleta double ballDetroit,roleta double ballbuscaroleta double ballnovos empregos e altos salários.
Uma lenda local conta que, certa vez, Ford disse a um marinheiro iemenita queroleta double ballfábrica pagava aos funcionários o generoso salário (para a época)roleta double ballUS$ 5 por dia. Foi assim que surgiu essa ondaroleta double ballpessoas vindas do Iêmen eroleta double balloutras partes do Oriente Médio para a regiãoroleta double ballDetroit.
No início dos anos 1920, a maior parte dos trabalhadores da linharoleta double ballmontagem do Modelo T da Ford eraroleta double ballorigem árabe. E, quando Henry Ford mudou a fábrica para Dearborn, muitos dos seus funcionários o seguiram.
A mudança transformou o pacato vilarejoroleta double ball2,4 mil habitantes na sede da maior instalação industrial do mundo. E, mais do que isso, ela possibilitou que Dearborn passasse a abrigar a maior concentraçãoroleta double ballárabes-americanos dos Estados Unidos.
No Censoroleta double ball2020, 54,5% dos cercaroleta double ball110 mil habitantes da cidade declararam ser originários do Oriente Médio ou do norte da África.
Segundo o diretor do Centroroleta double ballNarrativas Árabes, Matthew Jaber Stiffler, com cada vez mais árabes e árabes-americanos se mudando para Dearborn ao longo das décadas, surgiu uma rede comunitária que incentivava a chegadaroleta double ballmais pessoas daquela região.
"Começaram a surgir consultórios médicos, restaurantes, mercearias – até que se formou um enclave", ele conta.
"E, infelizmente, nos paísesroleta double ballorigem – especialmente no Líbano, Iêmen, Palestina e Iraque – havia transtornos permanentes (guerras civis, invasões militares americanas) [que] forçavam as pessoas a emigrar. Por isso, Dearborn seguia recebendo continuamente novos migrantes, porque [já] havia pessoas [daqueles países] por aqui."
A famíliaroleta double ballAmanda Saab tem uma história parecida. A chefroleta double ballcozinha libanesa-americana nasceu e foi criada na cidade.
Seus pais migraram para Dearborn nos anos 1970 quando eram crianças. Como tantas outras pessoas, os avósroleta double ballSaab foram atraídos pela promessaroleta double ballbons salários na indústria automobilística – e outrosroleta double ballseus familiares já moravam na cidade.
"[Dearborn] sempre foi essa espécieroleta double ballfarol,roleta double ballcentro,roleta double ballfortaleza", ela conta. "Tudo o que realmente nos conecta à fé e à comunidade, para mim, estãoroleta double ballDearborn."
Em 2015, vestida com um hijab (o véu islâmico), Saab foi a primeira mulher muçulmana a concorrer no reality show MasterChef USA. E, com a guerra entre Israel e Gaza, ela fundou a Chefs for Palestine, uma sérieroleta double balljantares que reúne alguns dos principais chefs da região para levantar dinheiroroleta double ballapoio ao Fundoroleta double ballAssistência às Crianças Palestinas e à Associação Médica Palestino-Americana.
Saab explica que muitos moradores atuaisroleta double ballDearborn enfrentavam conflitos nos seus paísesroleta double ballorigem. Por isso, eles se mudaram para a cidaderoleta double ballbuscaroleta double balluma vida melhor.
Para os árabes-americanos, Dearborn não serviu apenasroleta double ballrefúgio e esperança, mas tambémroleta double ballpontoroleta double ballapoio para aqueles que possuem familiares sofrendo no exterior.
"Dearborn é uma das comunidades mais hospitaleiras, gentis e generosas [que existem]", afirma Saab.
A conquista pelo estômago
Atualmente, a forte presença árabe-americanaroleta double ballDearborn talvez seja mais expressiva no setorroleta double ballalimentação. Amantes da culinária vêmroleta double balltodo o meio-oeste americano para visitar suas mercearias, cafés e restaurantes especializados na cozinha do Oriente Médio.
"Dearborn, por si só, é uma aventura alimentícia", afirma Saab. E ela indica alguns dos seus lugares favoritos.
Para lanches, ela indica o AlTayeb, um local popular que serve pratos básicos do café da manhã caseiro do Líbano – como o ful (grão-de-bico e feijão-fava recém-cozidos); homus coberto com carne moída ouroleta double ballpedaços, àroleta double ballescolha; tahine fatteh (grão-de-bico coberto com iogurteroleta double ballalho, tahine, pão sírio frito, amêndoas e castanhasroleta double ballcaju torradas) servido com carne; e outros pratos muito apreciados.
Shawarmas também são comunsroleta double ballDearborn, mas o preferidoroleta double ballSaab é o shawarmaroleta double ballfrango com pão francês do Tuhama's, no lesteroleta double ballDearborn.
Já a Padaria Shatila é famosa pelaroleta double ballbaklava. Uma repórter da revista Bon Appétit declarou certa vez que aquela é a melhor baklava que ela já provou. Mas Saab também recomenda seu "incrível" sorveteroleta double ballpistache e ashta, um tiporoleta double ballcremeroleta double ballleite árabe.
Para o jantar, ela sugere o Butcher's Grille, uma churrascaria casual que trata a cozinha tradicional do Oriente Médio com um toque moderno. Penseroleta double ballum shawarmaroleta double ballrolinhos primavera e como acompanhamentoroleta double ballbatatas fritas.
Saab também adora os espetosroleta double ballcarne grelhada. "O homus é muito bom!", segundo ela.
A cultura do Oriente Médio pode nos conquistar pelo estômagoroleta double ballDearborn, mas também existe muito para ver.
Em 2005, o Centro Islâmico da América abriu uma mesquitaroleta double ball11,1 mil metros quadrados na Ford Road, a apenas 3,2 km da sede da Ford Motor Company.
Alémroleta double ballser a maior mesquita da América do Norte (com lugar para 1 mil pessoas na hora da oração), ela também é a mais antiga mesquita xiita dos Estados Unidos.
A mesquita recebe pessoasroleta double balltodas as religiões. Os turistas podem visitá-la e admirar suas cúpulas douradas, seus imensos minaretesroleta double ball33 metrosroleta double ballaltura e a elaborada caligrafia islâmica no seu interior.
No extremo sulroleta double ballDearborn, a Sociedade Muçulmana Americana também é aberta à visitação e oferece tours para todas as pessoas.
Construídaroleta double ball1937 e ampliada ao longo dos anos, para incluir um auditório que recebe palestrantes convidados nos finsroleta double ballsemana, ela foi a primeira mesquita dos Estados Unidos autorizada a transmitir a adhan por alto-falante.
A religião é parte central da vidaroleta double ballmuitos dos moradores árabes-americanosroleta double ballDearborn. Mas aroleta double ballhistória é muito mais diversificada – e é isso que o Museu Nacional Árabe-Americano pretende mostrar.
A entidade se define como "o primeiro e único museu daroleta double ballespécie nos Estados Unidos dedicado a registrar a experiência árabe-americana". Ele conta as histórias da imigração árabe-americana naroleta double ballexposição Coming to America e destaca importantes contribuições dos árabes-americanos na exposição Making an Impact.
Além das galerias centrais e eventos anuais (como o Festivalroleta double ballCinema Árabe), o museu também inaugurou seu jardim do patrimônio árabe-americano Al-Hadiqa,roleta double ball2023.
No terraço do museu, uma das suas historiadoras comunitárias, Shatha Najim, mostra plantasroleta double ballvários estágiosroleta double ballcrescimento, das estruturas que sustentam parreirasroleta double balldesenvolvimento até as fortes cebolas egípcias recém-colhidas.
Ela conta que o jardim abre para a estaçãoroleta double ball8roleta double balljunho. Ele foi criado como fruto do material que ela mesma recolheu para a coleçãoroleta double ballhistórias orais do museu. Muitas dessas histórias descrevem as experiências das pessoas que deixaramroleta double ballterra natal.
"Acho que uma das melhores formasroleta double ballrealmente se conectar com a terra natal é através das plantas", afirma ela. "Plantar aqui alimentos e ervas da terra natal é como formar um novo lar, um novo ambiente que você sente que é familiar."
Najim conta que essas histórias orais formam um quadro mais completo da vida nos Estados Unidos. Para os árabes-americanos, "às vezes, grande parte da narrativa é contada para nós e não por nós".
Mas Dearborn é diferente. "Você convive com pessoas familiares para você, daroleta double ballcultura", ela conta. "Talvez não do mesmo país, mas que compartilham muitas semelhanças com você."
"Tudo isso cria um novo sentidoroleta double ballpátria, que existeroleta double ballum novo local e forma um belo e novo lar. Talvez nem todos tivessem a intençãoroleta double ballacabar aqui [mas fizemos o melhor possível]."
"Daí [a expressão] 'árabe-americano'. Nós nos sentimos conectados a ambos."
roleta double ball Leia a roleta double ball versão original desta reportagem roleta double ball (em inglês) no site roleta double ball BBC Travel roleta double ball .