As estratégiasfazer aposta betanocidades pelo mundo para reduzir trânsito e poluição:fazer aposta betano

Acusaçõesfazer aposta betanopráticafazer aposta betano"guerra ao carro" já vinham circulando no Reino Unido 15 anos antes, quando Londres se preparava para apresentar o que era, na época, o maior programafazer aposta betanocobrançafazer aposta betanopedágio urbano do mundo. A capital britânica passou a exigir que os motoristas pagassem uma taxa pelas viagens pelo centro da cidade.

Mais recentemente, Londres expandiufazer aposta betanoZonafazer aposta betanoEmissões Ultrabaixas (Ulez, na siglafazer aposta betanoinglês). Nela, também são cobrados carros que não atendem a determinados padrõesfazer aposta betanocontrolefazer aposta betanoemissões.

A medida fez com que manifestantes conhecidos como Blade Runners destruíssem câmerasfazer aposta betanovigilância.

Na cidadefazer aposta betanoGhent, na Bélgica, o vice-prefeito recebeu ameaçasfazer aposta betanomorte após um plano para desestimular viagens curtasfazer aposta betanocarro,fazer aposta betano2017.

Apesar das crescentes reações negativas, cidadesfazer aposta betanotodo o mundo prosseguemfazer aposta betanoseus esforços para reduzir o tráfego e melhorar a qualidade do ar, incentivando os motoristas a substituir seus carros poluentes pelo usofazer aposta betanotransporte mais verde.

Paris, na França, tem como objetivo proibir os carros movidos a gasolina até 2030. Um dos motivos é a necessidadefazer aposta betanocombater as mudanças climáticas.

E, no finalfazer aposta betano2024, Nova York, nos Estados Unidos, deve realizar o primeiro experimentofazer aposta betanoreduçãofazer aposta betanocarros do país: o início, após anosfazer aposta betanotentativas, da cobrançafazer aposta betanopedágio sobre viagens abaixo da rua 60fazer aposta betanoManhattan.

A decisãofazer aposta betanoNova Yorkfazer aposta betanofinalmente dar continuidade ao seu projetofazer aposta betanopedágio urbano surge depoisfazer aposta betanodécadasfazer aposta betanobloqueios estaduais e nacionais.

A iniciativa pretende reduzir o trânsito no centro da cidadefazer aposta betano15 a 20% e levantar bilhõesfazer aposta betanodólares para melhorar o seu estrangulado sistemafazer aposta betanometrô.

Mas, nos Estados Unidos, terra das autoestradas – onde os carros há muito tempo são símbolofazer aposta betanoindependência e o romance da estrada é parte da imaginação coletiva – será que os programasfazer aposta betanocombate ao uso excessivo dos automóveis podem contar com o apoio da população?

Acelerar a redução dos carros

A necessidadefazer aposta betanomudanças nos centros urbanos americanos está no ar, literalmente.

As emissões dos escapamentos são como "incêndios florestais acontecendo nas nossas ruas", afirmou a governadorafazer aposta betanoNova York, Kathy Hochul,fazer aposta betanoentrevista coletiva celebrando a aprovação federal do pedágio urbano.

Hochul destacou que as horasfazer aposta betanotrabalho perdidas no trânsito equivalem a cercafazer aposta betanoUS$ 20 bilhões por ano (cercafazer aposta betanoR$ 99 bilhões) – "um completo desperdício", segundo ela.

Além disso, as reformas realizadasfazer aposta betanooutros lugares do mundo indicam que, apesar da resistência inicial, os planosfazer aposta betanoredução do númerofazer aposta betanocarros ganham aceitação pública cada vez maior no longo prazo.

Quando Ljubljana, na Eslovênia, fechou o centro da cidade para os pedestres,fazer aposta betano2007, a oposição foi considerável. Os moradores temiam que o acesso às suas casas ficasse restrito.

Mas, pouco maisfazer aposta betanouma década depois, cercafazer aposta betano90% declararam que são contra a reintrodução dos carros.

Qual o motivo dessa oposição inicial?

Na verdade, as pessoas têm dificuldade para ponderar potenciais ganhos e perdas. É o que sugere um conceito da psicologia comportamental conhecido como teoria da perspectiva – a aversão desproporcional às perdas incentiva o viés para a manutenção do status quo.

E este viés, porfazer aposta betanovez, pode dificultar a implementação das mudanças, como descobriu a professorafazer aposta betanopsicologia ambiental Birgitta Gatersleben, da Universidadefazer aposta betanoSurrey, no Reino Unido.

Ela pesquisou a cidade inglesafazer aposta betanoGuildford e descobriu "empresas locais muito contrárias ao pedestrianismo no centro da cidade".

"Elas receavam perder clientes, embora tivéssemos muitas evidênciasfazer aposta betanoque, se você fechar as ruas importantes para os pedestres, a clientela aumenta", relembra a professora.

A 'curvafazer aposta betanoGoodwin'

Demonstrar às pessoas os benefícios da redução do trânsitofazer aposta betanocarros,fazer aposta betanovezfazer aposta betanoapenas falar sobre eles, pode ter efeitos poderosos.

Na capital da Suécia, Estocolmo, o programafazer aposta betanopedágio urbano começou a ser testadofazer aposta betano2006. E, nesse período, a opinião pública mudou – a grande oposição existente à cobrança se transformoufazer aposta betanoapoio por uma pequena maioria.

No ano seguinte, um referendo na cidade transformou a cobrança do pedágio urbanofazer aposta betanopermanente.

"O momento que antecede a realizaçãofazer aposta betanoalguma coisa é o instante político mais precáriofazer aposta betanotodos, devido ao alarmismo", segundo o defensor da segurança nas ruas Doug Gordon. Ele é um dos apresentadoresfazer aposta betanoum podcast com título provocador: War on Cars ("Guerra aos carros",fazer aposta betanotradução livre).

"Mas, na minha experiência, os temores normalmente não se realizam, mas os benefícios, sim", afirma Gordon.

Existe até uma curva que prevê essa mudançafazer aposta betanocomportamento, segundo Leo Murray, diretorfazer aposta betanoinovação da ONG climática Possible.

Ela é chamadafazer aposta betano"curvafazer aposta betanoGoodwin",fazer aposta betanovirtude do professor eméritofazer aposta betanopolíticafazer aposta betanotransporte do University Collegefazer aposta betanoLondres, Philip Goodwin.

A curva mapeia como o apoio do público aos sistemasfazer aposta betanopedágio tende a começar bem, com o reconhecimento da necessidade da intervenção. Esse apoio é então reduzido, durante a publicação dos detalhes específicos antes da execução do programa – e aumenta novamente após afazer aposta betanoimplementação.

"Não conseguimos encontrar um único exemplofazer aposta betanomedidafazer aposta betanoredução do tráfego praticada por maisfazer aposta betanodois anos que tenha sido posteriormente eliminada por faltafazer aposta betanoapoio público", observa Murray.

Ele indica um estudofazer aposta betanoEdimburgo, no Reino Unido, que demonstrou como a oposição inicial aos limitesfazer aposta betanovelocidade urbanos se transformoufazer aposta betanoapoio popular. E também menciona a mensagemfazer aposta betanoapoio da Espanha ao Paísfazer aposta betanoGales, que estudava alterações dos limitesfazer aposta betanovelocidade.

"Mas o processo até chegar lá é doloroso e sempre acompanha essas curvas", acrescenta Murray. "Por isso, é preciso ter coragem política e um cronograma sensível. Você não irá querer concorrer à reeleição no início da curvafazer aposta betanoGoodwin."

O que as cidades que estão analisando a introduçãofazer aposta betanopolíticasfazer aposta betanoredução dos carros podem aprender com os sucessos e tropeços dos centros urbanos que já tomaram essas medidas?

Pesquisas indicam que algumas respostas podem estar na melhor compreensão do comportamento humano e do nosso processofazer aposta betanotomadafazer aposta betanodecisões.

As intervenções urbanas para reduzir o trânsitofazer aposta betanoautomóveis aparentemente funcionam melhor com abordagens diversificadas para incentivar a mudança – por exemplo, promovendo simultaneamente a adoçãofazer aposta betanomodosfazer aposta betanotransporte mais ativos, como caminhar e andarfazer aposta betanobicicleta.

Também pode ser fundamental manter boa comunicação e procurar aumentar a consciência das pessoas.

Em 2003, Londres criou uma estratégiafazer aposta betanocomunicação extensa e escalonada, destinada a responder às perguntas mais frequentes dos moradores da cidade: "como isso irá me afetar? como irá funcionar?"

Mas esse processo pode ser politicamente perigoso, se não for compreendido como suficientemente justo, solidário ou receptivo às preocupações.

O ambicioso projeto da prefeitafazer aposta betanoParis, Anne Hidalgo, que inclui calçadões, ciclovias, educaçãofazer aposta betanotrânsito nas ruas e restrições ao estacionamento, por exemplo, causou grandes reações negativas. Um movimento chamado #saccageparis ("saquear Paris",fazer aposta betanotradução livre) expressou a fúria do público sobre a transformação das ruas da cidade.

Com isso, a declaraçãofazer aposta betanouma nova e mais ampla zonafazer aposta betanobaixa emissão na região metropolitanafazer aposta betanoParis está seguindo uma estratégia ponderadafazer aposta betanomudança, segundo Tony Renucci, diretor-executivo da ONG francesa Respire, que luta contra a poluição do ar.

"Eles estão levando mais tempo e tentando desenvolver incentivos financeiros maiores para ajudar as pessoas a abandonar os carros", ele conta. Um desses incentivos é um subsídiofazer aposta betanoaté 6 mil euros (cercafazer aposta betanoR$ 32 mil) para as pessoas que trocarem seus carros altamente poluentes por modelos a hidrogênio, elétricos ou híbridos.

Da mesma forma quefazer aposta betanoParis, a popularidade inicial do pedágio urbanofazer aposta betanoLondres aumentou depois do anúnciofazer aposta betanoque o dinheiro levantado seria destinado a melhorias do transporte.

No último verão, antes da expansão da Ulez, o programafazer aposta betanoincentivo financeiro para que as pessoas troquem seus carros por modelos mais limpos foi estendido para todos os moradores da capital britânica, sem comprovaçãofazer aposta betanorenda.

"A questão é fundamentalmentefazer aposta betanojustiça,fazer aposta betanogarantir que quem irá pagar não são os mais vulneráveis, mas os poluidores", afirma Mark Watts, diretor-executivo da rede globalfazer aposta betanoprefeitos C40 Cities.

Watts foi conselheiro sênior do ex-prefeitofazer aposta betanoLondres Ken Livingstone, o primeiro a ser eleito diretamente na capital. Ele coordenou a introdução do pedágio e da zonafazer aposta betanobaixas emissões da cidade.

"Você precisa oferecer às pessoas uma verdadeira opção: não só aumentar o custofazer aposta betanodirigir, mas uma oportunidadefazer aposta betanopassar a caminhar ou usar o transporte público", explica ele.

"Barcelona introduziu o passe livre por três anos para as pessoas que descartassem carros poluentes. Estocolmo ampliou o serviçofazer aposta betanoônibus. Londres, na Ulez, ofereceu descontos para o compartilhamentofazer aposta betanocarros, aluguelfazer aposta betanobicicletas e descartefazer aposta betanoveículos", exemplifica Watts.

Em última análise, Doug Gordon, do podcast War on Cars, afirma que pode ser simplesmente questãofazer aposta betanodeterminação do governofazer aposta betanoenfrentar a oposição.

"Você simplesmente precisa tomar as medidas e seguirfazer aposta betanofrente, porque sempre haverá controvérsias", afirma ele.

A jornada do pedágiofazer aposta betanoNova York

O planofazer aposta betanopedágio urbanofazer aposta betanoNova York terá aprendido com as experiênciasfazer aposta betanooutras partes do mundo?

O projeto nova-iorquino é fortalecido pela ideiafazer aposta betanoreinvestir a receita do pedágio (US$ 15 bilhões, cercafazer aposta betanoR$ 74 bilhões) na redefazer aposta betanotransporte público MTA. "Qualquer pessoa que tenha andado nela recentemente sabe que é preciso", segundo Watts.

O programa também irá incluir um sistemafazer aposta betanocobrança flutuante, com tarifas menores fora dos horáriosfazer aposta betanopico. Esta medida oferece flexibilidade aos motoristas.

E uma coalizãofazer aposta betanoapoiofazer aposta betanoorganizaçõesfazer aposta betanobase e grandes empresas chamada Congestion Pricing Now vem ajudando a difundir a conscientização sobre o sistema, com eventos públicos, reuniões com interessados e uma grande campanha publicitária. Mas ainda há resistência.

"O sistemafazer aposta betanopedágio urbano é simplesmente mais um buraco na estradafazer aposta betanoNova York para a ruína" foi a manchetefazer aposta betanoum jornal local no ano passado.

Existem também grandes preocupações no Estado vizinhofazer aposta betanoNova Jersey, onde já existe um pedágio para entrarfazer aposta betanoManhattanfazer aposta betanocarro. O governador do Estado chama a nova propostafazer aposta betanoforma descaradafazer aposta betanotomar dinheiro por partefazer aposta betanoNova York.

Mas Kate Slevin, da organização sem fins lucrativos Regional Plan Association, sugere que existem formasfazer aposta betanoajudar a reduzir essas preocupações.

Uma solução pode incluir pedágios reguladores, "para que, não importa por quantas pontes ou túneis você passe, os motoristas paguem mais ou menos o mesmo valor".

Ela também destaca que já existem planosfazer aposta betanoatenuação para evitar que o tráfegofazer aposta betanocaminhões seja transferido para regiões que já são menos favorecidas.

O tráfegofazer aposta betanocaminhões é um problema à parte, já que esses e outros veículos grandes têm limitaçõesfazer aposta betanorelação aos cruzamentos para entrar e sair da cidade. Por isso, o pedágio pode incentivá-los a seguir por caminhos mais longos, atravessando bairros residenciais.

Para enfrentar esta questão, o planofazer aposta betanopedágiofazer aposta betanoNova York inclui investimentosfazer aposta betanoUS$ 155 milhões (cercafazer aposta betanoR$ 767 milhões) para reduzir a poluição dos caminhões, ampliar parques, eletrificar ônibus e promover o tratamentofazer aposta betanoasma entre a população.

"À medida que o trânsito diminui, fica mais fácil definir zonas para pedestres, corredoresfazer aposta betanoônibus, ciclovias e formas inteligentesfazer aposta betanogerir estacionamentos e o transportefazer aposta betanocarga", afirma Slevin.

"Mas as novas soluções para as ruas também exigem a liderança das autoridades municipais e uma visão que possa eliminar parte da política local que atrasou a construçãofazer aposta betanocorredoresfazer aposta betanoônibus e cicloviasfazer aposta betanoNova York efazer aposta betanooutras partes do mundo."

O caminho à frente

Diversas outras cidades americanas,fazer aposta betanoBoston até Oregon, estão estudando a possibilidadefazer aposta betanoadotar a mesma medida.

Boston propôs a formaçãofazer aposta betanoum comitê sobre o preço da mobilidade, para explorar opções como o pedágio urbano. E Oregon já está testando um sistema mais amplo para tarifar os veículos com base na quilometragem percorrida.

"É um momento realmente empolgante na históriafazer aposta betanoNova York – e para todo o país", afirma Slevin.

A consultorafazer aposta betanopolíticas urbanas Diana Lind chegou a sugerir que esta inovaçãofazer aposta betanotermos nacionais nos Estados Unidos pode ajudar a marcar o iníciofazer aposta betanouma mudança mais ampla, reduzindo o usofazer aposta betanocarros movidos a gasolina.

Para ela, "o pedágio urbano costuma influenciar outras cidades que estão tentando descobrir como promover o transporte público e opçõesfazer aposta betanomobilidade mais sustentáveis, como caminhar e andarfazer aposta betanobicicleta".

Lind observa que, quando ficou claro que Nova York estava estudando a adoção do pedágio urbanofazer aposta betano2019, a cidade da Filadélfia também começou a pensar nessa possibilidade. E, quando o plano chegou novamente às manchetesfazer aposta betano2023, cidades como Los Angeles também passaram a estudar a aplicação do sistema.

"As cidades olham umas para as outrasfazer aposta betanobusca das melhores práticas", segundo ela. "E, se o programafazer aposta betanoNova York for bem sucedido, outros prefeitos sem dúvida irão começar a pensarfazer aposta betanoformasfazer aposta betanoimplementar algo similar."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.