Quais as causas mais comunsaposta mais de 1 golacidentesaposta mais de 1 golavião no mundo:aposta mais de 1 gol

Fotografiaaposta mais de 1 golavião caidoaposta mais de 1 golcimaaposta mais de 1 goluma cerca

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O riscoaposta mais de 1 golmorreraposta mais de 1 golum acidente aéreo vem caindoaposta mais de 1 golforma constante ao longo dos anos – com cada década sendo mais segura do que a anterior

A aeronáutica informou que as caixas-pretas da aeronave - que guardam os registros do voo - já estãoaposta mais de 1 golBrasília para averiguação.

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Mas, num cenário mais amplo da aviação global, o que ainda tem causado os acidentes com vítimas fatais no mundo?

pessoa apertando o cintoaposta mais de 1 golavião

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A maioria dos acidentes aéreos não leva os passageiros à morte

A Boeing, uma das maiores fabricantesaposta mais de 1 golaeronaves, publica regularmente um relatório global a respeito dos acidentes envolvendo aviões a jato comerciais - o que não é o caso especifico do avião da Voepass, um ATR turboélice.

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Os jatos,aposta mais de 1 golgeral, são os aviões que transportam mais passageiros e fazem as viagensaposta mais de 1 goldistâncias mais longas.

Entre 2013 e 2022, segundo a Boeing, o maior númeroaposta mais de 1 golmortes aconteceuaposta mais de 1 golacidentes causados por "perdaaposta mais de 1 golcontroleaposta mais de 1 golvoo" (757) , "falha ou mau funcionamento do sistema, não relacionado ao motor" (158), "saídas da pista na decolagem ou pouso" (134) e por problemas "relacionados ao combustível" (71).

"No caso da perdaaposta mais de 1 golcontrole, por exemplo, pode acontecer por uma infinidadeaposta mais de 1 golrazões, seja humana ou não. A gente tem que entender que é multifatorial e há múltiplas possibilidades", diz Maurício Pontes, investigadoraposta mais de 1 golacidentes aeronáuticos e assessor executivo da Associação Brasileiraaposta mais de 1 golPilotos da Aviação Civil (Abrapac).

Pontes usa como exemplo um recente incidente com um voo da Latam entre Sydney (Austrália) e Santiago (Chile), que deixou 13 feridos após a aeronave ter uma perda bruscaaposta mais de 1 golaltitude.

Investigações mostraram que o esbarrãoaposta mais de 1 goluma aeromoça num botão mal posicionado no assento do piloto pode ter acionado os controles que lançaram o nariz do avião para baixo. Ou seja, uma falha "humana", mas também dos equipamentos da aeronave.

A Flight Safety Foundation, organização sem fins lucrativos com focoaposta mais de 1 goldiscussões sobre segurançaaposta mais de 1 golacidentes aéreos, também mantém um bancoaposta mais de 1 goldados a respeitoaposta mais de 1 golquedas e incidentes com aeronaves no mundo.

Entre os acidentes envolvendo vítimas fataisaposta mais de 1 golaeronaves comerciais e jatos corporativos, as causas mais comuns entre 2017 e 2023 foram "perdaaposta mais de 1 golcontroleaposta mais de 1 golvoo", o "voo controlado contra o terreno" (quando uma aeronaveaposta mais de 1 golcondiçõesaposta mais de 1 golvoo e sob controle total do piloto é conduzida para a terra ou água), "causas desconhecidas" e “saída da pista, na decolagem ou pouso”.

Mas o que leva a esses problemas mais comuns?

Justamente por serem investigações complexas e "multifatoriais", é difícil se chegar uma conclusão, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil.

Mas o bancoaposta mais de 1 goldados online Plane Crash Info, que, apesaraposta mais de 1 golnão ser oficial, reúne algumas estatísticas sobre acidentes aéreos no mundo, aponta a falha humana como responsável por 49% dos seus registros entre 1950 e 2019. Em seguida, vem a falha mecânica (23%) e fatores climáticos (10%).

Fotoaposta mais de 1 golum corredoraposta mais de 1 golaeronave com pessoas sentadas dentroaposta mais de 1 golum avião

Crédito, Getty

Legenda da foto, A chanceaposta mais de 1 golmorreraposta mais de 1 golum acidenteaposta mais de 1 golavião no Brasil éaposta mais de 1 golumaposta mais de 1 gol80 milhões

Fator humano

Em artigo no site The Conversation, Simon Ashley Bennett, diretor da Unidadeaposta mais de 1 golSegurança e Proteção Civil da Universidadeaposta mais de 1 golLeicester, no Reino Unido, aponta que "à medida que as aeronaves se tornaram mais confiáveis, e modernas, a proporçãoaposta mais de 1 golacidentes causados por erro do piloto aumentou".

Atenção para a palavra "proporção", já que o númeroaposta mais de 1 golacidentesaposta mais de 1 goluma forma geral tem diminuído.

"As aeronaves são máquinas complexas que requerem muita gestão. Como os pilotos interagem ativamente com a aeronaveaposta mais de 1 golcada faseaposta mais de 1 golum voo, há inúmeras oportunidades para algo dar errado", escreveu Bennett no artigo.

Para Celso Fariaaposta mais de 1 golSouza, perito criminal especializadoaposta mais de 1 golacidentes aeronáuticos e diretor da Associação Brasileiraaposta mais de 1 golSegurançaaposta mais de 1 golVoo (Abravoo), este é um assunto muito delicado, já que os dados não são muito bem recebidos entre os profissionais da aviação.

Um estudo norueguês, por exemplo, estimou que entre 70 e 80% dos acidentes são causados por erro humano (não só dos pilotos) - desses, 4,7% estariam relacionados a problemasaposta mais de 1 golsaúde dos profissionais.

"A fadiga dos profissionais, por exemplo, só começou a ser estudada há pouco tempo. Até 3 anos atrás, ninguém dava atenção para a saúde mental", diz Fariaaposta mais de 1 golSouza.

No entanto,aposta mais de 1 golentrevista à BBC News Brasil, Bennett afirmou que muitos dos erros humanos são induzidos por outros fatores.

"É importante notar que o erro humano pode ser induzido por fatores além do controle do piloto, como um instrumento colocadoaposta mais de 1 golum local mal projetado, uma escalaaposta mais de 1 goltrabalho cansativa demais ou um procedimentoaposta mais de 1 golcompanhia aérea mal planejado", afirmou Bennett.

Segundo ele, muitos pilotos levam a culpa porque "é fácil e conveniente para a companhia aérea, autoridades e fabricantes culparem os pilotos".

"É ainda mais fácil se eles estiverem mortos. Culpar os pilotos — muitas vezes vítimas da faltaaposta mais de 1 golcuidadoaposta mais de 1 goloutras coisas — livra o fabricante, a companhia aérea e as autoridades da responsabilização. É um mundo desagradável e egoísta."

Falhas humanas também podem estar relacionadas a profissionais como controladoresaposta mais de 1 goltráfego aéreo, reabastecedores ou engenheirosaposta mais de 1 golmanutenção.

"O ser humano estáaposta mais de 1 goltodas as etapas da operação, e o ser humano é exatamente o elemento mais complexo da operação", avalia Maurício Pontes, da Abrapac.

"O fator humano ele envolve fadiga, as condiçõesaposta mais de 1 golsaúde mentalaposta mais de 1 golque pessoas se encontram naquele momento. O ser humano é muito eficaz, eficiente e insubstituível, mas, como as máquinas , também falhamos", completa.

Em seu artigo, Bennett ressalta ainda que o piloto também é "a última linhaaposta mais de 1 goldefesa quando as coisas dão errado".

Ou seja, são os humanos que muitas vezes conseguem reverter problemas na máquina. Um dos casos mais emblemáticos é a do capitão Chesley Sullenberger, que conduzia o voo 1549 da US Airways, e conseguiu aterrissar no rio Hudson,aposta mais de 1 golNova York,aposta mais de 1 gol2009, após ambos motores serem atingidos por pássaros.

Todos sobreviveram, e a história virou até o filme Sully - O Herói do Rio Hudson, com Tom Hanks.

Bennett disse à BBC News Brasil que justamente pelo fato dos pilotos serem a última linhaaposta mais de 1 goldefesa, é perigoso depender demais da tecnologia.

"A tecnologia pode reduzir a cargaaposta mais de 1 goltrabalho, mas cria novos problemas para os pilotos. Por exemplo, quanto mais automatizado um convésaposta mais de 1 golvoo se torna, mais difícil é para os pilotos identificarem rapidamente uma falha quando algo dá errado", explica.

O especialista afirma que os pilotos ainda precisam monitorar os sistemas, porque, "apesar das alegações dos fabricantes e das companhias aéreas, a tecnologia não é 100% confiável".

"A aviação é tecnófila — como o resto da sociedade. A suposição inicialaposta mais de 1 goluma sociedade tecnófila como a nossa é que toda tecnologia é benéfica. Mas nem sempre é. Ela às vezes funciona mal. Ela tem bugs (erros)."

Fator mecânico

As falhas nos equipamentos da aeronave também podem representar parte importante dos acidentes.

"Embora os motores sejam significativamente mais confiáveis hoje do que há meio século, eles ainda ocasionalmente sofrem falhas ", escreveu Simon Ashley Bennett.

Para Celso Fariasaposta mais de 1 golSouza, da Abravoo, os problemas mecânicos hoje são "quase zero". "O que você tem são problemas eletrônicos,aposta mais de 1 golsoftware", avalia.

Maurício Pontes, da Abrapac, ressalta que a tendência é que esse tipoaposta mais de 1 golproblema vá diminuindo cada vez mais.

"Não existe atividade mais regulada que as indústrias aeroespacial e nuclear. A tendencia é ter cada vez mais segurançaaposta mais de 1 golrelação ao fator material, até pelas tecnologias que estão sendo desenvolvidas. Mas acontece", diz.

As medidasaposta mais de 1 golmitigação desse problema também são mais "simples", segundo Pontes.

"O fator humano tem muita psicologia envolvida, que é algo complexo. Já o fator material pode muitas vezes estar relacionado à engenhariaaposta mais de 1 golprojetos ou ao envelhecimentoaposta mais de 1 golequipamentos, e aprendemos com isso. O que nos conforta minimamente é que as tragédias não sãoaposta mais de 1 golvão. Sempre vamos ter um relatório no fim com recomendações", completa.

Às vezes, novas tecnologias também introduzem novos tiposaposta mais de 1 golfalha.

O professor Simon Ashley Bennett dá como exemplo o avião comercial Comet, construído na décadaaposta mais de 1 gol1950 pela indústria aeronáutica inglesa Havilland. A aeronave era a primeira propulsionada por motores a jato.

Após dois acidentes fataisaposta mais de 1 gol1954, todos os modelos da empresa foram proibidosaposta mais de 1 golvoar.

Recentemente, a Boeing vem enfrentando problemas a respeito do modelo 737 Max, após acidentes fatais e o casoaposta mais de 1 golum avião da Alaska Airlines, que perdeu parte da fuselagemaposta mais de 1 golpleno voo.

Cockpitaposta mais de 1 golavião, com dois pilotosaposta mais de 1 golcostas

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Legenda da foto, Falhas mecânicas podem estar relacionadas à engenhariaaposta mais de 1 golprojetos ou ao envelhecimentoaposta mais de 1 golequipamentos

Fator clima

O mau tempo representavaaposta mais de 1 gol2015 cercaaposta mais de 1 gol10% das perdasaposta mais de 1 golaeronaves, segundo o artigoaposta mais de 1 golSimon Ashley Bennett . Apesaraposta mais de 1 goluma abundânciaaposta mais de 1 golauxílios eletrônicos, como navegação por satélite e dados meteorológicos, as aeronaves ainda enfrentam problemasaposta mais de 1 goltempestades, neve e neblina.

Celso Fariaaposta mais de 1 golSouza, da Abravoo, reforça que a questão climática entra como um desafio para a indústria na "combinaçãoaposta mais de 1 golfatores" que pode contribuir com acidentes.

Ele cita o exemplo do voo AF447, da Air France, que caiu na viagem entre Rio e Paris,aposta mais de 1 golque os sensoresaposta mais de 1 golvelocidade (as sondas Pitot) congelaram.

"O avião teria atravessado a condição severaaposta mais de 1 goltempo, porém perdeu o Pitot e desorientou. Foi um problema no equipamento, mas o fator climático contribuiu para o acidente", diz Souza.

Para Maurício Pontes, é preciso ainda tocar "num outro assunto preocupante, que é a mudança climática".

"Temos muita segurança, os pilotos hoje contam com equipamentos cada vez mais sofisticadosaposta mais de 1 golantecipaçãoaposta mais de 1 golsituações climáticas adversas, que permite desvios, que se alterne a outro aeropoto. Mas essa é uma preocupação, porque se torna mais imprevisível."

Recentemente, cientistas da Universidadeaposta mais de 1 golReading, no Reino Unido, estudaram a chamada turbulênciaaposta mais de 1 golar claro (quando a temperatura potencial aumenta com a altura), que é mais difícil para os pilotos evitarem.

Eles descobriram que a turbulência severa aumentou 55% entre 1979 e 2020aposta mais de 1 goluma rota tipicamente movimentada do Atlântico Norte.

Os pesquisadores atribuem o aumento às mudanças na velocidade do ventoaposta mais de 1 golgrandes altitudes ao ar mais quente resultante das emissõesaposta mais de 1 golcarbono.

"Após uma décadaaposta mais de 1 golpesquisa mostrando que a mudança climática aumentará a turbulênciaaposta mais de 1 golar claro no futuro, agora temos evidências sugerindo que o aumento já começou", disse o professor Paul Williams, cientista atmosférico da Universidadeaposta mais de 1 golReading, coautor do estudo.

"Devemos investiraposta mais de 1 golsistemas aprimoradosaposta mais de 1 golprevisão e detecçãoaposta mais de 1 golturbulência para evitar que o ar mais agitado se traduzaaposta mais de 1 golvoos mais irregulares nas próximas décadas."

Vale salientar, porém, que as turbulências, apesar ter deixado feridosaposta mais de 1 golepisódios recentes, não estão relacionadas necessariamente a acidentes fatais,

Segundo Maurício Pontes, porém, é "importante dizer que aviação está sempre atenta e se antecipa a algum tipoaposta mais de 1 goldesafio no futuro."