O tabu das mulheres estupradas por seus maridos: 'Ele queria repetir o que via nos filmes pornôs':luva bet suporte

Ilustração mostrando mulher na cama com um homem ao seu lado a tocando enquanto ela dorme

Crédito, Daniel Arce-Lopez

Legenda da foto, 'Casamento não é carta branca para qualquer ato sexual', diz Silvia Chakian

O estupro por um parceiro íntimo é um tipoluva bet suporteviolência subnotificado, ou seja, que acontece muito mais do que é reportado, segundo a promotora Silvia Chakian, da Promotoria Especializadaluva bet suporteEnfrentamento à Violência Doméstica e Familiar do Ministério Públicoluva bet suporteSão Paulo.

Pule Matérias recomendadas e continue lendo
Matérias recomendadas
luva bet suporte de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

uma palavra romana arcaica, mas acabou sendo popularizada na ficção com Drácula luva bet suporte Bram

Stoker e o filme titular. Nosferatu - 🍉 Significado do Nome do Bebê, Origem e

xão com a história luva bet suporte José, como o lugar luva bet suporte {k0} que os filhos luva bet suporte Jacó (Israel) haviam

ovido suas ovelhas 🤑 e, por sugestão luva bet suporte Judá, os irmãos venderam José aos comerciantes

apostar na betway

Verify through your PayPal account.\n\n If you receive an email that says that you've received a PayPal payment, take a moment to log in to your PayPal account before you ship any merchandise. Make sure that money has actually been transferred, and that it isn't just a scam. Remember not to follow email links.
You can view your transaction history on your Activity page. You'll see the recipient, payment date and payment amount. Select the payment to see further details. You can also print your statements by selecting Statements in the top right corner of your Activity page.

Fim do Matérias recomendadas

“Apesarluva bet suportetermos evoluído muito nos últimos anos, ampliando a conscientização sobre direitos, muitas mulheres não conseguem sequer entender que o sexo não consentido no casamento é um crimeluva bet suporteestupro”, diz Chakian.

Ingrid Santa Rita disse que não queria aceitar e “não queria usar a palavra estupro”. Em um vídeo no Instagram, ela contou que acordou diversas vezes durante a noite com o marido praticando atos sexuais com ela.

Pule Que História! e continue lendo
Que História!

A 3ª temporada com histórias reais incríveis

Episódios

Fim do Que História!

Inicialmente, Marçal pediu desculpas publicamente à ex-mulher por “problemas sexuais”, mas depois publicou uma nota negando que tenha cometido qualquer crime ou praticado qualquer dos atos dos quaisluva bet suporteex-mulher o acusou. "São acusações seríssimas, sem cabimento algum. E eu posso provar isso", disse ele.

A reportagem tentou contato com a defesaluva bet suporteMarçal e não teve sucesso. O caso está sendo investigado pela Delegacialuva bet suporteDefesa da Mulher (DDM)luva bet suporteOsasco, segundo a Secretarialuva bet suporteSegurança Públicaluva bet suporteSão Paulo.

A BBC News Brasil ouviu oito mulheres que relataram ter sido vítimasluva bet suporteestupro no casamento ou por um namorado.

Embora cada situação seja muito diferente uma da outra e as mulheres tenham diferentes idades, profissões e classes sociais, todas relataram algoluva bet suportecomum: demoraram para entender e aceitar que o que aconteceu com elas foi um estupro.

Para a pedagoga Camila*,luva bet suporte43 anos, a percepção só veio depois do divórcio.

“Eu me casei com 18 anos, meu marido era seis anos mais velho e eu estava muito apaixonada. Os abusos começaramluva bet suportemaneira sutil, depois foram ficando mais intensos. Eu achava que o problema era comigo por negar [sexoluva bet suportecertos momentos ouluva bet suportecertas formas], que era minha obrigação, que eu estava exagerando e interpretando as coisasluva bet suportemaneira distorcida”, diz.

Fotografia colorida mostra casal negroluva bet suportefrente a uma ministra durante cerimônia

Crédito, Netflix

Legenda da foto, Ingrid e Leandro se casaram no programa Casamento às Cegas, da Netflix

O que configura um estupro no casamento?

Além das nuancesluva bet suporteum relacionamento íntimo, a dificuldadeluva bet suportereconhecer situaçõesluva bet suporteabuso também é resultado do tabu eluva bet suporteséculosluva bet suporteuma mentalidadeluva bet suporteque a mulher é propriedade do marido,luva bet suporteque o sexo é uma obrigação e não algo no qual ela também deve ter prazer, afirma Regina Célia, presidente do Instituto Maria da Penha, organização dedicada ao combate à violência contra a mulher.

Mas qualquer formaluva bet suportecontato sexual, físico ou verbal, com usoluva bet suporte“manipulação, intimidação, coerção, força, chantagem, suborno, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule o limite da vontade pessoal” é considerado uma violência sexual, segundo a Política Nacionalluva bet suporteEnfrentamento à Violência contra a Mulher.

E isso vale inclusive para situações com parceiros íntimos, que sejam maridos, namorados ou parceiros casuais, explica Célia.

“Não é porque você estáluva bet suporteum relacionamento íntimo que o consentimento é automático e presente a todo momento”, diz Célia.

Casamento não significa chequeluva bet suportebranco para a práticaluva bet suporteatos sexuais sem que haja consentimento, afirma Chakian.

“A pessoa deve estarluva bet suportecondiçõesluva bet suporteconsentir livremente. Consentimento válido pressupõe temporariedade, podendo ser revogado a qualquer tempo.”

Ou seja, a mulher não tem a obrigaçãoluva bet suportecontinuar uma vez que o casal começou as preliminares, como beijos ou carícias. A violência sexual pode envolver forçar a penetração vaginal quando a mulher não está excitada, não está lubrificada ou está sentindo dores e incômodos.

Forçar que o sexo seja sem proteção ou retirar a camisinha durante o ato também é uma formaluva bet suporteviolência sexual.

Além disso, “consentir com um ato sexual, por exemplo, o sexo vaginal, não significa autorização para todos os demais”, explica Chakian.

Célia conta que muitos casos atendidos no Instituto Maria da Penha sãoluva bet suporteparceiros forçando práticas sexuais que as mulheres não gostam.

Isso pode envolver sexo anal, sexo oral, enforcamento, tapas e outras formasluva bet suporteviolência, como forçar posições, obrigar a mulher a assistir filmes pornográficos sem que ela tenha o desejo ou interesse, ou qualquer prática com a qual a mulher não tenha concordado ou tenha cedido a intimidação, manipulação ou ameaça.

“A gente ouve casosluva bet suporteque o homem diz: você não precisa nem mexer, fica quietinha que eu faço tudo. Há casosluva bet suportehomens que forçam o sexo e ainda depois mandam a mulher cozinhar, ou fazer alguma outra tarefa. Elas se sentem humilhadas, desrespeitadas, mas não entendem que é um abuso sexual. Que é algo que elas poderiam denunciar”, afirma Célia.

Segundo a presidente do Instituto Maria da Penha, muitas vezes as mulheres cedem à pressão porque, se não cederem, a violência será ainda maior. Ou seja,luva bet suportecasos onde há violência doméstica, não permitir um avanço sexual muitas vezes é o gatilho para que a mulher seja agredida fisicamente. Por isso, segundo ela, muitas acabam “concordando” para não ser vítimaluva bet suporteainda mais violência.

Esse consentimento dado sob intimidação não é válido, diz Chakian, e o ato sexual pode ser considerado um estupro.

“O consentimento precisa ser livreluva bet suportequalquer tipoluva bet suportecoação, ameaça, temor ou fraude.”

Mulher jovem sozinha chorando

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Depoisluva bet suporteforçar a penetração, ele virou para o lado e dormiu. Eu fiquei com acordada, com dor, triste e confusa', conta Emília (fotoluva bet suportebancoluva bet suporteimagens)

'Ele era outra pessoa quando bebia'

Dora*, hoje com 63 anos, conta que foi vítimaluva bet suporteviolência doméstica durante boa parte dos seus 38 anosluva bet suportecasamento e que incontáveis vezes cedeu aos avanços sexuais do marido por medoluva bet suporteapanhar.

Alcoólatra, o marido batia nela quando bebia - então era nessas situações que ela não negava o sexo por medo.

“Muitas vezes quando começava (o ato sexual) já bêbado, ele nem conseguia terminar. Ele mal tocavaluva bet suportemim e já desmaiava. Então eu não negava, porque sabia que ele não faria muita coisa e isso era melhor do que apanhar”, diz ela, que conta que o marido era “trabalhador” e sabia ser “amoroso e dedicado”, o que a deixava muito confusa e esperançosaluva bet suporteque as coisas fossem mudar.

“Eu achava que não era ele, era a bebida, e ele sempre prometia parar. Mas nunca parou”, conta Dora, que ficou viúva aos 55 anos.

Ela diz que sentiu prazer no sexo pouquíssimas vezes ao longoluva bet suporteseus 38 anosluva bet suportecasamento.

Conta que não recebeu nenhuma educação sexual antes do casamento, então acreditava que era normal a mulher ter dor e achava que eraluva bet suporteobrigação satisfazer o marido.

Só entendeu que foi vítimaluva bet suporteabuso após a morte do marido, com ajudaluva bet suporteuma das filhas.

“Eu amava meu pai, mas nunca perdoei o que ele fez com a minha mãe”, diz Laura*, filhaluva bet suporteDora. “Ele nunca encostouluva bet suportemim, mas eu vivia com medoluva bet suporteum dia chegarluva bet suportecasa e encontrar minha mãe morta”, diz ela, que se emociona com o relato. “Sei que parece horrível, mas quando ele morreu, foi a melhor coisa que aconteceu pra ela (a mãe)”.

'Ele era meu príncipe encantado'

Nem sempre o estupro dentro do casamento aconteceluva bet suporteum contexto onde há violência doméstica físicaluva bet suportemaneira mais ampla.

Das oito mulheres entrevistadas pela BBC News Brasil, duas relataram sofrer violência física fora do contexto sexual, e as outras seis relataram sofrer violência psicológica.

No caso da pedagoga Camila, não houve violência física fora do contexto sexual, e o abuso começouluva bet suportemaneira sutil.

“Eu sempre tive dores com a penetração. No começo do casamento, como eu estava muito apaixonada, a lubrificação acontecia e eu ignorava as dores. Eu achava que o problema era comigo, eu tentava contornar. Mas quando nosso casamento se deteriorou e isso se tornou uma obrigação, eu comecei a negar quando não estava afim”, conta ela.

“No início ele bufava, virava o olho, fazia caraluva bet suportechateado, ficava uma situação desconfortável entre a gente... 'Poxa, já passou uma semana', então eu me forçava a tentar. Depois ele começou a manipulação mais intensa, dizia que eu seria responsável por ele querer ficar com outras mulheres, dizia que muitos homens procuravam fora do casamento. Quando eu não estava afimluva bet suportepenetração, eu oferecia outras formasluva bet suportetrocaluva bet suporteprazer, mas penetração era a única que ele queria. Então, eu cedia.”

Camila conta que o marido muitas vezes percebia que ela estava com muita dor e,luva bet suportevezluva bet suporteparar o ato, perguntava: “Posso terminar?”.

“Chegamos no ponto absurdoluva bet suporteusar gel anestésico — ele era médico e tinha acesso a medicamentosluva bet suporteforma ilimitada — porque a penetração doía. Assim eu não sentia nada, e ele se satisfazia da forma que queria”, conta ela.

Havia também relações não consentidas quando ela bebia. “No dia seguinte, eu acordava com dor e perguntava: 'nossa, mas a gente transou'? Ele dizia que sim, mas que eu quis, que eu estava afim. Até que eu pedi expressamente para ele não fazer sexo comigo quando eu tivesse bebido”, conta Camila.

Ela diz que no início nenhum dos dois queria ter filhos, mas quando o marido mudouluva bet suporteideia, parte do abuso acontecia na tentativaluva bet suporteforçar uma gravidez.

“Ele retirava a camisinha sem consentimento e usava outros produtosluva bet suportevezluva bet suportelubrificantes, possivelmente na tentativaluva bet suportecomprometer a integridade da camisinha e forçar uma gravidez. Eu só percebia depois, porque ficava com alergias, com coceira e inflamação”, conta Camila.

O impacto psicológicoluva bet suportetodo o abuso acompanhou Camila durante a vida.

“Fomos casados por 20 anos. Era muito difícil para mim, muito confuso, porque eu o verenerava. Era meu príncipe encantado. Mesmo com toda minha formação,luva bet suportenenhum momento pensei ‘não é minha obrigação’.”

Por ser educadora e atuar no combate à violência sexual, foi mais difícil ainda aceitar que foi vítimaluva bet suporteestupros, afirma Camila.

“Eu achava que, porque trabalho na área, isso jamais aconteceria comigo, que eu notaria, que conseguiria identificar as situações abusivas. Mas eu só entendiluva bet suportefato depoisluva bet suportemuito tempo, depois do divórcio”, conta.

“Como pode uma feminista, cujo trabalho é prevenir violência sexual, passar por isso? A relaçãoluva bet suporteafeto, confiança, a histórialuva bet suporteanosluva bet suportecasamento e a dependência emocional nos colocamluva bet suporteum lugar mais afastado da razão.”

'Não pretendo terminar'

Entre as mulheres ouvidas pela BBC News Brasil, uma ainda mantém o namoro - e diz que não pretende terminar.

Emília*,luva bet suporte24 anos, conta que ela e o namorado se conheciam desde a infância e começaram a namorar quando ela tinha 18 anos.

O abuso aconteceu com apenas um anoluva bet suporterelacionamento. Quando elaluva bet suportefato entendeu o que aconteceu, o namorado já havia mudado completamente, conta. Na épocaluva bet suporteque o estupro aconteceu, ele era viciadoluva bet suportecocaína e usava com muita frequência, segundo ela.

“No dialuva bet suporteque aconteceu, estávamos na casa da minha mãe, que não estavaluva bet suportecasa. Como eu só tinha camaluva bet suportesolteiro, eu e meu namorado dormíamos na sala,luva bet suporteum colchão no chão. Tínhamos cuidado, porque meu irmão estavaluva bet suportecasa, então geralmente esperávamos para fazer sexo até termos certezaluva bet suporteque ele estava dormindoluva bet suporteseu quarto”, relata a jovem.

“Naquela noite, quando ele chegou, percebi que ele não era ele mesmo e fiquei chateada. Ele chegou já beijando e querendo mais, e eu queria esperar, jantar, meu irmão ainda estava acordado. Então jantamos e deitamos para dormir, mas eu não estava com vontadeluva bet suportesexo, nem estava lubrificada”, conta ela.

Mas o namorado continuou as carícias e continuou tentando penetrá-la, mesmo com a jovem dizendo que queria parar, que estava incômodo.

“Foi difícil. Me machucou bastante. A certa altura, ele nem chegou ao orgasmo, apenas virou para o lado e dormiu. E fiquei com dor, triste, confusa.”

Emília conta que isso aconteceu apenas naquela vez e que demorou muito para entender que se tratouluva bet suporteum estupro.

“Eu era muito jovem e ingênua... Mas quando percebi, nosso relacionamento já havia mudado, ele estava mais maduro, havia paradoluva bet suporteusar drogas... E eu ainda o amava, ele é uma boa pessoa.”

Emília diz que nunca falou com o namorado sobre o assunto. “Sei que se ele percebesse o que aconteceu ficaria arrasado, se sentiria muito mal com isso. Isso não muda o que aconteceu e como isso me afetou e me machucou. Mas eu não quero terminar. Eu o amo, temos muitos planos juntos”, diz ela.

Emília conta que nunca havia conversado com ninguém sobre o assunto até falar com a reportagem.

“Não falo sobre isso, é muito confuso para mim, saber que o que ele fez foi um crime, mas amá-lo”, diz ela.

“É difícil lidar com isso, mas não termino porque foi uma vez só e ainda acho que nosso relacionamento é mais que isso. Mas me questiono: devo fazer diferente? Hoje, me sinto respeitada, me sinto amada, isso nunca mais aconteceu... Mas nada disso desculpa seus atos. Então, é difícil e confuso para mim.”

'Ele é pai dos meus filhos'

Mesmoluva bet suportecasosluva bet suporteque a mulher sai do relacionamento, a denúncia desse tipoluva bet suportecrime é muito menos comum do que a quantidadeluva bet suportecasos que acontecem, afirma Silvia Chakian.

Além da dificuldade para as mulheresluva bet suporteperceberem ou aceitarem que foram estupradas por um parceiro, existem todas as dificuldadesluva bet suportedenunciar o crimeluva bet suporteuma sociedade machista e patriarcal, explica Regina Célia.

“Muitas têm medo atéluva bet suportefalarem com amigos e familiares,luva bet suportenão serem acolhidas,luva bet suportenão acreditarem nelas”, conta.

Nenhuma das oito mulheres ouvidas pela BBC News Brasil denunciou os abusos sofridos, por diferentes motivos.

A decoradora Thaís*,luva bet suporte42 anos, tem dois filhos com o ex-marido e diz que, embora deseje vê-lo responsabilizado pela forma como a tratou, não deseja que as crianças vejam o pai na cadeia.

Além disso, ele sempre foi visto como um modelo pela família e pelo círculo socialluva bet suporteambos. “Nem mesmo minha família acreditaria que ele faria uma coisa assim”, diz Thais.

“Ainda nos vemos por causa das crianças, eu nunca o denunciaria. Mesmo que as pessoas acreditassem ou se eu pudesse provar para a polícia ou algo assim, eu não não quero arruinar a vida dele por causa das crianças. Ele ainda é o pai, e um bom pai. Mas dói pensar nisso”, conta ela.

Thais conta que o marido a respeitava, era amoroso e gentil. Então, quando o estupro começou, foi muito difícil aceitar que o que estava acontecendo era um abuso.

“Desde o primeiro ano do relacionamento, antes do casamento, percebi que ele gostava muitoluva bet suportepornografia e havia sido educado sexualmente basicamente por meio da pornografia”, relata.

“As coisas que ele queria fazer não eram coisas que me agradavam, mas para algumas eu estava disposta a tentar, porque no final ele sempre acabava me agradando do jeito que eu gostava. E ele respeitava quando eu dizia não.”

A situação mudou quando o casamento começou a ter outros problemas.

“A nossa relação esfriou. Estávamos com problemasluva bet suportedinheiro, minha autoestima estava baixa porque eu tinha sido demitida, eu não tinha vontadeluva bet suportefazer sexo”, diz Thais. "Mas ele continuava querendo repetir o que via nos vídeos pornôs que gostavaluva bet suporteassistir."

No início, o marido pareceu respeitar a diminuição da libido.

“Mas eu acordei um dia com ele se masturbando e me tocando enquanto eu dormia. Eu o confrontei e ele pediu desculpas, mas, ao mesmo tempo, disse que tinha necessidades e que ‘não queria me trair porque me amava’”, conta a decoradora.

“Brigamos naquele dia, mas ele se desculpou novamente. Mas aquilo aconteceuluva bet suportenovo, acordei com ele me penetrando com um brinquedo sexual. E, então, aconteceuluva bet suportenovo eluva bet suportenovo", diz Thais.

"Muitas das vezes que eu acordei, ele estava tentando coisas que sabia que eu iria negar se estivesse acordada", conta.

Thais diz que o marido sempre parava quando ela acordava e pedia para ele não continuar, e que ele nunca forçava com violência.

"Então eu não queria pensar nisso como estupro. No fundo, eu me culpava, porque sentia que isso estava acontecendo porque eu estava negando”, diz Thais.

Ela diz que só percebeu que as situações foramluva bet suportefato um estupro depois que o casal se divorciou.

“Tenho vergonhaluva bet suportedizer que isso não foi motivo. Eu ignorei isso, deixei passar e nunca disse nada publicamente — apenas meu terapeuta e alguns amigos sabem disso agora.”

Não existe 'débito conjugal'

Chakian explica que, dentro do próprio direito penal, parte da doutrina criminal não reconhecia a possibilidadeluva bet suporteum estupro marital, ou seja, um estupro praticado por um cônjuge.

“Temos dificuldades que decorremluva bet suporteum legado discriminatório, que por séculos sedimentou essa ideialuva bet suportemarido com ‘direitoluva bet suporteposse sexual’ sobre a esposa", afirma a promotora.

"Havia parte da doutrina que via o estupro marital como 'impossível',luva bet suporteuma visãoluva bet suporteque a esposa tinha o deverluva bet suporteservir sexualmente o marido, um 'débito conjugal'".

Apenasluva bet suporte2005, explica, essa ideia foi definitivamente enterrada. Naquele ano, entrouluva bet suportevigor uma legislação prevendo aumentoluva bet suportepena para crimes sexuais praticados por cônjuge ou companheiro da vítima.

Isso eliminou completamente qualquer possibilidadeluva bet suporteadvogados, delegados ou juízes interpretarem que existe um “débito conjugal” assumido pela esposa ao casar, afirma Chakian.

Mas ainda permanecem dificuldades, como aluva bet suportese comprovar uma violência que aconteceu entre quatro paredes.

“Atosluva bet suporteviolência praticada no âmbito das relações afetivas/casamento, ocorrem longe do olharluva bet suportetestemunhas. E também é rara a contribuiçãoluva bet suporteprovas periciais, porque geralmente o autor não nega ter mantido relação com a vítima, mas alega consensualidade”, explica a promotora.

Mesmo assim, a palavra da vítima é suficiente para dar início a uma investigação desde que seja plausível, coerente, “sem aspectos que a desabonem”, diz Chakian.

Além disso, apesarluva bet suporteser difícil a contribuiçãoluva bet suportetestemunhas diretas da violência, muitas vezes é possível que a palavra da vítima seja corroborada por testemunhas indiretas.

Ou seja, familiares, amigos ou qualquer pessoa queluva bet suportealguma forma saiba do que aconteceu com a vítima, porque ela contou, ou que tenha acompanhadoluva bet suportebusca por ajuda.

Mesmo que não tenha o desejoluva bet suportedenunciar o companheiro ou ex-parceiro, mulheres que sofrem ou sofreram violência sexualluva bet suporteseus relacionamentos — quer haja ou não outras formasluva bet suporteviolência doméstica — podem procurar ajuda.

“É importante procurar ajuda mesmo que a mulher não queira ou não possa sair daquele relacionamento naquele momento”, diz Regina Célia. “Com ajuda, essa mulher pode se fortalecer.”

*Os nomes foram alterados para proteger a identidade das entrevistadas.

luva bet suporte Caso você tenha passado ou conheça alguém que tenha sofrido ou esteja sofrendo violência sexual:

luva bet suporte Ligue 180

  • O canal recebe denúnciasluva bet suporteviolações contra as mulheres; orienta mulheresluva bet suportesituaçãoluva bet suporteviolência, direcionando-as para os serviços especializados da redeluva bet suporteatendimento e informa sobre os direitos da mulher e a legislação vigente sobre o tema.
  • O número funciona diariamente durante 24h, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é gratuita e anônima.

luva bet suporte Outros locais onde procurar ajuda:

  • Centrosluva bet suporteReferêncialuva bet suporteAtendimento à Mulher nos Estados
  • Delegacias Especializadasluva bet suporteAtendimento à Mulher (DEAMs)
  • Delegaciasluva bet suporteDefesa da Mulher (DDMs)
  • Juizadosluva bet suporteViolência Doméstica e Familiar contra a Mulher
  • Promotorias Especializadas/Núcleosluva bet suporteGênero do Ministério Público
  • Núcleos Especializados no Acolhimento e Atendimento às Mulheres Vítimasluva bet suporteViolência das Defensorias Públicas
  • Patrulhas/Rondas Maria da Penha
  • Casas-Abrigo e as Casas da Mulher Brasileira