Amor ou abuso: como identificar se você estácasino sol verdeum relacionamento abusivo:casino sol verde

Namorados se beijamcasino sol verdefrente a um letreiro luminoso

Crédito, AFP

Legenda da foto, Psicóloga Pollyanna Abreu explica como identificar e sair desse tipocasino sol verderelação

No momentocasino sol verdeque fotoscasino sol verdecasais apaixonados inundam os comerciais e as redes sociais, o objetivo da campanha é expor sinaiscasino sol verderelacionamentos abusivos, sejam eles físicos ou psicológicos. Esses relacionamentos são marcados por controle, manipulação e até agressões.

Mensagens compartilhadas pelo Twitter serão projetadascasino sol verdecapitais brasileiras, como Riocasino sol verdeJaneiro e Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira (12).

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Os efeitos dos relacionamentos abusivos têm se intensificado durante a pandemia do coronavírus, quando casais estão confinados e, muitas vezes, isoladoscasino sol verdeamigos e familiares, segundo a psicóloga e especialistacasino sol verderelacionamentos abusivos Pollyanna Abreu, fundadora da Não Era Amor, startup criada para ajudar mulheres que estão ou saíramcasino sol verderelacionamentos abusivos e responsável pela campanha.

"As mulheres que estãocasino sol verdecasa com agressores na pandemia estão encurraladas. Elas não têm mais nem mesmo o momentocasino sol verdelevar o filho para a escola ou a distânciacasino sol verdequando o marido ou namorado sai para trabalhar."

Nos últimos 12 meses, 243 milhõescasino sol verdemulheres e adolescentescasino sol verde15 a 49 anos foram submetidas a violência sexual e/ou física por um parceiro íntimo, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres. "Como resultado do isolamento imposto para impedir a disseminação da covid-19, dados mostram que esse tipocasino sol verdeviolência se intensificou", aponta a entidade.

As vítimas são sempre mulheres? Não necessariamente, diz Abreu, mas na maioria das vezes. Diferentes pesquisas apontam, segundo ela, quecasino sol verdemaiscasino sol verde80% dos casos o abusador é um homem e a vítima é uma mulher.

Umacasino sol verdecada três mulheres já sofreu violência sexual ou física, segundo a ONU, que aponta que a maioria é praticada por parceiros.

Em entrevista à BBC News Brasil, a psicóloga tira dúvidas sobre relacionamentos abusivos. A seguir, veja os principais pontos:

O que é um relacionamento abusivo?

Em um relacionamento abusivo, existe pelo menos um destes tiposcasino sol verdeviolência, segundo Abreu: verbal, emocional, psicológica, física, sexual, financeira e tecnológica (esta vai desde controle velado das redes sociais da vítima até insistênciacasino sol verdeobter senhas pessoais, controlecasino sol verdeconversas, curtidas e amizades online).

Para caracterizá-lo, são levadoscasino sol verdeconta fatores como o sofrimento causadocasino sol verdeuma pessoa, a frequência dos abusos, cicloscasino sol verdeagressão e escalonamento da violência.

"Ele tira o poder social dessa mulher principalmente com pessoas que teriam condiçõescasino sol verdealertá-la. E isso pode acontecercasino sol verdeforma sutil, como comprando propositalmente uma casa lá do outro lado da cidade, ou falando que as amigas não prestam. As coisas vão se escalando e a última etapa,casino sol verdealguns casos, é o feminicídio, ou seja, quando essa mulher é morta."

Nas relações abusivas, segundo ela, há discrepância no podercasino sol verdeumcasino sol verderelação ao outro, ou seja, uma posiçãocasino sol verdedesigualdade. Esse tipocasino sol verderelacionamento segue alguns padrões e gera sentimentos recorrentes como dúvidas, confusão mental, ansiedade, insegurança e esperançacasino sol verdeque o parceiro mude e os abusos cessem.

Pollyanna Abreu

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'As mulheres que estãocasino sol verdecasa com agressores na pandemia estão encurraladas', diz a psicóloga e especialistacasino sol verderelacionamentos abusivos Pollyanna Abreu.

A psicóloga aponta que, nessas relações, o outro se torna o centro dacasino sol verdevida e seu comportamento é moldado com referência ao que ele esperacasino sol verdevocê. Aí, o resultado é que isso interfere nacasino sol verderelação com a família, amigos, trabalho e, principalmente, na forma com que você se enxerga.

Mas só há momentoscasino sol verdeagressão nesse tipocasino sol verderelacionamento? Não. "Mas até as partes que as pessoas costumam chamarcasino sol verdepartes boas pode ser uma compensação ou manipulação pós abuso. É uma promessacasino sol verdemudança que nunca vai vir, uma estratégia."

São três as fases presentes nessas relações, e uma delas é exatamente o que a especialista chamacasino sol verdeluacasino sol verdemel.

A primeira fase, segundo ela, é a tensão. "É quando a mulher vai cedendo: não corta o cabelo porque ele disse pra não cortar, troca a roupa que ele pediu, vai perdendo a identidade."

A segunda fase é a da crise. "É quando tem briga e mais escalonamento da violência, é quando ela é xingada ou sofre abuso físico ou sexual."

A terceira fase é a luacasino sol verdemel. "São conversas íntimas, sexo intenso, é quando ele promete que vai mudar."

Esse ciclo se repete, segundo Abreu, mas tem durações diferentescasino sol verdecada relação. "Uma mulher pode apanhar uma vez por ano e ao longo do resto do ano ele só a ameaça sutilmente. E uma outra mulher que não sofre violência física pode passar por todas essas etapascasino sol verdeum mesmo dia (no discurso)."

E tudo isso gera um combocasino sol verdemedo, culpa e vergonha, segundo a psicóloga.

Como saircasino sol verdeum relacionamento abusivo?

Abreu diz que é "quase impossível" saircasino sol verdeum relacionamento abusivo sem algum tipocasino sol verdeintervenção social: seja uma amiga, uma terapia ou uma vizinha que chamou a polícia.

"A mesma sociedade que cria solo fértil para um relacionamento abusivo é a que culpa essa mulher porque ela não consegue sair desse relacionamento. Falta ajuda desde o atendimento psicológico, passando por polícia e pela aplicação da lei."

Além disso, o abuso financeiro é um dos principais motivos para o alto númerocasino sol verdeviolência contra a mulher. Sem renda própria elas são manipuladas, humilhadas, controladas e até agredidas física e sexualmente. "Isso não quer dizer que mulheres independentes financeiramente também não entremcasino sol verderelacionamentos abusivos, mas a dependência financeira dificulta a saída desses relacionamentos."

O abuso financeiro pode começarcasino sol verdeforma sutil, com o parceiro tomando as decisões financeiras pela mulher, e chegar a situaçõescasino sol verdeque ele pega o cartãocasino sol verdecrédito, pergunta onde ela iria morar se eles se separassem, diz que ela não teria dinheiro para pagar um advogado.

Outro problema, segundo a psicóloga, é que desde crianças meninos e meninas aprendem que violência pode significar amor. "A gente aprende desde pequena que abuso é amor. O menininho batecasino sol verdevocê e algum adulto diz que ele bateucasino sol verdevocê porque ele gostacasino sol verdevocê. Você escuta isso desde pequena."

Então como ajudar uma amigacasino sol verderelacionamento abusivo?

Para situaçõescasino sol verdeemergência, como no momentocasino sol verdeque uma vizinha está sofrendo violência, a orientação é ligar para a polícia (190). Se for para denunciar casoscasino sol verdeviolência que não está ocorrendo naquele exato momento, a orientação é entrarcasino sol verdecontato com a Centralcasino sol verdeAtendimento à Mulhercasino sol verdeSituaçãocasino sol verdeViolência (Ligue 180), que é um serviço do governo federal, gratuito e que preserva o anonimato.

Além desses casos, a psicóloga diz que é importante oferecer ajuda para a vítima, perguntar como ela está, ajudá-la a entender o que ela está passando. Também é recomendado oferecer ajudas práticas: oferecer para ela dormir nacasino sol verdecasa ou ajudá-la no pagamentocasino sol verdeum advogado ou atendimento psicológico, se você puder.

"Essa mulher está culpada, isolada, com vergonhacasino sol verdepedir ajuda, sem dinheiro, e muitas vezes já teve ajuda negada."

O que não ninguém deve fazer, segundo Abreu, é colocar mais culpa nessa mulher, como perguntar o que ela fez para isso acontecer. Nem mesmo dizer para ela terminar o relacionamento na hora é recomendado,casino sol verdeacordo com a especialista.

"Não exija que essa mulher termine se ela não tiver forte o suficiente. Exigir o término vai ter efeito contrário: ela vai se sentir pouco acolhida, cobrada e retomar a relação ainda mais forte com o abusador porque não encontrou apoio fora da relação."

Mão segurando outra

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Essa mulher está culpada, isolada, com vergonhacasino sol verdepedir ajuda', diz Abreu sobre vítimascasino sol verderelações abusivas

Ela recomenda sugerir leituras e vídeos para que a vítima se informe sobre o tema, sugerir uma terapia e, sobretudo, não julgá-la.

"Não julgar, não cobrar, não pressionar, oferecer ajuda do coração e saber que quando a gente ajuda uma mulher nesse contexto pode ser que o tempo dela não tenha chegado ainda, mas saiba que você plantou uma sementinha e ela saberá que pode recorrer a você."

A experiênciacasino sol verdeAbreu com atendimentos nessa área aponta, segundo ela, que esse apoio continuado normalmente vemcasino sol verdeamigas ou familiares mais próximas. Quando é um casocasino sol verdeemergência, normalmente a intervenção é feita por uma vizinha ou vizinho.

O fimcasino sol verdeum relacionamento abusivo

"O términocasino sol verdeum relacionamento abusivo é muito diferente do fimcasino sol verdeum relacionamento saudável. 70% das mulheres que morremcasino sol verdecasoscasino sol verdeviolência doméstica morrem no término, que é o momento que esse abusador sente que já não tem mais nada a perder."

"O término é o maior 'não' que esse abusador recebeu dessa mulher na vida. O que acontece depois é um showcasino sol verdehorrores. Ele vai no ponto fraco dela: pode dizer que agora vai fazer terapia, que agora aceita ter filho, ou se o sonho dela é se mudar, ele vai dizer que vai se mudar. Ou pode ficar ainda mais agressivo e mais manipulador."

É por isso que ela diz não aconselhar um término presencial.

"E sugerimos contato zero com o ex para quem não tem filhos, e um contato mínimo para as que são mães. É assim que essa mulher consegue se proteger e iniciar um processocasino sol verdefortalecimento".

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