Depressão, insônia, surdez: o drama dos agricultores que vivem embaixoaposta final da copa do mundoparque eólicoaposta final da copa do mundocidadeaposta final da copa do mundoLula:aposta final da copa do mundo
A BBC News Brasil visitou a região para entender melhor o que está acontecendo ali.
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Os moradores relatam que as torres, com 120 metrosaposta final da copa do mundoaltura e hélicesaposta final da copa do mundo50, fomentam ansiedade, insônia e depressão, o que fez com que muitos ali começassem a tomar ansiolíticos. Também falam dos sustos causados pelas sombra das hélices, divisãoaposta final da copa do mundofamílias e a saída forçadaaposta final da copa do mundosuas fazendas.
As duas comunidades ficam a cercaaposta final da copa do mundo10 km da réplica da casaaposta final da copa do mundoDona Lindu, mãeaposta final da copa do mundoLula. A casinha original,aposta final da copa do mundotaipa, desmoronou com a chuva. Quando Lula nasceu, Caetés ainda era um distritoaposta final da copa do mundoGaranhuns — por isso, o presidente costuma dizer que nasceu ali. Sóaposta final da copa do mundo1963, ela se emancipou.
Além das histórias antigas e orgulhosas,aposta final da copa do mundoCaetés fala-se bastante do petista tambémaposta final da copa do mundotomaposta final da copa do mundopreocupação.
Isso porque o governo Lula anunciou para os próximos anos um investimentoaposta final da copa do mundoR$ 50 bilhões na chamada transição energética, que pretende substituir gradualmente combustíveis fósseis por recursos renováveis e com menos impactos ambientais, como energia eólica e solar.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também anunciou um "plano verde", conjuntoaposta final da copa do mundoinvestimentosaposta final da copa do mundopolíticas ambientais, que também tem como um dos focos a energia eólica.
Hoje, existem 890 desses parques no Brasil, responsáveis por 13%aposta final da copa do mundotoda energia elétrica gerada. Até o fim do ano, a expectativa do setor é chegar a mil usinas.
O receioaposta final da copa do mundoativistas e pesquisadores é que o modelo implantadoaposta final da copa do mundoCaetés se espalhe para outras cidades que hoje são alvo do interesse das empresas.
Moradoresaposta final da copa do mundoSobradinho e Pau Ferro estão viajando a cidades do Nordeste para apresentaraposta final da copa do mundoexperiência e convencer agricultores a não cederem suas terras.
No caminho inverso, moradoresaposta final da copa do mundooutros municípios fazem excursões a Caetés para ouvir os relatos.
Nos últimos meses, esse movimentoaposta final da copa do mundoresistência às eólicas deu resultadoaposta final da copa do mundopelo menos um local: moradoresaposta final da copa do mundoBorborema, na Paraíba, desistiramaposta final da copa do mundoceder suas terras para a instalaçãoaposta final da copa do mundoparques na cidade.
A Associação Brasileiraaposta final da copa do mundoEnergia Eólica (Abeeólica), que representa as empresas do setor, reconhece os problemasaposta final da copa do mundoCaetés, e diz que os dois parques não são um exemplo a ser replicado, porque foram construídos sob uma regulação antiga.
As empresas responsáveis pelos parques afirmam que estão dentro das normas e que estãoaposta final da copa do mundocontato com os moradores e tomando medidas para reduzir os impactos para a população local (veja mais detalhes abaixo).
A BBC News Brasil procurou os ministériosaposta final da copa do mundoMinas e Energia e Meio Ambiente para tratar do assunto, mas não obteve resposta.
'O barulho fica no meu ouvido'
Eleitoraposta final da copa do mundoLula, com uma toalha do presidente pendurada na fachadaaposta final da copa do mundocasa, Acácio Noronha moraaposta final da copa do mundotrês cômodos a 150 metrosaposta final da copa do mundoquatro torres instaladas na fazendaaposta final da copa do mundovizinhos,aposta final da copa do mundoSobradinho.
O barulho, diz ele, aumenta ou diminui a depender da força do vento e do horário.
“Você não dorme, não tem aquele prazeraposta final da copa do mundodeitar e descansar. Quando cochila, acorda assustado, achando que ela vai cair. Tem hora que parece um apito, cachorro latindo, um avião que nunca decola”, conta Acácio.
Acácio é um dos moradores que começaram a tomar remédios para insônia e ansiedade. “Se estou nervoso, o barulho só piora”, diz.
Alguns metros à frente,aposta final da copa do mundouma casa também rodeada por aerogeradores, a donaaposta final da copa do mundocasa Edna Pereira,aposta final da copa do mundo44 anos, diz tomar quatro remédios para dormir, alémaposta final da copa do mundooutros para controlar a ansiedade e a doraposta final da copa do mundocabeça.
“Os médicos estão aumentando os miligramas. O remédio para doraposta final da copa do mundocabeça eraaposta final da copa do mundo25 miligramas, agora éaposta final da copa do mundo100. O para ansiedade eraaposta final da copa do mundo10, agora éaposta final da copa do mundo150. O remédio para dormir era só um, agora são quatro. E, mesmo assim, não consigo dormir”, diz Edna, segurando uma caixa onde guarda os medicamentos.
Edna costuma ir para a casa da filha, fora da comunidade, para tentar “um alívio para minha cabeça”, diz.
“Só que fica o barulho delas dentro do meu ouvido. Posso ir para onde eu for, que o barulho fica no meu ouvido. Não sai, não sai.”
'Não estão conseguindo mais ouvir'
Os relatos sobre problemasaposta final da copa do mundosaúde chamou a atençãoaposta final da copa do mundomédicos e cientistas do agreste. É o casoaposta final da copa do mundoWanessa Gomes, professoraaposta final da copa do mundoSaúde Coletiva da Universidadeaposta final da copa do mundoPernambuco (UPE), que tem um campusaposta final da copa do mundoGaranhuns.
Nos últimos meses, ela e seus orientandos da pós-graduação iniciaram uma pesquisa, alémaposta final da copa do mundouma residência médica, para tentar medir o impacto das torres na saúde da comunidade.
O estudo, que vai durar três anos, é financiado pela UPE e pela Fiocruz.
“Há relatos fortesaposta final da copa do mundoque as pessoas não estão mais conseguindo ouvir como antes. Hoje mesmo, uma senhora contou que não dialoga mais com o filho dentroaposta final da copa do mundocasa, porque não consegue mais escutá-lo. E não é uma mulher com idade avançada, ela tem 52 anos”, conta a professora.
"Em Caetés, as casas estão a 150 metrosaposta final da copa do mundouma torre eólica. É muito pouco.”
Como a tecnologia eólica da forma como conhecemos hoje é relativamente recente — tem cercaaposta final da copa do mundo25 anos —, não há muitos estudos científicos sobre seus impactos.
Alguns apontam para a relação entre ruídos, insônia e perda auditiva, mas há pesquisas que divergem desse diagnóstico.
Na Holanda, por exemplo, alguns pesquisadores afirmaram que os ruídos não causam problemasaposta final da copa do mundosaúde mental, mas, logo depois, outro grupoaposta final da copa do mundocientistas contestou essa conclusão, afirmando que há muitos indíciosaposta final da copa do mundoprejuízos à saúde, alémaposta final da copa do mundoapontar que a pesquisa inicial havia sido bancada por empresasaposta final da copa do mundoenergia eólica.
A questão da distância ideal entre os aerogeradores e as casas também vem sendo discutidaaposta final da copa do mundovários paísesaposta final da copa do mundoum momentoaposta final da copa do mundoque a transição energética foi apontada como uma das soluções para frear a emissãoaposta final da copa do mundogasesaposta final da copa do mundoefeito estufa.
A Polônia, por exemplo, estabeleceu um mínimoaposta final da copa do mundo400 metros, e a França,aposta final da copa do mundo700.
No ano passado, após uma sérieaposta final da copa do mundoprotestos, o Conselhoaposta final da copa do mundoEstado da Holanda, mais alto conselho administrativo do país, suspendeu a construçãoaposta final da copa do mundoum parque eólico e solicitou mais estudos sobre possíveis consequências ambientais e na saúde mental das pessoas que vivem a cercaaposta final da copa do mundo600 metrosaposta final da copa do mundoonde as torres seriam instaladas.
No Brasil, a executiva Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileiraaposta final da copa do mundoEnergia Eólica (Abeeólica), reconhece os problemasaposta final da copa do mundoCaetés. Ela classifica os parques da cidade como “antigos, construídos antes da regulação que prevê um distanciamentoaposta final da copa do mundo400 metros entre torres e residências.”
“No Brasil, os grandes parques saíram a partiraposta final da copa do mundo2011. E nós temos alguns que chamamosaposta final da copa do mundomais antigos, que foram construídos no modelo regulatório distinto do atual”, explica Gannoum.
“É importante saber que a energia eólica é, sim, uma fonte limpa, renovável, que vai ser importante para a transição energética. Mas tem algumas coisas que nós chamamosaposta final da copa do mundopassado que precisam ser resolvidas.”
Os dois parquesaposta final da copa do mundoCaetés passaram pela mãoaposta final da copa do mundovárias empresas desde a instalação,aposta final da copa do mundo2014.
Essas mudanças são comunsaposta final da copa do mundoum setoraposta final da copa do mundofranco crescimento e com fusões entre companhias, incluindo empresas estrangeiras.
Atualmente, os parquesaposta final da copa do mundoPau Ferro e Sobradinho pertencem às empresas Echoenergia e AES Brasil.
A primeira, que assumiu Pau Ferroaposta final da copa do mundo2017, afirma que, após ouvir as queixas, realizou estudos na região.
Diz que a “pressão sonora” das torres éaposta final da copa do mundoaproximadamente 40 decibéis (equivalente ao barulhoaposta final da copa do mundoum freezer). Segundo a empresa, isso está dentro das normas previstas para uma zona predominantemente residencial.
Alguns moradores disseram à reportagem, no entanto, que fizeram medições próprias que chegaram a maisaposta final da copa do mundo100 decibéis e que a intensidade do ruído varia ao longo do dia eaposta final da copa do mundoacordo com o vento.
A Echoenergia também diz ter investido R$ 25 milhõesaposta final da copa do mundomelhoriasaposta final da copa do mundoestrutura e acústica das casasaposta final da copa do mundo129 famílias, mas que um grupoaposta final da copa do mundomoradores não aceitou as reformas.
Já a AES Brasil, que assumiu Sobradinhoaposta final da copa do mundonovembroaposta final da copa do mundo2022, afirma que “vem mantendo diálogo permanente com os representantes da comunidadeaposta final da copa do mundobuscaaposta final da copa do mundouma solução que priorize o bem-estar e a segurançaaposta final da copa do mundotodos”.
Terra dividida
A zona ruralaposta final da copa do mundoCaetés é divididaaposta final da copa do mundopequenas propriedades na caatinga.
Por voltaaposta final da copa do mundo2012, as empresas procuraram agricultores que aceitassem arrendar suas terras para a instalação dos aerogeradores. Esse modelo é o mais comum no ramo.
Quem aceitou passou a receber 1,5% do valor da energia geradaaposta final da copa do mundocada torre, cercaaposta final da copa do mundoR$ 2 mil mensais.
Essas pessoas, que melhoraram consideravelmenteaposta final da copa do mundorenda com isso, saíramaposta final da copa do mundosuas terras e foram viver na zona urbana.
A reportagem tentou conversar com algumas delas, mas o termo assinado com as empresas exige “confidencialidade” sobre o assunto.
A BBC News Brasil teve acesso a dois contratos oferecidos a agricultores por duas empresas diferentesaposta final da copa do mundocidades do Nordeste.
Alémaposta final da copa do mundoautorizar a transferência do terreno para outra empresa sem a necessidade do aval do proprietário, um dos documentos afirma que o contrato tem duraçãoaposta final da copa do mundo49 anos e informa que só pode ser rescindido pelo agricultoraposta final da copa do mundo“comum acordo” com a companhia.
Por outro lado, as empresas têm o direitoaposta final da copa do mundoquebrar o contrato a qualquer momento, sem custos, se o imóvel tiver algum problema que atrapalhe a produção.
Outro documento afirma que, caso o proprietário descumpra obrigações que tenham força para rescindir o contrato, como o pagamentoaposta final da copa do mundotaxas e impostos, a empresa pode cobrar uma multaaposta final da copa do mundo30 vezes o valor recebido por ano pela energia gerada.
Ou seja, essa multa pode chegar a milhõesaposta final da copa do mundoreais e ser superior ao valor do próprio imóvel.
Para João do Valle, ativista da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e diretor do documentário Vento Agreste, o modeloaposta final da copa do mundoCaetés é um “latifúndio eólico, no qual as empresas não compram a terra, mas tomam posse dela por décadas.”
“A gente não é contra a energia eólica. E, sim, contra esse padrão trazido ao Nordeste, porque ele se baseia na expulsãoaposta final da copa do mundoagricultores, violência contra a natureza, adoecimento, divisãoaposta final da copa do mundofamílias e comunidades”, diz João, que junto à CPT e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tem organizado excursõesaposta final da copa do mundocamponeses a Caetés.
Já Élbia Gannoum, da Abeeólica, reconhece as reclamações sobre os contratos, e diz que o modelo precisa ser revisto.
“Um parque tem uma estimativaaposta final da copa do mundodurar 25 anos, então é normal que os contratos sejam longos. Mas,aposta final da copa do mundofato, existem cláusulas que não fazem sentido para um pequeno agricultor que tem uma ou duas torres, porque ele fica muito tempo preso ao contrato. Estamos discutindo um modelo que seja melhor para os dois lados”, diz.
O prefeitoaposta final da copa do mundoCaetés, Nivaldo Martins (Republicanos), afirma que, no geral, a chegada das eólicas levou mais benefícios do que problemas à cidade.
“Tem famílias que têm seis torres… Vamos dizer que ela receba R$ 2 mil por cada uma. São R$ 12 mil por mês”, diz. “Os parques tiveram um impacto importante na renda da cidade. As pessoas pegaram esse dinheiro e fizeram construções aqui, ou compraram casas prontas e vieram viver na zona urbana.”
O prefeito, cujo gabinete é decorado com imagensaposta final da copa do mundotorres eólicas, afirma que as empresas “não explicaram direito” aos moradores quais seriam os impactos na saúde e que a Secretaria da Saúde do município tem prestado atendimento às comunidades.
Também diz que a prefeitura não teve participação nas negociações com as empresas nem tem direito a royalties pela energia gerada — recebe apenas impostos indiretos.
Identidade perdida
Um dos casos da saída da zona rural é oaposta final da copa do mundoSimão Salgado,aposta final da copa do mundo74 anos, que deixou seu sítioaposta final da copa do mundo33 hectaresaposta final da copa do mundoPau Ferro, compradoaposta final da copa do mundo2008, para viver no centroaposta final da copa do mundoCaetés.
Mas o caminho dele é diferente dos vizinhos que cederam suas terras. Ele não deixou suas terras porqueaposta final da copa do mundorenda aumentou, mas porque não conseguiu mais viver perto das torres.
“A gente vivia com muita tranquilidade, minha propriedade era referênciaaposta final da copa do mundoagricultura familiar e na preservação da caatinga. Com a chegada dos parques, a gente deixouaposta final da copa do mundoreceber visitas,aposta final da copa do mundoproduzir, e ultimamente, tive que me afastar”, diz.
“Minha mulher teve um sério problemaaposta final da copa do mundosaúde, entrouaposta final da copa do mundouma depressão,aposta final da copa do mundouma ansiedade…Daí um dia, ela me disse: ‘você vai esperar que eu morra para me tirar daqui?’ Não tive escolha.”
Para Simão, o afastamento impactouaposta final da copa do mundonoçãoaposta final da copa do mundoidentidade. “Eu me identificava como agricultor, trabalhador e produtor do semiárido. Hoje, sinto uma tristeza muito grande.”
Seu filho, José Salgado,aposta final da copa do mundo41 anos, resolveu ficar. Mas, cercado por 11 torres da fazenda vizinha, diz que está mudandoaposta final da copa do mundoideia.
“Quando desligam os geradores, eu continuo com o barulho na mente. Tanto faz se eles estão funcionando ou não, continuo escutando o zumbido. Comecei com remédios para dormir, mas desisti porque não queria ficar viciado”, explica.
Como muitosaposta final da copa do mundoCaetés, José diz não ser contra a eólica. “Sou a favor, porém, sou contra a forma como ela foi jogada dentro da casa das famílias. E, a depender das empresas, a gente vai ter que escolher entre viver no sofrimento ou correr. E onde vou tirar meu sustento? Eu tiro da roça, da terra, do gado, dos animais.”
Para o prefeito Nivaldo Martins, a solução para os moradores é a judicialização. Houve poucos processos até agora, e eles ainda estãoaposta final da copa do mundoandamento.
“Acho que o ideal seria eles procurarem a Justiça e tentar negociar uma área maior com as empresas… Receber alguma coisa e comprar terras numa área mais distante”, diz.
“Ou então construir dentro do próprio terreno deles, tem gente que tem uma área grandeaposta final da copa do mundoterra. Você tiraaposta final da copa do mundocasa aliaposta final da copa do mundoperto, constrói distante. Acho que vai ajudar bastante.”
'Vai cairaposta final da copa do mundocimaaposta final da copa do mundonós'
Enquanto os agricultores que cederam seus sítios melhoraramaposta final da copa do mundorenda, quem ficou embaixo das torres vive essencialmente do Bolsa Família e da produção agrícola.
Em Sobradinho, há casosaposta final da copa do mundofamílias que nunca mais se falaram depois da instalação dos parques: uma parte saiu da roça com o dinheiro, enquanto a outra, que ocupa o terreno ao lado, sofre as consequências dessa escolha.
Já o medo das torres afeta essas famílias até na horaaposta final da copa do mundoplantar.
“Funcionários da manutenção nos disseram que há cabos elétricos no solo e que há riscoaposta final da copa do mundodescargas elétricas. Então, a gente não planta mais como antes”, diz Roselma Oliveira,aposta final da copa do mundo35 anos, que se tornou a principal liderança dos agricultoresaposta final da copa do mundoSobradinho.
A empresa AES Brasil, responsável por Sobradinho, afirma que atualmente toda a transmissãoaposta final da copa do mundoenergia é feita por linhas aéreas.
Neste ano, Roselma viajou a outras cidades do Nordeste para falar dos impactos na comunidade, e diz ter se encontrado,aposta final da copa do mundoBrasília, com ministros do governo Lula, como Alexandre Silveira,aposta final da copa do mundoMinas e Energia, e Marina Silva, do Meio Ambiente.
As pastas não responderam aos questionamentos da BBC News Brasil.
No ano passado, a famíliaaposta final da copa do mundoRoselma passou por um susto.
“A gente estavaaposta final da copa do mundocasa às 6h da manhã. De repente, uma explosão. Meu marido disse ‘corre, tira as crianças que a torre tá caindo no telhado, vai cairaposta final da copa do mundocimaaposta final da copa do mundonós”, conta ela, que gravou um vídeo do momentoaposta final da copa do mundoque hélice se soltou e caiu a poucos metrosaposta final da copa do mundosua casa.
Ninguém ficou ferido, mas a família diz que ficou traumatizada.
A alguns quilômetros dali, emaposta final da copa do mundocasaaposta final da copa do mundoPau Ferro, o antropólogo Alexandre Gomes Vieira,aposta final da copa do mundo30 anos, também registra acidentes, mas, no caso dele, envolvendo pássaros nativos da caatinga que se chocam contra as torres.
Há alguns anos, Alexandre, que herdouaposta final da copa do mundoseu bisavô um pequeno sítio, resolveu pesquisar os impactos ambientais e sociais das eólicasaposta final da copa do mundoseu mestrado e doutorado na UFPE.
“Constatamos que muitas aves, como gaviões, águias e codornas são atraídas pelas hélices e acabam colidindo com as torres, diminuindo a incidênciaaposta final da copa do mundoespécies que já são raras. Os agricultores relatam que não ouvem mais o cantoaposta final da copa do mundoalguns pássaros, como o acauã e a mãe da Lua, que têm uma simbologia religiosa”, explica.
Segundo o antropólogo, que faz parteaposta final da copa do mundoum grupoaposta final da copa do mundopesquisadores que estuda os impactos da energia eólica, parte da vegetação da caatinga foi suprimida para a construçãoaposta final da copa do mundoestradas para a passagensaposta final da copa do mundoveículos durante a instalação e, agora, para manutenção dos parques.
A 'resta'
Um dos fenômenos visíveis das eólicasaposta final da copa do mundoCaetés é a "resta", como os agricultores chamam a sombra das torres.
A depender do horário, a sombra das hélices apareceaposta final da copa do mundovários lugares. Às vezes, ela é bem pequena, e forma o desenhoaposta final da copa do mundouma torreaposta final da copa do mundominiatura, girando devagar na paredeaposta final da copa do mundoalguma casa;aposta final da copa do mundooutros momentos, é bem maior e gira rapidamente, cobrindo vários metrosaposta final da copa do mundoum pasto cheioaposta final da copa do mundoanimais.
Os moradoresaposta final da copa do mundoCaetés dizem que a “resta” piora a ansiedade deles, provoca sustos e deixa os animais inquietos.
Esse fenômeno foi descrito por alguns pesquisadores como “efeito estroboscópico”. Há estudos científicos divergentes sobre se ele pode ou não causar problemasaposta final da copa do mundosaúde.
De toda forma, a “resta” apareceaposta final da copa do mundovários momentos do dia na casaaposta final da copa do mundoAcácio Noronha. “Estou deitadoaposta final da copa do mundomanhã, tentando dormir, aí vejo um vulto assim. Olha ela aliaposta final da copa do mundonovo...”, diz.
Acácio é um dos agricultores que pretendem entrar na Justiça para receber alguma indenização que o ajude a sairaposta final da copa do mundoSobradinho depoisaposta final da copa do mundoviver a vida inteira ali.
Com os geradores nos fundos, ele se orgulhaaposta final da copa do mundodizer que “Lula nasceu no sítio Riacho Fundoaposta final da copa do mundoCaetés,aposta final da copa do mundouma casaaposta final da copa do mundotaipa, comendo beijuaposta final da copa do mundomassa”.
E conta o que falaria ao presidente caso ele aparecesseaposta final da copa do mundoSobradinho: “Se eu tivesse a liberdadeaposta final da copa do mundoestaraposta final da copa do mundouma reunião com ele, e eu não estivesse muito emocionado e nervoso como estou agora, eu só diria assim: ‘Homem, dê um jeitoaposta final da copa do mundotirar nós. Nós, a população da nossa comunidade, estamos debaixo dessas torres'”.