O futuro incerto da cidade gaúcha movida ao combustível mais poluente do mundo: 'Não somos contra o planeta':casino sportingtech
"Cercacasino sportingtech80% da nossa economia giracasino sportingtechtorno do carvão mineral", diz o prefeito da cidade, Luiz Carlos Folador (MDB), à BBC News Brasil.
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Candiota abriga a maior minacasino sportingtechcarvão mineral a céu aberto do Brasil, com reservas estimadascasino sportingtech1 bilhãocasino sportingtechtoneladas. Também é lá que estão duas usinas termelétricas abastecidas pelo combustível fóssil.
Durante décadas, as reservascasino sportingtechCandiota foram motivocasino sportingtechorgulho e impulsionam a economia da cidade.
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Segundo a Agência Nacionalcasino sportingtechMineração (ANM), elas seriam suficientes para abastecer o Brasil por aproximadamente cem anos.
Mas o mundo, segundo cientistas, não pode suportar mais cem anos usando carvão mineral — e os moradorescasino sportingtechCandiota parecem saber disso.
Nos últimos anos, a cidade vive um climacasino sportingtechincerteza por conta da pressão global pelo corte nas emissões dos gases do efeito estufa.
Relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) pedem reduções drásticas nas emissõescasino sportingtechgases do efeito estufa.
Em maiocasino sportingtech2022, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, pediu que o mundo abandone seu "vício"casino sportingtechcombustíveis fósseis, começando com o carvão mineral, se quiser limitar o aumento da temperatura globalcasino sportingtech1,5ºC,casino sportingtechrelação aos níveis pré-industriais, até 2100, estabelecida pelo Acordocasino sportingtechParis.
O Brasil já se comprometeu a zerar até 2050 suas emissões líquidas, como é chamado o saldo entre o que é emitido e o que é reabsorvido pela natureza.
O temorcasino sportingtechCandiota écasino sportingtechque a transição energética chegue à cidade antescasino sportingtechela encontrar uma nova fontecasino sportingtechsobrevivência.
Nos últimos meses, esse temor ganhou um novo elemento depois que o Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes que mataram maiscasino sportingtech170 pessoas e é considerado o maior desastre climático do Brasil.
Os moradores relatam terem medocasino sportingtechque a economia do carvão mineral vire uma espéciecasino sportingtech"bode expiatório" da tragédia gaúcha e que isso acelere iniciativas para o declínio da atividade carbonífera na região.
Riqueza que vem do carvão
A históriacasino sportingtechCandiota está intimamente ligada ao carvão mineral.
Ainda no Brasil imperial, a região era conhecida por suas reservas do minério que era extraído para movimentar antigas forjas. À época, a área fazia parte do municípiocasino sportingtechBagé.
A primeira usina termelétrica movida a carvão mineral na região foi instaladacasino sportingtech1961.
Atualmente, a cidade tem duas usinascasino sportingtechfuncionamento: Candiota III e Pampa Sul.
A primeira pertence ao grupo Âmbar Energia, que faz parte da holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A segunda pertence aos fundoscasino sportingtechinvestimento Perfin e Starboard.
As duas usinas, assim como as duas minascasino sportingtechatividade, são as principais empregadoras da cidade.
Juntas, as duas usinas geram 695 MW, o equivalente a 0,3% da capacidade instaladacasino sportingtechgeraçãocasino sportingtechenergia elétrica do Brasil, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A indústria do carvão ajudou Candiota a se transformarcasino sportingtechum dos municípios mais economicamente prósperos do Rio Grande do Sul.
O Produto Interno Bruto (PIB) per capita — a somacasino sportingtechtodas as riquezas geradas dividida pelo númerocasino sportingtechhabitantes —casino sportingtechCandiota foicasino sportingtechR$ 282 milcasino sportingtech2021,casino sportingtechacordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileirocasino sportingtechGeografia e Estatística (IBGE).
Era o 20º maior do Brasil e o 3º do Rio Grande do Sul. O valor é mais do que seis vezes a média nacional,casino sportingtechR$ 42,2 mil.
A estimativa écasino sportingtechque pelo menos 5 mil dos 10,7 mil habitantes tenham empregos diretos ou indiretos ligados à indústria do carvão.
Eles cresceram próximos aos canteiroscasino sportingtechobras e às instalações das usinas e minas que funcionaram e ainda funcionam no município.
Pelo menos três vezes ao dia, ônibus levam centenascasino sportingtechtrabalhadorescasino sportingtechoutras cidades a Candiota para atuarem nas minas e usinas da cidade.
A viagem é marcada por uma paisagem quase bucólica repletacasino sportingtechpequenas propriedades rurais típicas da região conhecida como Campanha Gaúcha.
Trata-secasino sportingtechum relevocasino sportingtechboa parte plano coberto por uma vegetação rasteira onde há algumas plantações e criaçãocasino sportingtechgado e ovelhas.
Da estrada, é possível ver parreirais e algumas plantaçõescasino sportingtecholiveiras — e também as chaminéscasino sportingtechmaiscasino sportingtech30 metros das duas usinas termelétricas.
Uma delas, a da usina Candiota III, chama atenção pelo seu formato, semelhante àscasino sportingtechusinas nucleares.
A cidade é dividacasino sportingtechtrês núcleos diferentes, alguns distantes quase 10 quilômetros um dos outros.
Em geral, as ruas desses núcleos são asfaltadas, as escolas municipais são bem equipadas, e há supermercados abastecidos para atender à população.
"Candiota é uma ilhacasino sportingtechmatériacasino sportingtechsustentação econômica", celebra Hermelindo Ferreira, ex-presidente do Sindicato dos Mineiroscasino sportingtechCandiota.
O outro lado da prosperidade
A prosperidadecasino sportingtechCandiota, no entanto, vem acompanhadacasino sportingtechcontrovérsia.
Um dos principais argumentos entre os moradores da cidade ecasino sportingtechentidades que defendem a indústriacasino sportingtechcarvão é ocasino sportingtechque o impacto ambiental gerado pela produçãocasino sportingtechenergia elétrica a partir do mineral é pequeno considerando o total das emissõescasino sportingtechgases do efeito estufa do Brasil.
Parte dos dados científicos a respeito aponta nessa direção.
O Sistemacasino sportingtechEstimativascasino sportingtechEmissões e Remoçõescasino sportingtechGasescasino sportingtechEfeito Estufa (SEEG), mantido pela organização não-governamental Observatório do Clima (OC), estima que apenas 0,4% das emissões brutas do Brasilcasino sportingtech2022, conforme os dados mais recentes, tenham produzidas pela geraçãocasino sportingtechenergia elétrica a partir do carvão mineral.
Ainda segundo o SEEG, 74% das emissões brasileiras resultamcasino sportingtechdesmatamento e da atividade agropecuária.
Além disso, a eletricidade gerada com carvão representa apenas 1,2% da capacidade elétrica instalada no Brasil, segundo a Empresacasino sportingtechPesquisa Energética (EPE), estatal ligada ao Ministériocasino sportingtechMinas e Energia (MME).
Além das duas usinas no Rio Grande do Sul, também há térmicas a carvão no Paraná, Santa Catarina, Ceará e Maranhão.
Aindacasino sportingtechacordo com a EPE, 89% da matriz elétrica brasileira é compostacasino sportingtechfontes renováveis como a energia hidrelétrica, eólica e solar.
"O Brasil já fez acasino sportingtechtransição energética", diz o presidente da Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS), Fernando Luiz Zancan.
A entidade é a principal representante dos interessescasino sportingtechmineradoras e usinas termelétricas movidas a carvão mineral e, até março deste ano, se chamava Associação Brasileira do Carvão Mineral.
"Sei que as coisas são urgentes, mas não vamos resolver o problema acabando com 1,5% da nossa matriz energética. Isso não resolve o problema do Brasil, do Rio Grande do Sul e nem do mundo", argumenta o sindicalista Hermelindo Ferreira.
Parte dos dados, no entanto, vaicasino sportingtechoutra direção.
De acordo com a EPE, a produçãocasino sportingtecheletricidade a carvão responde por 48,6% das emissõescasino sportingtechgases do efeito estufa oriundoscasino sportingtechtoda a produçãocasino sportingtecheletricidade com fontes não-renováveis.
Perde para as emissões do gás natural (50,4%), sendo que a quantidadecasino sportingtechenergia produzida por usinas a gás natural no Brasil é 4,5 vezes maior que aquela gerada pelas usinas movidas a carvão.
Pesquisas indicam que a situaçãocasino sportingtechCandiota é ainda mais grave.
Por dois anos consecutivos, relatórios do Institutocasino sportingtechEnergia e Meio Ambiente (IEMA) apontaram que as duas usinas termelétricas localizadas no município são as mais ineficientes e as que geram mais gases do efeito estufa por unidadecasino sportingtechenergia produzidacasino sportingtechtodo o Brasil.
"O carvão gera mais emissões, porque é preciso queimar uma grande quantidade para liberar a energia aprisionada, na comparação com, por exemplo, o gás natural", explica à BBC News Brasil o analistacasino sportingtechprojetos do IEMA Felipe Barcellos.
"Mas além disso, as usinascasino sportingtechlá são um pouco antigas e usam um carvão que é mais pobre energeticamente. Por gigawatts-hora gerados, ou seja, por cada unidadecasino sportingtecheletricidade, as emissões pelo carvão são as maiores possíveis. Elas são bem acima das que temoscasino sportingtechoutras tecnologias."
Além disso, por conta das altas emissões geradas pelas duas usinas e por suas minas, Candiota aparece no ranking do SEEG como o 60º município brasileiro com a maior quantidadecasino sportingtechemissõescasino sportingtechgases do efeito estufa.
A posição chama atenção, porque o município, segundo o IBGE, é apenas o 2.868º mais populoso do Brasil.
Procurada, a Âmbar Energia, dona da usina Candiota III, não respondeu às perguntas enviadas pela BBC News Brasil.
Em nota, os controladores da usina Pampa Sul enviaram uma nota informando que o grupo estaria investindo R$ 150 milhõescasino sportingtech"melhorias operacionais e no aumento da qualidade e eficiência da usina" o que "acabará por contribuir para redução significativa das emissõescasino sportingtechgás carbônico equivalente".
Ansiedade climática
Em 2017, um artigo publicado na revista da Associação Psiquiátrica Americana descreveu o termo "eco-ansiedade" ou "ansiedade climática" como um conjuntocasino sportingtechsintomas caracterizado pelo medo das catástrofes que podem afetar o planeta por conta das mudanças climáticas.
Em Candiota, os moradores relatam um temor também relacionado ao clima, mascasino sportingtechdireção diferente.
As pessoas com quem a BBC News Brasil conversou afirmam reconhecer a emergência da crise causada pelas mudanças climáticas.
Apesar disso, eles parecem temer que a busca por alternativas às mudanças climáticas leve ao fim da economia do carvão na região e "estoure" a bolhacasino sportingtechprosperidadecasino sportingtechque vivem.
"Há muita ansiedade nas pessoas com quem a gente convive aqui", disse à BBC News Brasil a aposentada Rosaurea Castaneda Greco,casino sportingtech61 anos.
Ela é presidente do Clubecasino sportingtechMães Mãe Cleci. Sua família, assim como acasino sportingtechmilharescasino sportingtechmoradores, é dependente da economia do carvão.
Rosaurea explica que o carvão é tão importante para a cidade que até a logomarca do clubecasino sportingtechmães foi alterada para expressar essa relação umbilical.
"Nosso símbolo era um pôr-do-sol que traz a esperançacasino sportingtechum mundo melhor para se viver. Há dois anos a gente acrescentou o carvão mineral, porque ele é o símbolo da nossa economia. Temos carvão para maiscasino sportingtech300 anos", explica.
Vera Regina Azambuja Rijo,casino sportingtech63 anos, também faz parte do Clubecasino sportingtechMães da cidade. Ela chegou a Candiota ainda criança, nos anos 1970, quando o pai foi trabalhar na construçãocasino sportingtechuma das usinas.
Seu marido se aposentou como funcionáriocasino sportingtechuma termelétrica, também movida a carvão. Agora, seus seis filhos e dois netos também trabalham para as usinas ou minas da cidade.
Ela diz que mal pode ouvir falar sobre um possível fim da economia do carvão. Sua fala fica embargada ao tocar no assunto.
"Eu me sinto muito triste porque, quando ouço isso, a primeira coisa que me vem à cabeça são os meus filhos e meus netos", diz Vera Regina.
"Todos dependem do carvão. Se acabaram com o carvão, o que vai acontecer com a gente?"
Não há no horizonte nenhum plano ou anúnciocasino sportingtechque o governo brasileiro vá encerrar exploraçãocasino sportingtechcarvão mineral ou usocasino sportingtechusinas térmicas movidas a este combustível.
Mas, nos últimos anos, sinais emitidos pelo mercado, ambientalistas e pelo mundo político deixaram os moradores da cidade preocupados.
Os primeiros movimentos foram das antigas proprietárias das termelétricas da cidade.
A francesa Engie e a estatal Eletrobras venderam as unidades nos últimos cinco anos como partecasino sportingtechum esforço para "limpar" ou "descarbonizar" seus portfólioscasino sportingtechnegócios.
Fora do Rio Grande do Sul, o grupo Copel anunciou que paralisaria as atividadescasino sportingtechuma usina termelétrica movida a carvão que opera no Paraná pelo mesmo motivo, indicando que alguns atores do mercadocasino sportingtechenergia já se movimentaram para abdicar desse tipocasino sportingtechfontecasino sportingtechenergia.
A preocupação mais imediatacasino sportingtechCandiota é com relação ao fim dos contratoscasino sportingtechfornecimentocasino sportingtechenergia da usina Candiota III, previsto para dezembro deste ano.
Sem contrato, a usina terácasino sportingtechparalisar suas atividades. Isso afetaria não apenas os trabalhadores da instalação, mas da mina que abastece suas caldeiras, gerando um efeito dominó na cidade.
A outra preocupação é com relação ao recuocasino sportingtechparte da bancada gaúcha no Congressocasino sportingtechrelação a um projetocasino sportingtechlei que previa a manutençãocasino sportingtechcontratos para as termelétricascasino sportingtechCandiota até 2043, a exemplo do que está previsto para as usinascasino sportingtechSanta Catarina.
O recuo aconteceu justamente após as enchentes que afetaram o Estado neste ano.
"Vimos algumas manifestações dizendo que o problema que tivemos no Rio Grande do Sul foi porque a gente queima carvãocasino sportingtechCandiota. Não dá pra conectar as coisas neste sentido", diz o sindicalista Hermelindo Ferreira.
O prefeito Luiz Carlos Folador afirma estar apreensivo tanto com o fim dos contratoscasino sportingtechCandiota III quanto com possível repercussão política das enchentes.
"Tanto é que estamoscasino sportingtechcontato com as autoridadescasino sportingtechBrasília para evitar que isso aconteça. Não se pode tomar uma medidacasino sportingtechcurto, médio e longo prazos por contacasino sportingtechum fenômeno climático", diz o prefeito.
Procurada, a Âmbar Energia não respondeu aos questionamentos sobre o futuro das suas atividadescasino sportingtechCandiota.
Carvão: queimar ou não queimar?
Enquanto a comunidade científica pede o fim o mais rápido possível do uso do carvão mineral, Fernando Luiz Zancan, da ABCS, pede tempo.
"O Brasil firmou um compromissocasino sportingtechter emissões zerocasino sportingtech2050. Então, nosso prazo é 2050", diz Zancan à BBC News Brasil.
Ele afirma que o Brasil ainda não estaria preparado para abrir mão da geraçãocasino sportingtecheletricidade movida a carvão mineral.
Por um lado, diz ele, isso colocariacasino sportingtechrisco a segurança do sistema elétrico brasileiro, porque usinas hidrelétricas, eólicas e solares dependemcasino sportingtechfatores climáticos.
As principais usinas brasileiras são interligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso permite que energia produzidacasino sportingtechuma determinada região possa ser distribuída para outras, evitando sobrecargas.
Algumas termelétricas operam como uma espéciecasino sportingtech"usinacasino sportingtechreserva" para momentoscasino sportingtechque as hidrelétricas enfrentam escassezcasino sportingtechágua.
"Temos que diversificar as fontes para dar segurança ao sistema. Hidrelétrica, solar e eólica não fornecem isso", defende Zancan.
"Quando houve um apagãocasino sportingtechagosto do ano passado, a região Sul ficou 15 minutos sem energia e o Nordeste ficou seis horas. Isso aconteceu porque, no Sul, você tem usinas que giramcasino sportingtechalta velocidade e puderam ser acionadas para equilibrar o sistema."
Por outro lado, ele afirma que o fim abrupto da utilização do carvão mineral geraria um grande impacto social nas regiões que dependem dessa economia, especialmente após a tragédia que afetou o Rio Grande do Sul neste ano.
"Se não houver recontratação das usinas, vai acabar o setor. O patrimônio mineral nunca foi tão importante como agora, após as enchentes. O Rio Grande do Sul vai ter que olhar para o patrimônio mineral que ele tem para se reerguer", diz.
Segundo Zancan, o problema das mudanças climáticas não seria a queima do carvão, mas a liberação dos gases do efeito estufa para a atmosfera.
"A questão não é acabar com o carvão. É acabar comcasino sportingtechemissão. Para isso, precisamos reinventar a indústria, e é isso que a gente está promovendo", diz.
Ele defende um conjuntocasino sportingtechsoluções que passa por duas ideiascasino sportingtechgeral. A primeira é utilizar reações químicas para capturar as emissõescasino sportingtechCO₂ da queima do carvão evitando que elas cheguem à atmosfera.
Segundo Zancan, essa tecnologia já existe desde os anos 1930 e vem sendo aperfeiçoada.
A segunda passaria pela reinserção dos gases liberados pelo carvão mineral no solo.
Para Juliano Araújo, diretor do Instituto Arayara, organização que atua na áreacasino sportingtechdesenvolvimento sustentável, os argumentoscasino sportingtechZancan não fazem sentido ambientalmente.
"Não existe carbono sustentável. As usinas a carvão representam 1,5% da matriz elétrica nacional e isso pode ser facilmente substituído por outras fontes energéticas muito mais baratas e mais seguras", diz Araújo.
Ele também refuta o argumentocasino sportingtechque as usinas termelétricas a carvão mineral podem ser uma solução para momentoscasino sportingtechescassez hídrica.
"Essas usinas são grandes consumidorascasino sportingtechágua, uma vez que precisam dela para gerar vapor. Ou seja, nos momentoscasino sportingtechcrise hídrica, essas termelétricas competem por água potável porque elas drenam esse recurso das bacias hidrográficas onde estão localizadas", afirma.
Para Araújo, do pontocasino sportingtechvista econômico, as usinas também não se justificariam.
"Se considerarmos as 12 mil pessoas que trabalham direta ou indiretamente na regiãocasino sportingtechCandiotacasino sportingtechfunção do carvão mineral e pegarmos tudo o que se pagoucasino sportingtechsubsídios para a energia elétrica produzida lá, daria para aposentar todos esses trabalhadores e ainda sobraria recursos para os municípios", diz.
Felipe Barcellos, do IEMA, contesta a ideiacasino sportingtechque o Brasil precisaria da energia a carvão para ter segurança energética.
"Quando olhamos para o Brasil como um todo, não se justifica [usar o carvão]. A porcentagemcasino sportingtechgeração via usinas a carvão é muito baixa, e já temos outras alternativas que podem suprir e dar essa diversificação energética que o Brasil precisa", afirma.
De acordo com a Agência Nacionalcasino sportingtechEnergia Elétrica (Aneel),casino sportingtech2018 a abrilcasino sportingtech2024, foram destinados R$ 5,53 bilhõescasino sportingtechsubsídios para a geraçãocasino sportingtecheletricidade por meiocasino sportingtechcarvão mineral e óleo diesel. Na plataformacasino sportingtechdados da agência, não é possível separar as duas categorias.
Questionado sobre a necessidadecasino sportingtechmanter usinas a carvão mineral na matriz elétrica brasileira, o ONS, disse, por meiocasino sportingtechnota que o acionamento das usinas térmicas é feito por "diversos fatores" e que a decisão é tomada por meiocasino sportingtech"modelos matemáticoscasino sportingtechotimização energética".
O ONS disse ainda que a "energia térmica é fundamental na segurança da operação regular do sistema, alémcasino sportingtechuma garantiacasino sportingtechsuprimento energéticocasino sportingtechperíodoscasino sportingtechcarga mais elevada e/ou escassezcasino sportingtechgeração pelas demais fontes".
Indagado sobre os subsídios pagos ao setor carbonífero, o MME afirmou que, conforme a legislação, a previsão é que eles sejam pagos até 2027.
Futuro incerto
Em meio à indefinição sobre o futurocasino sportingtechCandiota, os moradores parecem ter chegado a uma conclusão.
"Acho que a cidade ficou dependente demais do carvão", diz Rosaurea Castañeda Greco, do Clubecasino sportingtechMãescasino sportingtechCandiota.
"A gente fica com medocasino sportingtechque se não tiver uma transição justa, termine toda a atividade nas usinas e nas minas e acabem os empregos que restam."
O prefeito da cidade minimiza a dependência da cidadecasino sportingtechrelação ao carvão.
"Estamos trabalhando há muito tempo na transição energética justa, buscando diversificação. Temos a chegada da vitivinicultura (vinhos), o plantiocasino sportingtecholivais, a produçãocasino sportingtechhortaliças ecasino sportingtechoutras alternativas que possam gerar novos empregos", afirma Folador.
Ele diz que a cidade também está buscando alternativascasino sportingtechoutras fontescasino sportingtechenergia.
"Não é que sejamos dependentes [do carvão]. Mas é uma riqueza que a gente tem e temos que extraí-la com sustentabilidade", diz Folador.
"Nosso município está migrando para ter um parquecasino sportingtechenergia fotovoltaica (solar)casino sportingtech75 MW. Estamos migrando gradativamente para que a gente possa melhorar."
O sindicalista Hermelindo Ferreira critica os que são contrários à indústria do carvão na região.
"Quem defende o fim do carvão não apresenta proposta. Quando você pergunta qual é a alternativa para quem trabalha e se sustenta com o carvão, a gente pergunta: 'É botar a mochila nas costas e ir embora para outro lugar?'", indaga.
A empresária Gil Melo resume, com apreensão, o sentimento da cidade que escolheu para chamarcasino sportingtechcasa.
"Não somos contra o planeta e nem a favor do aquecimento global. O carvão é o que temos hoje, e nos apegamos ao que temos."