'Não pude me divorciar porque estava grávida': as leis nos EUA que impedem mulherescasino online americanse separarem antes do parto:casino online american

Ilustraçãocasino online americanmulher tirando a própria aliança do dedo

Crédito, Getty Images

"Então eu já tinha consciênciacasino online americanque proteger meus filhos era minha prioridade, e quando me vi naquele veículo, grávida pela terceira vez, suportando seus piores insultos enquanto ele fazia as crianças repeti-los, disse a mim mesmo: 'A que ponto chegamos'", lembra.

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Ela pediu o divórcio, mas ficou chocada quando recebeu a resposta à solicitação.

"O advogado reconheceu que eu tinha que sair daquela situação o mais rápido possível, mas me disse que ainda não poderia me ajudar e que eu deveria voltar assim que tivesse dado à luz. Então eu tive que voltar para casa, para meu marido abusivo, até dar à luz."

Tudo por causacasino online americanuma lei estadualcasino online american1973 do Missouri que exige, antes do pedidocasino online americandivórcio, que se revele se a esposa está grávida ou não.

Os especialistas concordam que essa medida foi concebida para proteger mães e crianças, mas na prática significa que mulheres não podem dissolver legalmente seus casamentos enquanto estão grávidas.

Esse tipocasino online americanlegislação se repetecasino online americanoutros lugares dos Estados Unidos – e cada vez mais vozes pedem mudanças.

Imagemcasino online americanuma gestante mostrando a barriga

Crédito, Yui Mok/PA

Legenda da foto, Lei estadual da décadacasino online american1970 dificulta que gestantes possam se divorciarcasino online americanestado americano

Da proteção à barreira

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São leis que foram promulgadas "em um esforço para garantir que a custódia e o sustento dos filhos fossem estabelecidos e que o pai não pudesse simplesmente ir embora", afirma Kristen Marinaccio, advogada especialistacasino online americandireitocasino online americanfamília.

"O objetivo era proteger e não deveriam ser punitivas, mas no contexto atual para muitas mulheres se tornaram barreiras", observa.

Embora permitam o pedidocasino online americandivórcio ou a solicitação, por exemplo,casino online americanuma medida cautelar, com base nessas leis "não se pode obter a decisão que diz que se está oficialmente divorciada se você estiver grávida", esclarece a especialista.

É assim no Missouri, Arkansas e Texas, e no Arizona, onde embora não esteja codificado como tal na lei estadual, é uma prática comum.

"Em relações onde há coerção, controle financeiro e coercitivo, esse pedaçocasino online americanpapel pode fazer a diferença entre permanecer ou não presa a um ciclocasino online americanviolência doméstica", enfatiza.

É o casocasino online americanDestonee, que, sem ter para onde ir, foi obrigada a voltar ao apartamento que partilhava com o então marido.

"Ele ficou no quarto principal, no andarcasino online americancima, e eu e meus filhos ficamos no andarcasino online americanbaixo, mas isso teve um grande impacto na minha saúde mental, na minha ansiedade, na minha depressão", lembra ela.

"Na verdade, a única razão pela qual continuei foi porque sabia que, se não estivesse lá, ninguém cuidaria dos meus filhos", diz ela, com a voz embargada.

Os mesescasino online americangravidez nessas circunstâncias se tornaram uma constante entrada e saída do hospital.

"Minha pressão arterial estava tão alta que pensaram que eu tinha pré-eclâmpsia", conta a mulher.

No final, tiveram que induzir o parto. A filha deles nasceucasino online americanmarçocasino online american2022.

"E duas semanas depois fui pedir o divórcio, sem dizer nada ao meu marido", lembra.

"Agi como se nada tivesse acontecido, porque não tinha para onde ir", explica.

E assim continuaram, naquela casa, até 1ºcasino online americanjulho, quando ela finalmente pôde se mudar com os filhos.

O divórcio demoraria dois anos para chegar, um momento que evoca libertação.

"A única coisa que resta é a tensãocasino online americanquando chega a horacasino online americanele vir buscar os filhos", diz. Ela divide 50% da custódia com o ex-marido.

Papelcasino online americandivórcio

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Arkansas, Missouri e Texas têm leis que atrasam a decisão do divórcio até que a mulher dê à luz. No Arizona, embora não esteja codificado na legislação estadual, é uma prática comum

Outras consequências

Ativistas que trabalham com sobreviventescasino online americanviolência doméstica no Missouri dizem que veem constantemente mulheres grávidas que querem deixar maridos abusivos, mas não conseguem.

E alertam que as implicações desta lei vão além da simples espera pelo fim da gravidez.

"Leva tempo para muitas reunirem coragem para pedir o divórcio, antes disso elas passam por várias tentativas", diz Meghann Kosman, que trabalha na organização sem fins lucrativos North Star Advocacy Center, com sede no nortecasino online americanKansas City.

Portanto, quando lhes é dito que voltem depoiscasino online americanterem dado à luz, nem todas seguem o exemplocasino online americanDestonee e não são poucas aquelas que desistem, observa.

"Também trabalhei com mulheres que se separaram, com a intençãocasino online americanpedir o divórcio assim que os filhos nascessem, mas que enfrentam barreiras como não conseguirem se qualificar para assistência habitacional pública ou cuponscasino online americanalimentação porque continuam casadas", relata.

A Synergy Services, outra organização sem fins lucrativos com serviços para vítimascasino online americanviolênciacasino online americanKansas City e arredores, também relata que recebe "regularmente" pedidoscasino online americanapoiocasino online americanmulheres grávidas que não podem se divorciar dos seus maridos abusivos por causa da lei.

O número totalcasino online americanpessoas afetadas não é conhecido, já que não existe nenhuma entidade dedicada ao levantamento desse tipocasino online americaninformação.

Adaptaçãocasino online americanleis

Especialistas e ativistas também alertam para o contexto mais amplocasino online americanque tudo isto se enquadra, já quecasino online americanjunhocasino online american2022 o Supremo Tribunal dos EUA anulou a histórica decisão Roe versus Wade que garantia o direito ao aborto no país, o que indica que essa legislação permanece nas mãos dos Estados.

Como consequência, entraramcasino online americanvigor leis locais rigorosas – embora o direito também tenha sido protegidocasino online americanalguns Estados – e a saúde reprodutiva também foi afetada.

A Linha Direta Nacionalcasino online americanViolência Doméstica relata um aumentocasino online american100% nas chamadas para denunciar violência domésticacasino online americantodo o país desde a reversão da Roe versus Wade.

"Estamos recebendo ligaçõescasino online americanmulheres que dizem explicitamente 'estou grávida e estou tentando fugir' ou 'não consigo recursos no meu estado'", disse o vice-presidente da entidade, Marium Durrani, à rádio NPR, rede pública americana.

Missouri foi o primeiro Estado a pressionar por uma proibição quase total do aborto após a queda da Roe versus Wade, uma das leis mais duras do país.

"Em Estados como esse, parece que todas essas leis acabam se encaixando para limitar efetivamente os direitos reprodutivos das mulheres", diz a advogada especialistacasino online americandireitocasino online americanfamília Kristen Marinaccio.

Giuliana Cangelosi,casino online americanonze anos, à esquerda, ecasino online americanmãe Nichole Cangelosi compartilham um momento juntas enquanto participamcasino online americanum protesto contra a decisão da Suprema Corte que anula as proteções federais ao direito ao abortocasino online american24casino online americanjunhocasino online american2022,casino online americanMill Creek Park, no Country Club Plaza

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No Missouri existe uma proibição quase total ao aborto

Cansadacasino online americanouvir falarcasino online americanmulheres grávidas presascasino online americancasamentos com homens abusivos, a congressista democrata Ashley Aune, que representa um distrito do nortecasino online americanKansas City na Câmara dos Representantes do Estado do Missouri, apresentou um projetocasino online americanlei (HB 2402)casino online americanjaneiro.

Se aprovado, daria ao juiz do tribunalcasino online americanfamília mais podercasino online americandecisão para conceder um divórcio aceleradocasino online americancasoscasino online americangravidez.

"Quero que um juiz seja capazcasino online americanolhar para isso e dizer: 'Ok, você está certa. Esta é uma situaçãocasino online americanque precisamos encerrar este processocasino online americandivórcio agora'", explicou Aune ao jornal britânico The Guardian.

Pelo fatocasino online americanser um Congresso estadual dominado por republicanos, quecasino online americanfevereiro bloquearam uma tentativacasino online americanacrescentar o abuso e o incesto às poucas exceções da lei local anti-aborto, Aune não está particularmente otimista.

Mas ela e os especialistas consultados concordem que a ação pelo menos serviu para trazer luz ao problema.

"Para que se saiba que existem mulheres presas nessas situações, para aumentar a sensibilização e para que as sobreviventes saibam que continuam existindo possibilidades, apesar dessas leis", diz Destonee.