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Cantora Sia revela diagnósticosistemas betanoautismo: por que números do transtorno estão crescendo tanto?:sistemas betano
À época, ela foi amplamente criticada por escolher a atriz neurotípica Maddie Ziegler — que apareceusistemas betanováriossistemas betanoseus videoclipes — para o papel principal.
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Fim do Matérias recomendadas
A artista defendeu o filme, dizendo que era "totalmente" baseado nas experiênciassistemas betanouma "amiga neuroatípica".
No entanto, depois que o filme foi indicado a dois Globossistemas betanoOurosistemas betano2021, a cantora emitiu uma sériesistemas betanodesculpas no Twitter.
"Ouvi as pessoas erradas e isso é minha responsabilidade, minha pesquisa claramente não foi completa o suficiente, não foi ampla o suficiente", afirmou ela.
Assim como Sia, milharessistemas betanopessoas são diagnosticadas com autismo todos os anos — e os números estão aumentando, como revelam levantamentos recentes. Mas, afinal, por que a detecção do transtorno cresceu tanto?
Embora não existam respostas definitivas para essa pergunta, especialistas suspeitam que a maior conscientização sobre o tema seja a principal explicação para o fenômeno.
O que dizem as pesquisas
Os números mostram que a detecção desse transtorno do desenvolvimento, marcado por dificuldadessistemas betanocomunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos, estásistemas betanofranco crescimento.
Uma pesquisa publicada neste ano pelo Centrosistemas betanoControle e Prevençãosistemas betanoDoenças (CDC) dos Estados Unidos revela que 1 a cada 36 crianças americanas com menossistemas betano8 anos têm autismo.
Este trabalho, que é repetido a cada dois anos, revela uma tendência sólidasistemas betanoaumento nos casos: na edição anterior do levantamento, a taxa estavasistemas betano1 caso a cada 44 meninos e meninas.
Para se ter uma ideia, no ano 2000, a prevalência erasistemas betano1sistemas betano150 — e nos estudos preliminares da área, realizados ainda nos anos 1960, esse número era estimadosistemas betano1 a cada 2,5 mil.
O artigo do CDC avalia os diagnósticossistemas betanoautismosistemas betanodiversos centrossistemas betanosaúde, espalhados por 11 Estados americanos.
Os dados mais recentes apontam uma prevalênciasistemas betano27,6 casos do transtorno a cada mil criançassistemas betanoaté oito anos (o que permite chegar à proporçãosistemas betano1 para 36).
O trabalho ainda mostra que o autismo é 3,8 vezes mais frequentesistemas betanomeninos — cercasistemas betano4% deles têm a condição.
Porém, as estatísticas também estão subindo entre o público feminino. Este foi o primeiro anosistemas betanoque a porcentagemsistemas betanomeninas com autismo superou a casasistemas betano1%.
Outro ineditismo observado no levantamento deste ano tem a ver com a raça: a prevalência do transtorno foi mais baixasistemas betanobrancos quando comparada asistemas betanooutros grupos, como negros e hispânicos, uma reversão da tendência histórica.
E essa não é a única evidência que aponta para uma ascensão dos diagnósticossistemas betanoautismo: pesquisadores da Universidadesistemas betanoNewcastle, no Reino Unido, estimaramsistemas betano2021 que 1 a cada 57 crianças britânicas tem o quadro, número que é significativamente maior ao registrado anteriormente nos país.
Infelizmente, não existem estatísticas oficiais ou trabalhos epidemiológicos do tipo realizados no Brasil.
“Estudos como o do CDC são muito importantes para pensarmossistemas betanopolíticas públicas específicas para esses indivíduos”, analisa a neuropsicóloga Joana Portolese, coordenadora do Programasistemas betanoTranstornos do Espectro Autista do Institutosistemas betanoPsiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicassistemas betanoSão Paulo.
Um alívio carregadosistemas betanosignificados
A escritora Renata Formoso conta que sentiu um alívio ao saber que seu filho Noah, que hoje tem sete anos, é autista.
“É óbvio que eu não desejava que ele tivesse o transtorno. Mas receber a confirmação desse fato funcionou como uma lanterna. Naquele momento, eu finalmente soube que teria uma luz para nos ajudar a trilhar esse caminho”, relata.
Renata vivesistemas betanoLondres, no Reino Unido, e diz que nunca havia reparado algo atípico no comportamento ou na forma com que Noah interage com o mundo.
“Ele sempre foi uma criança muito falante e não teve nenhum atraso no desenvolvimento. Porém, quando Noah tinha três anos e meio, a professora da creche veio conversar com a gente e nos orientou a procurar um neuropediatra”, conta.
Segundo a professora, o menino estava com algumas dificuldades na salasistemas betanoaula, principalmente na horasistemas betanointeragir e socializar com os colegas.
Mas daí veio a pandemiasistemas betanocovid-19, e os planossistemas betanopassar por uma avaliação médica tiveram que ser postergados por praticamente dois anos.
“Nesse período, eu comecei a ler bastante sobre autismo. Também passei a perceber vários sinais, como o fatosistemas betanomeu filho cantar bastante, como se toda a brincadeira precisassesistemas betanouma trilha sonora”, detalha.
Aos cinco anos, o menino finalmente conseguiu passar com o neuropediatra, que confirmou “oficialmente” o diagnósticosistemas betanoautismo e garantiu aquela sensaçãosistemas betanoconforto citada por Renata.
“Foi um grande alívio entender que o Noah tem certos limites que precisam ser respeitados por nós, como mãe e pai, pelos familiares e pela comunidade. Percebi que todos passaram a ser mais pacientes — e isso não modificousistemas betanonada a criança maravilhosa que ele sempre foi.”
O que causa o autismo?
O autismo está naquele gruposistemas betanotranstornos cuja origem é complexa e multifacetada.
Entre os especialistas, não há dúvidassistemas betanoque a genética tem influência nesse quadro.
“Mas não existe um único gene responsável pelo autismo. São alteraçõessistemas betanodiferentes trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno”, pontua Portolese.
Mas as mudanças no genoma não são capazessistemas betanoexplicar 100% dos casos. É aí que entram os fatores ambientais, principalmente aqueles que acontecem durante os nove mesessistemas betanogestação.
Por exemplo: filhossistemas betanopais ou mães mais velhos, que já passaram dos 35 anossistemas betanoidade no momento da concepção, têm um risco maiorsistemas betanoapresentar o distúrbio.
“Além disso, questões como estresse, sobrepeso, diabetes gestacional e hipertensão durante a gravidez são outros fatoressistemas betanorisco”, acrescenta a especialista do IPq.
Portolese lembra que autismo não é algo que se adquire: a pessoa já nasce com o transtorno e, desde os primeiros mesessistemas betanovida, apresenta padrões que podem levantar a suspeita e a necessidadesistemas betanouma avaliação médica.
“A forma como o olhar se estabelece, a compreensão do mundo social,sistemas betanoentender o que a mãe e as pessoas ao redor estão querendo dizer, a expressão dos sentimentos… Tudo isso pode ser diferente”, descreve.
Janelas preciosas
Notar esses sinais precocemente, aliás, é estratégico, apontam os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
“Existem janelas do desenvolvimento neurológico que podemos aproveitar. A primeira delas vai até os dois anossistemas betanoidade”, cita o psiquiatra Daniel Minahim, diretor clínico da Associação Vozes Atípicas (AVA).
“Se a intervenção acontecesistemas betanoforma precoce, dentro desses períodos, o resultado é ainda mais positivo”, complementa.
Portanto, ficar atento aos sintomas e, caso seja necessário, marcar uma consulta com um especialista logo na primeira infância é muito importante.
“De forma resumida, o autismo se apoia num tripésistemas betanosintomas. Primeiro, os distúrbios relacionados à comunicação e à fala. Segundo, os comportamentos repetitivos. Terceiro, os interesses restritos,sistemas betanoque o indivíduo foca muitosistemas betanoapenas uma ou poucas coisas bem específicas”, informa Minahim.
“Os autistas gostamsistemas betanooutras pessoas, têm sentimentos e querem interagir”, esclarece Portolese.
“A grande questão é que, justamente pela dificuldadesistemas betanocomunicação social, muitas vezes eles ficam focados nas coisas que os interessam, porque é difícilsistemas betanoentender as sutilezas do subliminar”, complementa ela.
Não existem exames específicos para detectar o transtorno. Os profissionaissistemas betanosaúde recorrem a alguns questionários validados cientificamente. Eles também fazem uma sériesistemas betanoperguntas para investigar o casosistemas betanoseus mínimos detalhes antessistemas betanochegar a qualquer conclusão.
A idadesistemas betanoque ocorre o diagnóstico, inclusive, é algo que precisa ser melhorado: no levantamento do CDC, o transtorno costuma ser descoberto aos 48 meses (ou quatro anossistemas betanovida).
O ideal,sistemas betanoacordo com diretrizes internacionais, é que a conclusãosistemas betanoque a criança tem autismo aconteça um pouquinho antes, a partir dos 36 meses (ou três anos) — justamente para aproveitar as tais janelassistemas betanooportunidadesistemas betanointervenção no desenvolvimento neurológico.
Isso, claro, não significa que o diagnóstico tardio do autismo é um desperdício: ao descobrir o transtornosistemas betanoqualquer faixa etária (mesmo na adolescência ou na fase adulta), a pessoa pode buscar uma melhor compreensão sobre si e iniciar tratamentos para aliviar sintomas específicos ou dificuldades que prejudicam o bem-estar e a qualidadesistemas betanovida.
Informação e conscientização
Mas afinal, o que explica esse aumentosistemas betanodiagnósticos nas últimas décadas?
“Quando vemos curvas ascendentessistemas betanocasos, como no autismo, sempre ficamos com uma pulga atrás da orelha: será que existe algum fator biológico por trás disso?”, questiona Minahim.
“Mas precisamos ter cuidado com teorias da conspiração ou informações falsas. Não há nenhum fator ambiental que tenha se modificado recentemente e que sirvasistemas betanoexplicação para esse aumento”, continua o psiquiatra.
“O que vemossistemas betanomudança, na verdade, é uma maior conscientização sobre o autismo, com a disseminaçãosistemas betanomais informações tanto entre os profissionais da saúde quanto entre a população”, completa.
“Essas estatísticas possivelmente refletem as melhorias na triagem, na conscientização e até no acesso aos serviçossistemas betanosaúde pelas populações minoritárias”, concorda Portolese.
Ou seja: como as pessoas estão mais informadas sobre o transtorno, elas ficam atentas e buscam ajuda caso percebam os sintomassistemas betanosi mesmas ousistemas betanofamiliares próximos.
Para o neurologista pediátrico Carlos Takeuchi, assessor científico do Instituto Pensi - Pesquisa e Ensinosistemas betanoSaúde Infantil,sistemas betanoSão Paulo -, pesquisas futuras precisam investigar melhor esse aumento nos diagnósticos.
“Pode ser que existam fatores genéticos e ambientais envolvidos nisso”, opina.
Takeuchi, que também é coordenador do Serviçosistemas betanoNeurologia do Sabará Hospital Infantil,sistemas betanoSão Paulo, reforça a necessidadesistemas betanoiniciar o tratamento o quanto antes — e sempre com o auxíliosistemas betanovários profissionais.
“O paciente geralmente precisasistemas betanoterapia comportamental, com análises aplicadas aos comportamentos que ele apresenta”, detalha.
“Também pode ser necessário fazer fonoaudiologia, terapia ocupacional, ter suporte escolar…”, complementa.
Em alguns casos, os médicos ainda prescrevem remédios que ajudam a lidar melhor com sintomas específicos (como insônia ou dificuldadesistemas betanoconcentração, por exemplo).
Em outras palavras, não existe uma receita única, ou um tratamento que sirva para todos os autistas. A depender do grausistemas betanocomprometimento e dos sintomas, o indivíduo pode precisar maissistemas betanouma terapia ousistemas betanooutra.
Aprendizados da prática
Cercasistemas betanodois anos após o diagnósticosistemas betanoNoah, Renata reflete sobre algumas coisas que gostariasistemas betanodizer para todas as famílias que recebem uma notícia parecida.
“Certa vez, ouvi uma frase que me marcou: quando você conhece uma criança autista, você só conhece uma criança autista”, diz.
“O espectro do autismo é muito amplo e cada indivíduo, cada família, vai ter uma maneira diferentesistemas betanolidar com o mundo.”
Renata também aprendeu aos poucos com outros pacientes e pelas redes sociais a evitar certos termos, que podem reforçar estigmas ou incomodar os portadores do transtorno.
“Não existe autismo leve, moderado ou grave. No Brasil, temos os níveis um, dois e trêssistemas betanosuporte,sistemas betanoacordo com a necessidadesistemas betanointervenção e apoio que a pessoa precisa”, ensina.
“Frases como ‘Nossa, mas ele não tem carasistemas betanoautista’ ou ‘Ele é um anjo azul’ também não ajudam. O autismo não tem cara, e não podemos infantilizar a lutasistemas betanopessoas que só querem ser incluídas, ir à escola, arrumar um emprego e fazer as atividades diárias”, destaca a escritora.
Por fim, Renata entende que a aceitação do diagnóstico pelas famílias é sempre o melhor caminho.
“Aceitar que seu filho tem autismo pode abrir um caminho maravilhoso para que a criança possa finalmente ser quem ela é”, conclui.
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