Por que a Dinamarca armazena quase 10 mil cérebros:vbet turkey

Homem coloca caixavbet turkeyprateleira

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Martin Wirenfeldt Nielsen é responsável pela coleçãovbet turkeycérebros da Universidade do Sul da Dinamarca,vbet turkeyOdense

Alguns especialistas dizem que, ao longo dos anos, a coleção facilitou o estudovbet turkeymuitas doenças, incluindo demência e depressão. Masvbet turkeyexistência também trouxe à tona o debate sobre o estigma da doença mental e a faltavbet turkeydireitos dos pacientesvbet turkeyépocas passadas.

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Em detalhes

A coleção começouvbet turkey1945, após a Segunda Guerra Mundial, com cérebros removidosvbet turkeypacientes com transtornos mentais que morreramvbet turkeyinstituições psiquiátricasvbet turkeydiferentes partes da Dinamarca.

Originalmente, os órgãos eram mantidos no Hospital Psiquiátrico Risskovvbet turkeyAarhaus, onde funcionava o Institutovbet turkeyPatologia Cerebral.

Após as autópsias, os médicos removiam o órgão antesvbet turkeyenterrar o cadávervbet turkeycemitérios próximos. Eles examinavam o cérebro faziam anotações detalhadas.

"Todos esses cérebros estão muito bem documentados", disse Martin Wirenfeldt Nielsen, patologista e atual diretor da coleçãovbet turkeycérebros da Universidade do Sul da Dinamarca,vbet turkeyOdense, à BBC News Mundo, serviçovbet turkeynotíciasvbet turkeyespanhol da BBC.

"Sabemos quem eram os pacientes, onde nasceram e quando morreram. Também temos seus diagnósticos e relatóriosvbet turkeyexames neuropatológicos (post mortem)", explica Nielsen.

Túmulosvbet turkeyum cemitério

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Os pacientes foram enterradosvbet turkeycemitérios próximos aos hospitais onde estavam internados e seus túmulos foram marcados

Muitos dos pacientes estiveramvbet turkeyhospitais psiquiátricos durante grande partevbet turkeysuas vidas. Assim, além dos relatórios detalhados do patologista, os cientistas têm também o histórico médicovbet turkeyquase metade dos pacientes.

"Temos muitos metadados. Podemos documentar muito do trabalho que os médicos fizeram no paciente naquela época, alémvbet turkeytermos o cérebro agora", diz Nielsen.

O arquivamentovbet turkeycérebros parouvbet turkey1982, quando a Universidadevbet turkeyAarhaus se mudou para um novo prédio e não havia orçamento para abrigar a coleção. Em estadovbet turkeyabandono, chegou-se a cogitar a destruiçãovbet turkeytodo o material biológico. Masvbet turkeyuma "operaçãovbet turkeyresgate", a Universidade do Sul da Dinamarca,vbet turkeyOdense, concordouvbet turkeyabrigar o acervo.

A questão ética

Por cinco anos, Nielsen foi diretor da coleção. Embora tivesse uma noção vaga, ele desconhecia a magnitude completa do arquivo. "Quando eu vi pela primeira vez, fiquei realmente surpreso."

Emboravbet turkeyexistência nunca tenha sido um segredo e tenha sido objetovbet turkeyrumores ocasionais, a coleção incomum não fazia parte da consciência coletiva dinamarquesa, até que o planovbet turkeymudança para a universidadevbet turkeyOdense a expôs completamente.

Homem olhando para a câmera

Crédito, CORTESIA: KNUD KRISTENSEN

Legenda da foto, Knud Kristensen era presidente da Associação Nacionalvbet turkeySaúde Mental da Dinamarca na época da polêmica sobre a coleçãovbet turkeycérebros
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Um grande debate público — com a participaçãovbet turkeygrupos políticos, religiosos e científicos — foi feito sobre ética e a forma como se conserva restos humanos, e também sobre os direitos dos pacientes. O povo dinamarquês deparou-se com algo que mantinha à margem: os transtornos mentais.

"Havia um estigma tão grandevbet turkeytorno dos transtornos mentais que ninguém que tinha um irmão, irmã, pai ou mãevbet turkeyuma ala psiquiátrica sequer os mencionava", diz Knud Kristensen, ex-presidente da Associação Nacionalvbet turkeySaúde Psiquiátrica.

"Naquela época, os pacientes ficavam internados a vida toda. Não havia tratamento, então eles ficavam lá, talvez trabalhando no jardim, na cozinha ou outras coisas. Eles morriam ali e eram enterrados no cemitério do hospital", disse ele à BBC News Mundo.

Os pacientes psiquiátricos tinham poucos direitos. Eles poderiam receber tratamento para um caso específico sem qualquer tipovbet turkeyaprovação.

Kristensen comentou que era muito provável que os parentes dos pacientes nem soubessem que seus cérebros estavam sendo preservados e disse que muitos dos cérebros da coleção apresentam sinaisvbet turkeylobotomia.

"Um tratamento ruim, com base no que sabemos hoje, mas bastante normal naquela época."

Medicos fazendo cirurgia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Nas décadasvbet turkey1930 e 1940, a lobotomia era um procedimento que podia ser realizado sem o consentimento dos pacientes ouvbet turkeyseus familiares. Hoje é considerado brutal e desumano

Decisão final

Quando Kristensen era presidente da associação, ele estava envolvido na decisão do que fazer com os cérebros — uma polêmica que passou por vários estágiosvbet turkeydiscussão.

A principal suposição eravbet turkeyque os órgãos haviam sido coletados sem o consentimento dos pacientes evbet turkeyseus familiares e, portanto, do pontovbet turkeyvista ético, não era aconselhável manter a coleção.

Então eles discutiram destruir os materiais ou mesmo enterrá-los ao lado dos pacientes a quem correspondiam. Mas não havia como identificar os túmulosvbet turkeytodos e até foi proposto fazer um enterrovbet turkeymassavbet turkeytodos os cérebrosvbet turkeyum só lugar.

Depoisvbet turkeyvários anos, o Conselhovbet turkeyÉtica da Dinamarca decidiu que era eticamente aceitável que eles fossem usados para pesquisa científica sem o consentimento das famílias. A associação concordou.

Homem olhando imagemvbet turkeycérebro no computador

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Legenda da foto, O Conselhovbet turkeyÉtica dinamarquês determinou que os cérebros poderiam ser usados ​​para pesquisa

"Foi dito: 'Fizemos uma coisa muito imoral ao coletar os cérebros, mas como os temos, também seria imoral destruir a coleção e não usá-la para finsvbet turkeypesquisa'", diz Kristensen.

A coleçãovbet turkeycérebros e toda avbet turkeydocumentação estão disponíveis, com certas restrições, para qualquer pesquisador que apresente um projeto relevante. Isso inclui cientistas internacionais, embora eles tenham que submeter seus projetos a um comitêvbet turkeyavaliação e trabalharvbet turkeyconjunto com cientistas dinamarqueses.

"Minha principal preocupação é que, sempre que uma pesquisa científica é aprovada, haja garantiasvbet turkeyque o projeto seja executadovbet turkeymaneira ética", diz Kristensen.

Decisão 'genial'

Cada cérebro é preservadovbet turkeyum baldevbet turkeyformol. O tecido adicional retirado durante a autópsia é envoltovbet turkeyblocosvbet turkeyparafina. Os cientistas conservaram muitas das placasvbet turkeymicroscopia originais que foram feitas na época.

Nielsen não apenas gerencia a coleção, mas orienta os pesquisadores sobre o melhor uso do material, aplicando novas técnicasvbet turkeybiologia molecular para examinar mudanças no DNA do cérebro.

"Este é um excelente recurso científico e muito útil se você quiser saber mais sobre transtornos mentais", diz Nielsen.

Para o diretor do acervo, o fatovbet turkeyos cientistas terem decidido ficar com os cérebros dos pacientes tantos anos atrás foi uma decisão "genial" para as futuras geraçõesvbet turkeypesquisadores. "Talvez daqui a muito tempo, talvez 50 anos ou mais, alguém apareça e saiba mais sobre o cérebro do que nós."

Cérebros dentrovbet turkeycaixa

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cérebros e outros tecidos coletados durante as autópsias estão disponíveis para os pesquisadores

Knud Kristensen concorda que a coleção tem potencial para novas descobertas sobre transtornos mentais.

"Uma das grandes vantagens é que existem cérebros tão antigos que foram removidosvbet turkeypacientes que não receberam drogas antipsicóticas (porque elas não existiam)", disse Kristensen. "Isso significa que você pode fazer uma comparação desses cérebros antigos com cérebros novos para ver que mudanças essas drogas causam (no órgão)."

No entanto, ele diz que a coleção não está sendo muito utilizada. "A pesquisa custa muito dinheiro e a maioria dos estudos psiquiátricos é financiada pela indústria farmacêutica, cujo principal interesse é o desenvolvimentovbet turkeynovas drogas, e não a descoberta das razões que causam os transtornos mentais."

Nielsen afirma que vários projetos para estudar doenças como demência e depressão estãovbet turkeyandamento. Até agora, entretanto, eles ainda não produziram resultados que possam ser considerados "revolucionários".

"Mas eles já estão começando a surgir. Esses projetos exigem um compromissovbet turkeylongo prazo, e isso significa vários anos até que haja resultados", completa.

"O grande valor desta coleção é o seu tamanho", diz Nielsen. “É único, porque, se quisermos investigar, por exemplo, uma doença tão complicada como a esquizofrenia, não precisamos nos limitar a poucos cérebros. Podemos contar com cem, 500, até mil cérebros para o mesmo projeto — o que nos permite ver as variações e o tipovbet turkeydano ao cérebro que,vbet turkeyoutra forma, passariam despercebidos."