O tabu das mulheres estupradas por seus maridos: 'Ele queria repetir o que via nos filmes pornôs':australian online casino paypal

Ilustração mostrando mulher na cama com um homem ao seu lado a tocando enquanto ela dorme

Crédito, Daniel Arce-Lopez

Legenda da foto, 'Casamento não é carta branca para qualquer ato sexual', diz Silvia Chakian

O estupro por um parceiro íntimo é um tipoaustralian online casino paypalviolência subnotificado, ou seja, que acontece muito mais do que é reportado, segundo a promotora Silvia Chakian, da Promotoria Especializadaaustralian online casino paypalEnfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do Ministério Públicoaustralian online casino paypalSão Paulo.

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“Apesaraustralian online casino paypaltermos evoluído muito nos últimos anos, ampliando a conscientização sobre direitos, muitas mulheres não conseguem sequer entender que o sexo não consentido no casamento é um crimeaustralian online casino paypalestupro”, diz Chakian.

Ingrid Santa Rita disse que não queria aceitar e “não queria usar a palavra estupro”. Em um vídeo no Instagram, ela contou que acordou diversas vezes durante a noite com o marido praticando atos sexuais com ela.

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Inicialmente, Marçal pediu desculpas publicamente à ex-mulher por “problemas sexuais”, mas depois publicou uma nota negando que tenha cometido qualquer crime ou praticado qualquer dos atos dos quaisaustralian online casino paypalex-mulher o acusou. "São acusações seríssimas, sem cabimento algum. E eu posso provar isso", disse ele.

A reportagem tentou contato com a defesaaustralian online casino paypalMarçal e não teve sucesso. O caso está sendo investigado pela Delegaciaaustralian online casino paypalDefesa da Mulher (DDM)australian online casino paypalOsasco, segundo a Secretariaaustralian online casino paypalSegurança Públicaaustralian online casino paypalSão Paulo.

A BBC News Brasil ouviu oito mulheres que relataram ter sido vítimasaustralian online casino paypalestupro no casamento ou por um namorado.

Embora cada situação seja muito diferente uma da outra e as mulheres tenham diferentes idades, profissões e classes sociais, todas relataram algoaustralian online casino paypalcomum: demoraram para entender e aceitar que o que aconteceu com elas foi um estupro.

Para a pedagoga Camila*,australian online casino paypal43 anos, a percepção só veio depois do divórcio.

“Eu me casei com 18 anos, meu marido era seis anos mais velho e eu estava muito apaixonada. Os abusos começaramaustralian online casino paypalmaneira sutil, depois foram ficando mais intensos. Eu achava que o problema era comigo por negar [sexoaustralian online casino paypalcertos momentos ouaustralian online casino paypalcertas formas], que era minha obrigação, que eu estava exagerando e interpretando as coisasaustralian online casino paypalmaneira distorcida”, diz.

Fotografia colorida mostra casal negroaustralian online casino paypalfrente a uma ministra durante cerimônia

Crédito, Netflix

Legenda da foto, Ingrid e Leandro se casaram no programa Casamento às Cegas, da Netflix

O que configura um estupro no casamento?

Além das nuancesaustralian online casino paypalum relacionamento íntimo, a dificuldadeaustralian online casino paypalreconhecer situaçõesaustralian online casino paypalabuso também é resultado do tabu eaustralian online casino paypalséculosaustralian online casino paypaluma mentalidadeaustralian online casino paypalque a mulher é propriedade do marido,australian online casino paypalque o sexo é uma obrigação e não algo no qual ela também deve ter prazer, afirma Regina Célia, presidente do Instituto Maria da Penha, organização dedicada ao combate à violência contra a mulher.

Mas qualquer formaaustralian online casino paypalcontato sexual, físico ou verbal, com usoaustralian online casino paypal“manipulação, intimidação, coerção, força, chantagem, suborno, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule o limite da vontade pessoal” é considerado uma violência sexual, segundo a Política Nacionalaustralian online casino paypalEnfrentamento à Violência contra a Mulher.

E isso vale inclusive para situações com parceiros íntimos, que sejam maridos, namorados ou parceiros casuais, explica Célia.

“Não é porque você estáaustralian online casino paypalum relacionamento íntimo que o consentimento é automático e presente a todo momento”, diz Célia.

Casamento não significa chequeaustralian online casino paypalbranco para a práticaaustralian online casino paypalatos sexuais sem que haja consentimento, afirma Chakian.

“A pessoa deve estaraustralian online casino paypalcondiçõesaustralian online casino paypalconsentir livremente. Consentimento válido pressupõe temporariedade, podendo ser revogado a qualquer tempo.”

Ou seja, a mulher não tem a obrigaçãoaustralian online casino paypalcontinuar uma vez que o casal começou as preliminares, como beijos ou carícias. A violência sexual pode envolver forçar a penetração vaginal quando a mulher não está excitada, não está lubrificada ou está sentindo dores e incômodos.

Forçar que o sexo seja sem proteção ou retirar a camisinha durante o ato também é uma formaaustralian online casino paypalviolência sexual.

Além disso, “consentir com um ato sexual, por exemplo, o sexo vaginal, não significa autorização para todos os demais”, explica Chakian.

Célia conta que muitos casos atendidos no Instituto Maria da Penha sãoaustralian online casino paypalparceiros forçando práticas sexuais que as mulheres não gostam.

Isso pode envolver sexo anal, sexo oral, enforcamento, tapas e outras formasaustralian online casino paypalviolência, como forçar posições, obrigar a mulher a assistir filmes pornográficos sem que ela tenha o desejo ou interesse, ou qualquer prática com a qual a mulher não tenha concordado ou tenha cedido a intimidação, manipulação ou ameaça.

“A gente ouve casosaustralian online casino paypalque o homem diz: você não precisa nem mexer, fica quietinha que eu faço tudo. Há casosaustralian online casino paypalhomens que forçam o sexo e ainda depois mandam a mulher cozinhar, ou fazer alguma outra tarefa. Elas se sentem humilhadas, desrespeitadas, mas não entendem que é um abuso sexual. Que é algo que elas poderiam denunciar”, afirma Célia.

Segundo a presidente do Instituto Maria da Penha, muitas vezes as mulheres cedem à pressão porque, se não cederem, a violência será ainda maior. Ou seja,australian online casino paypalcasos onde há violência doméstica, não permitir um avanço sexual muitas vezes é o gatilho para que a mulher seja agredida fisicamente. Por isso, segundo ela, muitas acabam “concordando” para não ser vítimaaustralian online casino paypalainda mais violência.

Esse consentimento dado sob intimidação não é válido, diz Chakian, e o ato sexual pode ser considerado um estupro.

“O consentimento precisa ser livreaustralian online casino paypalqualquer tipoaustralian online casino paypalcoação, ameaça, temor ou fraude.”

Mulher jovem sozinha chorando

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Depoisaustralian online casino paypalforçar a penetração, ele virou para o lado e dormiu. Eu fiquei com acordada, com dor, triste e confusa', conta Emília (fotoaustralian online casino paypalbancoaustralian online casino paypalimagens)

'Ele era outra pessoa quando bebia'

Dora*, hoje com 63 anos, conta que foi vítimaaustralian online casino paypalviolência doméstica durante boa parte dos seus 38 anosaustralian online casino paypalcasamento e que incontáveis vezes cedeu aos avanços sexuais do marido por medoaustralian online casino paypalapanhar.

Alcoólatra, o marido batia nela quando bebia - então era nessas situações que ela não negava o sexo por medo.

“Muitas vezes quando começava (o ato sexual) já bêbado, ele nem conseguia terminar. Ele mal tocavaaustralian online casino paypalmim e já desmaiava. Então eu não negava, porque sabia que ele não faria muita coisa e isso era melhor do que apanhar”, diz ela, que conta que o marido era “trabalhador” e sabia ser “amoroso e dedicado”, o que a deixava muito confusa e esperançosaaustralian online casino paypalque as coisas fossem mudar.

“Eu achava que não era ele, era a bebida, e ele sempre prometia parar. Mas nunca parou”, conta Dora, que ficou viúva aos 55 anos.

Ela diz que sentiu prazer no sexo pouquíssimas vezes ao longoaustralian online casino paypalseus 38 anosaustralian online casino paypalcasamento.

Conta que não recebeu nenhuma educação sexual antes do casamento, então acreditava que era normal a mulher ter dor e achava que eraaustralian online casino paypalobrigação satisfazer o marido.

Só entendeu que foi vítimaaustralian online casino paypalabuso após a morte do marido, com ajudaaustralian online casino paypaluma das filhas.

“Eu amava meu pai, mas nunca perdoei o que ele fez com a minha mãe”, diz Laura*, filhaaustralian online casino paypalDora. “Ele nunca encostouaustralian online casino paypalmim, mas eu vivia com medoaustralian online casino paypalum dia chegaraustralian online casino paypalcasa e encontrar minha mãe morta”, diz ela, que se emociona com o relato. “Sei que parece horrível, mas quando ele morreu, foi a melhor coisa que aconteceu pra ela (a mãe)”.

'Ele era meu príncipe encantado'

Nem sempre o estupro dentro do casamento aconteceaustralian online casino paypalum contexto onde há violência doméstica físicaaustralian online casino paypalmaneira mais ampla.

Das oito mulheres entrevistadas pela BBC News Brasil, duas relataram sofrer violência física fora do contexto sexual, e as outras seis relataram sofrer violência psicológica.

No caso da pedagoga Camila, não houve violência física fora do contexto sexual, e o abuso começouaustralian online casino paypalmaneira sutil.

“Eu sempre tive dores com a penetração. No começo do casamento, como eu estava muito apaixonada, a lubrificação acontecia e eu ignorava as dores. Eu achava que o problema era comigo, eu tentava contornar. Mas quando nosso casamento se deteriorou e isso se tornou uma obrigação, eu comecei a negar quando não estava afim”, conta ela.

“No início ele bufava, virava o olho, fazia caraaustralian online casino paypalchateado, ficava uma situação desconfortável entre a gente... 'Poxa, já passou uma semana', então eu me forçava a tentar. Depois ele começou a manipulação mais intensa, dizia que eu seria responsável por ele querer ficar com outras mulheres, dizia que muitos homens procuravam fora do casamento. Quando eu não estava afimaustralian online casino paypalpenetração, eu oferecia outras formasaustralian online casino paypaltrocaaustralian online casino paypalprazer, mas penetração era a única que ele queria. Então, eu cedia.”

Camila conta que o marido muitas vezes percebia que ela estava com muita dor e,australian online casino paypalvezaustralian online casino paypalparar o ato, perguntava: “Posso terminar?”.

“Chegamos no ponto absurdoaustralian online casino paypalusar gel anestésico — ele era médico e tinha acesso a medicamentosaustralian online casino paypalforma ilimitada — porque a penetração doía. Assim eu não sentia nada, e ele se satisfazia da forma que queria”, conta ela.

Havia também relações não consentidas quando ela bebia. “No dia seguinte, eu acordava com dor e perguntava: 'nossa, mas a gente transou'? Ele dizia que sim, mas que eu quis, que eu estava afim. Até que eu pedi expressamente para ele não fazer sexo comigo quando eu tivesse bebido”, conta Camila.

Ela diz que no início nenhum dos dois queria ter filhos, mas quando o marido mudouaustralian online casino paypalideia, parte do abuso acontecia na tentativaaustralian online casino paypalforçar uma gravidez.

“Ele retirava a camisinha sem consentimento e usava outros produtosaustralian online casino paypalvezaustralian online casino paypallubrificantes, possivelmente na tentativaaustralian online casino paypalcomprometer a integridade da camisinha e forçar uma gravidez. Eu só percebia depois, porque ficava com alergias, com coceira e inflamação”, conta Camila.

O impacto psicológicoaustralian online casino paypaltodo o abuso acompanhou Camila durante a vida.

“Fomos casados por 20 anos. Era muito difícil para mim, muito confuso, porque eu o verenerava. Era meu príncipe encantado. Mesmo com toda minha formação,australian online casino paypalnenhum momento pensei ‘não é minha obrigação’.”

Por ser educadora e atuar no combate à violência sexual, foi mais difícil ainda aceitar que foi vítimaaustralian online casino paypalestupros, afirma Camila.

“Eu achava que, porque trabalho na área, isso jamais aconteceria comigo, que eu notaria, que conseguiria identificar as situações abusivas. Mas eu só entendiaustralian online casino paypalfato depoisaustralian online casino paypalmuito tempo, depois do divórcio”, conta.

“Como pode uma feminista, cujo trabalho é prevenir violência sexual, passar por isso? A relaçãoaustralian online casino paypalafeto, confiança, a históriaaustralian online casino paypalanosaustralian online casino paypalcasamento e a dependência emocional nos colocamaustralian online casino paypalum lugar mais afastado da razão.”

'Não pretendo terminar'

Entre as mulheres ouvidas pela BBC News Brasil, uma ainda mantém o namoro - e diz que não pretende terminar.

Emília*,australian online casino paypal24 anos, conta que ela e o namorado se conheciam desde a infância e começaram a namorar quando ela tinha 18 anos.

O abuso aconteceu com apenas um anoaustralian online casino paypalrelacionamento. Quando elaaustralian online casino paypalfato entendeu o que aconteceu, o namorado já havia mudado completamente, conta. Na épocaaustralian online casino paypalque o estupro aconteceu, ele era viciadoaustralian online casino paypalcocaína e usava com muita frequência, segundo ela.

“No diaaustralian online casino paypalque aconteceu, estávamos na casa da minha mãe, que não estavaaustralian online casino paypalcasa. Como eu só tinha camaaustralian online casino paypalsolteiro, eu e meu namorado dormíamos na sala,australian online casino paypalum colchão no chão. Tínhamos cuidado, porque meu irmão estavaaustralian online casino paypalcasa, então geralmente esperávamos para fazer sexo até termos certezaaustralian online casino paypalque ele estava dormindoaustralian online casino paypalseu quarto”, relata a jovem.

“Naquela noite, quando ele chegou, percebi que ele não era ele mesmo e fiquei chateada. Ele chegou já beijando e querendo mais, e eu queria esperar, jantar, meu irmão ainda estava acordado. Então jantamos e deitamos para dormir, mas eu não estava com vontadeaustralian online casino paypalsexo, nem estava lubrificada”, conta ela.

Mas o namorado continuou as carícias e continuou tentando penetrá-la, mesmo com a jovem dizendo que queria parar, que estava incômodo.

“Foi difícil. Me machucou bastante. A certa altura, ele nem chegou ao orgasmo, apenas virou para o lado e dormiu. E fiquei com dor, triste, confusa.”

Emília conta que isso aconteceu apenas naquela vez e que demorou muito para entender que se tratouaustralian online casino paypalum estupro.

“Eu era muito jovem e ingênua... Mas quando percebi, nosso relacionamento já havia mudado, ele estava mais maduro, havia paradoaustralian online casino paypalusar drogas... E eu ainda o amava, ele é uma boa pessoa.”

Emília diz que nunca falou com o namorado sobre o assunto. “Sei que se ele percebesse o que aconteceu ficaria arrasado, se sentiria muito mal com isso. Isso não muda o que aconteceu e como isso me afetou e me machucou. Mas eu não quero terminar. Eu o amo, temos muitos planos juntos”, diz ela.

Emília conta que nunca havia conversado com ninguém sobre o assunto até falar com a reportagem.

“Não falo sobre isso, é muito confuso para mim, saber que o que ele fez foi um crime, mas amá-lo”, diz ela.

“É difícil lidar com isso, mas não termino porque foi uma vez só e ainda acho que nosso relacionamento é mais que isso. Mas me questiono: devo fazer diferente? Hoje, me sinto respeitada, me sinto amada, isso nunca mais aconteceu... Mas nada disso desculpa seus atos. Então, é difícil e confuso para mim.”

'Ele é pai dos meus filhos'

Mesmoaustralian online casino paypalcasosaustralian online casino paypalque a mulher sai do relacionamento, a denúncia desse tipoaustralian online casino paypalcrime é muito menos comum do que a quantidadeaustralian online casino paypalcasos que acontecem, afirma Silvia Chakian.

Além da dificuldade para as mulheresaustralian online casino paypalperceberem ou aceitarem que foram estupradas por um parceiro, existem todas as dificuldadesaustralian online casino paypaldenunciar o crimeaustralian online casino paypaluma sociedade machista e patriarcal, explica Regina Célia.

“Muitas têm medo atéaustralian online casino paypalfalarem com amigos e familiares,australian online casino paypalnão serem acolhidas,australian online casino paypalnão acreditarem nelas”, conta.

Nenhuma das oito mulheres ouvidas pela BBC News Brasil denunciou os abusos sofridos, por diferentes motivos.

A decoradora Thaís*,australian online casino paypal42 anos, tem dois filhos com o ex-marido e diz que, embora deseje vê-lo responsabilizado pela forma como a tratou, não deseja que as crianças vejam o pai na cadeia.

Além disso, ele sempre foi visto como um modelo pela família e pelo círculo socialaustralian online casino paypalambos. “Nem mesmo minha família acreditaria que ele faria uma coisa assim”, diz Thais.

“Ainda nos vemos por causa das crianças, eu nunca o denunciaria. Mesmo que as pessoas acreditassem ou se eu pudesse provar para a polícia ou algo assim, eu não não quero arruinar a vida dele por causa das crianças. Ele ainda é o pai, e um bom pai. Mas dói pensar nisso”, conta ela.

Thais conta que o marido a respeitava, era amoroso e gentil. Então, quando o estupro começou, foi muito difícil aceitar que o que estava acontecendo era um abuso.

“Desde o primeiro ano do relacionamento, antes do casamento, percebi que ele gostava muitoaustralian online casino paypalpornografia e havia sido educado sexualmente basicamente por meio da pornografia”, relata.

“As coisas que ele queria fazer não eram coisas que me agradavam, mas para algumas eu estava disposta a tentar, porque no final ele sempre acabava me agradando do jeito que eu gostava. E ele respeitava quando eu dizia não.”

A situação mudou quando o casamento começou a ter outros problemas.

“A nossa relação esfriou. Estávamos com problemasaustralian online casino paypaldinheiro, minha autoestima estava baixa porque eu tinha sido demitida, eu não tinha vontadeaustralian online casino paypalfazer sexo”, diz Thais. "Mas ele continuava querendo repetir o que via nos vídeos pornôs que gostavaaustralian online casino paypalassistir."

No início, o marido pareceu respeitar a diminuição da libido.

“Mas eu acordei um dia com ele se masturbando e me tocando enquanto eu dormia. Eu o confrontei e ele pediu desculpas, mas, ao mesmo tempo, disse que tinha necessidades e que ‘não queria me trair porque me amava’”, conta a decoradora.

“Brigamos naquele dia, mas ele se desculpou novamente. Mas aquilo aconteceuaustralian online casino paypalnovo, acordei com ele me penetrando com um brinquedo sexual. E, então, aconteceuaustralian online casino paypalnovo eaustralian online casino paypalnovo", diz Thais.

"Muitas das vezes que eu acordei, ele estava tentando coisas que sabia que eu iria negar se estivesse acordada", conta.

Thais diz que o marido sempre parava quando ela acordava e pedia para ele não continuar, e que ele nunca forçava com violência.

"Então eu não queria pensar nisso como estupro. No fundo, eu me culpava, porque sentia que isso estava acontecendo porque eu estava negando”, diz Thais.

Ela diz que só percebeu que as situações foramaustralian online casino paypalfato um estupro depois que o casal se divorciou.

“Tenho vergonhaaustralian online casino paypaldizer que isso não foi motivo. Eu ignorei isso, deixei passar e nunca disse nada publicamente — apenas meu terapeuta e alguns amigos sabem disso agora.”

Não existe 'débito conjugal'

Chakian explica que, dentro do próprio direito penal, parte da doutrina criminal não reconhecia a possibilidadeaustralian online casino paypalum estupro marital, ou seja, um estupro praticado por um cônjuge.

“Temos dificuldades que decorremaustralian online casino paypalum legado discriminatório, que por séculos sedimentou essa ideiaaustralian online casino paypalmarido com ‘direitoaustralian online casino paypalposse sexual’ sobre a esposa", afirma a promotora.

"Havia parte da doutrina que via o estupro marital como 'impossível',australian online casino paypaluma visãoaustralian online casino paypalque a esposa tinha o deveraustralian online casino paypalservir sexualmente o marido, um 'débito conjugal'".

Apenasaustralian online casino paypal2005, explica, essa ideia foi definitivamente enterrada. Naquele ano, entrouaustralian online casino paypalvigor uma legislação prevendo aumentoaustralian online casino paypalpena para crimes sexuais praticados por cônjuge ou companheiro da vítima.

Isso eliminou completamente qualquer possibilidadeaustralian online casino paypaladvogados, delegados ou juízes interpretarem que existe um “débito conjugal” assumido pela esposa ao casar, afirma Chakian.

Mas ainda permanecem dificuldades, como aaustralian online casino paypalse comprovar uma violência que aconteceu entre quatro paredes.

“Atosaustralian online casino paypalviolência praticada no âmbito das relações afetivas/casamento, ocorrem longe do olharaustralian online casino paypaltestemunhas. E também é rara a contribuiçãoaustralian online casino paypalprovas periciais, porque geralmente o autor não nega ter mantido relação com a vítima, mas alega consensualidade”, explica a promotora.

Mesmo assim, a palavra da vítima é suficiente para dar início a uma investigação desde que seja plausível, coerente, “sem aspectos que a desabonem”, diz Chakian.

Além disso, apesaraustralian online casino paypalser difícil a contribuiçãoaustralian online casino paypaltestemunhas diretas da violência, muitas vezes é possível que a palavra da vítima seja corroborada por testemunhas indiretas.

Ou seja, familiares, amigos ou qualquer pessoa queaustralian online casino paypalalguma forma saiba do que aconteceu com a vítima, porque ela contou, ou que tenha acompanhadoaustralian online casino paypalbusca por ajuda.

Mesmo que não tenha o desejoaustralian online casino paypaldenunciar o companheiro ou ex-parceiro, mulheres que sofrem ou sofreram violência sexualaustralian online casino paypalseus relacionamentos — quer haja ou não outras formasaustralian online casino paypalviolência doméstica — podem procurar ajuda.

“É importante procurar ajuda mesmo que a mulher não queira ou não possa sair daquele relacionamento naquele momento”, diz Regina Célia. “Com ajuda, essa mulher pode se fortalecer.”

*Os nomes foram alterados para proteger a identidade das entrevistadas.

australian online casino paypal Caso você tenha passado ou conheça alguém que tenha sofrido ou esteja sofrendo violência sexual:

australian online casino paypal Ligue 180

  • O canal recebe denúnciasaustralian online casino paypalviolações contra as mulheres; orienta mulheresaustralian online casino paypalsituaçãoaustralian online casino paypalviolência, direcionando-as para os serviços especializados da redeaustralian online casino paypalatendimento e informa sobre os direitos da mulher e a legislação vigente sobre o tema.
  • O número funciona diariamente durante 24h, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é gratuita e anônima.

australian online casino paypal Outros locais onde procurar ajuda:

  • Centrosaustralian online casino paypalReferênciaaustralian online casino paypalAtendimento à Mulher nos Estados
  • Delegacias Especializadasaustralian online casino paypalAtendimento à Mulher (DEAMs)
  • Delegaciasaustralian online casino paypalDefesa da Mulher (DDMs)
  • Juizadosaustralian online casino paypalViolência Doméstica e Familiar contra a Mulher
  • Promotorias Especializadas/Núcleosaustralian online casino paypalGênero do Ministério Público
  • Núcleos Especializados no Acolhimento e Atendimento às Mulheres Vítimasaustralian online casino paypalViolência das Defensorias Públicas
  • Patrulhas/Rondas Maria da Penha
  • Casas-Abrigo e as Casas da Mulher Brasileira